terça-feira, 18 de setembro de 2007

Um Mundo em mudança

Cinco séculos após os descobrimentos, são cada vez mais as empresas portuguesas que se viram para o exterior em busca de negócio e de crescimento. São cada vez mais os portugueses que emigram, em condições bem diferentes de há uns anos atrás.
Cinco séculos após os descobrimentos, são cada vez mais as empresas portuguesas que se viram para o exterior em busca de negócio e de crescimento. São cada vez mais os portugueses que emigram, em condições bem diferentes de há uns anos atrás.
Tenho a felicidade de trabalhar para uma empresa que está nestas condições. Que não virou as costas à oportunidade de fazer crescer o seu negócio fora das fronteiras de Portugal. Foi um passo mais longe e incorporou isso na sua estratégia de crescimento. Aceitou a nova realidade mundial e rumou à conquista do sucesso.
Nem todas as empresas portuguesas têm, necessariamente, de fazer o mesmo para progredirem. Não acho que o espaço para crescer em Portugal se tenha esgotado. No entanto, é notório que alguma coisa mudou nos últimos anos.
Cada vez encontro mais amigos, colegas ou conhecidos nos aeroportos de todo o mundo e que trabalham, regularmente, no estrangeiro. Esta é, cada vez mais, a realidade. Encontramos pessoas de empresas portuguesas em feiras, em exposições e ficamos contentes por as encontrar a desenvolver negócios no estrangeiro. Sentimo-nos mais crescidos como profissionais, mas ainda mais como portugueses. É bom para o ego nacional ter, cada vez mais, empresas a competir, lado a lado, com países tradicionalmente mais bem preparados do que nós. Nesses momentos pensamos onde estará tanta diferença assim dos alemães, dos ingleses ou dos holandeses?
O que é que distingue essas empresas das outras? Opções estratégicas, sem dúvida! No entanto, num país que, tradicional e historicamente, é tão propenso a descobertas, há um medo aparente de expandir os negócios e alargar fronteiras. É uma versão de "o mundo é a minha ostra", mas com amêijoas à Bulhão-pato, e assim sendo, sem pérolas. Muitas vezes acredito ser por falta de tentativa, por acreditarem mais no poder das barreiras do que nas capacidades, que são imensas.
Depois de contactar com pessoas de todo o mundo, não encontrei nenhuma situação em que ficássemos mal na fotografia, muito pelo contrário. Os portugueses têm uma capacidade inata de se adaptarem e de se relacionarem com outros povos, sendo um prazer vê-los em acção. Para um povo com uma visão tão negativista de si próprio, não deixa de ser irónico que consiga ter tanto sucesso onde a maior parte dos países falham.
Nada se constrói sem bases, por isso antes de se fazer as malas, torna-se necessário criatividade e inovação.
O mundo não é justo, mas isso até são boas notícias. Quer dizer que nos podemos aproveitar das vantagens que temos e que podem servir de contrapeso às grandes dificuldades que enfrentamos por sermos um país pequeno e limítrofe.
São estas duas peças que servem para nos diferenciar positivamente. E as razões são simples, porque não há alternativa a produtos ou serviços que, por serem inovadores, e por representarem soluções criativas, são únicos.
Além das vantagens que representam, são na realidade as únicas coisas em que podemos competir. Porque há sempre quem faça com uma maior percepção de qualidade, e quem faça por menos dinheiro.
Temos de acreditar que é possível ultrapassar as barreiras da distância, da língua e dos nossos receios infundados, e alcançar o sucesso internacional.
É chegada a altura da nossa especialização. Temos de apostar no que queremos fazer, com toda a determinação e enfoque. No entanto, "para conseguires o que queres, tens de saber o que queres".
E que podemos nós fazer que possa ser fácil de exportar, fácil de inovar, e que seja uma possibilidade real de investimento?
Uma das hipóteses, como nação, seria apostar nas novas tecnologias de informação. Software, hardware, microprocessadores, sistemas inteligentes. E porque não? Do país que tem a melhor rede de ATM do mundo, que inventou o telefone pré-pago e que tem um sistema de pagamento de portagens da Via Verde há décadas. O que é que nos impede de arranjar soluções inovadoras? Nada!
O maior impedimento para o nosso crescimento, somos nós próprios. Os exemplos de sucesso são visíveis, como tal, gostaria de ver mais empresas Portuguesas em feiras/exposições, a inovar e a ter sucesso.
As oportunidades estão aí e o mundo mudou, enquanto não estávamos a olhar.
Rui Cruz

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