segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O valor da opinião

Em Julho de 2007, em entrevista ao programa 'Diga lá, Excelência' afirmei que "o pior para a democracia seria que alguém tivesse de sair de um partido político para dizer o que pensa". Na semana passada, à pergunta sobre a minha eventual candidatura à liderança do PS, respondi que "o facto de ter opiniões não faz de mim candidato ao que quer que seja".

A pergunta que emerge é simples: pode-se ser militante de um partido, ter-se opinião e afirmá-la livremente sem que daí decorra menor solidariedade ou tenha que resultar uma candidatura a qualquer cargo que seja?

Eu persisto em responder sim. Pode e deve ter-se opinião, num quadro de solidariedade e de simples contributo. O contrário seria negar a política e, nesse caso, os partidos não passariam de grupos em luta pelo poder como um fim em si mesmo e não como instrumento para execução de um determinado projecto político. A diversidade de opiniões no interior dos partidos enriquece as posições públicas e alimenta a coesão interna, condição indispensável à unidade na acção.

Por outro lado, os militantes dos partidos políticos não podem ver amputados os seus direitos de cidadania. Ser militante de um partido não deve dar lugar à perda de liberdade, e em particular da liberdade de expressão. Os partidos devem intensificar os seus espaços de debate, livres de constrangimentos, como condição para atrair mais qualidade e mais competências.

Quanto mais plural for o debate, maior será o número de portugueses que se revêem nele. O confronto de opiniões estimula o interesse pela política. Favorece o surgimento de novas opiniões e aumenta a participação de pessoas qualificadas. E se desse debate surgirem divergências, isso deve ser assumido como natural. Ter opinião é intrínseco ao homem e nem todos pensamos da mesma maneira. Ora, o que é natural é que a divergência, e não o monolitismo, seja o elemento caracterizador do debate no interior dos partidos.

No nosso país, dramatiza-se a divergência e isso empobrece o debate político. É necessário romper com esta cultura e estimular o surgimento de novas ideias. Sem receio de rupturas. Só o imobilismo tem medo das ideias. A democracia portuguesa está com bloqueamentos indesejáveis. Torna-se necessário criar um novo ambiente, mais verdadeiro e com maior transparência.

O Parlamento pode ser o espaço indicado para iniciar essa transformação. É neste sentido que tenho vindo a apresentar propostas que aumentem a autonomia dos deputados, de modo a limitar o poder dominante dos partidos e a potenciar a opinião individual.

Primeiro, na reforma do Parlamento, nomeadamente para que os deputados, e não apenas as 'direcções partidárias', possam apresentar iniciativas legislativas que sejam debatidas e votadas, pondo fim a 30 anos de vetos de gaveta; e, depois, na defesa do princípio da liberdade de voto como regra para as votações dos parlamentares, de uma mesma família política, excepto para as promessas eleitorais e para as questões da governabilidade. Pela minha parte tenciono continuar por este caminho, reflectindo e dando os meus contributos.

Com este artigo, termina esta minha colaboração permanente com o Expresso. Desejo que tenha sido útil para os leitores. Para mim foi uma experiência muito interessante, em particular a troca de correspondência efectuada com os leitores.


'António José Seguro'

O Estatuto dos Açores e a chicana

Cavaco Silva tem toda a razão no que diz respeito ao Estatuto dos Açores. Mais do que a razão, Cavaco tem do seu lado o bom senso, a lei e a defesa de um conceito de país que é - estou em crer - o da maioria dos portugueses. Acontece, porém, que a anestesia geral em que se tornou a política não permite que os eleitores percebam inteiramente o que está em jogo.
Mas o que está em jogo, para se ser claro nesta matéria, é razoavelmente simples e pode resumir-se assim:

1) A ideia de autonomia, que confere um poder excessivo aos governos regionais, tornou-se uma espécie de 'bacalhau a pataco' para os eleitores das regiões autónomas. Assim, tanto o PS nos Açores como o PSD na Madeira reivindicam mais autonomia;

2) Os dois maiores partidos ficam reféns dos respectivos líderes regionais, para poderem contar com os seus votos no Parlamento e nas autárquicas;

3) O PS, para satisfazer o desejo de Carlos César, aprovou um Estatuto que reduz os poderes do Presidente, ou se preferirem, os poderes do Estado português em matéria de política regional;

4) O PSD alinhou com o PS;

5) O Presidente não gostou e vetou o diploma;

6) O PS prepara-se para o confirmar, votando assim a redução do controlo por parte do poder central sobre o poder regional.

Já agora adiante-se que a esmagadora maioria dos constitucionalistas - de Jorge Miranda, a Marcelo Rebelo de Sousa passando por Vital Moreira - é contra este Estatuto que o PS quer confirmar e dá razão às objecções do Presidente. O mesmo se passa, por exemplo, com o insuspeito António Vitorino, ou até com outros deputados do PS como Paulo Pedroso ou Vera Jardim. Mas tal não comove a direcção do PS e, em particular, José Sócrates. Parece que para ele tudo é redutível à luta política independentemente dos danos que se possa causar à sã convivência entre as regiões e o Continente. Acresce que o PS, ao sentir que esta é uma oportunidade para afrontar Cavaco e tentar 'partir' o PSD, estica a corda ainda mais.

É tempo de alguém mais do que o Presidente ter um sobressalto com esta matéria. Porque motivo havemos de dar tantos poderes aos Governos regionais? Porque motivo o Presidente, que pode dissolver o Parlamento Nacional, fica tolhido para dissolver os regionais? Porque motivo a República não há-de ter representantes nas regiões da Madeira e Açores?

Não há respostas políticas a estas perguntas. Há apenas chicana; uma rendição ao pior que a política tem.


Henrique Monteiro

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O PRINCIPE COM COMPLEXO DE ÉDIPO TORTO

Estou bem colocado para falar do drama do príncipe Carlos. Era eu garoto, tentava entrar na cozinha onde se faziam os folhados de carne ou camarão e era logo corrido: “Já lá para fora!” Era a minha mãe. As mães agarram-se aos seus pontos de trabalho. Agarram-se ao tacho como um deputado que não sabe fazer nada. Emprego, para elas, é sempre vitalício – as mães são filiadas na CGTP-Intersindical por natureza. Não até tão tarde, é certo, mas também conheci o drama do príncipe Carlos.
Acresce que eu e ele somos da mesma fornada. Somos do começozinho dos anos ‘Baby Boomers’, a explosão da filharada. 1948 – por cada Mahatma Gandhi morto (a 20 de Janeiro) foi uma carrada de futuros sexagenários a pedir chupeta ao longo do ano. Além dos dois já citados: Ximenes Belo, Cat Stevens, Sven-Goran Erikson, Billy Crystal, todos 1948, como o primeiro Land-Rover. Mas lá está, enquanto uns foram para cronistas, bispos, cantores do Alá, treinadores de futebol e apresentadores de Óscares, houve um que ficou à espera do emprego da mãe.
Charles Philip Arthur George de Mountbatten-Windsor – o nome oficial do nosso Carlos – foi tendo biscates ao longo da vida: príncipe de Gales, duque da Cornualha, duque de Rothesay, conde de Carrick, conde de Chester, barão de Renfrew e (o meu preferido) Senhor das Ilhas. Tinha ele quatro anos e a mãe arranjou o emprego que se sabe. Desde essa altura, o Carlos ficou à espera de a substituir. Está bem, ela é rainha e o cargo traz, por contrato, outras mordomias: Supremo Governador da Igreja de Inglaterra, Duque da Normandia, Lord de Mann e, vou dizer em estrangeiro, porque me parece ainda mais formidável, Paramount Chief of Fiji. Eu seria capaz de fazer muita coisa para ser Paramount Chief of Fiji, mas nunca ficar 60 anos à espera.
Na verdade, o príncipe Carlos só está à espera desde 1952, quando a mãe assinou pela firma britânica. Mas mesmo 56 anos é muito tempo passado a aguardar o telefonema do centro de emprego. Tanto mais que ele se arrisca a esperar um bom bocado mais: a rainha Isabel só tem 82 anos. O só não é irônico: a mãe dela morreu aos 101 anos.
O Carlos fez 60 anos na semana passada. A questão não é tanto a idade em si, mas continuar dependente. A 14, dia do seu aniversário, ao meio-dia, no Hyde Park, o King’s Royal Horse Artillery fez soar 41 tiros de canhão em sua honra. Parece bom ao primeiro ouvido, não fosse o pequeno senão por trás da coisa: foi a mãe que deu autorização para o tiroteio. Não fosse ela, a Real Artilharia Montada continuaria muda. O leitor ponha-se no lugar do infeliz, é seu dia de festa, tem 60 anos, chega ao emprego e os seus colegas estão à volta do telefone, esperando que ele soe com a autorização da sua mãe: Podem cantar o Parabéns a Você!” Toda a vida nisto, é duro.
Ainda por cima, o príncipe Carlos é uma figura pública, todos lhe conhecem a ambição. É um freudiano arrevesado, não quer matar o pai, mas a mãe (só no sentido figurado, que ele é bom rapaz: ela reformar-se bastaria). Em vez do passamento, ele é obrigado a ouvir canções idiotas à sua custa. Na semana passada, Eric Idle, que foi dos Monty Python, pôs-se a cantar estas rimas cruéis:
“If yuo’re 60 years of age
And your mum won’t leave the stage”
Mais ou menos: “Se tens 60 anos de idade, e a tua mãezinha não sai da cidade”. A mãe não desampara a loja, não sai do palco – e o Carlos à espreita da sua oportunidade.
Como eu disse, também tentei entrar na cozinha. Mas, tendo sido corrido, fui tentar a minha sorte noutro lado. Outro rapaz do nosso tempo, o Cat Stevens, o Gato Esteves, como nós lhe chamávamos por causa das suas canções abaixo de cão, vingou-se na mãe tornando-se fundamentalista islâmico. Todos nós resolvemos o nosso problema. O do príncipe Carlos é que ele passou a vida a treinar para ser a mãe. E continua na pista a aquecer, até que o chamem para entrar em jogo.
No ano em que nascemos, o Kim Il-sung fundou a republica comunista da Coréia. Na constituição ficou escrito que ele era “O Presidente Eterno”. E até ele, o Presidente Eterno, desamparou a loja dando uma oportunidade ao filho Kim Jong-il. Bernardino Soares, do PCP, é que deve estar orgulhoso por não estar sozinho. Há um aristocrata em Inglaterra que também pensa que a Coréia do Norte é um exemplo a seguir.


‘Ferreira Fernandes’

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A RECEITA MÁGICA

Numa altura em que muitas das economias da OCDE já entraram em recessão, parece quase inevitável que, mais cedo ou mais tarde, o mesmo irá acontecer à economia portuguesa. É só uma questão de tempo. Ora, como o investimento público costuma ser a receita mais utilizada para combater recessões, à primeira vista poderia parecer que a melhor maneira de estimular a economia passaria pela aposta nos grandes projectos de investimento já projectados. Nada poderia estar mais errado.
Por mais que os nossos políticos nos queiram convencer do contrário, o investimento público não é uma receita mágica para a retoma econômica. Muito menos no Portugal actual.
Desde a nossa adesão à Comunidade Européia todos os governos têm apostado na modernização das infra-estruturas nacionais. Ainda bem, pois Portugal registava atrasos consideráveis em relação a outros países europeus. Hoje isso já não se passa. Bem pelo contrário. No entanto a política de betão tem sido tão utilizada (e abusada) que já começam a haver indícios de um efeito de saturação do investimento público.
Afinal, construir uma segunda auto-estrada entre Lisboa e Porto não tem o mesmo impacto do que a construção da A1. por outras palavras, há claro rendimentos decrescentes associados ao aumento do investimento publico. É exactamente isto que nos indicam vários estudos acadêmicos recentes.
Claro que nem todos os projectos de investimento têm o mesmo impacto. No entanto, antes de continuar a teimar na miragem da Alta Velocidade, convêm lembrar que só a ligação do TGV entre Lisboa e Porto irá custar tanto como o volume de negócios anual do grupo Sonae, um dos maiores do país. Isto na melhor das hipóteses. Será que não conseguíamos arranjar melhores soluções para montantes dessa envergadura? Parece-me que sim. E assim urge perguntar: qual é a alternativa ao investimento público? Ajudar as famílias e as empresas portuguesas, quer apoiando-as directamente na renegociação das suas elevadas dividas junto dos bancos, quer através da introdução de maiores benefícios e reduções fiscais. Igualmente, em vez de embarcar na loucura financeira do TGV, apoiemos os nossos inovadores e empreendedores, e melhoremos os sistemas de incentivos à dinâmica empresarial. Apoiemos os nossos exportadores, não só através da concessão de incentivos e prêmios de desempenho, como também através de generosos incentivos fiscais. Não tenhamos receio de quebrar imposições comunitárias limitadoras da ajuda estatal às empresas inovadoras, pois, nestes tempos recessivos outros estados-membros também o farão.
E mesmo se continuarmos a pensar que a recessão tem que ser combatida com o aumento do investimento estatal, então concentremo-nos em projectos de rentabilidade menos duvidosos.
Construamos mais hospitais, melhores escolas, melhores acessibilidades para o interior esquecido pelo poder central. Utilizemos parte dos 4,5 mil milhões de euros destinados à ligação Lisboa-Porto para atrair mais empresas de alto e médio valor acrescentado para melhorar a competitividade fiscal das empresas, para reciclar os conhecimentos dos trabalhadores desempregados, e para conceder vantagens financeiras às empresas que se localizem nas nossas regiões deprimidas.
Mais do que o Sebastianismo do TGV, mais do que o faraonismo da Alta Velocidade, mais do que a varinha mágica ilusória do investimento público, a crise terá que ser vencida com o condão do empreendedorismo e da inovação nacionais.
Cabe ao estado proporcionar as condições para que tal aconteça.


‘Àlvaro Santos Pereira’

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

UMA LEITURA DESAPAIXONADA DOS RESULTADOS DOS EXAMES

No meio da turbulência recorrente dos resultados dos exames, não tenho pretensões a realizar uma leitura isenta: por mais que me preocupasse em fazê-lo, dificilmente poderia evitar que o leitor a não fizesse. Mas permitam-me que tenha a pretensão de fazer uma leitura desapaixonada, olhando com olhos de ver o que desses resultados é possível extrair. Nem mais, nem menos. Deixo os processos de intenção e as leituras políticas dos resultados para quem, mais competente e mais empenhado do que eu, pretende com eles contribuir para que os exames em Portugal ganhem a credibilidade e cumpram com justiça e equidade a finalidade para que foram criados: avaliar com rigor – em conjunto com outros instrumentos – os desempenhos escolares.
O problema central destes resultados está indissociavelmente relacionado com o que o debate público tem vindo a identificar como intenção “facilitista” de combater o insucesso escolar. Evitei participar nesse debate até que dispusesse da informação indispensável a uma apreciação fundamentada. Só agora o poderei fazer.
Comecemos pelas provas do 9º ano. Se considerarmos os valores médios das classificações na prova de Língua Portuguesa registados desde 2005 é possível identificar uma melhoria que eu classificaria de insignificante.
No caso da prova de Matemática o ano de 2008 apresentou as melhores médias (2,94) e a menor percentagem de “negativas” (43%). Nos três anos anteriores as médias foram sempre inferiores a 2,5 e as percentagens de negativas sempre superiores a 60%.
Será normal ter uma proporção de classificações negativas de 71%, como se verificou na prova de Matemática em 2007? Então porque será tão anormal a média de 43% em 2008? Qual delas será mais “anormal”?
Quem observe um gráfico das freqüências dos cinco níveis de classificação na prova de Língua Portuguesa reparará que, desde 2005, as distribuições tendem a aproximar-se da normal. Ano de excepção foi 2006 com uma anormal incidência de negativas no nível 2. não me lembro de alguém ter falado em “dificultismo”.
Nos casos das provas de Matemática do Básico a observação destes três anos revela-nos uma outra “anormalidade”: perto de 50% dos alunos não vai além do nível 2 (a esmagadora maioria) e a distribuição é enviesada para as notas negativas. Mesmo no corrente ano de 2008 a percentagem de negativas é superior a 40%. Uma situação destas só é normal para o tradicional espírito de carpideira que emerge nestas épocas.
No caso das provas de exames do ensino secundário a situação já é diferente.
Reconheçamos ou não o esforço que os diferentes agentes educativos têm vindo a realizar, há um facto que tem sido esquecido ou desvalorizado. Nos anos anteriores à Reforma do Ensino Secundário os alunos tinham de realizar, pelo menos, cinco provas numa época de exames. Desde 2005 os alunos fazem 4 provas distribuídas por dois anos (11º e 12º), podendo ainda realizar “melhoria de notas”. Só com esta alteração as classificações médias teriam necessariamente de subir.
Dito isto, a surpresa está na prova mais concorrida: Português/Português B, em que as médias têm vindo a baixar nos últimos três anos. Entre 2006 e 2008 a proporção de classificações negativas duplicou, de menos de 20% quase atingiu os 40%.
Na segunda prova com maior número de alunos inscritos, Biologia e Geologia, houve uma ligeira melhoria em comparação com os anos anteriores. Porém, seria bom não esquecer que os resultados de 2007 foram claramente anômalos: mais de 50% de classificações negativas.
Na terceira e última prova que nos interessa analisar o problema é inverso: em Matemática A/Matemática os resultados têm vindo a melhorar desde 2006 e no corrente ano de 2008 podemos mesmo dizer que foram excepcionais.
Quem analisar os resultados num leque diversificado de escolas ou confronte as distribuições pelos diferentes escalões e ao longo dos últimos três anos, só pode concluir que houve uma qualquer “anomalia” nesta prova. Qualquer teste estatístico a identificará facilmente. Só é estranho que idênticas “anomalias” em provas de anos anteriores não tenham sido tão rapidamente denunciadas, especialmente as que motivaram elevadíssimas percentagens de classificações negativas e reprovações.
Concluindo, o que esta leitura rápida dos resultados permite extrair é que há um problema no modelo de concepção das provas. A variabilidade dos resultados de ano para ano e de disciplina para disciplina não confere credibilidade e estabilidade ao actual modelo de avaliação.
Durante muitos anos a opinião publica e publicada só esteve focada na responsabilidade dos alunos e dos professores e raramente pensou na qualidade e na aferição das próprias provas. Com a obsessão de encontrar erros científicos nos enunciados, esqueceu-se de encontrar deficiências pedagógicas e de falta de qualidade de aferição. Este modelo de avaliação – que assenta no que há muito designo por “exame de autor” – gera um problema de equidade e de comparabilidade que ainda não foi resolvido.
É neste contexto que a utilização dos resultados dos exames para sustentar o sucesso ou insucesso das políticas educativas só pode ter uma conseqüência identificável: a descredibilização dos exames como instrumento de avaliação.


‘David Justino’

terça-feira, 18 de novembro de 2008

A Vergonha de não ter vergonha na cara

Há quatro anos, o administrador do Banco de Portugal Manuel Sebastião foi procurador do administrador do Banco Espírito Santo Manuel Pinho na compra de um prédio em Lisboa. Esse prédio era propriedade do Banco Espírito Santo, tendo Manuel Sebastião servido de intermediário numa compra entre o BES e um administrador do BES. Manda a boa prática que um administrador de um banco não se envolva em negócios pessoais com o próprio banco que administra. E manda a lei que o Banco de Portugal supervisione o funcionamento do Banco Espírito Santo.

Manuel Sebastião viria mais tarde a adquirir um apartamento nesse prédio, entretanto remodelado. Em Março deste ano, o ministro da Economia Manuel Pinho nomeou Manuel Sebastião presidente da Autoridade da Concorrência. A lei exige que a Autoridade da Concorrência seja um "regulador independente". A possibilidade de ela entrar em conflito com o Governo é elevada, sendo no mínimo discutível que um ministro nomeie um amigo pessoal - e seu inquilino - para desempenhar tal cargo. Certamente por achar que não havia nada para esclarecer neste caso, o Partido Socialista chumbou, na sexta-feira, a audição a Manuel Pinho e Manuel Sebastião no Parlamento, pedida pelo CDS-PP.

Estes são os factos. Confrontado com eles, o que é que o primeiro-ministro de Portugal decidiu comunicar ao País? Que não encontra no que foi publicado "nada que seja contra a lei". O que até é bem capaz de ser mentira, mas admitamos que possa ser verdade. Só que José Sócrates não ficou por aí. E acrescentou também não ter encontrado "nada que seja criticável do ponto de vista ético". Ora, isto são declarações absolutamente vergonhosas, e só mesmo por vivermos num país onde a mentira na política é aceite com uma espantosa tolerância é que um primeiro-ministro pode dizer uma barbaridade destas e sair de mansinho.

Se José Sócrates encontrasse um dos seus ministros a tentar arrombar um cofre com um berbequim diria aos jornais que ele estava só a apertar um parafuso. Afinal, também no caso da sua licenciatura o primeiro-ministro não viu nada de eticamente duvidoso nem de moralmente reprovável. Ora, o que me faz impressão não é que esta gente que manda em nós atraia a trafulhice como o pólen atrai as abelhas - isso faz parte da natureza humana e é potenciado por quem frequenta os corredores do poder. O que me faz impressão é o desplante com que se é apanhado com a boca na botija e se finge que se andava só à procura das hermesetas. É a escola Fátima Felgueiras, que mesmo condenada a três anos e meio de prisão dava pulinhos de alegria como se tivesse sido absolvida. Nesta triste terra, parece não haver limites para a falta de vergonha.

'João Miguel Tavares'

domingo, 16 de novembro de 2008

15 de Novembro ou A DANÇA das CADEIRAS

O estudo da história forma e informa, porque a história se repete, obra que é do humor dos humanos, ou da HUMANIDADE, que a cada geração se renova - mas - permanecendo sempre igual a si mesma, porque segue os caprichos das gerações, a evolução das opiniões, a força das ambições, o resultado das revoluções, todas elas cíclicas, periódicas, impulsionadas pelos mesmos argumentos e carregadas pelos mesmos jumentos. Já sentenciava Aristóteles: "O historiador e o poeta, com efeito, não diferem pelo fato de um narrar em prosa e o outro em verso. A verdadeira distinção é a seguinte: um narrao que aconteceu, o outro o que poderia ter acontecido". (Aristóteles, in "Poética", 1451-1451b, II). Mas quem definiu a HISTÓRIA com objectividade foi Cícero, o grande orador e causídico romano da época dos triunviratos. Para ele: "A história era ...testemunha dos tempos...luz da verdade...vida da memória...MESTRA da VIDA...mensageira do passado...". (Cícero, in "Do Orador", II, 9). Apresentamos este "intróito" para enfatizar a importância do conhecimento da história na vida humana, na elaboração de estratégias (de Strategus, general na antiga Grécia), na tomada de decisões, no planeamento (Portugal) ou no planejamento (Brasil) dos governos, cada vez mais infiltrados pelo desconhecimento, pela inexperiência, pela ignorância.

O 15 de Novembro de 1889 (QUE SE CELEBRA HOJE NO BRASIL) é a data em que foi PROCLAMADA a REPÚBLICA no Brasil, e, consequentemente, abolido o regimen monárquico, parece que por obra e graça de generalizado descontentamento, traduzido na ação revolucionária de militares e civis, representantes das mais variadas e heterogêneas facções políticas, tendências idealistas e interesses corporativistas. Em boa verdade, entre as forças que promovem as grandes mudanças, sempre se encontram idealistas ingênuos e interesseiros heterogêneos; corporações apartidárias e facções libertárias; capitais desenvolvimentistas e dinheiros ocultistas; interesses nacionais e bençãos dos cardeais. E tal miscelânea de ideias e ideais, de corporações e currais, de interesses e animais, de dinheiros e capitais, sempre estão presentes em todos os movimentos sociais, quer se trate da recente eleição do presidente Norte-americano, do golpe de Estado do 25 de Abril ou do 15 de Novembro de que estamos escrevendo. Então - como agora - havia e há contentes e descontentes, sisudos e dementes, crentes e descrentes, boas e más gentes. E, quando se trata de mudança sem voto, sempre existem forças, tropas ou gente armada dos dois lados, entre os quais cidadãos que piamente acreditam estar com a RAZÃO, portanto de consciência tranquila!!!.

´Daí resulta a "DANÇA das CADEIRAS", a substituição de "líderes", a troca de governantes - aceites, aclamados ou impostos na ocasião - mas que daí a algum tempo já não satisfazem, já não interessam, já não cumprem, JÁ NÃO PRESTAM!!! Isso ocorreu com o grande Imperador Dom Pedro II, homem bom, erudito, amigo das letras e das artes, sério e honesto, deposto no 15 de novembro; aconteceu com HITLER, paranóico esquizofrénico, louco varrido, assassino de 40 milhões de seres, pois tantos foram os mortos da 2ª guerra mundial; e aconteceu com o regime salazarista, implantado por um católico sincero (mas que deu à PIDE o poder de matar), homem materialmente honesto e autoritário, capaz e eficiente mas retrógrado, derrubado - não pelos jóvens capitães - mas pelo apoio dado pela Nação devido ao desgaste da guerra em África, pelas suas misérias, pelas suas mortes, pelos seus sacrifícios, pelas suas desgraças, contra as quais se uniram os pais dos soldados mortos, estropiados e desaparecidos, as jóvens viúvas que perderam os maridos, vendo os filhos órfãos e desamparados. E, se a união contra SACRIFÍCIOS ou em TORNO de INTERESSES leva os povos a grandes mudanças, É DAÍ que resultam as trocas de cadeiras ou, como lhes chamamos, AS DANÇAS. Daqui concluímos que - ETERNIDADE - só a Espiritual.

JVerdasca

Barack Obama ganhou. Eu perdi

Barack Obama ganhou. John McCain perdeu. Eu perdi com ele. Estou acostumado a perder. Meus candidatos quase sempre perdem. Quando um deles ganha, sempre dá um jeito de me envergonhar imediatamente. Por isso, é melhor assim. É melhor perder.
Barack Obama ganhou de John McCain em praticamente todas as categorias sociais: eleitores com mais escolaridade, eleitores com menos escolaridade, negros, latino-americanos, mulheres casadas, mulheres solteiras. Ele só perdeu entre os homens brancos. Alguém muito tolo poderia acusá-los de racismo. Mas nos Estados Unidos o que acontece é exatamente o contrário: é o homem branco votar num candidato mulato apesar de acreditar que o candidato branco se sairia melhor no papel de presidente. Alguém muito tolo poderia imaginar que os homens brancos de Indiana, depois de fechar suas farmácias e suas lojas de ferramentas, colocam um capuz pontudo e saem por aí linchando os negros. Repito: alguém muito tolo. O debate racial nos Estados Unidos está mais para A Mancha Humana, de Phillip Roth, do que para O Homem Invisível, de Ralph Ellison. O que menos importa em Barack Obama é sua mulatice. Ele próprio acredita nisso. Ridiculamente, ele está sendo tratado por todos como um Nelson Mandela, e os Estados Unidos, como uma África do Sul dos tempos do "apartheid". Calma. Muita calma.

Em seu primeiro discurso, na noite em que foi eleito, Barack Obama se comprometeu a resolver todos os conflitos internacionais sem recorrer ao poderio militar americano. Se a Igreja Católica se arrependeu publicamente de ter queimado Giordano Bruno, agora os Estados Unidos se arrependeram publicamente de ter enforcado Saddam Hussein, o herege copernicano das arábias.

A imprensa americana errou na guerra do Iraque, publicando os relatórios passados pela Casa Branca e pelo Pentágono sem checá-los, sem apurá-los, sem investigá-los. Com Barack Obama, ela repetiu o mesmo erro. A imprensa pode apoiar um candidato, como apoiou Barack Obama, mas sem permitir que esse apoio interfira na cobertura dos fatos. O partidarismo dos jornais e das TVs contra os republicanos me incomodou tanto que, a certa altura, eu já estava defendendo apaixonadamente o Criacionismo.

Quando Barack Obama foi eleito, protestei dormindo com um abajur aceso. Pensei que meu ato ajudaria a derreter a calota polar, inundando a sala de estar de um ou dois colunistas do New York Times.
Depois me lembrei que eu também moro no litoral. E desliguei o abajur. Fui derrotado. Outra vez.


Diogo Mainardi

FOI ISSO

Foi isso,exatamente isso,que elegeu Obama e o alçou ao topo do mundo.
Quando dizemos isso,falamos da mídia,mencionamos a cretinice das massas que nela acreditam e por ela se deixam conduzir.
O "isso", propriamente dito é isto que fazemos agora neste nosso espaço "migrantófilo".
Um montão de gente falando,tecendo comentários,prescrevendo ensaios cientificos sobre raças e notoriamente sobre comportamentos humanos.
Nós mesmo estamos participando disso, emitindo um rosário de besteirol, crítico, quando mais sensatamente,ao invés de usarmos esta prosa pretenciosa, deveríamos cantar o tema em versos musicados,numa homenagem ao grande avanço rácico.
Os rios de tinta,a avalanche de palavreado que elegeu Obama, escorre agora neste nosso limitado espaço que, guardadas as devidas proporções, já concentra um razoável numero de opiniões. É nestas horas que mal controlamos a vontade de cantar o parvo estribilho de nosso folclore. la.ri.lo.le.la.


Gabriel Cipriano - RJ

CAPRICHO E SOBERBA

Cento e vinte mil mil professores na rua não emocionaram o Governo. A ministra e Sócrates afirmaram-se renitentes nas decisões tomadas: é assim que dissemos, é assim que fazemos. Capricho, desdém e alarde não constituem excepção neste Executivo, o qual, sem ser, notoriamente, socialista, também não é carne nem peixe nem arenque vermelho. Mas 120 mil pessoas indignadas não são a demonstração de uma birra absurda nem a representação inútil de uma frivolidade. A cega teimosia de Sócrates pode, talvez, explicar que não está à altura do seu malogro, mas sim do seu umbigo. Porque de malogro e de narcisismo se trata. A qualidade de um Governo afere-se pelo grau de comunicabilidade que estabelece com os outros, e pelo sentido ascensional que possui do tempo e do espaço para elevar a vida colectiva. Sócrates esqueceu-se, ou ignora, que o homem é ele e a sua circunstância, como ensinou Ortega. E que num político a circunstância é criada por ele próprio, sem negligenciar os outros.
A verdade é que não conhecemos os seus desígnios criativos, mas sim as variações desafortunadas da sua política. Há tempos, João Lopes, o amigo e o crítico por igual excelente, dizia-me que Portugal tinha falta de compaixão. A palavra "compaixão" adquiria o sentido de simpatia e compreensão pelo outro. É verdade. Ausentamo-nos e negamo-nos, escarnecemo-nos e desprezamo-nos, deixámos de nos ouvir uns aos outros; nem transeuntes somos: trespassamo-nos porque dissipámos a consistência e, acaso, a ternura. Com a nossa desmedida indiferença permitimos o nascimento de gente presumidamente detentora da verdade.
A soberba de Sócrates, ante o protesto dos 120 mil, advém, certamente, desse sombrio e feio convencimento. Em Fevereiro de 1947, quando, em França, se preparavam eleições, Camus escreveu, no Combat, um texto que assim começava: "Os problemas que há dois anos nos excedem vão cair no mesmo impasse. E, sempre que uma voz livre procurar afirmar, sem pretensões, aquilo que pensa, logo uma matilha de cães de guarda, de todas as cores e feitios, começará a ladrar furiosamente, para abafar o eco dessa voz." Em consciência, a impassibilidade de José Sócrates e a crispada frieza de Maria de Lurdes Rodrigues podem abafar o eco de 120 mil vozes, que protestam muitas razões de que não é preciso reter senão as mais importantes? Um Governo que recusa, constantemente, a obrigação de ouvir o outro, admite a possibilidade do direito à desobediência. A rigidez decisória não conduz ao apaziguamento e distancia-se dos verdadeiros interesses, criando rancores e ressentimentos desnecessários e duradouros. Conversar, escutar, dialogar, debater, por vezes com furor e impaciência, é solução muito mais eficaz do que alimentar uma inconsiderada teimosia, de consequências imprevisíveis.


Baptista-Bastos - Diário de Noticias
Escritor e jornalista www.portugalclub.org www.portugalnoticias.com

Confusões nas Escolas

Foi uma grande notícia, nada menos que onze governantes andaram pelas escolas a distribuir 3 mil computadores Magalhães. Onze governantes, três mil Magalhães naquele dia foi notícia. Ficaram outros para distribuir em datas oportunas, para não ser tudo no mesmo dia, para dar ocasião a outras notícias.

Onze governantes, mais motoristas, carros, seguranças, jornalistas para fazerem a cobertura conveniente. Muitos ministros a dar Magalhães. Sinais de um país moderno. O Orçamento paga.

O Magalhães anda por todo o lado. Hugo Chavez, lá de Caracas, relaciona-se com o Magalhães. O Magahães acompanhou o primeiro-ministro às Honduras.

O Magalhães tem tempo de antena. O Magalhães é a reforma do ensino, da modernidade do ensino. O Magalhães mexe. Onde há Magalhães está o primeiro-ministro, estão governantes, estão crianças, porque o Magalhães é computador para modernizar as crianças. O Magalhães vai invadir as escolas, vai ser o grande instrumento para a aprendizagem. Onde há Magalhães, há mercado.

Curiosamente, onde levam o Magalhães, não se vêem professores. Os professores são desnecessários nas exibições do Magalhães. São confusões!

O Magalhães já faz parte da sociedade. O Magalhães deu volta ao mundo. Está a dar a volta ao país. O Magalhães descobriu novos caminhos para o saber e dispensa professores.

Os professores andam pelas escolas desorientados. Não têm tempo para nada. Os jornais, as televisões trazem professores desorientados. Professores lamentam-se de uma carga horária excessiva que não deixa tempo para preparar aulas, para actualizar conhecimentos, para reflectir, tempo para a família.

Queixam-se os professores do excesso de reuniões. Do excesso de papéis, relatórios, fichas. Queixam-se da burocracia que invadiu as escolas, transportada por Decretos, Decretos-lei, Portarias, Despachos e ainda Circulares, Orientações e Recomendações. Por Decisões ordenadas em reuniões. Um mundo de Confusões. Não há tempo para o importante. Não há tempo para os alunos. Não há condições para o exercício da profissão.

Os professores têm o dever do ensinar, de educar, de acompanhar, de ocupar alunos. São professores, são educadores, são mestres de diversão. Ensinam regras de segurança, de civilidade e sexualidade. Educam e outros deseducam.

Os professores andam desorientados, frustrados, revoltados, desvalorizados, ofendidos, agastados. Os professores enchem consultórios médicos. Andam por psiquiatras. Os professores tornaram-se consumidores de antidepressivos.

Os professores não aguentam. São muitos, aos milhares os que pedem reforma antecipada, os que enchem páginas do Diário da República com aposentações desejadas. Reformas antecipadas, mesmo com perdas substanciais da pensão a receber. Professores aceitam penalizações para manterem a sanidade mental. Não aceitam profissão burocratizada.

Nenhuma reforma, na Saúde, no Ensino, no Defesa, na Justiça, onde seja, resulta, se os profissionais não a compreenderem, não a aceitarem.

As reformas têm de ter sentido. As pessoas têm de saber para onde se vai.

Por estas e outras razões, porque o descontentamento é geral, profundo, porque é sentido, porque o desencanto, a inutilidade, porque se sentem indignados, voltam à rua.

Nas escolas, o que agora conta, não são as aprendizagens. Nem a educação das populações futuras.

O que conta nesta politica de Educação são os resultados estatísticos, são os números, são as percentagens para exibir nas notícias.

Antes, o problema era a percentagem de alunos que abandonava a escola sem acabar a escolaridade.

O que antes era problema está agora solucionado. Nos critérios de avaliação dá-se a solução. Nas secretarias, a certificação.

Os maus resultados dos alunos conta para a progressão na carreira? Pois se é isso que se quer, é de concluir que o melhor é facilitar. E a escola de sucesso aparece nas pautas. Aqui está um dos sinais do país moderno em construção.

Assim, fica determinado que o insucesso vai acabar. Esta reforma é para a escola do sucesso, mesmo nas disciplinas consideradas difíceis e trabalhosas, como o Português, Matemática…

E os resultados são conhecidos. Há um ano atrás só 66 por cento das escolas com exames do 9º ano tiveram resultados positivos. Em 2008, um ano depois, 97 por cento das escolas tiveram resultados positivos. Um milagre!...

Não foram os alunos que aprenderam mais. Os resultados medem-se pelas facilidades dos exames, pelos critérios de correcção.

E os responsáveis pela política da Educação põem nos jornais que em anos próximos não haverá chumbos na escolaridade obrigatória.

Não haverá chumbos!...

E o que conta é o sinal que se dá aos alunos e aos pais dos alunos. O que conta são os números que constam nas estatísticas. Não importa o que se aprende. Não importam os hábitos de trabalho, a disciplina.

O importante são os números para as estatísticas.


Manuel Miranda - Coimbra

MEDIOCRIDADE e GANÂNCIA, contraem núpcias

Ontem, olhavamos o noticiário das "24" na RTPi, quando surgiu no video a cara zangada do presidente da Associação das Pequenas e Médias Empresas, portuguesas, protestando contra o novo salário mínimo.
Dizia ele que todos os beneficiados do novo salário serão demitidos. Irão para o desempro. Imaginem o valor do aumento, 24 Euros.
Na sequência o Ministro doTrabalho, apareceu também respondendo e lamentando o desaforo empresarial, no que foi secundado pelo Chefe do Governo, que estranhou a mediocre reação oposicionista, diante da ridicula valorização.
Manuela Ferreira Leite se sentiu tão por baixo,que foi logo dizendo não ter falado, nem comentado nada a respeito do assunto, e o que disse, se disse, foi sobre outra coisa, não sobre o salário mínimo. Como mulher sempre tem um pouco mais de vergonha.
Diante da falta dela, a vergonha, precisamos dizer, aqui de longe - deixem o homem governar, a maré está brava, aliás, bravissima e o melhor representante do PSD, no momento, é Durão Barroso, que chefia a Comissão.
Em Portugal os Socialistas seguem certeiros enfrentando a borrasca que se abateu sobre o mundo e que lá também chegou.
Aqui, entre nós, que falta fazem 24 Euros, a um pequeno ou médio empresário, mesmo que multiplicados por 100 ? E 100 empregados á a soma de duas ou três dezenas de pequenaas empresas, pois a média de cada uma é 5.
Em nossa Pátria, ou fora dela, sempre estamos desunidos, mas as uniões expurias, tipo esta da ganância com a mediocridade, acontece e nos envergonha. la.ri.lo.le.la



Gabriel Cipriano - Rio de Janeiro

UM ESTILO DE VIDA PROGRESSISTA MAS SEM FUTURO

A Crise Financeira é uma Crise do Capitalismo e do Socialismo

Com a crise do sistema financeiro, a globalização do medo real tornou-se um facto palpável. Não há civilização que não esteja implicada nas causas e consequências do furacão que teve origem na Wall Street. Esta crise financeira transforma-se numa crise económica universal que tocará com o preço das matérias-primas, com o bolso dos empregados, com a localização dos centros de produção das grandes multinacionais que privilegiarão as nações de proveniência contra as economias mais fracas. Ai dos países endividados! A recessão em curso atingirá as camadas mais fracas da sociedade ocidental e os países mais carenciados. Tudo isto é a consequência do agir de elites que, num mundo da quimera, trocaram a realidade pelo virtual.

Pouco a pouco também a cidadania se torna virtual e o povo vive em segunda mão. No passado o Homem era a medida de todas as coisas. Agora na era da nova espécie, no tempo do Homem cliente – consumista, e duma elite de Zés Pereiras, tudo vale; não há medidas, não há normas nem há regras. E o Zé Povo, condenado a acreditar, a confiar na fé de construção duma sociedade progressista baseada numa ética barata e oportuna, já não à medida do cidadão mas do proletário. A chanceler alemã, Ângela Merkel, ao afirmar que “o Estado tem de ser o protector da ordem” tocou um ponto nevrálgico da sociedade ocidental. Para se chegar porém a esse facto, pressupõe-se que o sistema partidário descubra primeiro o povo e a nação.

Os Estados estão a saque

Na Europa, os Estados, especialmente depois da queda do muro vermelho (muro da vergonha), passaram a estar cada vez mais a saque de ideologias políticas que ocuparam a ideia de democracia, instalando democracias de cariz partidário autoritário e monopolista, cada vez mais longe da realidade e do povo. Um socialismo rasteiro infiltrou-se nas mentalidades e nos quadros da sociedade ajudado pelo descrédito da velha sociedade do período fascista europeu. Na desordem e na confusão prosperam e legitimam o ilegitimável e os conservadores fracos passam a correr atrás de franco-atiradores.

Ao mesmo tempo a economia divorcia-se da cultura. O globalismo congrega então os interesses dum turbo-capitalismo desregrado e a ideia dum internacionalismo militante contra a terra e contra a cultura. Esta união de forças e de interesses acelera os problemas ecológicos. Não há forças conservadoras com coragem de defender a terra, o povo e a cultura. A política passou a andar ao sabor da ideologia e a economia acabou por depender da ideologia financeira, destruindo-se então a economia social.

O mundo financeiro desligou-se da economia produtiva e consequentemente também o mundo da política se desligou do cidadão considerando-o apenas sob a perspectiva do homo contribuinte. Na nova Europa, a escola e as universidades têm-se vindo a tornar em estaleiros para a indústria e para o comércio. Tudo tem de trabalhar a tempo pleno, correr de empreg para emprego, sem respeitar os tempos sagrados de descanso do Homem nem a sua dignidade. Tudo se sacrifica à produtividade, na banalidade dum factual alheio à realidade da natureza e do Homem.

As elites económicas e políticas tinham-se unido premiando o endividamento do povo, pretendendo criar um homúnculo consumidor e gastador em função das receitas da empresa e do Estado. O seu conceito fazia lembrar uma equipa de futebol em que só os jogadores marcadores de golos têm direito a ganhar, e para melhor em campo sem árbitro! Agora que os avançados se encontram aparentemente atolados na lama, os políticos procuram o assobio entretanto substituído pelo barulho das próprias claques.

A especulação chegou a tal ponto que, em vez de se fortalecer o poder de compra do consumidor, através dum ordenado justo, se despreza o trabalho do operário e se especula com trabalhadores mais pobres ainda doutras terras. Se antigamente as guerras se davam entre povos na defesa dos interesses das elites dos respectivos povos, hoje as guerras são realizadas entre as classes mais baixas dos diferentes povos para que as novas elites de mercenários beneficiem delas, dando-se também ao luxo de marginalizar a classe média, o verdadeiro motor das sociedades.

À semelhança dos fanáticos das montanhas do Afeganistão, também a nossa elite, por nós alimentada e legitimada, se refugia nas suas torres de marfim. Cada um olha do seu alto a realidade do mundo e do cidadão com altivez e desdém! A exploração ideológica e económica nunca andaram tão juntas e nunca foram tão descaradas como são hoje.

A Europa, nos últimos vinte e tal anos, tem destruído a sua personalidade e desmantelado o seu rosto humanista. O turbo-capitalismo e o socialismo uniram-se contra o Homem, contra a natureza e contra os biótopos culturais e humanos. Já não há sagrado, não há pátrias nem família que se não ponham à disposição. Da colonização externa passa-se à colonização interna. Com a morte de Deus morre o Homem, morre a sua interioridade, a sua ipseidade, aquilo que lhe dá dignidade! O Olimpo foi assaltado por novos deuses que nem a alma já respeita da pessoa agora socializada e reduzida a opinião de cliente.

Tudo cede às leis do mercado especulador. A nossa sociedade continua a recusar tornar-se adulta e ainda se arroga a vaidade de se comparar com outras. Prefere viver entre o medo adolescente e a exploração. De facto, nela tudo se torna cada vez mais instável: a vida social, a vida profissional, a vida familiar e a própria vida existencial. Se antigamente se pagava o medo com o Paraíso hoje paga-se com o voto e com o mercado. Viver torna-se num risco cada vez mais presente e consciente porque se opta por uma forma de vida em segunda mão. Se nas sociedades primitivas o Homem tinha medo das feras ameaçadoras hoje tem de recear os monstros que ele mesmo criou. As pessoas, com o medo, fogem à vida, tornando-se vítimas de muitas das ideias e das estratégias de fuga.

Assim, abdica-se da humanidade, no medo de perder o emprego, na insatisfação de ver o custo de vida aumentar e na insegurança duma reforma hipotecada. O Estado e a economia tornaram-se, também eles, nossos rivais. São, por vezes, mais um factor de insegurança do que de segurança. A lei da concorrência, a todos os níveis, parece ter-se emancipado da biologia já de si selectiva para se tornar na prática da concorrência pela concorrência. Cada vez se exige mais, se trabalha mais e se vê menos. Se antigamente o homem lutava primariamente contra as adversidades da lei da natureza, hoje, além desta, tem a luta contra as adversidades das forças institucionais que se apoderaram da cultura.

Também o sistema de saúde, que deveria sanar igualmente o medo dos pacientes, se torna, cada vez mais, no purgatório destes e no paraíso da indústria farmacêutica e de políticas de clientelas elitistas. A sociedade actual, em vez de tentar orientar-se para o fomento duma sociedade média mais estável, alargada e humana, nivela-se pela camada mais precária.

Se queremos a globalização, teremos antes de humanizar a economia e a relação social no respeito pelas ecologias. Agora que o homem vai atingindo uma consciência global torna-se mais premente a necessidade dum governo mundial mas que parta do Homem para o Homem, doutro modo o anonimato das superstruturas farão definhar os vestígios de humanismo ainda presentes nalgumas instituições. Apesar do vírus da rotina e do acomodamento não estará tudo perdido e o Homem encontra sempre uma saída. Há que encontrar primeiro o Homem para depois se recriarem as instituições.

António da Cunha Duarte Justo www.portugalnoticias.com

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Por que endividaram os Portugueses

Conscientes das dificuldades que viriam para Portugal. Conscientes que pelo incentivo ao meio empresarial, já não eram capazes de enganar mais a economia. Conscientes da necessidade de uma outra alternativa ou escape para incentivar, pelo engano, outros portugueses a investirem, a fazer circular a economia, provocando desta maneira uma dilatação ás "vésperas" da grave crise. Conscientes que as dificuldades provocadas pela estagnação do sector económico que se adivinhava rápido, poderiam gerar o colapso da Nova Ordem, por eles anunciada. Os homens do poder e pela salvação do que acreditam, optaram então por conduzir os portugueses mais crédulos, os menos conhecedores, os menos instruídos, numa forma de regozijo a fontes de bem estar pelo prazer, originando assim o seu catastrófico endividamento total. Desta forma, através deste endividamento, pensaram os do Poder, fazer circular mais algum tempo, a economia que há muito se anunciava desastrosa. E a ganância dominou! Os que acreditaram perderam! E a questão coloca-se: Mas "eles" sabiam que isto tinha um fim! E que esse fim podia ser desastroso! Por que razão conduziram os portugueses ao endividamento total ?

Por que os estão a conduzir á pobreza

Com os sucessivos encerramentos de empresas no Vale do Ave, gerou-se um número infindável de desempregados. A vida tornou-se difícil para as famílias ligadas ao sector de crise. O mercado de trabalho desapareceu. Os filhos não conseguiram estabilização nos empregos e partiram rumo á Europa, que já é perdida. Para trás ficam os pais e a restante família, mais que endividada. Os que cá ficaram entram em dificuldades. A necessidade escondida evolui. E a fome começou a apertar. Atingiu-se os 2 milhões na pobreza - 10% da população portuguesa está na desgraça. Mas do lado dos que governam, a mensagem vem diferente - que o país está apenas "constipado"! E que a "factura" é para continuar a pagar! E a questão põe-se: Haverá intenção em continuar a afundar os portugueses? Haverá intenção em criar uma classe única e pobre, dependente? A ser verdade, estará a haver encaminhamento ao totalitarismo? Quem está ligado a ele e quem o controla em Portugal?

Luis Padilla

Lá atrás, de PORTUGAL! o que existe?

O que estará lá atrás, bem no fundo, escondido?

Neste caso, analisamos as simultâneas criações de empresas e os encerramento das mesmas. Se por um lado os governantes insistiam e incentivavam ao investimento com a criação de postos de trabalho, por outro lado via-se outra máquina que tratava do seu encerramento, ora iludindo-os com a criação de riqueza pela exportação de bens para a Europa, ora encerrando-as pelas dívidas criadas pelas suas incapacidade de escoamento das mesmos produtos acabados, que atrás eram incentivados por eles. "Não batia certo", como se dizia. Era um "drible" um bocado difícil de entender para alguns, que acabaram por caíram na "esparrela", terminando endividados e falidos, com a outra parte da "máquina", á porta exigindo e accionando. Na realidade via-se que: Se os governantes encerraram a esportação/escoamento dos produtos acabados pelos acordos da CEE, não víamos por que razão deveriam estar a entusiasmar a classe empresarial ao investimento, quando á partida era dos seus conhecimentos a incapacidade total dessas empresas. No final era fácil a justificação do encerramento a apontar: Incumprimento á banca, atrasos salariais, falta de pagamentos fiscais ou á Segurança Social ou até fraude fiscal - è claro, que perante a dificuldade de exportar e depois de determinado investimento realizado, qualquer empresário acabaria por cair no tapete. Mas o facto mais importante, é que "eles" sabiam! O "laço", foi preparado por "eles"!

A partir dos anos 90, incentivou-se ao investimento empresarial. Vários empresários acreditaram e avançaram. Algum tempo depois, pela invasão dos produtos asiáticos, começou-se a tornar incapaz a exportação dos produtos fabricados, para os países da Europa da globalização. As empresas que antes acreditaram e investiram, vêem-se no momento com dificuldades para aguentarem as mesmas. Deu-se início á grande derrocada empresarial - Falências e despedimentos. No entanto a classe governante continuou a incentivar ao investimento, embora sem sucesso a curto e a longo prazo. Começou-se então a assistir ao encaminhar dos empresários, pelo poder político, para investimentos fora de Portugal. E a questão coloca-se: Por que incentivaram os empresários a investir quando os governantes sabiam que o destino péssimo para Portugal já tinha sido traçado, anteriormente por eles? Por que conduziram os investidores portugueses para fora de Portugal, deixando os portugueses entregues á má sorte? O que estará lá atrás, bem no fundo, escondido?

Luis Padilla

PORTUGAL 25a a Saque

Um armazém é assaltado, melhor dizendo, é completamente "descascado" de tudo que possa ser transformado em metal/dinheiro. Há denuncia para investigação. O processo cai em saco roto. Neste caso, por que se não deu continuidade ao processo, ou melhor, por que não se fez investigação ao assalto? Este foi um dos casos com visibilidade de acção, com pernas para andar, mas que ficou em saco roto.

Vale do Ave, Mouquim. Um armazém foi assaltado por supostos "caçadores de ferro". O edifício foi esventrado, desde janelas portas, instalação eléctrica, corrimão em ferro, máquinas, betoneira, portões e outros. O proprietário disse terem sido desmantelados e furtados mais de 10 toneladas de materiais compostos pelo metal, ferro. Os rastos que podem conduzir ao estacionamento dos bens furtados foram indicados como visíveis e denunciados. Foi feita queixa. A ineficácia, incapacidade ou desinteresse em nos proteger, dos que nos governam é vista algum tempo depois pelo resultado nulo na investigação. E esta questão põe-se: Então 10 toneladas de material ferroso desmembrado são capazes de passar pelo buraco de uma fechadura? Conseguirão ser transportados dentro de uma pequena caixa de fósforos? Até houve um vizinho que viu um dos camiões carregados de material a sair do armazém e "comunicou"! O que se passou com este caso? Que forças estarão lá em cima que impedem a descoberta destes crimes?

Luis Padilla

Objectivos finais da Revolução

Assaltos em série aos metais

Neste caso assiste-se a um número de assaltos considerados em série, por todo o país, sem que o Governo do Estado os consiga impedir. Os assaltantes parecem conhecer uma "estranha" liberdade de acção, razão pela qual todos vemos que conseguiram os seus assaltos com impunidade absoluta. Que autorização " estranha" e da parte de quem, teriam estes bandos organizados que fizeram grandes assaltos, alguns á descarada, por todo o país? Por que não eram capturados? A quem vendiam o ferro ou o cobre roubado? Para onde seguia o metal depois de fundido? A quem estariam ligados?

Este caso aconteceu na Região do Vale do Ave. Freguesia de Avidos. Uma empresa entrou em falência e encerrou por dívidas. Neste caso o valor negativo ultrapassou o valor real do imóvel e do parque de máquinas. O imóvel e o recheio passaram para as mãos da Segurança Social. Todo o património e recheio foi entregue á responsabilidade da gestão da Segurança Social. Foram colocadas placas de "vende-se" nos muros do imóvel.

De um momento para o outro a respectivo imóvel foi assaltado constantemente, desaparecendo toda a estrutura metálica das janelas e cobertura. A pilhagem aumentou até ao desmembramento de outros corpos de suporte presos á camada de betão.

Diz-se, que entraram camiões, por várias vezes, para carregarem os materiais desmembrados do edifício. O imóvel, antes uma fábrica bem construída, de um determinado valor, passou agora a um monte de lixo em pé, de valor mínimo.

E a questão coloca-se: Sendo a Segurança Social uma organização ao serviço do Estado português. Sendo o Estado português o Povo que o compõe. Não encontramos aqui qualquer intenção, da parte dela, na defesa dos interesses das pessoas que ela representa. Ou seja, os actos de furto e vandalismo tomaram proporções tais, que nos levam a indicar que quem nos representa, não vê com boas intenções ou preocupação a protecção daquilo para os quais foram nomeados. Por outro lado, vê-se que não houve esforço na guarda dos bens que lhes estão a ser confiados por nós. Ou ainda, não foram vistos esforços, por exemplo através do policiamento ou investigação, a exigir por quem tem o dever de mandar guardar. E duvidamos! - Haverá razão para desvalorizar o imóvel, podendo ele, depois ser vendido por um valor inferior ao justo? Neste caso quem ganha e quem perde? Ou então - Haverá interesse em deixar cair para melhor se governarem? Haverá interesse em desleixar para confundir? O que estará e quem estará, por detrás deste nevoeiro espesso, que tem percorrido o país?
Luis Padilla

Causas/efeitos/consequências

Portugal atravessa uma grave crise económica e financeira. Os Portugueses encontram-se confusos sobre o caminho a seguir. Já não acreditam em alguém. O sistema produtivo encerrou - dizem que pode ter sido propositado. A falência está instalada e começa nos que dizem que nos governam. O desemprego aumenta. O endividamento evolui. A fome alastra. E os mais culpados, para encobrirem os seus desastres, apelidam os mais visionários de pessimistas.
Um plano que já vem de trás. Só tens que ser bom observador. Queres saber por que está a haver esta crise mundial? Queres saber por que "eles" não te protegem nem ajudam? Queres saber quem está a tentar controlar o mundo? Querem criam uma crise grave para de seguida introduzirem uma moeda universal? Querem destruir a tua religião para de seguida criarem uma universal com um Deus á sua maneira? Querem destruir a classe média para de seguida criarem uma classe única mas pobre e subordinada apenas a "eles"? Passarás a ser um humano escravo e marcado na pele para o imposto num sistema totalitário? Queres pertencer a uma rede mundial de escravatura de dependência total desse poder ? Luís Padilla

Causas/efeitos/consequências

Neste caso o Governo de Estado fez cair uma empresa saudável.

Nos anos 90, empresas geradoras de emprego, sem grandes dificuldades aparentes começam a encerrar. Havia motivos para algumas que se encontravam ultrapassadas ou bastante endividadas, mas houveram outras que as encerraram sem justificação. Nestas, por que as deixaram cair? Por que as fizeram cair? Mas a verdade é que foi por essa altura que se deu início á destruição de tecido empresarial do Vale de Ave. O que haveria por detrás desta vontade de encerrar? O tempo o dirá!


1º caso: Nos anos 90, um governante, hoje no topo do governo, convenceu a classe empresarial a uma corrida ao investimento na modernização das empresas na expectativa de apanhar o chamado comboio da globalização. Uma maioria acreditou, investiu e pouco tempo depois caiu, desiludida, sentindo-se enganada.

Tomamos para exemplo de entre muitos, um caso dos anos 90:

Uma empresa do Vale do Ave, dedicada a acabamentos têxteis (estamparia e bordados) acreditou e investiu forte. Quase três anos depois, encontrando-se a concluir a sua fase de compromisso de pagamento do bom investimento e sem qualquer falta a esse acordo, foi visitada por um funcionário das finanças com o intuito de cobrar entre mil e dois mil contos, que lhe era devido por atraso de pagamento, ou dificuldade momentânea de tesouraria.

A empresa teve um passado histórico brilhante. Naquele momento era sólida. Não tinha dívidas a bancos, a fornecedores, nem a trabalhadores - era conhecida por honrar compromissos e pagar pontualmente. Não trabalhou com letras, não tinha cheques ou contas a negativos. Os seus empregados gozavam de prestígio e recebiam uma "estima" na época de Natal. A relação trabalhador/patrão era boa. A qualidade do seu trabalho produzido era conhecida nas "marcas" internacionais, por excelente.

O funcionário fiscal, perdeu a cabeça, avançou com frieza e penhorou a totalidade do parque de máquinas e viaturas da empresa e não se contentando exigiu da entidade da Junta de Freguesia da residência da empresa, a obrigatoriedade da apreensão de uma viatura que julgou pertencer á mesma empresa, mas em lugar incerto.

Para um valor de dívida de mil a dois mil contos, foram aplicadas várias penhoras de cerca de 100 contos, em máquinas cujo valor de aquisição recente foram até aos 25 mil contos, cada. O valor total do parque de máquinas, á data, ascendia a mais de 300 mil contos e foi penhorado na totalidade, não chegando para cobrir o valor da dívida, entre os mil e dois mil contos.

Horas depois, o caso tornou-se conhecido no mercado do trabalho têxtil e a totalidade dos clientes recusaram a entrega de artigo para acabamento nessa empresa, por receio de apreensão de mercadoria. O responsável da empresa acusou o funcionário de falta de sensatez, irresponsabilidade, autoritarismo e de divulgar o acontecimento no exterior, conduzindo assim á sua paralisação por falta de artigo para acabar. Isto aconteceu em meados de 1993. Perante isto, a empresa desorientou, a partir daí deixou de trabalhar por falta de encomendas e caiu na ruína. Um grupo de pessoas anónimas escreveu uma carta de denúncia ás entidades competentes, relatando conhecimento de outros maus comportamentos desse funcionário e até a extorsão de dinheiro, por duas vezes a um velhinho, em troca de favor. A empresa caiu.

Este assunto foi denunciado e ficou tudo na mesma. Entre 30 e 50, foram os desempregados. A empresa e os empregados não foram indemnizados pelo Governo do Estado. Os filhos desta gente passaram a levar vida mais difícil. O seu insucesso escolar e o mercado de trabalho no futuro ficou determinado pela mediocridade. A anunciada solidariedade da Nova Ordem do Governo do Estado, aqui não funcionou - falhou! O funcionário voltou á sua secretária, talvez á espera de uma promoção, enquanto o futuro daqueles famílias envolvidas desmoronou.

Este é o caso de uma empresa de sucesso, que acreditou, mas que não estava na época certa, no país certo, com os homens do governo certos, para investir a confiar e que caiu nas teias ou nas mãos de um mau exactor ao serviço de um progresso exarcebante tão anunciado por muitos. E a questão coloca-se: - Por que agiu assim o exactor? Foi por vontade própria, ou ordens de trás? Mas até onde se estenderia o "atrás"? Seria até aos poderes dos que dizem que governam o Estado dos Portugueses? Senão, por que não foi repelido o funcionário? Por que teve ele protecção, quando esteve em causa a vida futura daquelas famílias Portuguesas? Ou será que naquela altura já se tinha dado ordem para abater o "futuro" de Portugal?

Portugal; é um caso grave? “Portugal pode não ser viável”

José Miguel Júdice, advogado, acha que o Mundo vai entrar em recessão e admite que Portugal pode não ser viável.

Correio da Manhã – Saiu do PSD e agora é independente. Não está cada vez mais próximo do PS e de José Sócrates?

José Miguel Júdice – isso é uma grande provocação. Tive ocasião de elogiar o primeiro-ministro quando ele mereceu. Mas não estou a caminhar para o PS.

- De forma nenhuma?

- De forma nenhuma.

- E nem sequer pensa votar no PS em 2009?

- Faço lá ideia.

- Não faz ideia ainda?

- Tenho direito de votar.

- Eu sei.

- Espero que não mo tirem até lá e na altura decidirei em quem é que hei-de votar. E como sou uma pessoa que gosta de ser frontal se calhar até vou dizer antes em quem vou votar.

- A semana passada esteve aqui o doutor Proença de Carvalho e não o disse, mas deu a entender obviamente que se fosse hoje votaria PS.

- No fundo trata-se de uma ausência de alternativas.

- Se fosse hoje, como não eleições é uma pergunta um bocadinho teórica, era em todo o caso preciso perceber, em primeiro lugar, qual é a estratégia, a política que cada uma das forças em presença iria apresentar e, em segundo lugar, qual é a equipa. Porque é evidente que nos desafios que o País vai ter pela frente são muito mais importantes as equipas.

- Isso nunca se sabe, pois não?

- Alguma coisa se sabe. Eles começam a pôr à janela alguns nomes que querem exibir a seguir.

- A propósito disso e antes de o Luís falar do seu livro. É uma pessoa bem informada sobre a política e os seus bastidores. Sabe onde pára a doutora Manuela Ferreira Leite?

- Vi-a há dias no lançamento de um livro do Miguel Veiga.

- E ela falou?

- Tivemos uma linda conversa. Muito simpática. É uma pessoa encantadora, como pessoa, está preocupada com o País, mostrou-se verdadeiramente preocupada, a dizer que era preciso muita cautela para não dizer nada que possa ser um contributo para adensar a crise de confiança em que se vive. Não estou a dizer que concordo com isso. Estou apenas a relatar, como jornalista. Entretanto, sei que no dia 27 vai fazer uma conferência na Associação Comercial de Lisboa. Sei porque sou vice-presidente e fui eu que a convidei. Aliás, fui eu que a contactei, porque o convite é da Associação e portanto penso que vai ser uma altura em que vai falar.

- Vai dizer algo de concreto sobre a situação do País?

- Admito que sim. Ainda por cima é numa associação centenária, de empresários. É natural que fale. Ela não me disse que o ia fazer, mas é natural que fale dos temas da economia e das finanças que nos estão a afligir a todos.

- Nessa conversa não lhe fez nenhum apelo para o regresso. Agora os tempos difíceis exigem o regresso dos melhores.

- Não. Vamos lá ver.

- Aliás, tem escrito sobre isso.

- Mas eu não sou dos melhores. Seria um argumento para não regressar. As pessoas sabem que a minha decisão de deixar de ser membro do PSD é uma aposta inequívoca na independência partidária, não estar em nenhum partido. Aliás, eu sempre fui muito independente, fui talvez demasiado independente quando estava no PSD e não tinha nenhuma utilidade lá estar, nem para o País nem para o PSD e muito menos para mim. Continuarei independente, repito, não afasto a hipótese de apoiar o PSD ou qualquer outro partido em função da realidade concreta.

- Em Lisboa apoiou António Costa.

- E antes apoiei Maria José Nogueira Pinto quando ainda era filiado no PSD.

- Dizer que não é dos melhores é uma boutade?

- Talvez seja um excesso de modéstia.

- Um excesso de modéstia.

- Mas é melhor um excesso de modéstia do que o excesso de falta de modéstia. Sabe, a gente não se deve levar muito a sério. Devemos rir de nós próprios e nunca devemos achar que somos os melhores, porque é mentira. Ninguém é melhor e porque, às vezes, os melhores revelam-se os piores porque fracassam quando estão na situação limite onde deviam demonstrar, aí sim que eram os melhores.

- No dia 25 vai lançar um livro, tem um nome muito sugestivo. Tenho-o aqui. Infelizmente não vamos poder ficar com ele porque é exemplar único.

- Por enquanto.

- O livro chama-se Portugalando e vai ser um lançamento muito interessante. O livro vai ser lançado por Marcelo Rebelo de Sousa, poderá acontecer tudo.

- Exactamente.

- O prefácio é de António Barreto. Basicamente neste lançamento do livro, com o prefácio e a apresentação de Marcelo Rebelo de Sousa está um bocadinho a história da sua vida.

- São bons amigos meus, são pessoas que eu conheço há muitos, muitos anos, com quem tive muito envolvido politicamente. Para lhe dar uma ideia, em 1979 eu e o António Barreto fizemos campanha eleitoral juntos pela AD, éramos os dois independentes, o grupo de reformadores candidatou-se, eu não era. Lembro perfeitamente que estivemos a fazer campanha no Alentejo. Foi muito curioso.

- Uma campanha difícil, no Alentejo.

- Sim, mas animado, divertido. Fizemos um ou dois comícios, uma coisa assim. Está a ver que a minha relação com qualquer deles é muito, muito antiga, são duas pessoas que eu admiro muito, que respeito muito e que fiquei muito honrado por um ter aceite fazer o prefácio e o outro a apresentação. Também vou apresentar em Coimbra, sou de Coimbra e não podia falhar, em que a apresentação é do José Manuel Fernandes.

- Director do Público.

- Exacto. A quem se deve este livro. Porque se não fosse ele eu não estaria a colaborar na imprensa e depois no Porto o Carlos Magno que também é um velho conhecido e amigo que já não vejo há muitos anos. Vamos fazer isso.

- António Barreto diz neste prefácio que a independência é o seu carácter, talvez mesmo a sua volúpia.

- Isso é verdade. Acho que ele me conhecesse razoavelmente bem. Só digo razoavelmente bem porque eu próprio não me conheço bem. Acho que tenho um prazer estético, quase que às vezes diria erótico, na independência. O que me leva ás vezes a ser um provocador. Isto é, exagero. Acho que várias vezes, muitas vezes eu fui longe demais pelo gozo das palavras, pelo gozo da provocação, pelo gozo do conflito e pelo gozo da independência. É verdade que há uma volúpia feita de veludo, sem dúvida, mas também feita de sol e de noite. Contrastes que me levam a gostar muito da independência.

- Este País, já que o livro se chama Portugalando, percebe muitas vezes o sentido dessa volúpia? Aceita?

- Vamos lá ver. Não tenho sondagens. E também se as fizesse deve só haver um ou dois por cento dos portugueses que sabem que eu existo. A sondagem não era credível. Mas o que eu quero dizer é que se eu der alguma importância às pessoas que vou encontrando nos acasos da vida e o que elas me vão dizendo eu acho que sim. Lembro sobretudo quando fui bastonário que era impressionante a quantidade de pessoas que me procuravam, que me encontravam e que me louvavam pela minha independência. Como se lembra, quando eu me candidatei a bastonário muita gente dizia isto e aquilo porque eu era do PSD e o PSD estava no Governo. Ora bem. Imediatamente as pessoas perceberam que eu não ia ser mais do que um bastonário independente. E fui. As pessoas percebem a importância de vozes independentes. Ninguém é perfeito. Com certeza que às vezes não serei tão independente quanto deveria ser, não tenho a coragem de toda a independência, de ser tão independente quanto deveria ser, como é natural, mas as pessoas acham que é preciso vozes independentes a falarem em Portugal. E infelizmente há muito pouca.

- Vamos começar a nossa entrevista depois desta introdução.

- É advogado há muitos anos e foi bastonário. Tomou várias iniciativas para pôr a Justiça na ordem. Na semana passada estávamos a falar com o doutor Proença de Carvalho e ele dizia que era impossível.

- Um grande amigo meu também.

- Mas ele dizia que o Governo pode legislar, mudar, só que não mexe nos tribunais. E enquanto não houver uma organização dos tribunais a sério, com gestores a sério, que possam pôr na ruas as pessoas que não funcionam, que não cumprem, podem fazer o que quiserem que a Justiça é um caos e vai continuar a ser um caos por muito tempo. Também tem esta visão da Justiça?

- Vamos lá ver. Eu sou, como digo

- ...vamos lá ver se é provocador ou se agora vai fazer aqui um pequeno jogo de equilíbrio.

- Às vezes fazer o jogo do equilíbrio é a maior das provocações. Ora bem. O subtítulo do meu livro chama-se ‘Olhares de um Optimista Preocupado’.

- Exacto.

- Eu sou optimista. Eu costumo dizer que as pessoas se dividem em quatro categorias: os optimistas preocupados, os optimistas despreocupados, os pessimistas preocupados e os pessimistas despreocupados. Eu sou um optimista preocupado. Ora bem. Portanto eu acho que a Justiça pode melhorar e a Justiça tem melhorado. Atenção. Aí está um a zero a favor da não provocação. É verdade que tem melhorado. Mas é evidente que ainda não se tocou, apesar dos esforços de sucessivos ministros, bons, também os houve maus. Não se tocou no centro do problema. Estive na Alemanha numa viagem profissional, viagem atribulada, tive de fazer várias escalas e a certa altura apanhei o Fígaro num aeroporto, estive a lê-lo e há um estudo sobre o atraso da Justiça na Europa. Portugal é o segundo País estudado da Europa com Justiça mais lenta.

- O segundo?

- Sim, pior só a Itália. Mas curiosamente é um dos países da Europa onde há mais processos disciplinares a magistrados judiciais. Portanto, o sistema, do ponto de vista do controlo, até funciona melhor do que na Europa, mas do ponto de vista da duração dos processos funciona pior. A magistratura portuguesa, não me canso de o dizer, e digo com toda a sinceridade, de um modo geral tem muita qualidade. A magistratura judicial portuguesa, de um modo geral, é honesta, independente, trabalhadora.

- Mesmo esta nova geração de juízes? O actual bastonário dos advogados fustiga-os permanentemente.

- Mas o que diz o bastonário não é para levar a sério.

- Faz-lhe impressão que no lugar de bastonário, que foi ocupado por si com tanto empenho...

- ...tenho pena que me tenham sucedido dois bastonários incapazes. Mas é bom os elogios que levo, o meu ego fica agradado quando tanta gente me diz ‘você foi o último bastonário’.

- Porque é que acham que foram escolhidos? Depois de si a exigência das pessoas deveria ter teoricamente aumentado e porque é que eles foram escolhidos?

- Repare. Por várias razões. Em primeiro lugar porque de facto são bons comunicadores. E, hoje em dia, ser bom comunicador, ser conhecido, como eu era, como o Pires de Lima era, é importante para ser eleito. Segundo, porque exploraram de maneiras diferentes os grandes problemas da profissão.

- A seu favor.

- Terceiro, porque de facto as pessoas desesperadas. E ao estar desesperadas entregam-se nas mãos de quem lhes promete resolver os problemas. E não vai resolver. Mas voltando ao tema mais genérico da Justiça o grande problema é a demora das decisões. E a demora é fruto de um Código, o Código de Processo Civil. Fizeram-se um conjunto de boas reformas, já este ministro as fez, o José Pedro Aguiar Branco ia fazer, se tivesse tido tempo, muito parecidas, aliás, mas com este Código de Processo Civil não há nenhum processo que possa ser rápido. Era preciso mexer no Código de Processo Civil. Mas não tem havido coragem.

- É preciso muita coragem?

- É preciso coragem porque o Código de Processo Civil é aquilo a que se agarram os juristas para estarem vivos nos tribunais. Mudar o Código implica uma aprendizagem muito grande.

- Para que as pessoas percebam. Porque é que não há essa coragem?

- Porque o Código de Processo Civil é uma espécie de bordão, uma bengala. Se fosse mudado juízes e advogados tinham que reaprender a forma de estar em tribunal. O que é difícil. Agora repare. Eu faço muitas arbitragens, como juiz, como árbitro. Arbitragens internacionais, arbitragens comerciais. Dou-lhe um exemplo. Dei agora uma sentença, enfim, os outros dois árbitros estão agora a estudá-la, de um processo muito complicado, com dezenas e dezenas de dossiers, grandes, com documentos, e o processo demorou menos de um ano. Porque não há Código de Processo Civil. Uma arbitragem com valores muito elevados, muitas dezenas de milhões de euros, pode ser feita sem Código nenhum. Com regras muito simples, quatro ou cinco regras. Um processo de cobrança de uma dívida de quinze tostões, ou um processo de condenação de uma empresa reconhecer que aquela casa não é dela precisa de um Código com mil e tal artigos. Ora bem. É impossível funcionar assim. É preciso desformalizar o Direito, é preciso torná-lo mais oral, é preciso que o juiz tenha mais poder na audiência.

- Um verdadeiro Simplex?

- É um Simplex.

- Que não chegou à Justiça?

- Não chegou. Porque é mais fácil fazer um Simplex para outras coisas, que eu não digo que não sejam importantes.

- Várias vezes tem falado na viabilidade deste País. No seu livro também aparece a pergunta ‘Portugal é viável?’. Portugal é viável? Esta pergunta hoje talvez tenha uma urgência maior. Este País é viável?

- Eu tenho dito muitas vezes que há uma ideia errada, que as civilizações não são mortais, que os países não são mortais, que os regimes políticos não são mortais. É mentira. Os regimes políticos morrem, os países morrem e as civilizações morrem. A história está cheia de cadáveres desse tipo. Ora bem. Eu tenho alertado, anda a alertar há uma data de tempo, para os seriíssimos riscos que o sistema político democrático vive, que o sistema político-partidário vive, para os gravíssimos riscos que países como Portugal têm quanto à sua sobrevivência. Foi isso que se passou com a Islândia.

- Exactamente.

- A Islândia era considerado um dos países mais ricos do mundo.

- É verdade. Está falido.

- E estava à frente no índice de desenvolvimento humano.

- Puseram a Islândia à venda na Internet. É uma brincadeira, mas que é muito sintomático. Ora bem. Portugal pode não ser viável. Depende de nós. Só depende de nós.

- Só depende de nós? Neste mundo global?

- Só depende de nós. Da nossa vontade. Eu fui em viagem agora à Alemanha com um cliente meu, que tenho há pouco tempo. Um homem que eu gosto. E ele disse-me: ‘Ó doutor Júdice! Eu aqui há vinte anos meti-me numa camioneta, não era uma roulote, era mais uma camioneta com dois beliches, éramos quatro, dormíamos metade enquanto os outros conduziam, e fomos em dois dias até Colónia para uma feira de electrodomésticos para arranjar uma representação. E viemos de lá com uma representação’. Ora bem. Portugal vive, Portugal sobrevive e é viável assim. Se não for assim não é viável. Se não for com esta dinâmica não é viável.

- Com esse espírito de iniciativa.

- Iniciativa. O que me preocupa muito é os nossos agentes políticos, todos eles, a dizerem que é preciso não assustar as criancinhas. As criancinhas somos nós. Não se lhes pode dizer a verdade, não se lhes pode meter medo. E nós estamos preocupados. Uma sondagem que eu vi esta semana demonstrava a falta de confiança no sistema bancário. Agora o Presidente da República recebeu finalmente o presidente da Associação Portuguesa de Bancos. Mas eu não vejo, como noutros países, o Presidente da República, o primeiro-ministro, os líderes da oposição a reunirem especialistas, pessoas que sabem muito mais do que eles sobre essas matérias.

- Está cada um a puxar por si.

- É. Eles estão com certeza a estudar, estão com certeza a falar com pessoas, mas não nos informam. Nós não somos crianças. Talvez seja boa ideia dizerem-nos ‘cuidado, estamos numa fase muito complicada’. É nestas fases que podemos aproveitar para mudar alguns erros, mudar alguns vícios, mudar algumas coisas que estão más na nossa sociedade e não se está a aproveitar isso.

- Falava do sistema e dizia que nenhum estava condenado a viver eternamente. É possível, em democracia, um político dizer toda a verdade e ganhar eleições?

- Não é possível em nada. Isto é, a verdade absoluta é muitas vezes uma provocação ofensiva da outra pessoa. As relações humanas baseiam-se não apenas na verdade e na sinceridade mas também muitas vezes na ilusão, na cautela, na sensatez, na prudência, na ocultação da realidade. Isto acontece nas relações sentimentais também. Se todos os homens dissessem às suas mulheres ou se todas as mulheres dissessem aos seus homens, com o machismo português é melhor esta última hipótese, ‘olha, ia a passar na rua, vi um homem tão bonito, apeteceu-me imenso ter um caso com ele’. A relação conjugal provavelmente sofreria.

- Era o mais provável.

- É normal e não fez nada de mal. A verdade, às vezes, é uma provocação, é uma forma de ofender. Ora bem. Eu não quero que os políticos digam a verdade toda. Eu quero é que eles sejam adequados, que percebam que há alturas em que a forma de ter o entusiasmo e o apoio das populações não é dizer que não problemas. É dizer que há problemas e eu ajudo-os a resolver convosco. Veja o caso do Churchill.

- Nunca vivi uma crise como esta, o Luís também não e penso que o doutor também não. Nunca vivemos uma crise como esta.

- Desta dimensão não e tenho boa memória.

- Eu também não me lembro.

- Vocês viveram a crise do FMI nos anos oitenta.

- Nós vivemos mas isso foi muito diferente.

- Era só um aparte para dizer que sou mais novo.

- Isso nota-se até na voz.

- Acha que os líderes em Portugal estão à altura desta crise?

- Eu escrevi um artigo muito violento na semana passada que se chama ‘Não mais deuses à nossa imagem e semelhança’. O que eu quero dizer com isto é que em épocas de prosperidade e estabilidade nós gostamos de eleger políticos que, de um modo geral, sejam iguais a nós. Aliás, o caso paradigmático é a campanha americana onde temos o MacCain com uma senhora que diz que ‘eu sou como vocês. Eu sou o Joe que bebe seis cervejas cada vez que está dentro da televisão’. Ora bem. Isto é divertido, faz empatia, quando tudo está a correr bem é óptimo, os políticos apresentam-se como pessoas normais, andam com as famílias, conversam de coisas banais. Aliás, o António Barreto discorda de mim nisso. Ele não defende a ideia do político herói.

- Sim.

- Acho que há épocas em que não é preciso, mas há outras em que é preciso. O grande problema é que pela primeira vez desde os anos trinta, talvez ainda mais porque a globalização é muito maior, todo o mundo vai entrar em recessão.

- Todo o mundo?

- Não é só os Estados Unidos, ou só a Europa, ou só o Japão. Todo o mundo.

- Todo o mundo? Mesmo as economias emergentes?

- Mesmo as economias emergentes vão entrar em recessão. É a minha convicção. E, portanto, as soluções são muito difíceis. E depois há outra coisa que é dramática. Em Julho todos os especialistas mundiais diziam que os dois maiores problemas na Europa e nos Estados Unidos eram a inflação e a subida do preço do petróleo. Passados dois meses...

- É tudo ao contrário.

- ...nem a inflação, nem o preço do petróleo são problemas. Pelo contrário. O problema é a deflação e a baixa dos preços das matérias primas. É muito difícil encontrar soluções para um mundo que muda com este frenesim e esta vertigem permanente. Veja o Orçamento de Estado português. Começou a ser feito numa altura em que o problema era a inflação e o preço do petróleo e o objectivo era o Pacto de Estabilidade e o défice.

- Os tais três por cento do défice.

- Passados dois meses onde é que está o Pacto de Estabilidade? As leis da concorrência. A Europa criou leis ferozes. De repente os Governos começaram a dizer: fundam-se, fundam-se sem problemas nenhuns. A gente autoriza tudo.

- Tudo isso implodiu.

- De repente tudo acabou. A ASAE. Lembram-se da ASAE? Eu não acredito quer a ASAE esteja a fazer seja o que for. Porque agora os Governo o que nos vêm dizer é mantenham-se vivos, mantenham-se a trabalhar...

- Sobrevivam.

- Se fugirem um pouco aos impostos não tem mal. De repente tudo mudou. Governar nestas circunstâncias implica pessoas geniais, pessoas com enorme coragem que tenham capacidade de dizer às populações não, não é isso, é o contrário, pessoas que tenham a capacidade de dizer às pessoas, de empatizar com elas, como o Churchill, a célebre frase do Churchill só tenho para vos dar sangue, suor e lágrimas. E foi por dizer isso que as pessoas foram com ele. O que estamos a viver é muito grave do que uma guerra mundial, é minha convicção.

- Pois é.

- Porque uma guerra mundial dura enquanto durar. E depois há uma recuperação. Aqui o problema é nós não sabermos se os modelos, com base nos quais o progresso foi-se fazendo, se podem manter.

- E há uma grande crise de confiança, não há? As pessoas já não acreditam.

- Isto aliado a um mundo virtual. Tudo parece ser virtual.

- E tudo é instantâneo. Repare. Quando havia no século XIX um atentado contra um primeiro-ministro a notícia chegava-nos pelo telégrafo quinze dias depois. Agora chega instantaneamente. Isto acontece em relação às economias, em relação a tudo. Nós não estamos preparados e não temos instrumentos. Uma coisa lamentável é que nunca se tenha tido a coragem de ir às instituições que foram criadas nos anos quarenta e dizer quem deve mandar no FMI.

- FMI, Banco Mundial.

- Com certeza os EUA. Mas deve estar a Índia, a China, o Brasil, a África do Sul. Nós estamos num mundo que foi organizado há sessenta anos e que não foi adaptado. É preciso mudar a estrutura do FMI, do Banco Mundial, é preciso acentuar o poder da Europa. É impossível que uma crise como esta esteja a ser decidida por cada Governo como lhe apetece.

- Com grande descoordenação.

- Total. O Governo da Irlanda diz: todos os depósitos que estejam na Irlanda nós garantimos. Todo o dinheiro vai para a Irlanda. E falta-nos noutros lados.

- Em Portugal não nos disseram isso?

- Não disseram isso. Disseram que não iam deixar cair os bancos, o que é diferente.

- Mas é pior ou melhor do que dizer que os depósitos estão garantidos?

- Garantir todos os depósitos é mentira. Se todos os depósitos tiverem de ser garantidos em dado momento por um dado País, com o euro, um País sozinho vai à falência. O País não pode emitir moeda. É uma declaração completamente disparatada, de desespero e que as pessoas percebem. Não é possível. Temos de avançar em relação ao federalismo europeu. É necessário criar um Governo europeu. Não tenham ilusões.

- Está mesmo federalista.

- Eu durante muitos anos fui contra o federalismo. Depois pensei, percebi e há anos que defendo o federalismo. Até como português, para que Portugal tenha um bocadinho mais de poder. O debate sobre federalismo europeu era um debate que as pessoas não queriam fazer. Agora vão ter de o fazer. O debate sobre o Governo mundial tem de ser feito.

- Nem o Tratado de Lisboa está aprovado.

- Pois não. O debate sobre o Governo mundial tem de ser feito. Há dias foi a primeira vez na história da humanidade tal como a conhecemos que houve uma decisão de um Governo mundial. Foram os bancos centrais, todos os grandes, que em conjunto tomaram uma decisão.

- Defende o federalismo num tempo em que cada vez há menos pessoas a defender isso. Mais uma vez aqui, neste caso contra a corrente.

- Nestas crises não se puxa muito a brasa à sua sardinha?

- Puxa. Os nacionalismos não vêm à tona de água?

- Precisamente por causa disso é o salve-se quem puder, que é trágico para a Europa. Oiça a minha profecia, Deus queira que eu me engane. Os EUA vão safar-se da crise mais depressa e melhor e quem vai pagar a maior parte da crise vai ser a Europa. A Europa não tem capacidade de decisão. Nos EUA um Presidente completamente desqualificado consegue chamar os players e numa semana consegue aprovar a nível de todos os EUA um conjunto de medidas. Boas ou más. Na Europa é completamente impossível.

- Não se conseguem entender.

- Já reparou que o Parlamento Europeu não reuniu para falar disto?

- Nada.

- Já reparou que a Comissão Europeia não diz uma palavra sobre isto?

- Exactamente.

- Há umas reuniões dos maiores países...

- O G4, o chamado G4

- Exactamente. É o caos total.

- Mas para que o federalismo tenha alguma possibilidade é preciso reformular totalmente a União Europeia que conhecemos. É possível um federalismo com 27 Estados?

- Nos EUA é possível com 50. Não é impossível. Tem é de haver um conjunto de dirigentes políticos que digam isso. As eleições para o Parlamento Europeu pode ser um bom momento. Que haja um conjunto de partidos ou políticos que se apresentem às eleições a dizer ‘este é o nosso programa’. E arriscarem perder. Porque uma tragédia da política actual é que, como vivemos na época dos supermercados e do pronto-a-comer, nenhum político arrisca perder. Porque se um político perder, perde a carreira. Um tipo está a fazer uma carreira durante 20, 30 anos. Apresenta-se às eleições, perde e é atirado fora. O Churcill e outros Churchills perderam e ganharam eleições durante anos.

- A propósito das eleições europeias vinha este fim-de-semana um título em que Manuel Alegre dizia ‘Não me despacham para o Parlamento Europeu’. O Parlamento Europeu é um saco, uma prateleira dourada.

- Tem toda a razão. Eu não sabia disso. Não posso dar um exemplo melhor do que esse. Repare. Se houvesse dirigentes políticos dispostos a perder eleições a Europa mudava. Como não querem perder, dizem umas coisas, todas mais ou menos iguais, uma língua de trapos completamente incompreensível, dizem as coisas óbvias, como é preciso melhorar a justiça social, temos de ter liberdade, coisas banais, embora importantes, são palavras vazias.

- Vê alguém no horizonte que possa ser o homem?

- Não vejo ninguém.

- O homem?

- O homem de Hegel? O tal herói? Não vejo ninguém. Eu olho para toda a Europa e vejo dirigentes políticos de uma fraqueza, de uma falta de qualidade. Há um senhor chamado Cameron. A sua grande virtude é andar de bicicleta com capacete, dizer umas coisas diferentes do que diziam os conservadores ingleses anteriormente e ter um bocadinho de instinto político e de marketing. Onde estão os grandes dirigentes. Não eram precisos nas épocas em que estar no Governo era completamente irrelevante, em que as economias eram dirigidas por esses senhores do Universo, em que quem mandava eram os empresários. Acabou. O Lula disse, é um grande político, que voltou o tempo da político. Eu acho que voltou o tempo da política.

- Mas com bons políticos.

- Os melhores. Um homem como Belmiro de Azevedo deveria ter o apelo da política e dizer eu candidato-me com este programa para mudar o meu País. Estou convencido de que um homem como Belmiro de Azevedo, com todas as suas características difíceis, ia ter muitos votos. O Nobre da Costa foi trucidado pelos partidos.

- Pois foi.

- Porque era um perigo para eles. Eu ando com uma luta, que também está aí no livro, que ninguém me responde. Vocês sabem que os partidos são financiados com base no salário mínimo nacional. E como este tem sido aumentado muito acima da inflação os partidos têm sido aumentados muito acima da inflação. Estão a pedir há três ou quatro anos sacrifícios aos portugueses. Mas não ouvi um único partido dizer que agora entrega de volta o que recebeu acima da inflação. O PCP culpa a lei dos partidos, está com problemas financeiros e admite despedimentos. Mas porque é que os partidos não despedem? Como as empresas? Porque é que os partidos não emagrecem? Porque é que nós, nesta crise, não diminuímos para metade o número de freguesias?

- E deputados também?

- Reduzir para metade o número de câmaras e de deputados? A política tem de dizer aos cidadãos que estão a fazer sacrifícios.

- Não diz nada.

- Nada.

- É um homem da ética, da moral, de uma forte moral, não sei se de Hegel...

- De Kant. Kantiana.

- Kantiana. Qual é a sua moral para dizer ao engenheiro Belmiro de Azevedo ‘por favor candidate-se, avance’ quando não avança e com todos apelos?

- É mentira. Graças a Deus as pessoas ainda são sensatas neste País. Não. Nunca tive apelo para coisa nenhuma. Tenho uns amigos que me dizem. Mas estou sempre disponível para a causa pública. Repare. Eu estive disponível para dar três anos da minha vida para tentar recuperar a Frente Ribeirinha.

- Frente Ribeirinha.

- Deu três anos da minha vida para ser bastonário e em muitos casos a trabalhar de graça. Antes de me chamarem para fazer mais outros que o façam. Onde estão os meus advogados de elite a darem à sociedade um décimo do que eu dou? Eu sou um pequeno empresário. O meu filho é que é o líder. Mas posso dizer que sou. Quais são os pequenos empresários que deram à causa pública tanto tempo deles como eu dou? Vamos lá ver se nos entendemos. Eu tenho dado muito. Se me perguntar: e se o País entrar numa crise dramática, se uma peleia de pessoas de muita qualidade estiverem disponíveis para darem ao País algo e se precisarem de mim para chefe de gabinete, secretário de Estado, para director-geral, para qualquer cargo sou capaz de não resistir. Quando me meteram na Ordem foi com a ideia de que era preciso pôr a Justiça a funcionar. E eu disse. Que Diabo. Eu vivo da Justiça. Tudo o que eu tenho foi da Justiça. Graças a Deus com muito trabalho e sorte ganhei bom dinheiro como advogado. Tenho de dar em troca alguma coisa. Quando me convidaram para a Frente Ribeirinha eu disse que Diabo, Lisboa... eu cheguei aqui sem nada. Lisboa fez de mim um homem, deu-me oportunidades, tenho de dar alguma coisa em troca.

- Ficou de dizer toda a verdade sobre a sua saída da Frente Ribeirinha. Num livro.

- Quando tiver tempo.

- Vai contar toda a verdade?

- Toda a verdade não sei. A maior verdade possível. O que é curioso é que eu fui-me embora há quatro meses, passaram quatro meses e anão aconteceu nada.

- O assunto morreu.

- O assunto morreu.

- Provavelmente não vai acontecer nada.

- Não vai acontecer nada. Este é um País onde não acontece nada. Quando alguém quer fazer alguma coisa...nunca fui tão injuriado, tão difamado, tão atacado, tão criticado quando disse vou dar três anos da minha vida para ajudar a recuperar a frente de Lisboa. Disseram que eu ia para lá porque o meu filho tem um restaurante e era para salvar o restaurante do meu filho. Disseram que estavam a dar-me aquilo para pagar o apoio ao António Costa. Disseram que eu apoiei António Costa para ser nomeado para ali. Esse senhor infrequentável chamado José Sá Fernandes disse que eu era um grande responsável pelos crimes urbanísticos que se tinham feito em Lisboa. Esse senhor que fez a Câmara perder milhões de euros com aquela loucura do túnel. Mas quem tem boa imprensa é o senhor Sá Fernandes, quem é atacado sou eu.

- Já teve melhores dias.

- Como é que se pode esperar que as pessoas estejam disponíveis para dar alguma coisa à causa pública?

- Isso faz lembrar aquela história da denúncia do seu pai.

- Sim, sim. Houve um crápula, professor universitário, que numa mesa, num casamento disse isto: ele é incrível, este tipo denunciou o pai à PIDE. Quando o meu pai morreu eu tinha nove meses. Este senhor não teve a menor dúvida em bolsar isto. Ele no fundo estava-se a ver ao espelho. Ele era capaz de denunciar o pai.

- É sempre assim.

- Eu com nove meses foi à PIDE denunciar o meu pai. Se eu estiver sossegadinho a ganhar dinheiro nunca ninguém me atacava. É por causa do que eu tento fazer, bem ou mal, em prol da sociedade e de Portugal que sou criticado.

- Portugal, em matéria de corrupção, é um caso grave?

- Eu acho que é razoavelmente grave. Quando era bastonário disse que o crime mais grave é a corrupção. Porque é o crime de onde nascem todos os outros crimes. A luta contra a corrupção deve ser claramente a prioridade das prioridades.

PERFIL

José Miguel Júdice nasceu em Coimbra e licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito da sua terra. Inscrito na Ordem dos Advogados desde 1977, foi assistente universitário na Universidade de Coimbra entre 1972 e 1979 e em Lisboa entre 1979 e 1981. Sócio de um dos principais escritórios de advogados do País, foi durante muitos anos militante do PSD. Bastonário da Ordem dos Advogados entre 2001 e 2004, foi nomeado por Sócrates para a reabilitação da Frente Ribeirinha de Lisboa, cargo que abandonou com polémica.

António Ribeiro Ferreira, C.M.

Por quem os SINOS DOBRAM

Neste ano de 2008,principio do século XXI os sinos dobram pelo CAPITALISMO, que na característica ambiciosa, sem tamanho, se finou e segue agora esperneando para a cova por ele mesmo cavada.

Os últimos acontecimentos econômico-financeiros que o mundo atravessa formaram esta barbúrdia de noticias e opiniões que a mídia nos oferece e que muitos cidadãos, a maioria, não entende, permanecendo indiferentes.

Na enxurrada de informes que nos cobrem da cabeça aos pés,nossa ignorância persiste no que toca aos efeitos e causas.Isso, por falta de pequenos detalhes que nos são sonegados.

Para quem interessar possa alinhavaremos nossa modesta explicação que,afinal,retrata a catástrofe na sua essência, e que se resume:

1 - A turma dos sem escrúpulos inventou a maratona dos altos lucros e abundância de bônus de fim de ano, com o tráfico de papelada junto a investidores ansiosos por ganhar tudo em retornos imediatos.

2 - Todos os negócios bons estão ao alcance de qualquer um,desde que estes “uns” entendam do riscado e os maus negócios, acontecem quando estes se metem a fazer aquilo que desconhecem.

3 - A sofisticação dos instrumentos modernos que,matematicamente, absorvem e multiplicam capitais, facilitando empréstimos em condomínio, securitizações e outros enigmas, selaram o molde,fecharam o elo.

4 - Como saber que vai dar certo um investimento lastreado em empréstimos para a compra de imóveis,cujos compradores oferecem garantias zero ?

5 - A aposta de que os preços continuariam subindo,subindo e que as dívidas acabariam por ser saldadas, algum dia, com esses pressupostos lucros acabou no balãozinho que agora estourou.

6 – Alguns, os que não entendiam o enredo, foram tachados de asnos,cérebros de galinha, e o foram, quando uma quadrilha de falsários, mestres do financeiro mundo desenvolvido,tomaram a dianteira e realizaram seus intentos.

Por eles, também dobram os sinos.

GabrielCipriano. RiodeJaneiro

Renúncia à Nacionalidade Portuguesa

Exmº Senhor Casimiro Gostaria que o senhor publicasse no seu Site www.portugalclub.org a carta de renúncia à nacionalidade que eu enderecei ao Primeiro Ministro e que abaixo junto. O Poder Socialista trata os emigrantes portugueses como gado. Somos meros financiadores dos corruptos em Portugal. Eu sou um empresário já com grande dimensão em França e quando decido investir em Portugal encontrei um sistema corrupto, que a coberto do socialismo esmifra os portugueses. Decidi renunciar à nacionalidade portuguesa e apelar aos emigrantes para não enviarem dinheiro para Portugal. Em Portugal a corrupção cresce a olhos vistos. Os socialistas estão a destruir Portugal. Eu tenho um blogue em França onde publiquei a carta de renúncia à nacionalidade portuguesa. Solicito-he que colabore comigo e publique no grande www.portugalclub.org a carta. Para os portugueses não viverem enganados pelos corruptos socialistas. Aqui vai o texto que publiquei no meu blogue com a carta ao Primeiro Ministro "Decidi reunciar à nacionalidade portuguesa. Estou farto deste sistema, deste Portugal que não respeita os direitos humanos e onde não há Justiça. Os emigrantes são tratados como cães em Portugal . A Justiça Portuguesa não tem a qualidade da justiça estrangeira. Aqui nós somos tratados mal. Basta um tipo qualquer ter amigos - como disse aliás o Dr. Marques Mendes no seu último livro - e cunhas para os outros serem prejudicados. Em França são respeitados os direitos humanos, sem olharem à origem. Em França são presos generais, juizes, a Justiça é igual para todos. Em Portugal não. A partir de soldado da GNR já não se pode fazer nada. O sistema auto protege-se. Portugal está nas trevas. Infelizmente, para minha grande mágoa, para minha grande perplexidade. Pelo que decidi lutar pelos meus direitos nos processos que tenho em Portugal e nos Tribunais franceses e o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, onde já tenho queixa contra Portugal. O meu problema já não é judicial. E político. Para conhecimento publico a carta que enviei a Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro.

"Exmº Senhor Primeiro Ministro de Portugal Assunto:
Comunicação de Renúncia à Nacionalidade Portuguesa.
Razões da decisão.
Excelência Fernando Sérgio Gomes Lopes, divorciado, empresário, nascido a 18 de Dezembro de 1967, natural de Camarneira, Cantanhede , portador do Bilhete de Identidade nº 9357393, emitido em 15/3/2006, em Coimbra, residente em 126/128 Rue du Chatou, 92700 Colombes, França , vem informar V. Exª que RENUNCIOU À NACIONALIDADE PORTUGUESA E DECLINAR OS MOTIVOS, que são os seguintes: A) - Razões 1 – Ser tratado em Portugal pior do que se fosse estrangeiro; 2 – Ausência de um sistema de Justiça Equitativo e Imparcial; 3 – Não ter Pátria por ser estrangeiro em Portugal e não ser Francês em França; 4 – Ausência em Portugal de respeito pelos meus direitos, mesmo os humanos; 5 – Portugal ser um Estado onde a corrupção impera, onde o caciquismo local é Rei, onde o amiguismo é a prática contra quem é adversário dos amigos dos polícias, quem tem contactos nas magistraturas . B) – Fundamentos 1 – Desde a idade de 15 anos que emigrou para França, perante o espectro da fome, da falta de qualidades de vida e oportunidades; 2 – Durante 25 anos de emigração tornou-se um empresário de sucesso em Paris, onde é sócio maioritário de uma empresa – que emprega muitos portugueses – do ramo da construção civil; 3 – Uma vez que a sua já idosa mãe, continuou em Portugal decidiu investir em Portugal, para criar riqueza e postos de trabalho, ajudando Portugal a desenvolver-se; 4 – Comprou várias propriedades no concelho de Cantanhede, Oliveira do Bairro e Estarreja; 5 – Decidiu investir em Portugal por ser português e pelo facto de o Governo Português ter sensibilizado empresários portugueses residentes em França; 6 – Apresentou projecto para construção de 10 vivendas, no concelho de Cantanhede, viu o projecto aprovado e o financiamento aprovado pela CGD e pelo BES; 7 – No Concelho de Oliveira do Bairro tem 6 ha, dos quais 54.000 m2 para construção; 8 – Em Estarreja comprou dois terrenos e construiu duas vivendas. 9 – Quando comprou leiras de terreno junto da casa da sua mãe, na Camarneira, surgiu um conflito com um vizinho que mentindo à CM de Cantanhede , disse que o terreno era dele e aquela CMC fez obras para uma passagem, da via pública para uma vinha dele; 10 – Nos títulos de propriedade não está registada qualquer servidão por aquele local; 11 – No contrato promessa de dois dos 7 imóveis, das leiras, que comprou é referido que não estão sujeitos a qualquer servidão; 12 – O que é verdade, porque nasceu numa casa junto aos terrenos, a casa da sua mãe e ali viveu até aos 15 anos quando emigrou para França; 13 – Obteve aprovação da CMC para murar, vedar com rede de arame e pilares de madeira , as propriedades, como aliás é usual e a cerca de 2.000 m um ex-presidente da CMC fez numa sua ; 14 – O seu vizinho Valdemar Barreira da Cruz fez-lhe a vida negra para o impedir de vedar as propriedades, para reconstruir a casa em ruínas existente numa das leiras; 15 – O vizinho Valdemar é amigo de vários elementos da GNR, que a todo o momento, a pedido dele, se deslocavam às propriedades , pelos mais variados motivos, para obter um objectivo principal: impedir a vedação das propriedades, perturbar os trabalhadores, prejudicar o exponente; 16 – Isto porque o Valdemar queria comprar as leiras que o exponente acabou por comprar, por pagar mais; 17 – A partir daqui, os elementos da GNR, agindo parcialmente, ajudaram o Valdemar; 18 – Os processos crime foram-se sucedendo ; 19 – Os militares da GNR prestaram informações não verdadeiras ao Ministério Público de Cantanhede, em várias situações; 20 – As queixas que o exponente apresentava foram sendo arquivadas por ausência de investigação, chegando o Mº Pº ao ponto de apesar de existirem queixas arquivar dizendo não haver queixa! 21 – Quando o exponente se queixou ao Ministro da Administração Interna, os elementos da GNR mentiram aos seus superiores, levando-os a arquivar as queixas; 22 – Face ao que um militar da GNR apresentou queixa crime contra o exponente, não tendo este um julgamento justo e equitativo, o que determinou já queixa no TEDHomem contra Portugal; 23 – O exponente fez duas greves de fome, frente ao Tribunal de Cantanhede, uma em finais de 2006 e outra em Julho de 2007; 24 – Em Julho de 2007 o exponente solicitou ao Dr. José Maria Martins, advogado, que o passasse a representar; 25 – A partir daqui as coisas mudaram mas o “sistema” manteve a pressão contra o exponente; 26 – Com o novo advogado foram intentadas várias acções contra o Estado Português, no TAF de Coimbra, no Tribunal de Cantanhede, no TEDHomem, contra várias pessoas que faltaram à verdade; 27 – Os processos crime parece que são sempre distribuídos ao mesmo magistrado do Mº Pº e ao mesmo JIC; 28 – A situação foi ao ponto de eu ter sido acusado por ter metido uma placa nos meus terrenos a dizer: “Corrupção ou se acaba com ela ou ela acaba com o país”; 29 – Inócua!; 30 – Mas o Dr. Nuno Salgado, o tal magistrado do Mº Pº a quem parece que são distribuídos todos os processos em que sou parte, foi ao ponto de mandar o processo à Juiz Presidente para ela participar de mim! 31 – A Mª Juiz não o fez; 32 – Mas como o advogado do meu adversário fora participado por mim à Ordem dos Advogados, o Mº Pº deduziu queixa crime contra mim pela placa, dizendo que eu a dirigi ao advogado do meu adversário Valdemar! 33 – O Dr. Martins fez a defesa, muito dura, e o JIC não aceitou pronunciar-me; 34 – No debate instrutório esteve a representar o Ministério Público outro magistrado do Mº Pº, o Dr. Diogo, que não pediu a minha pronúncia pela placa; 35 – Face à não pronúncia o Mº Pº que não disse uma palavra nas alegações do debate instrutório sobre a placa, acaba por recorrer ,pela pena do Dr. Nuno Salgado contra a não pronúncia; 36 – O Tribunal da Relação de Coimbra manteve a não pronuncia, muito recentemente; 37 – A mulher do meu adversário, Valdemar, já foi condenada por me ter agredido por causa do conflito nos terrenos; 38 – O meu adversário Valdemar já foi condenado por violar a providência cautelar decidida pelo Tribunal de Cantanhede; 38.1 – O advogado do Valdemar é o mesmo dos GNRs!!! 39 – Tenho um blogue que é Injustiças da Justiça “www.injusticas-da-justicas.over-blog.fr e nele , com o meu português deficiente - só tenho o ciclo preparatório e não vivo em Portugal há 25 anos - fui escrevendo sobre a injustiça que sentia e a revolta pela situação; 40 – Em Cantanhede não sinto ter Justiça Imparcial e Equitativa. O Valdemar é amigo de GNRs – um vive a mesma rua , a cerca de 20 metros – foi emigrante e trabalhou numa consulado ou numa organização internacional como motorista e os GNRs são amigos dos procuradores, estes são amigos do Juiz Dr. Manuel Figueiredo. Está tudo dito!; 41 – Recentemente fui notificado que o Juiz e o Procurador-Adjunto, Dr. Nuno Salgado participaram criminalmente de mim , estando o processo na Mealhada, por difamação e está a correr outra queixa contra mim feita pelo advogado do meu adversário, contra quem, aliás, também tenho queixas; 42 – Decidi processar criminalmente os magistrados e o advogado, este nas Justiças de França, em Paris, no Tribunal de Grande Instância de Nanterre; 43 – E levar todos os casos ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem; C) Desistência de investir em Portugal 1 – Estou desiludido com o sistema Português . No Concelho de Estarreja nunca tive problemas com ninguém; No Concelho de Oliveira do Bairro nunca tive problemas com ninguém; Em França sou respeitado como pessoa – e sou estrangeiro – como empresário, como cidadão; 2 – Decidi que não vou investir um cêntimo em Portugal e queria investir milhões; 3 – Quero ver Portugal longe de mim. 4 – Senhor Primeiro Ministro, creia que tenho simpatias por si . Creia que pensei que Portugal tomaria um novo rumo, o da modernidade e eu queria ajudar investindo e criando empregos; 5 – Mas V. Exª nunca conseguirá alterar este estado de coisas, esta mentalidade própria da idade média que reina em Portugal. 6 – Mas também V. Exª é vitima do “Sistema”, fazendo-me lembrar a série inglesa “Yes Minister”; D) – Renúncia à Nacionalidade Portuguesa 1 – Perante este quadro de coisas, a única conduta digna é lutar pelos meus interesses e defesa da minha honra e dignidade como ser humano, agindo nos Tribunais Portugueses e seguir para o Tribunal Europeu; Lutar com o mesmo fim nos tribunais franceses, seja contra quem for; 2 – No dia 29 de Setembro vou na Conservatória do Registo Civil de Cantanhede renúnciar à Nacionalidade Portuguesa; 3 – Vou pedir a nacionalidade francesa o que será muito fácil pois tenho a minha vida em França, tenho filhos nascidos em França, sou empresário, conheço todos os países da Europa, conheço África, tenho familiares no Brasil, conheço os EUA, o Canadá , a Tailândia, a Rússia, só lamento a sorte dos portugueses. 4 – Portugal está mal visto em todo o lado, Senhor Primeiro Ministro , não tenha a mínima dúvida; 5 – Portugal é uma enorme “Bidonville”, na Europa. O sistema português está para a União Europeia como a Albânia de Ever Hoxa estava para o resto do Mundo, arcaico, paupérrimo, sem esperança; 6 – Os emigrantes portugueses estão fartos de serem tratados mal em Portugal. Os que ficam em Portugal tratam os emigrantes como os que ficaram a caverna Platónica trataram o que saiu e depois regressou; 7 – Portugal não consegue chegar aos calcanhares dos outros países. Está cada vez mais pobre, mais miserável; 8 – A Paris chegam todos os dias portugueses desesperados, a pedir trabalho, que emigraram sem nada. Só em 2008 já empreguei 4 portugueses em Paris; 9 – Infelizmente a realidade é esta. Em Portugal não há direito de liberdade de expressão. A perseguição criminal a quem ousa dizer não aos do “sistema” , que vão tendo as suas quintas como era há 500 anos, é intolerável mas sistemática; 10 – Lamento profundamente que Portugal tenha caído na miséria que é hoje: Um estado pedinte, sempre de joelhos e de mão estendida à porta da União Europa, sem força internacional, mal visto em todo o lado , desprezado até pelos países africanos que foram colónias da França; 11 – Portugal é um país gozado , desprezado até no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, onde se esqueceu que os outros Povos são muito ciosos da Democracia e da Liberdade e que não vão nas conversas e esquemas dos Povos que eles qualificam de inferiores, alguns do Sul da Europa; 12 – O MINISTÉRIO PÚBLICO PENSAVA QUE PODIA DIZER UMA COISA EM ESTRASBURGO E OUTRA EM PORTUGAL E QUE ISSO NÃO SERIA DENUNCIADO, CENSURADO. 13 – Enganou-se tendo o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem , na Sentença do Caso Martins Castro e Alves Correia de Castro c. PORTUGAL, Requête nº 33729/06, de 10 de Junho, julgado: “La Cour tient à souligner que le rôle dês agents du ministère public – magistrature représentant d´ailleurs L´État également à Strasbourg – est en cette matiere extrêmement important. Elle ne saurait accepter que ces agents présentent au niveau interne dês arguments incompatibles avec la position soutenue par l´agent du Gouvernement devant la Cour /A.C.R.E.P. c. Portugal, nº 23892/94, décision de la Commission du 16 octobre 1995. Décisions et rapports (DR) 83,p. 57). 14 – O que significa que na “quinta” portuguesa as instituições fazem o que querem dos portugueses. Não há direitos humanos. No Tribunal Europeu, para inglês ver, os magistrados do Ministério Público já “dançam a mesma música” da Europa. Um jogo de espelhos, plano e curvo, onde num lado se afirma e noutro se nega, em ambos se crê, como diz António Gedeão num dos seus poemas maravilhosos; 15 – É o Portugal dos pequeninos, um Povo Mártir sem dirigentes à altura, desde pelo menos 1851; 16 – Quando Portugal se confronta com os outros países perde sempre: 1 – Espanha invadiu o Alentejo em 1801. Portugal nem se defendeu e entregou Olivença que ainda hoje está nas mãos de Espanha e Portugal sempre calado e submisso; 2 – Napoleão invadiu Portugal em 1807. O Rei português fugiu para o Brasil e teve que ser o Reino Unido a mandar tropas para defender Portugal; 3 - No Século XIX foi apresada a embarcação negreira “Charles et Georges” ao largo de Moçambique. A França mandou a esquadra bloquear LisboaPortugal cedeu e entregou o navio; 4 – Os portugueses envolveram-se em guerra civil por causa dos cemitérios, teve que ser a Espanha, a França e a Inglaterra a vieram cá pôr ordem, através de acções militares no Norte do País que acabaram com aConvenção de Gramido; 5 – Os Ingleses lançaram o Ultimatum. Portugal cedeu; 6 – Na 1ª GG Mundial os portugueses morreram em França , aos milhares, sem armas, sem comandos; 7 – Na 2ª GG Portugal teve um papel dúplice, ora apoiado a Alemanha, ora apoiado os Aliados. Com um ultimato dos Aliados tiveram de ceder os Açores; 8 – Os Israelitas iam vender mísseis Red Eye a Portugal, através de Henry Kissinger, em 1973. Os EUA pediram para usar a base das Lages para apoiar Israel na Guerrado Yom Kipur. Portugal não queria! Mais um ultimato e Portugal cedeu. 17 – Hoje Portugal se não fossem os emigrantes com as elevadas remessas que enviam para Portugal, se não fosse a União Europeia, morria à fome porque não produz nada. Portugal é um pedinchão mundial, está mais atrasado, não consegue ter níveis iguais aos outros, a corrupção parece ser endémica; 18 – Mas Portugal tem um ministério público muito forte! Forte com os fracos. Medroso com os fortes. Como convém. 19 – Eu vi na França que no caso Casa Pia os magistrados foram tratados abaixo de cão. Não tenho informação de ter havido um único processo contra os poderosos que atacaram o Ministério Público. Porque são fortes, são eles , os poderosos que mandam no Mº Pº. E quem é mandado obedece! 20 – Já eu , tenho sido injustiçado, tenho visto os meus direitos ofendidos, e quando ouso protestar, lá está o Todo Poderoso Ministério Público a perseguir-me! 21 – Perante este quadro, só me resta dizer “au revoir”. Continuar a ser português seria um exercício de suplicio , uma conduta indigna que eu não permito a mim mesmo! 22 – Pelo que lhe envio, Senhor Primeiro Ministro, fotocópia do meu BI, porque o original irei queimá-lo eu mesmo. 23 – A luta pelos meus direitos vou continuar a fazê-la os tribunais portugueses quando forem esses os competentes, o resto nos tribunais franceses e o TEDH. Contarei com o Dr. José Maria Martins, que tem experiência de julgamentos em França em conjugação com os advogados da minha empresa com os quais trabalho há vários anos; 24 – Por fim, tenho de lhe dizer que gostaria que os emigrantes portugueses, que são tão maltratados como eu, renunciassem à cidadania portuguesa e deixassem de mandar dinheiro para Portugal, que não tem nada, que não produz sequer para comer, cujos campos estão ao abandono, só se vendo vinhas para os portugueses se irem embebedando e dessa forma esquecerem a sua triste sina. 25 – Porque Portugal não merece o esforço e a dedicação dos emigrantes. Deve ficar apenas com os funcionários públicos os “magistrados”, os policias . 26 – Irei lutar como Emile Zola lutou e escreveu na obra “J´Accuse”. Au Revoir, Monsieur Premier Ministre. Cordialement.

Fernando Sérgio Gomes Lopes - França