sexta-feira, 25 de junho de 2010

Morreu um homem amargo e mau, incapaz de sorrir

José Saramago: Na morte de um homem mau

Morreu um homem amargo e mau, incapaz de sorrir, que se esforçava por tornar a sua Pátria amarga, como ele.

José Saramago, era de facto um homem mau. Provava-o a sua cara vincada incapaz de exprimir um sorriso, prova-o a sua escrita prenhe de ódio e crítica aos valores mais normais e caros à civilização que o viu nascer, valores esses que ele, com as suas ideias, suas declarações e sua obra, renegou em Lanzarote. Será que no fundo, Saramago, para além do seu marcado azedume e soberba, tinha valores? Nunca o saberemos.

Repito, José Saramago era um homem mau. Que o digam os seus colegas, que em pleno período revolucionário foram vítimas de saneamentos selvagens. O homem, nessa época, tinha o "estribo nos dentes", e era imparável algoz como sub-director do Diário de Notícias. Tinha por desporto arruinar a vida de quem não era comunista como ele.

Foram 87 anos de infecundidade, travestida de um aparente sucesso, revelado pelos livros que vendeu, e pela matreira estratégia de marketing que o conduziu ao Prémio Nobel, em detrimento de outros escritores Lusos, genuinamente com mais categoria e menos maldade crónica do que ele. Penso, por exemplo, no insuspeito Torga.

Tentei ler dois livros dessa personagem, para com honestidade poder dizer que, para além de não gostar dele como pessoa, o não considerava como um bom escritor, e que ofendia na sua essência a cultura Cristã da nossa Grei. Consegui apenas ler um, e o início de outro. A sua escrita, para além de ser incorrecta, era amarga como as cascas dos limões mais amargos. A sua originalidade era, afinal, o sinistro das suas ideias; o que, convenhamos, é pouco original. É mais fácil ser sinistro, provocador e mau, do que ter categoria, e valor. Saramago optou pelo mau caminho, como sempre, o mais fácil. E teve aparentemente sorte, na Terra, que a eternidade pouco lhe reservará.

Fiquei contente quando ameaçou (apenas ameaçou, porque na realidade a sua vaidade não lho permtia praticar), nunca mais pisar solo Pátrio. Uma figura como ele, é melhor estar longe da Pátria que em má hora o viu nascer. Afinal de que serve a este Portugal destroçado, um Iberistra convicto, ainda para mais, estalinista? Teria ficado bem por essas ilhas perdidas de Espanha, não fosse uma série de lacaios da cultura dominante "chorarem" por ele, por aqui por terras lusas, alimentando-lhe a sua profunda soberba.

Para além da sua obra escrita, de qualidade duvidosa e brilhantemente catapultada por apuradas técnicas comerciais que lhe conseguiram um Prémio Nobel da Literatura, (prémio com cada vez menos prestígio devido à carga política que contém), nada deixou em herança, para além de certamente muito dinheiro, o que é um contrasenso para um qualquer estalinista como ele. Mas a sua existência foi um perfeito logro. Foi uma existência desnecessária.

Saramago afastou-se da Pátria, e estou certo de que a Pátria, no seu todo mais puro, que não no folclore da "inteligentzia", não teve saudades dele. Foi uma bandeira da esquerda ortodoxa, e também da esquerda ambígua, essa do Primeiro-Ministro que nos desgoverna. Dessa mesma esquerda que decidiu usar o nosso dinheiro, para trazer em avião da Força Aérea Portuguesa, os seus restos inanimados para Portugal, a expensas de todos nós, e infamemente coberto com a Bandeira Nacional. Um Iberista, coberto com a Bandeira Nacional, que Saramago ofendeu vezes incontáveis, na essência da sua obra, e no veneno das suas declarações públicas. Era um relapso. Um indesejável.

Um homem que voluntariamente se afastou da sua Pátria, comentando-a de uma forma negativa no Estrangeiro, não é digno de nela entrar cadáver, coberto com a sua Bandeira. A bandeira de Saramago, era a do ódio, da arrogância, e da maldade praticada.

Mas os símbolos Nacionais estão hoje nas mãos de quem estão, e a representação das "vontades" Nacionais, está subordinada a quem está: à esquerda, tão sinistra como foi Saramago. Assim sendo, as homenagens que lhe fazem, incluindo os exagerados e ilegítimos dois dias de Luto Nacional, valem o que valem, e são apenas um acto de pura "camaradagem", na verdadeira acepção da palavra. Quem nos desgoverna, pode cometer as maiores atrocidades, que ao povo profundo só resta pagar, e calar. Até ver.

Amanhã, Saramago mergulhará pela terceira vez nas chamas. A primeira, terá sido quando nasceu, e ao longo de toda a sua vida, retrato que foi de ódio e maldade pela sua imagem espelhados e espalhados; a segunda, terá sido quando o seu corpo ficou irremediavelmente inanimado, e estou certo de que entrou no Inferno, a confraternizar com o seu amigo Satanás; a terceira, amanhã, será quando o seu corpo inerte e sem alma, entrar para ser definitivamente destruído, no Crematório do Alto de S. João.

Será um maravilhoso e completo Auto de Fé. O Homem e a sua obra venenosa, serão queimados definitivamente nas chamas da terra, que nas da eternidade já o foram no dia em que morreu.

De Saramago recordaremos um homem que não sabia rir, que gostava certamente muito de dinheiro, e que o terá ganho, que era mau e vaidoso, e que o provou ao longo da sua vida, que quis viver longe da sua Pátria por a ela não saber ter amor, e que foi homenageado por meia dúzia de palhaços esquerdistas, "compagnons de route" coniventes com um dos últimos fósseis estalinistas, que ilustrava uma forma de estar na vida e na política sem alma, amoral, e que globalmente contribuiu para a destruição de toda uma Pátria, e suas tradições.

Ocorreu ontem, quando soube que este cavalheiro de triste figura tinha morrido, que estaria por certo no inferno, sentado com Rosa Coutinho, também lá entrado há poucos dias, à espera de Mário Soares e Almeida Santos, para os quatro juntos jogarem uma animada e bem "quente" partida de sueca...

O País está mais limpo. Um dos maiores expoentes do ódio e da maldade, desapareceu da superfície da Terra. Espero que a Casa dos Bicos, um dia possa ter melhor função, do que albergar a memória de tão pérfida personagem. As suas letras, estou certo de que cairão no esquecimento, ao contrário das de Camões, Torga ou Pessoa, entre muitos outros.

Apesar de tudo, e porque sou Católico (e porque a raiva não é pecado), que Deus tenha compaixão de tão grande pobreza, mas que se lembre fundamentalmente de nós , de todos os Portugueses íntegros que tentamos sobreviver com dificulade, neste Portugal governado pelos amigalhaços do extinto, que apesar do luto em que fingem estar, mas que na verdade não sabem viver, continuam a todo o custo a viver o enorme bacanal que arruina Portugal...

No fundo, no fundo, e porque as palavras as leva o vento, que Deus tenha piedade de tão grande pobreza! Cabe-nos perdoar. Mas não temos que esqucer!


António de Oliveira Martins - Lisboa

terça-feira, 22 de junho de 2010

Reis da savana

Agência FAPESP – Leões? Elefantes? Girafas? Nenhum deles. Os majestosos animais mais frequentemente associados com a savana africana não têm um papel tão importante quando o assunto é a importância para o ecossistema.
Pelo menos não tanto como a do verdadeiro rei da savana nesse caso, que é o modesto cupim. Segundo uma nova pesquisa, o pequeno inseto contribui enormemente para a produtividade do solo por meio de uma rede de colônias uniformemente distribuídas.
Os cupinzeiros estimulam de modo importante a produtividade vegetal e animal em nível local, enquanto que sua distribuição por uma área maior maximiza a produtividade do ecossistema como um todo, indicam os pesquisadores.
A conclusão do estudo, publicado na revista de acesso livre PLoS Biology, confirma uma abordagem conhecida da ecologia de populações: frequentemente são as menores coisas que importam mais.
“Não são os predadores carismáticos – como leões e leopardos – que exercem os maiores controles em populações. Em muitos aspectos, são os pequenos personagens que controlam o cenário. No caso da savana, aparentemente os cupins têm uma tremenda influência e são fundamentais para o funcionamento do ecossistema”, disse Robert Pringle, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, um dos autores da pesquisa.
Os cupinzeiros estudados no Quênia central têm cerca de 10 metros de diâmetro e se encontram distribuídos com distâncias de 60 a 100 metros entre eles. Cada estrutura abriga milhões de insetos e são muitas vezes centenárias.
Depois de observar um número inesperado de lagartos nas vizinhanças de cupinzeiros, Pringle e colegas passaram a quantificar a produtividade ecológica relativa à densidade da estrutura.
Os pesquisadores observaram que cada cupinzeiro dava suporte a densas agregações de flora e de fauna. Plantas cresciam mais rapidamente quando estavam mais próximas aos montes e as populações de animais e as taxas de reprodução diminuíam à medida que se afastavam dos mesmos.
O que os pesquisadores observaram em campo foi ainda mais fácil de perceber por meio de imagens feitas por satélite. Cada cupinzeiro se encontrava no centro de uma “explosão de produtividade floral”.
O mais curioso é que essas manifestações de produtividade são organizadas, distribuídas uniformemente como se fossem as casas de um tabuleiro de xadrez.
O resultado é a formação de uma “rede otimizada de plantas e animais intimamente ligados à distribuição ordenada dos cupinzeiros”, segundo Pringle.
Os cientistas estão estudando os mecanismos que levam à distribuição centrada nos cupinzeiros. Uma suspeita é que os cupins distribuem nutrientes, como fósforo e nitrogênio, que beneficiam a fertilidade do solo.
“Cupins costumam ser vistos como pragas e ameaças à produção agrícola, mas a produtividade – tanto em cenários selvagens como dominados pelo homem – pode ser muito mais intrincada do que se estimava”, disse Pringle.
O artigo Spatial Pattern Enhances Ecosystem Functioning in an African Savanna (PLoS Biol 8(5): e1000377.doi:10.1371/journal.pbio.1000377), de Robert Pringle e outros, pode ser lido em http://biology.plosjournals.org.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Reunião de "Ateus" em Melbourne

Segundo notícia do site BBC (castelhano), ateus de todo mundo se reúnem na cidade australiana de Melbourne, para "celebrar" a sua descrença religiosa. Todos os ingressos foram vendidos já no início deste ano (2010).O objetivo dos neo-ateus, segundo a reportagem, será discutir "os efeitos negativos da religião na sociedade".
Estarão por lá os mais combatentes ateus de todo o mundo, com especial destaque para o "sumo sacerdote" da nova religião, o ideólogo e autor de livros de auto-ajuda para ateus, o inglês Richard Dawkins.
O evento discorrerá, também, acerca do Islamismo e o terrorismo, numa seção intitulada "O preço da ilusão", ocasião esta onde se proporá a realização de um filme acerca da quantidade de dinheiro que os contribuintes gastam em subsídios às religiões. Em seguida, ler-se-á um comunicado dirigido aos políticos do mundo, versando sobre "os feitos negativos da religião na sociedade".

sábado, 12 de junho de 2010

Pedindo socorro

Não dá para esquecer as imagens impactantes e pungentes ocorridas nos morros do Rio de Janeiro. E não é para esquecer mesmo! Quem as viu, pode ver a profundidade do sofrimento, do desespero e a dor humana decorrente dessa tragédia. Tendo apelável “fatalidade” a palavrinha que os agentes públicos sacam do coldre para justificar o injustificável.
Lembro-me, agora, a propósito, do artigo que li em que, durante os dois governos de Brizola, impediram que a polícia entrasse nas favelas para reprimir o tráfico de drogas e, graças a isso, os traficantes puderam transformá-los em “santuários” fortemente armados. O que resultou, também, acredito, numa glamorização da bandidagem.
Como não poderia ser diferente (claro que poderia!), tanto Brizola e os governadores que o sucederam, deixaram que as favelas crescessem e se alastrassem pelas encostas dos morros. Enquanto isso, as práticas populistas iam se espalhando, sustentado por um assistencialismo barato, com viés eleitoreiro e demagogo. Bom. Se Nelson Rodrigues ainda vivesse, entenderia melhor porque temos complexo de vira-lata.
Serei franco: esse péssimo exemplo não pode ser exclusivo só da cidade Maravilhosa, mas de todo país, inclusive, com esmero, aqui em nossa terrinha. Milhões de tapinhas nas costas não resolvem o problema. O espectro de “favela” leva sempre a discussão em banho-maria. Como: “Isto está fora de cogitação! De jeito nenhum! Relação com esse pessoal é difícil! Pense noutra coisa!”... Seguindo a máxima do velho Guerreiro, Chacrinha, não venho para explicar, mas “para confundir”.
Digo mais: somos todos conviventes. Estamos até o pescoço nessa rede de desprezo, de insensibilidade. Somos criminosos da omissão, minha sentença, a sua sentença, é de que somos todos cúmplices.
Assim, na sua infinita ânsia de buscar saídas, de se rebelar contra o pensamento apequenado, Rio de Janeiro, o cartão-postal do Brasil, está mostrando que é na verdade uma cidade de grandes contrastes: bonita por natureza e devastada pela negligência, omissão e corrupção de seus gestores.
Até nos versos contagiantes de excelência no samba, encontramos às vezes um apelo para que a cidade enfrente o problema da favela e da habitação popular. É o caso da célebre canção “Barracão”: “Ai, barracão/Pendurado no morro/Vai pedindo socorro/À cidade a seus pés”.
Por essa e outras, há quem diga que eles (tais administradores contumazes) precisam aprender a usar as coisas e amar as pessoas... Não amar as coisas e usar as pessoas.

LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Adm.Empresas

segunda-feira, 7 de junho de 2010

"O medo é utilizado para controlar o direito à cidadania"

Sob o mote do colóquio «Doentes e Cidadãos», Fernando Gomes, representante da Ordem dos Médicos da Conselho Regional do Centro, provocou a audiência, afirmando que “o medo é hoje um instrumento utilizado nas sociedades para controlar o direito à cidadania”.

Fernando Gomes começa por explicitar os conceitos de doentes e cidadãos, ilustrando com o exemplo da homossexualidade, que são noções em constante alteração.
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No «De doente a cidadão − Responsabilidade da Sociedade sobre os seus doentes», o representante da Ordem dos Médicos reflectiu sobre o modo como o medo pode controlar os aspectos sociais e explica: “A pílula anticoncepcional trouxe a revolução sexual, mas também o medo da SIDA”, ou o “medo de ficar doente”, por exemplo, no caso dos fumadores, que podem estar protegidos da doença de Parkinson mas incute-se o medo pelo cancro do pulmão ou das doenças cardíacas.

Há ainda outras situações em que a sociedade interfere nos direitos da cidadania. Basta pensar em temas como: suicídio assistido, aborto, eutanásia e encarniçamento terapêutico. Fernando Gomes dá o alerta avisando a audiência no Casino da Figueira da Foz, onde decorria o colóquio organizado pelo Ciência Hoje e pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da Republica, que “casos como estes vão aparecer cada vez mais”.

Além do medo, na última apresentação do dia, a psicocirurgia foi um dos temas centrais. Fernando Gomes enumerou exemplos de reminiscências históricas e personalidades que se preocuparam com os assuntos da loucura, das manias e melancolia.

Nobel e Lobotomias

Falou-se sobre lobotomias, de testes em chimpanzés até à primeira operação em Portugal, em 1935. Apenas 12 anos depois, reuniram-se em Lisboa os mais importantes nomes da área na «Conferencia Internacional de Psicocirurgia». Dois anos depois, em 1949, Egas Moniz vence o Prémio Nobel mas rapidamente começou-se a questionar esta forma de tratamento.


Voando sobre um ninho de cucos, uma das referências cinematográficas sobre a psicocirurgia
As sequelas físicas, emocionais e comportamentais, incansavelmente ilustradas no cinema e na literatura ao longo das décadas, deram lugar a novas terapias em psiquiatria.

Hoje, já não há picadores de gelo enfiados no cérebro dos doentes através dos olhos. “Temos possibilidade de utilizar a estimulação. Pode reverter-se o procedimento, o que reduz os problemas éticos e há a possibilidade de manipular valores”, afirma Fernando Gomes.

O representante da Ordem dos Médicos, a propósito da evolução tecnológica e da possibilidade de fazer exames de diagnóstico, adianta ainda: “O médico já não é o mestre que ninguém contesta”.


"C.H. - Barbara Gouveia"

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Chegámos a falência. Porquê????

Chegámos a falência. Porquê????

Vale a pena divulgar para vermos para onde vai o nosso dinheiro e onde nunca vai haver cortes.

420.000,00 €
TAP
administrador
Fernando Pinto

371.000,00 €
CGD
administrador
Faria de Oliveira

365.000,00 €
PT
administrador
Henrique Granadeiro

250.040,00 €
RTP
administrador
Guilherme Costa

249.448,00 €
Banco Portugal
administrador
Vítor Constâncio

247.938,00 €
ISP
administrador
Fernando Nogueira

245.552,00 €
CMVM
Presidente
Carlos Tavares

233.857,00 €
ERSE
administrador
Vítor Santos

224.000,00 €
ANA COM
administrador
Amado da Silva

200.200,00 €
CTT
Presidente
Mata da Costa

134.197,00 €
Parpublica
administrador
José Plácido Reis

133.000,00 €
ANA
administrador
Guilhermino Rodrigues

126.686,00 €
ADP
administrador
Pedro Serra

96.507,00 €
Metro Porto
administrador
António Oliveira Fonseca

89.299,00 €
LUSA
administrador
Afonso Camões

69.110,00 €
CP
administrador
Cardoso dos Reis

66.536,00 €
REFER
administrador
Luís Pardal: Refer

66.536,00 €
Metro Lisboa
administrador
Joaquim Reis

58.865,00 €
CARRIS
administrador
José Manuel Rodrigues

58.859,00 €
STCP
administrador
Fernanda Meneses

3.706.630,00 €

51.892.820,00 €
Valor do ordenado anual (12 meses + subs Natal + subs férias)

926.657,50 €
Média Prémios

52.819.477,50 €

900,00 €
Média de um funcionário público

58.688,31 - nº de funcionários públicos que dá para pagar com o mesmo dinheiro

E DEPOIS AINDA QUEREM SABER SE A MALTA ESTÁ DISPOSTA A ABDICAR DO SUBSÍDIO DE FÉRIAS E/OU NATAL PARA AJUDAR O PAÍS...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A ÉTICA DA IRRESPONSABILIDADE

O Presidente da República (PR) entendeu promulgar a lei que institucionaliza o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Fê-lo invocando a «ética da responsabilidade» e contra o seu próprio parecer sobre a questão.

A expressão «ética da responsabilidade» é redundante, porque a irresponsabilidade nunca é ética, como é óbvio. «Responsabilidade» significa, etimologicamente, o «peso» (pondus, em latim), da «coisa» (em latim, res), ou seja, ser responsável é acarretar com as consequências das próprias convicções em todos os actos e opções. A «ética da responsabilidade» opõe-se, portanto, à lógica da conveniência, cujo critério decisivo não é pautado por imperativos morais, mas por razões de oportunidade.

Ora o PR, que podia não ser cristão e, não o sendo, até podia ser partidário do casamento entre pessoas do mesmo sexo, fez questão em deixar claro que não concorda com o teor do diploma que promulgou. Ou seja, foi o PR que chamou a atenção para a incoerência da sua atitude: enquanto cidadão supostamente católico, pensa de uma forma; mas enquanto PR, age ao contrário. Mas como a fé se manifesta pelas obras e os princípios também, pois se assim não fosse não seriam princípio de coisa nenhuma, forçoso é concluir que quem procede deste modo não tem fé, nem princípios.

Também por razões de oportunismo, não faltaram políticos, militares, cientistas, juízes, etc., que cederam às exigências do poder, nomeadamente nazi e estalinista, por exemplo. Não restam dúvidas de que o seu acatamento dessas ordens superiores beneficiaram a coesão social dos respectivos regimes, sobretudo em situação de guerra ou de grave crise nacional, mas uma tal vantagem prática os não iliba da correspondente responsabilidade moral: não é uma desculpa, mas uma culpa decorrente da sua irresponsabilidade ética, do seu relativismo moral. Não foram vítimas dessas injustiças, mas cúmplices. O medo pelas consequências necessárias de um acto eticamente exigido não é prudência, é cobardia.

Mas – poderiam objectar alguns politólogos mais manhosos – não seria ineficaz, em termos práticos, a recusa da promulgação do controverso diploma, na medida em que constitucionalmente não poderia deixar de o ser se, de novo, fosse remetido à presidência pelo parlamento, como decerto ocorreria?! De modo algum, porque o PR podia e devia fazer saber a quem de direito que, não podendo agir contra os seus princípios e a sua consciência, ver-se-ia obrigado a demitir-se se essa lei lhe fosse reenviada, ou a dissolver a Assembleia da República. Em qualquer dos casos, a responsabilidade pela crise política decorrente seria única e exclusivamente de quem insistisse nessa questão fracturante. Pelo contrário, promulgando o diploma, o PR não só o faz seu como faz saber à nação e aos outros órgãos de soberania que está disponível para sancionar qualquer lei, mesmo que contrária aos princípios morais que era suposto seguir na sua actividade política.

Outra é a lógica da honra e da fé. Thomas More, ex-chanceler de Henrique VIII, estava disposto a servir o seu país e o seu rei, mas não à custa dos seus princípios morais ou da sua religião. Em termos de estabilidade política ou de conveniência pessoal, poderia ter transigido com o divórcio real mas, como era um homem de fé e de princípios, não o fez. A coerência custou-lhe a vida. João Baptista não teve medo de denunciar a imoralidade de Herodes e a sua não cedência ante o adultério do monarca, que teria sido muito oportuna social e politicamente, dada a grave crise resultante da ocupação romana, teve para o precursor uma consequência trágica: o martírio.

São Thomas More e São João Baptista perderam literalmente a cabeça, mas não a fé, nem a honra, ao contrário dos que vendem a alma e a sua dignidade por mesquinhos interesses conjunturais. Aqueles não foram vencidos da vida, mas vencedores do mundo, ao invés dos que renegam os seus princípios por calculismo eleitoral e oportunismo político. Vae victis…


Gonçalo Portocarrero de Almada