quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Homem ou mosca?

Agência FAPESP – A mosca-da-fruta (Drosophila melanogaster) é muito diferente do homem não apenas no número de genes, mas também na quantidade de interações protéicas em seus organismos.
A conclusão é de um estudo feito por cientistas europeus, que desenvolveram uma nova técnica para estimar o total de interações entre proteínas em qualquer organismo.
O trabalho, publicado no site da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), indica que o homem tem cerca de dez vezes mais interações entre proteínas do que a mosca-da-fruta.
Uma das maiores surpresas encontradas após o início do seqüenciamento do genoma de organismos foi a diferença muito menor entre os números de genes do que se imaginava. Enquanto o homem, por exemplo, tem cerca de 24 mil genes, a drosófila tem 14 mil.
Ou seja, o total de genes não é suficiente para expressar a complexidade dos organismos. Por conta disso, no novo estudo os pesquisadores decidiram investigar as interações protéicas, que, como destacaram, "parecem estar mais relacionadas com a complexidade biológica aparente".
Tais interações estão por trás de todos os sistemas fisiológicos no organismo humano. Quando o corpo digere alimentos, responde a mudanças em temperatura ou combate uma infecção, numerosas combinações de interações protéicas estão envolvidas.
Mas, até agora, não se havia conseguido calcular os números dessas interações que ocorrem em diferentes organismos. O total de interações protéicas do organismo humano é chamado de interactoma.
O grupo coordenado por Michael Stumpf, professor do Departamento de Ciências da Vida do Imperial College London, na Inglaterra, desenvolveu uma ferramenta matemática que permite estimar o total de interações baseado em dados disponíveis e mesmo incompletos.
"Essa abordagem foi aplicada a diversos organismos eucariontes, sobre os quais foram coletados dados extensos sobre interações protéicas, e pudemos estimar o número de interações em humanos em aproximadamente 650 mil", destacaram os autores no artigo.
"Compreender o genoma humano definitivamente não é o suficiente para explicar o que nos torna diferentes das criaturas mais simples. Mas nosso estudo indica que as interações protéicas podem conter uma das chaves que revelarão como um organismo se diferencia de outro", disse Stumpf.
O artigo Estimating the size of the human interactome, de Michael Stumpf e outros, poderá ser lido em www.pnas.org.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Pior é bem possível

Em 2010, José Sócrates vai tentar, custe o que custar, recuperar a maioria absoluta. Dito isto, é de temer o pior do ano que aí vem.
O ano de 2009 está a acabar. Para muitos é um alívio. Principalmente para os muitos milhares que ficaram desempregados, para os que ficaram sem casa própria, para os que viram os seus níveis de endividamento atingirem valores incomportáveis, para os empresários falidos, para os muitos que caíram na pobreza e também para os milhares que só sobrevivem à conta de subsídios do Estado. Estas desgraças, na sábia opinião do senhor presidente relativo do Conselho e do seu partido, só aconteceram devido à crise internacional.
Como agora se sabe, quando as águas estão a voltar ao normal e deixam a nu uma miserável realidade, as culpas atiradas para cima da crise não passam de patranhas que o Governo do senhor presidente relativo do Conselho repetiu mil vezes na vã tentativa de as transformar em verdades. O ano de 2009 também ficou marcado por três eleições. Nas Europeias ganhou o PSD, nas Legislativas o PS, sem maioria absoluta, e nas Autárquicas de novo o PSD, com menos mandatos e menos câmaras. No fundo, depois de tantas campanhas, de tantos milhões atirados à rua e de tantos votos, ficou tudo exactamente na mesma. Melhor ainda. Ficou tudo pior. E se de política estamos conversados, com o PSD em estado de pré-coma, na Justiça as coisas chegaram a tal ponto que é legítimo a qualquer indígena deste sítio pobre, deprimido, manhoso e cada vez mais mal frequentado duvidar seriamente da independência dos mais altos responsáveis da dita, isto é, presidente do Supremo Tribunal de Justiça e procurador-geral da República.
Hoje em dia, qualquer decisão, despacho ou investigação está, à partida, sob suspeita. Tanto no Freeport como na Face Oculta, destapa-se a tampa e o cheiro é verdadeiramente nauseabundo. E se 2009 foi uma desgraça, é escusado andar por aí a desejar um bom ano de 2010. Não será melhor para os desempregados, para os pobres, para os falidos. É até bem possível que a esta legião de desgraçados se juntem mais uns tantos milhares. Com uma agravante. O Estado está a caminho do buraco com as políticas irresponsáveis e, em alguns casos, criminosas do Governo do senhor presidente relativo do Conselho. E do ponto de vista político, José Sócrates vai aproveitar o ano que aí vem para manter um clima de guerrilha com tudo e com todos, mesmo com Cavaco Silva, para tentar, custe o que custar, recuperar a maioria absoluta. Dito isto, é de temer o pior do ano que aí vem.

António Ribeiro Ferreira, Jornalista

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Eletrônica orgânica

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Misturando dois polímeros com propriedades diferentes, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) conseguiram aumentar a eletroluminescência de um dispositivo orgânico emissor de luz (Oled, na sigla em inglês). A pesquisa é matéria da revista Synthetic Metals.
Descobertos em 1990 por dois pesquisadores norte-americanos e um japonês – que dez anos depois ganhariam o prêmio Nobel de química pelo feito –, os Oleds prometem substituir, com diversas vantagens, as telas atuais de LCD e plasma. Tratam-se de dispositivos formados por polímeros eletroluminescentes, que emitem luz quando expostos a uma fonte de energia elétrica.
O trabalho correspondeu à tese de doutorado de Rafael Cossiello, orientada por Teresa Atvars, professora do Instituto de Química e pró-reitora de pós-graduação da Unicamp. Segundo Teresa, a base científica trazida à universidade pelo trabalho permite dizer que o grupo é capaz de trabalhar com qualquer material polimérico eletroluminescente.
"O conhecimento gerado sobre o comportamento desses materiais poderá ser retomado em outras categorias de polímeros eletroluminescentes, especialmente na área de sensores", disse a orientadora da pesquisa à Agência FAPESP
Teresa aponta que os Oleds têm grande vantagem em relação aos dispositivos inorgânicos – normalmente feitos de silício – utilizados em displays de diversos aparelhos eletrônicos. Como existe uma grande variedade de polímeros com propriedades eletroluminescentes, mudanças na estrutura das moléculas possibilitam varrer todo o espectro de cores.
"Com os semicondutores inorgânicos essas possibilidades são muito mais limitadas. A vantagem da química orgânica é uma flexibilidade estrutural muito maior. O problema dos dispositivos poliméricos, no entanto, é que a estabilidade quimica não é tão boa e, portanto, a duração do dispositivo não é muito grande. Por outro lado, o brilho é muito maior", explicou.
Os pesquisadores têm procurado meios para estabilizar e aumentar o ciclo de utilização dos dispositivos. "Já existem protótipos de TVs nas quais as moléculas eletroluminescentes substituem o cristal líquido. Isso possibilita a criação de telas com espessura de 3 milímetros, o que seria impossível com o LCD", disse a professora do IQ da Unicamp.
No trabalho, os pesquisadores procuraram otimizar as propriedades do material, misturando um polímero eletroluminescente com outro sem essa propriedade. O resultado foi um aumento de quatro vezes na eficiência da eletroluminescência, com estabilidade maior do que no dispositivo sem a mistura polimérica.
"Estudamos uma série de aspectos relacionados à morfologia do material, como a distribuição do material luminescente sobre a matriz não-luminescente. Optamos por otimizar o dispositivo misturando os dois materiais e procuramos entender o processo e as razões dessa otimização, a fim de abrir caminho para o desenvolvimento tecnológico", explicou.


Área maior é desafio
O grupo da Unicamp utilizou o polímero orgânico eletroluminescente conhecido como MEH-PPV. O outro material foi um polímero sintetizado pelo grupo e formado por três partes.
"Uma das partes era um poliestireno – uma matriz de baixo custo utilizada, por exemplo, em copos plásticos transparentes e réguas escolares – que não forma um bom material quando misturado ao MEH-PPV. Por isso acrescentamos uma parte de acrílico e uma parte de um grupo ácido", explicou Teresa.
A combinação dos três blocos propiciou as características adequadas para que o material, interagindo com o MEH-PPV, aumentasse consideravelmente o rendimento do dispositivo. "A mistura criou, entre os dois materiais, interações específicas que não seriam possíveis isoladamente nem no acrílico nem no poliestireno", disse.
Segundo a professora, esse tipo de estudo requer a utilização de múltiplas técnicas. A montagem do dispositivo é feita com um material condutor sobre uma superfície de vidro. Depois a mistura de polímeros é depositada sobre o material e o eletrodo é instalado.
"O dispositivo que fizemos é um protótipo com área de um centímetro quadrado. Uma vez concluído, uma série de aparelhos aplicam uma corrente elétrica e um sistema de espectroscopia de emissão é utilizado para medir a intensidade da luz", disse.
A professora salientou que a instrumentação utilizada para pesquisa foi proporcionada pelas parcerias com diversos laboratórios. "Nosso grupo foi introduzido, há seis anos, no Instituto Multidisciplinar de Materiais Poliméricos (IMMP), um dos Institutos do Milênio. Isso facilitou o acesso à instrumentação necessária nessa pequisa que é altamente interdisciplinar", afirmou.
Segundo Teresa, a pesquisa também levantou novos problemas, como o de fazer um dispositivo com uma área maior. "Outro desafio é reproduzir protótipos com alta reprodutibilidade, que permitam uma rotina de fabricação", indicou.
O artigo Electroluminescence of (styrene-co-acrylic acid) ionomer/conjugated MEH-PPV blends, de Rafael Cossiello, Teresa Atvars e outros, pode ser lido em www.sciencedirect.com/science/journal/03796779.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Uma nova «Terceira Via» política

Como um interessado e habitual leitor do que se passa ao nosso redor, gostei de ler um artigo do conhecido jornal ABC do país vizinho, assinado por Juan Pedro Quiñoner desde Paris, a bem conhecida e histórica capital francesa.
Li e reli o artigo que este jornalista castelhano escrevera desde Paris. Sinceramente gostei do conteúdo e interpretando-o, comecei imediatamente a fazer algumas conexões com o que porventura se poderá passar na Europa ou muito particularmente ou não neste nosso europeu Portugal.
Tentei simultaneamente equacionar uma relação dos resultados das últimas eleições europeias com o fim do Jornal Nacional das Sextas-feiras da TVI, com o afastamento da jornalista Dra. Manuela Moura Guedes e depois com as análises dos vários quadrantes políticos.

Trata-se efectivamente de uma opinião, ou melhor, de uma interpretação muito pessoal, numa perspectiva ideológica oriunda do país onde as palavras “Liberdade”, “Igualdade” e “Fraternidade” influenciariam desde o séc. XVIII este nosso Mundo que hoje em dia se afigura cada mais globalizante.
Mas ao debruçar-me efectivamente no artigo de opinião do ABC, não resisti em realçar algumas passagens que me mereceram uma particular atenção.
Segundo o jornalista, Juan Quiñonero, o presidente Nicolas Sarkozy vai fazendo crescer a sua maioria presidencial à esquerda e à direita, numa recomposição de todo o panorama político francês, associando ao seu projecto pessoal novos minúsculos grupos políticos e pequenos partidos que acabam por constituir uma autêntica cobertura ideológica sem precedentes, desde a esquerda independente até à direita da própria direita.
Foi recentemente constituído o “Comité de Coordenação da Maioria Presidencial” que será uma organização encarregada de engrenar esta nova e apaixonante política sarkoziana que começou a governar com uma “abertura à esquerda”. Lembra -se a coabitação de Sarkozy com socialistas históricos como Bernard Kouchner, um dos mais populares socialistas franceses, agora Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo francês. Também Michel Rocard, antigo PM de François Mitterrand e um dos líderes históricos do socialismo francês, é hoje embaixador de França para os assuntos da Antártida.
Impressionante esta impensável estratégia. Mas há mais, quando o Presidente Sarkozy convenceu Philippe de Villiers, presidente do Movimento pela França (conservador nacionalista), Frédéric Nihous, representante da direita rural, Christine Boutin, uma pura e dura democrata-cristã, Hevé Morin do Novo Centro e Jean-Louis Borloo do Partido Radical a coabitarem e integrando a sua maioria presidencial, enterrando-se todas as querelas antigas.
Pela primeira vez na história da V Republica, o Presidente Sarkozy conta com uma maioria que ultrapassa e muito as fronteiras do seu próprio partido. A nova maioria presidencial é uma arma bastante estratégica com candidatos comuns em quase todas as regiões para combater a esquerda socialista nas futuras eleições regionais e alcançar a reeleição.
Voltando ao panorama nacional reparamos nos recentes acontecimentos em Portugal e em especial o inexplicável e incompreensível facto do fim do Jornal Nacional das Sextas-feiras na TVI, precisamente uma resolução considerada mais política que empresarial na pior altura que fragiliza e bem o governo socialista e o seu líder.
Ouvimos com atenção o Presidente Cavaco Silva falar da independência da Informação como uma conquista do 25 de Abril e apreciei bastante a oportuna sabedoria política do Dr. Mário Soares, ao responder numa entrevista, que pessoalmente até simpatizava com a Dra. Manuela Moura Guedes e que dar a vitória à direita seria um erro que a esquerda pagaria muito caro.
Quer o actual Presidente da República, quer o ex Presidente Dr. Mário Soares são políticos muitíssimo hábeis e com uma enorme experiência. Algumas vezes as palavras exprimem algo de importante para os analistas políticos pensarem e analisarem.
Tudo o que lemos sobre a política “sarkoziana” no referido artigo do ABC, poderá indubitavelmente proporcionar algumas ramificações em Portugal com algumas excepções que obviamente confirmariam a regra, como por exemplo uma recente intervenção do líder autárquico escalabitano.
Se o centro direita vencesse as eleições, ao contrário do que muito boa gente pensa, até poderia fazer uma autêntica abertura à considerada esquerda mais independente e moderada. Talvez haja aqui um receio dos socialistas e até de alguns esquerdistas mais informados, de que possa haver uma nova revolução francesa. A intervenção recente do Dr. Pina Moura poderá ser talvez um princípio ou uma excepção.
Uma maioria presidencial altamente mais abrangente pode estar já em formação para apoiar inequivocamente o actual PR. Um Bloco Central liderado pelo PSD ou pelo PS poderia fazer parte da experiência. Eleições antecipadas no limite máximo constitucional poderão ser uma solução mas quem as provocar seria penalizado eleitoralmente.
A chave para esta problemática política está sempre nas virtudes da democracia pluralista e semi-presidencialista. Por isso está na vontade dos portugueses e na experiência ou habilidade política do Sr. Presidente da República. Eu confio que os portugueses saberão dar a resposta adequada e certa.
Os portugueses sabem mais do que se pensa e não se deixarão enganar por défices de credibilidade na explicação atabalhoada de certos acontecimentos considerados politicamente graves.


“Manoel Nascimento Carrillo”

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Mundo virtual estuda memória episódica

Por Fabio Reynol

Agência FAPESP – Uma criatura começa a explorar um mundo desconhecido. Ela tem que executar certas tarefas predeterminadas como coletar alimentos, encontrar e recolher objetos coloridos e competir com outras criaturas que também terão que fazer esses trabalhos e tentarão enganá-la, escondendo a comida e os objetos que possam lhe interessar.
Esse cenário foi criado virtualmente por um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Uma vez lá dentro, as criaturas são autônomas, ou seja, nenhum humano a controla. Elas devem agir de acordo com o que conseguiram aprender ao longo dessa convivência. Esse mundo eletrônico foi projetado para estudar e aplicar um tipo de memória que ainda é pouco explorada pela ciência, a memória episódica.
“É a memória de nossa história pessoal que se baseia naquilo que fizemos e nas coisas que testemunhamos”, explicou o coordenador da pesquisa, Ricardo Ribeiro Gudwin, professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação da Unicamp, durante o Seminário Raciocínio Baseado em Modelo em Ciência e Tecnologia, ocorrido na universidade.
O evento foi realizado no âmbito do Projeto Temático Logical Consequence and Combinations of Logics – Fundaments and Efficient Applications apoiado pela FAPESP e coordenado por Walter Carnielli, professor do Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp.
Segundo Gudwin, para que seja bem-sucedida, a criatura virtual conta com recursos que tentam simular os sistemas cognitivos de animais e de seres humanos. Como em muitas situações comuns na vida real, será preciso recolher informações a respeito de um ambiente desconhecido (fazer uma codificação), guardá-las de um modo eficiente (armazenamento) e depois acessá-las quando forem necessárias (recuperação).
Para desenvolver essa memória, o grupo elaborou regras que devem ser seguidas para todas as criaturas do ambiente virtual: evitar paredes e outros obstáculos, coletar alimentos, que podem ser ou não perecíveis, recolher determinados objetos do cenário e tentar prever o que os demais atores do jogo farão e tentar atrapalhá-los. “Essa última função está ligada à teoria da mente, que envolve tentar saber o que o outro pensa”, disse.
A experiência também procura reproduzir algumas complexidades e técnicas usadas por humanos para relembrar episódios. De acordo com o pesquisador da Unicamp, não há espaço para absorver todas as informações com as quais se tem contato, por isso, na hora de registrar algo, é preciso utilizar filtros que eliminem dados menos importantes e lançar mão de estratégias para economizar memória, como manter em um arquivo único memórias muito parecidas.
As criaturas também tentam reproduzir habilidades mais difíceis, como conseguir estabelecer conexões entre causas e efeitos que estão bastante separados no tempo. São as chamadas “consequências tardias”, ou a associação de uma reação ocorrida no presente à ação que a causou, mas que se passou há dias, meses ou anos.

Decisões próprias
Fazer o sistema aprender e desenvolver a própria memória em vez de carregar dados prontos pode abrir portas para novas aplicações em computação nas quais o volume de dados ainda são uma barreira.
“Quando o ambiente é muito extenso, não há como colocar todos os dados nem fazer uma programação de trajetória, por isso é importante que o sistema descubra sozinho essas informações”, disse Gudwin.
Isso se aplica, por exemplo, a sistemas de monitoramento de tráfego. Em vez de dar entrada com os dados de toda uma malha viária, um sistema dotado de memória episódica poderia identificar pontos de gargalo e tomar decisões prioritárias a fim de manter o fluxo de veículos.
De acordo com Gudwin, a administração de empresas também ficaria mais eficiente com sistemas descobrindo sozinhos problemas que seriam difíceis de serem detectados em uma grande companhia. E os fãs de jogos eletrônicos poderiam contar com oponentes virtuais “inteligentes”, capazes de aprender sobre as fraquezas do rival e evoluir como se fossem de carne e osso.

A tapetada da ignorância ou os novos ovos da serpente

As mídias vêm divulgando a nova moda, que contaria com muitos adeptos e admiradores. Ela consiste em enrolar os tapetes dos automóveis, transformando-os em cassetetes improvisados. Estes são manejados por jovens, que se divertem com os efeitos dos golpes desferidos no corpo de desavisados, pedestres ou ciclistas que circulam no espaço público. A ‘brincadeira’, fortemente ofensiva, consiste em fazer o outro sentir uma dor intensa. Pelo menos em um caso, a tapetada foi acompanhada de outras agressões racistas feitas a um homem negro.
Os alvos são os passantes, aqueles que ousam dividir o espaço das cidades com os demais membros da população. Os eventos são filmados e depois divulgados na Internet, com muito orgulho e sensação do dever cumprido. Os tapeteiros têm muitos fãs, como se pode ver nas redes de relacionamento. Ao que parece, eles se acham o máximo e desconhecem qualquer regra de convivência e respeito social. Existem os que fazem, os que ajudam e os que aprovam tal barbaridade. Eles batem em moças – Será que existe algum teor sexual no comportamento deles? –, rapazes e em qualquer outro alvo que lhes pareça ‘merecedor’ de uma tapetada.
Estes novos agressores criptofascistas nada tem a ver com a sapatada iraquiana em Bush e com o doido que agrediu o Berlusconi. Não são atos cometidos por pessoas insatisfeitas com a ordem. Ao contrário, os tapeteiros têm mais a ver com os que agridem verbalmente ou fisicamente mulheres, negros, índios, mendigos e homossexuais. São filhos de um certo humor televisivo baseado no preconceito e no sofrimento do outro. Acreditam que estão acima de todos e podem fazer o que bem entendem. Divertem-se com a dor alheia, tal como todos que conseguem achar graça das diferenças, das tragédias e das misérias humanas.
Certamente, eles têm automóveis e alguns recursos. Há provas que vários são estudantes de nível superior de escolas privadas. Alguns frequentam cursos que lhes darão diplomas impossíveis de serem acessados pela maioria dos estudantes brasileiros. Moram, comem e bebem sem nenhum problema. Eles têm tempo livre à vontade para vadiar por aí, buscando encontrar um sentido, mesmo que negativo, para suas vidas. Vão da ação violenta à sua divulgação na Internet em minutos.
Eles não conhecem o real significado da expressão direitos humanos e têm raiva de quem lembra da mesma. Acham que são mais brasileiros do que os que agridem, não demonstrando qualquer culpa ou remorso. Mesmo assim, como são, em sua maioria, brancos e socialmente bem situados, conseguem ter um tratamento diferencial quando são pegos. Não há registro que suas famílias deixem de apoiá-los ou exerçam qualquer tipo de controle de seus comportamentos violentos. Flutuam na atmosfera de uma sociedade baseada na diferença extrema, na baixa cultura e na falta de inteligência e de compaixão.
Estes jovens são os novos ovos da serpente. Representam o que há de pior na sociedade brasileira. Aqueles que, dependendo da evolução da história do país, estarão prontos para tentar impedir qualquer mudança e para garantir seus privilégios de classe. Estão sendo chocados e se preparando para um possível embate no futuro. O que fazem hoje, talvez seja uma pequena amostra do que poderão fazer em outro contexto. Só é possível evitar isto, se desde hoje a vigilância democrática esteja atenta para as manifestações ainda líquidas de um fascismo que poderá se solidificar, dependendo de quem estiver no poder central.
O estímulo à leitura e ao consumo da obra de arte de qualidade - popular e erudita - são antídotos a ser considerados. A Internet, por exemplo, é um meio de comunicação, onde há de tudo um pouco. Eles trafegam no lixo, mas poderiam usar o mesmo meio para acessar as conquistas da filosofia, das artes e das ciências. É tecnofobia demonizar o meio. O problema está no modo que eles são capturados para usá-lo.
Na verdade, eles vieram do consumo de uma televisão de baixíssima qualidade e de outras mídias também pouco edificantes. Hoje, estes jovens encontram na Internet os mesmos vícios e problemas, potencializados pela interatividade. Não é difícil que eles acreditem que o mundo é só o que eles e suas redes intersubjetivas imaginam como o único e possível.
Eles pouco ou nada ouvem, vêem ou lêem comunicando o combate aos preconceitos tradicionais da sociedade brasileira. Não sabem o que são exatamente o racismo, o sexismo, a homofobia, o idadismo e o terrível e secreto preconceito contra a inteligência. Certamente, não compreendem que a pobreza não é um destino e sim um problema político.
Há razões de sobra para desconfiarem de tudo que cheire a política e para imaginarem que qualquer um interessado nisto é um ladrão. Em suma, estão apartados de um instrumental básico para compreender o mundo em que vivem. São alienados, manipulados pelos mais fortes e manipuladores dos mais fracos que conseguem alcançar.
Luís Carlos Lopes é professor e autor do livro Tv, poder e substância: a espiral da intriga, de entre outros.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Nossos “bravos” rapazes e raparigas esquerdistas

Reles cobardes refractários à nossa última Epopeia africana.

A Revolução Francesa (conjunto de acontecimentos políticos entre 5 de Maio de 1789 e 9 de Novembro de 1799) não foi um acto que possamos considerar do momento político. A Revolução Francesa foi paulatinamente preparada ao longo de um século. Estiveram nessa primeira linha de acção os chamados enciclopedistas, ou sejam, homens como D’Alembert, Diderot e Montesquieu. Foi uma autêntica e magistral obra de toupeiras, se assim podemos dizer. Foi assim que os também designados “iluminados” prepararam, metodicamente, o seu caminho para o poder cultural, isso como um prévio e fundamental passo para o consequente assalto ao poder político, o que foi conseguido, como todos sabemos, pelo triunfo da Revolução Francesa. E foi este acontecimento político que veio dar plena emancipação às ideias demo-liberais (jacobinas) e ao fortalecimento da ideologia utópica de Jean Jacques Rousseau (autor da frase Liberté, Egalité, Fraternité).
No texto que acima edito e que intitulo “Uma das causas para o crescendo exponencial da criminalidade violenta em Portugal”, tenho ocasião de aludir, de forma enfática, ao facto de uma das razões (importantes) de hoje, em Portugal, assistirmos a um crescendo exponencial da criminalidade violenta, residir nos motivos do poder político e cultural ainda se encontrarem, praticamente, nas mãos dos marxistas (veja-se o avanço do BE - Bloco de Esquerda) e dos demo-liberais (jacobinos). E assim é realmente. Foquei, igualmente, serem os actuais seguidores de Rousseau, Marx, Engels, Freud e Levy Strauss, estes como sendo os “Founding Fathers” do “oitocentismo”, de serem os responsáveis directos pela desordem social que decorre presentemente em Portugal, tal ao fomentarem ideias desagregadoras da sociedade, muitas das quais baseadas nos princípios filosóficos do determinismo cego de Rousseau. Sobre estas o professor Doutor António Marques Bessa disse:
A tabula rasa está posta de parte. O homem não nasce como uma tabula em branco onde tudo é escrito ao sabor dos condicionalismos sociais, económicos, familiares e sexuais. O homem nasce com um património, um reportório de capacidades e um guia para a acção. É só a extensão desta herança de saber inato que está em discussão.
Já no ano de 1955, Alfred Kroeber, um dos grandes gurus do chamado establishment foi forçado a dizer «que era impossível ignorar a parte genética base», isso no que diz respeito à natureza do próprio homem. Até o antropólogo Ashley Montagu, contrário aos Etologistas Konrad Lorenz e Robert Ardrey, afirmou em 1979 que «já não havia justificação racional para a crença na tabula rasa».
Perguntar-se-á se os marxistas e demo-liberais (jacobinos) portugueses continuam a ignorar os avanços científicos entretanto realizados, por exemplo, pela Sociobiologia, iniciada por Edward Wilson em 1975, e também da Etologia? Mas isso para eles pouco importa ou é de facto algo que possa ser relevante. É que o reconhecimento (por eles) das ditas ciências, implicavam (necessariamente) o desabar da ideologia rousseauneana em que, como se esta fosse uma poderosa crença religiosa (na verdade para eles tal ideologia constitui um verdadeiro dogma da fé), querem acreditar. Aliás eles sabem perfeitamente que se renunciassem à sua ortodoxia se viam privados, logo de imediato, do seu poder político e também do autêntico terrorismo cultural e intelectual que exercem em Portugal e sobre os portugueses. Fazerem, por isso, um qualquer processo “revisionista” da história das ideias políticas, que colocaria em xeque as suas vacas sagradas, está, obviamente, fora de qualquer cogitação que possam realizar. Por isso, entre outros erros, continuam a querer acreditar no “bom selvagem”. Por isso a criminalidade violenta em Portugal cresce e as prisões cada vez ficam mais desertas de criminosos. E são os marxistas e os demo-liberais que são disso responsáveis.
Dizem, alguns (Comissão Independente de Juízes, por exemplo), que são medidas meramente economicistas. É uma análise que também podemos ter em conta, mas que não explica inteiramente o comportamento geral dos referidos (políticos marxistas e demo-liberais) em relação ao relaxe das penas aplicadas aos criminosos. A reforçar tudo quanto aqui se diz, é imperioso que não esqueçamos que em Portugal quem está no poder político e quem tutela a cultura, são os restos de pessoas que ainda fazem parte da geração do Maio de 68, muitas das quais ouviram, extasiadas, em Paris, as conversas palermas do escritor e filósofo existencialista Jean Paul Sartre e as arengas absolutamente cretinas de líderes estudantis, como Henri Webber, Daniel Cohn-Bendit (ou Dany le Rouge), Jacques Sauvageot, Geismar, Rudi Dutschke e outros idiotas militantes. Como foi entusiasmante os nossos “bravos” rapazes e raparigas esquerdistas (muitos dos quais têm ou tiveram cargos políticos ou culturais em Portugal do pós 25A74) andarem (lá, ou em espírito) misturados com os manifestantes da revolta estudantil, a atirar pedras aos polícias das CRS’s e a incendiar carros no Boulevard Saint-Germain ou Saint-Michel e a ajudarem a construir barricadas no Quartier-Latin e na Sorbone, isso quando outros jovens portugueses, lá longe, lutavam, armas na mão, no além-mar, em África, por uma África Lusa. Ainda por cima, muitos deles (e disso se ufanam, os miseráveis), foram reles cobardes refractários à nossa última Epopeia africana.
Então como é que esta gente pode e está disposta a apoiar a Lei e a Ordem Pública e também a combater a criminalidade violenta que existe neste momento em Portugal? Então também não é verdade que, tantas delas, andaram, no dito Maio de 68, pelas ruas de Paris a pintar graffitis nas paredes que diziam: «É proibido, proibir!»?


António José dos Santos Silva

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O PCP e o PSD do Barreiro são engraçados

O Partido Comunista, o Bloco de Esquerda e o Partido Social Democrata da Assembleia Municipal do Barreiro são muito engraçados, e com uma capacidade de cinismo sem igual; pois são mutantes dos respectivos partidos a nível nacional.
A nível nacional, estes partidos manifestaram-se frontalmente contra o projeto ferroviário do governo, mas em casa, no Barreiro, até aprovam moções do Partido Socialista de apoio ao projecto... cde modo bem unido, e sem duvidas de qualquer espécie.
É assim que se vai tentando enganar os eleitores, votando uma mesma matéria de acordo com as necessidades de imagem, de cada local.
No Barreiro esta tudo unido, em Lisboa, e no resto do País andam todos a trolhada.
Na integra, poder ler a moção aprovada por hunanimidade, com os votos do Partido Socialista, CDU, PSD e BE:



A moção, após algumas alterações no texto inicial, sugeridas pela bancada da CDU, foi aprovada por unanimidade.
Divulgamos o texto integral da moção aprovada na reunião da Assembleia Municipal do Barreiro:
MOÇÃO

BARREIRO NOVA CENTRALIDADE FERROVIÁRIA
A rede ferroviária de Alta Velocidade irá mudar radicalmente o panorama de mobilidade de passageiros e mercadorias em Portugal, de Portugal para a Europa, com reflexos bastante positivos no nosso desenvolvimento económico e na qualidade de vida dos portugueses. A Alta Velocidade gerará efeitos positivos em todas as regiões, reforçando a integração geográfica, contribuindo para o aumento da competitividade das cidades portuguesas, para a coesão e desenvolvimento regional.
Além dos ganhos de tempo nas deslocações e do impacto sócio-económico, a Alta Velocidade contribuirá para a redução das emissões poluentes, promovendo uma mobilidade mais sustentável, o que é absolutamente estratégico no momento actual.
Em Portugal, o projecto de Alta Velocidade tem todas as condições para impulsionar o Sector Ferroviário Nacional e para permitir às empresas ganhar dimensão e competência para enfrentar os desafios da internacionalização.
O projecto de Alta Velocidade é uma prioridade política do actual Governo, com calendários bem definidos que importa cumprir.
Em Junho de 2008 foi lançado o concurso público da primeira PPP relativa ao troço Poceirão-Caia.

No passado dia 30 de Março foi lançado o concurso público internacional da segunda PPP relativa ao troço Lisboa-Poceirão, que inclui, além de outras infra-estruturas ferroviárias, a Terceira Travessia do Tejo (Barreiro-Chelas ).
A concretização destes dois troços permitirá que o eixo Lisboa-Madrid entre em funcionamento em 2013, tal como acordado entre os Governos de Portugal e Espanha.
No dia 12 do corrente mês de Dezembro, em Évora, foi adjudicada a primeira concessão do projecto de AV entre Lisboa e Madrid, ou seja, o troço Poceirão-Caia. Esta adjudicação inclui a construção, o financiamento, a manutenção e a disponibilização do conjunto de infra-estruturas ferroviárias do troço Poceirão-Caia e ainda o troço Évora-Caia da linha convencional de mercadorias Sines-Elvas-Caia, assim como a nova estação de Évora, representando um investimento de 1.359 milhões de euros.
A adjudicação deste primeiro troço faz-se num período de crise, em que o país necessita de investimento, de oportunidades de emprego. Para além de gerar vários milhares de empregos, estima-se ainda um potencial de participação da indústria nacional entre 80 e 85% do investimento no conjunto do projecto designadamente, na obra civil, nas especialidades ferroviárias, telecomunicações e tecnologias de informação e comunicação.

Foi, assim, dado o primeiro passo para que a AV saia do papel. A obra vai começar.
Esta adjudicação tem um significado muito importante para o país, para o Alentejo, para a AML, mas também para o Concelho do Barreiro.
O próximo passo será , esperamos, a adjudicação do segundo troço de AV-Lisboa/Poceirão- onde se inclui , entre outras infra-estruturas com impacto significativo no concelho do Barreiro, a TTT.
A linha de AV Lisboa-Madrid , pode considerar-se como o projecto âncora que suporta a localização da TTT no corredor Barreiro-Chelas , nas vertentes ferroviária, incluindo a linha convencional, e rodoviária.
Será graças à AV que o Barreiro voltará a ter um papel relevante no sector ferroviário nacional.Com uma nova estação ( a gare do Sul ), o Barreiro será um ponto obrigatório de paragem dos comboios Intercidades ( e/ou outros comboios rápidos ) com origem em Lisboa e cujo destino seja o Alentejo ou o Algarve e v.v. O Barreiro irá ter, finalmente, comboios de longo curso com maior frequência, maior rapidez, maior comodidade.
No Barreiro serão ainda instaladas as oficinas de apoio à AV(PMO), conforme compromisso do anterior e do actual Governo e promover-se-á a modernização das Oficinas da EMEF.
Após a electrificação da linha do Sado, no percurso Barreiro-Praias do Sado, inaugurada em 14 de Dezembro de 2008, que contribuiu claramente para a melhoria do serviço ferroviário entre o Barreiro e Setúbal, numa lógica de favorecimento da mobilidade regional para cidades cujos serviços servem as populações locais, a concretização do grande projecto ferroviário em curso recolocará o Barreiro no Século XXI, como uma referência no mapa ferroviário nacional, num patamar qualitativamente superior ao que já teve nos Séculos XIX e XX.
Assim, a Assembleia Municipal do Barreiro, reunida em Sessão Ordinária, no dia 17 de Dezembro de 2009, delibera:
1- Saudar a adjudicação da Concessão do Troço Poceirão-Caia, integrado na ligação de Alta Velocidade ( AV ) entre Lisboa e Madrid, relevando o facto de estar a honrar os compromissos assumidos com o país e a nossa região, contrariando quem, ao arrepio do interesse nacional, sempre pretendeu suspender/adiar a execução deste projecto;
2- Apelar ao Governo para que decida e formalize rapidamente a adjudicação da Concessão do Troço Lisboa-Poceirão ( concurso lançado em 30 de Março ), cujas propostas seleccionadas se encontram em análise final, e que cumpra com todos os compromissos referentes às obras associadas a este grande projecto, estruturantes para o Concelho do Barreiro, de modo a que a AV Lisboa-Madrid e a Terceira Travessia do Tejo ( TTT ) -Barreiro-Chelas ( rodo-ferroviária) sejam uma realidade em 2013;

3- Exortar o Governo e a Câmara para continuarem a colaborar activamento com o objectivo de consolidar o Barreiro como uma importante centralidade ferroviária.
Barreiro, 17 de Dezembro de 2009
O GRUPO MUNICIPAL DO PARTIDO SOCIALISTA

sábado, 19 de dezembro de 2009

Dinossauros tinham sangue quente

Agência FAPESP – Os dinossauros ganharam esse nome do biólogo inglês Richard Owen (1804-1892), com o significado de “lagartos terríveis”. Mas estudos feitos por paleontólogos nos últimos anos têm enfatizado não a semelhança, mas sim a diferença na fisiologia dos vertebrados gigantescos pré-históricos com a dos lagartos atuais.
Uma nova pesquisa, publicada pela revista PLoS One, investiga se os dinossauros eram endotérmicos ou ectotérmicos. Ou seja, se eram mais parecidos com os mamíferos e aves atuais, com sangue quente, ou com o répteis, com sangue frio.
A questão tem implicações importantes. Se os dinossauros eram endotérmicos, eles teriam tido capacidades físicas similares às dos mamíferos e das aves. Poderiam, por exemplo, ter sobrevivido a hábitats mais frios, como montanhas e regiões polares, que matariam os animais ectotérmicos.
Mas essas vantagens têm um preço. Os animais de sangue quente precisam de mais comida do que os outros, porque seu metabolismo mais acelerado exige uma provisão constante de energia.
Segundo o estudo, os dinossauros provavelmente foram endotérmicos. Eram animais atléticos com exigências energéticas muito superiores às que os animais de sangue frio são capazes de suprir.
A pesquisa combinou análise de fósseis, dados da fisiologia de animais atuais e técnicas de modelagem em computador. Um importante dado utilizado foi que o gasto energético de andar e correr está fortemente associado com o tamanho da perna – a medida do quadril aos pés é capaz de estimar com 98% de eficácia o gasto energético de diversos animais terrestres.
Estudos anteriores feitos com animais atuais mostraram que os endotérmicos podem sustentar taxas muito mais elevadas de gasto energético. Mamíferos e aves estão sempre em movimento e queimando energia. Como se estima que os dinossauros também se movimentavam bastante, os cientistas sugerem que eles não poderiam ter sido ectotérmicos.
No novo trabalho, Herman Pontzer, da Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, e colegas aplicaram esses princípios para examinar modelos anatômicos de 14 espécies de dinossauros. Em computador, os pesquisadores reconstruíram os membros dos animais extintos, calculando o volume de músculo necessário para andar ou correr em diferentes velocidades.
Ao comparar os resultados para cada espécie, e organizá-las em uma árvore familiar evolucionárias, os autores verificaram que a endotermia pode ter sido uma condição ancestral para todos os dinossauros. Isso levaria a característica de sangue quente para muito tempo antes do que se imaginava.
Os pesquisadores apontam que a endotermia pode ter sido um dos principais motivos do sucesso evolucionário dos dinossauros durante os períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo.
O artigo de Herman Pontzer e colegas pode ser lido na PLoS One (acesso livre), em www.plosone.org.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Dia de PORTUGAL no Consulado de SP - O REGABOFE CONSULAR PAULISTA

Desde que o consulado português saiu da Casa de Portugal para a nova moradia nos Jardins (Rua Canadá), o "regabofe consular" não pára de nos surpreender.
Agora, até o estacionamento é explorado por uma empresa que cobra 15 reais ao pobre do usuário que precisar de ir tratar dos documentos ao consulado.
E era bom começar por sabermos (já que fomos nós que pagámos) quanto custou a mansão e a sua remodelação por famosos arquitectos. Que negociatas foram feitas pelo consul "provador de vinhos" (o Sr Sousa, já desterrado para Timor). E o Sr embaixador Seixas da Costa (agora em Paris)e que sabe muito, faria um grande favor se nos contasse estas estórias...
A tal "reforma consular" no Brasil limitou-se a reduzir consulados para "botecos consulares" (desde Belém a Santos,Curitiba ou Porto Alegre), não resolveu nenhum problema de pessoal que foi envelhecendo e saindo (alguns ainda ficaram, mesmo com mais de 70 anos), a gestão consular continuou entregue aos curiosos Barreira de Sousa ou Sofia Batalha. E este regabofe de São Paulo, que agora é o local de festas da "socialite" Joyce pascowitch, continua entregue à bicharada, andam por lá uns afilhados de "boa gente" mais uma catrefa de "estagiários" e empresas privadas de call center, de segurança e estacionamento. Ó sr. SECP, faça o favor de nos dizer qual o artigo da Tabela de Emolumentos Consulares onde consta esta coisa de cobrar 15 reais para estacionar o carro. E como é que é contabilizado o aluguer da piscina para as festas da Joyce Pascowitsh?
É que este regabofe não constava da resolução do Conselho de ministros sobre a famigerada "reforma consular" e, como contribuintes (e não sujeitos passivos) temos direito a ser informados.


Adelo

Condições propícias

Por Washington Castilhos
Agência FAPESP – Estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado na 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15), em Copenhague, indica que os anos de 2000 a 2009 correspondem à década mais quente na história, derrubando a tese de que o aquecimento global estaria estacionado a partir de 1998 – ano tido como o mais quente já registrado.
Os dados também indicam que 2009 possivelmente será um dos anos de maior calor, com temperatura 0,44º C superior à média mundial. O Sul do Brasil, por exemplo, registrou um dos outonos mais quentes de sua história e um dos efeitos mais extremos das mudanças climáticas na região têm sido as constantes tempestades – Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm sofrido com tornados e temporais. O clima quente e úmido torna a área um cenário perfeito para o deslocamento de vetores de doenças, como o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Invernos mais quentes favorecem a reprodução de insetos transmissores de doenças como a dengue, a malária e a leishmaniose. No caso da primeira, há a possibilidade da expansão da doença para áreas onde ela não existe.
“No Brasil o Aedes aegypti pode se expandir para o Sul e se tornar endêmico, aumentando a transmissão e a incidência da doença no país”, alerta o médico Ulisses Confalonieri, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e colaborador do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que em 2007 ganhou o Prêmio Nobel da Paz.
“O mosquito da dengue está presente em todo o Brasil, mas no extremo Sul existe em baixa população por causa do inverno mais rigoroso na região. Mas, à medida que a área fica menos fria, a incidência pode aumentar”, disse à Agência FAPESP.
Segundo ele, o mosquito só não é endêmico em Estados como o Rio Grande do Sul por ter baixa população, embora não seja somente o clima que controle a existência do vetor. “Além do clima, há uma série de fatores, como as ações humanas de controle de vetores, a forma como a urbanização é feita e como os resíduos sólidos são descartados, e também a capacidade do ambiente em formar criadouros”, explicou.
Confalonieri lembra que a incidência da dengue está mais condicionada pela temperatura e umidade adequada. “É necessário que chova para fazer umidade”, observou. O problema é que as altas temperaturas e as frequentes chuvas formam condições propícias para o mosquito se multiplicar na região, caso não haja intervenções de controle do vetor e a população não contribua para evitar a formação de criadouros.
“Existe um medo do aparecimento de doenças exóticas, as pessoas acham que o clima vai criar doenças novas. Mas o clima pode é piorar as condições de doenças que já existem e não são controladas”, alertou o pesquisador.
Em 2007, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentou as primeiras projeções climáticas detalhadas para o Brasil até o ano de 2100, utilizando cenários projetados pelo IPCC, por considerá-los os mais adequados à realidade brasileira.
Segundo tais previsões, a região Sul será de 2º C a 4º C mais quente, de 5% a 10% mais chuvosa e apresentará extremos de chuva, enchentes e temperaturas mais intensos, com impactos na agricultura e na saúde da população. Já a região Sudeste ficará de 3º C a 8º C mais quente.
Para Confalonieri, as chuvas que têm assolado o Sul do país podem estar ocorrendo em função dessa mudança no quadro regional do clima, e o que o setor da saúde precisa fazer é um mapeamento das vulnerabilidades.
“A mudança do clima é uma realidade, e os efeitos estão acontecendo de forma comprovada em algumas partes do mundo. Então, temos que saber que regiões do nosso país são mais vulneráveis. Não vulneráveis apenas porque têm ou não o mosquito da dengue ou da malária, mas também por causa da renda baixa e do pouco acesso à educação e à informação, pois fatores sociais, econômicos e culturais tornam vulneráveis uma região e sua população”, destacou.

Impactos diferentes
O pesquisador da Fiocruz atualmente coordena um projeto que pretende traçar índices de vulnerabilidade, fatores socioeconômicos e ambientais de cada município brasileiro.
“Estamos mapeando o que pode ser perdido ou impactado. Os municípios que têm maior diversidade biológica são mais vulneráveis e também aqueles em que historicamente ocorreram eventos extremos de chuva, com perdas de bens materiais”, disse
Segundo Confalonieri, as grandes cidades são impactadas de forma diferente dentro de seus próprios limites geográficos. “Em cidades como Rio de Janeiro e Salvador, por exemplo, as favelas não param de crescer. O grau de vulnerabilidade social e ambiental está aumentando. Temos que estudar o fenômeno climático e o substrato social e cultural. Com a mudança do clima o que vai acontecer com a dengue e com a leptospirose?”, questionou.
No Rio de Janeiro, o projeto já começou e o estudo deverá estar concluído em seis meses. A ideia é fazer o mesmo com cada cidade da Amazônia. “Todo município da Amazônia vai criar um indicador de vulnerabilidade. Devemos lembrar que o aquecimento global é um fenômeno que tem efeitos locais e o efeito principal não é somente o aumento da temperatura”, disse.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Leis fundamentais

Por José Tadeu Arantes

Agência FAPESP – Testar as leis fundamentais da física: é este objetivo grandioso que motiva o Projeto Temático “Física e astrofísica de neutrinos”, coordenado pelo físico Marcelo Moraes Guzzo, professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e apoiado pela FAPESP.
Trata-se de checar suposições como a de que as leis da física não mudam quando se passa de um referencial inercial a outro ou de que a massa inercial de um corpo é equivalente à sua massa gravitacional. “Essas leis e outras do mesmo porte são tidas como certas, mas precisam ser testadas de todas as formas imagináveis. Uma maneira muito poderosa e eficaz de testá-las é por meio dos neutrinos”, disse Guzzo.
O teste se baseia em um fenômeno chamado “oscilação quântica de neutrinos” (OQN), previsto pelo físico italiano Bruno Pontecorvo (1913-1993) em 1957 e comprovado em 1998.
Como todas as partículas subatômicas, os neutrinos se propagam no espaço como ondas. E a OQN é um fenômeno de interferência, semelhante ao que ocorre quando duas ou mais ondas se cruzam na superfície da água. A diferença é que, no caso, não se trata de ondas mecânicas, mas sim quânticas.
“A oscilação quântica de neutrinos é muito sensível a qualquer variação de parâmetros. Por exemplo, se a massa inercial fosse diferente da massa gravitacional por um fator tão pequeno quanto 10 elevado a menos 15 (um milionésimo de bilionésimo), isso já seria suficiente para afetar a OQN. Caso ocorresse, tal alteração desmentiria a equivalência entre massa inercial e massa gravitacional”, explicou Guzzo.
O trabalho do grupo da Unicamp é fazer previsões teóricas que, uma vez publicadas nas revistas especializadas, possam inspirar outras equipes de pesquisa.
Tudo isso parece muito exótico porque o neutrino ainda é uma partícula cercada de mistério. No entanto, os neutrinos são, juntamente com os fótons (corpúsculos de luz ou, mais precisamente, partículas associadas à interação eletromagnética), os objetos mais abundantes no Universo.
Estima-se que para cada próton existam cerca de 10 bilhões de neutrinos. E eles não estão necessariamente longe. Por exemplo, a cada hora o corpo humano emite cerca de 20 milhões de neutrinos, liberados por míseros 20 miligramas de potássio radioativo presentes no organismo.
A cada segundo, os seres humanos são atravessados por aproximadamente 50 bilhões de neutrinos gerados por fontes radioativas naturais da Terra, mais de 100 bilhões saídos de reatores nucleares e de 100 trilhões a 400 trilhões vindos do Sol. Esses últimos chegam inclusive à noite, pois são capazes de atravessar o planeta inteiro, entrando por um lado e saindo pelo outro.
De onde vem, então, a aura de mistério que circunda essa partícula? Vem do fato de que ela praticamente não interage com nada. Tanto assim que, em 1934, o famoso físico judeu-alemão Hans Bethe (1906-2005) chegou a afirmar que o neutrino jamais seria observado.
No entanto, em junho de 1956, Clyde Cowan (1919-1974) e Fred Reines (1918-1998), dois físicos do Laboratório de Los Alamos, nos Estados Unidos, o mesmo onde foi produzida a bomba atômica, conseguiram desmentir a profecia e detectar o fugidio corpúsculo.
Mas a detecção ainda é um problema. Além de ser feita de maneira indireta, exige quantidades descomunais de neutrinos e detectores gigantescos, como o Super-Kamiokande, no Japão, e o IMB (Irvine, Michigan, Brookhaven), nos Estados Unidos.
Com massas da ordem de 50 mil toneladas e enterrados em grandes profundidades, para barrar a influência dos raios cósmicos, esses detectores utilizam água puríssima, na qual o trânsito ultrarrápido das partículas produz indiretamente, por meio de uma sucessão de efeitos, uma luminescência azulada, conhecida como radiação de Cherenkov.

Massa enigmática
A existência do neutrino foi proposta teoricamente por Wolfgang Pauli (1900-1958) em 1930, com o objetivo de explicar por que, no decaimento beta (processo de desintegração em que um núcleo atômico se transforma em outro e emite um elétron), a energia do elétron emitido não correspondia ao valor esperado.
Segundo o grande físico austríaco, uma partícula, que ele chamou de “X”, carregava consigo a energia que faltava ao elétron. Sabe-se, hoje, que o decaimento beta corresponde à desintegração do nêutron, detectado em 1932 pelo inglês James Chadwick (1891-1974).
O físico italiano Enrico Fermi (1901-1954) rebatizou a “partícula X” com o nome de neutrino, para indicar que ela era eletricamente neutra e possuía muito pouca massa. Além disso, Fermi utilizou a hipótese do neutrino para elaborar uma teoria abrangente do decaimento beta. Nela, descrevia o espectro de energia do decaimento beta para um neutrino de massa nula e como o espectro mudaria se o neutrino tivesse uma pequena massa.
A questão da massa do neutrino arrastou-se por décadas e ainda não está inteiramente resolvida. Durante muito tempo acreditou-se que essa partícula, assim como o fóton, teria massa nula. Hoje admite-se uma massa diferente de zero, porém seu valor exato continua desconhecido.
Embora muito pequena, várias ordens de grandeza menor do que a massa do elétron, a massa do neutrino desempenharia um papel crucial no balanço gravitacional do Universo, devido ao número literalmente astronômico dessas partículas.
Graças aos detectores gigantes, o estudo dos neutrinos avançou muito nas últimas décadas. “Com o aprimoramento dos métodos de detecção, essas partículas ainda misteriosas poderão vir a ser uma excelente fonte de informação sobre regiões distantes – como, por exemplo, o centro do Sol”, disse Guzzo.
Os fótons gerados no centro do Sol levam cerca de 1 milhão de anos para alcançar a superfície de nossa estrela e daí viajar para a Terra. Os neutrinos, devido ao fato de praticamente não interagirem com nenhuma outra partícula, viajam do centro do Sol à Terra em apenas 8 minutos.
“Em outras palavras, as informações trazidas pela radiação eletromagnética acerca do núcleo solar são velhas. As informações trazidas pelos neutrinos são novas em folha. Precisamos apenas descobrir como acessá-las”, destacou Guzzo.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Tráfico ameaça avanços na construção da paz, diz ONU

Bissau, 9 dez (Lusa) - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, afirmou no Conselho de Segurança (CS) que o tráfico de drogas é uma ameaça aos avanços feitos no âmbito da construção da paz na Guiné-Bissau, Serra Leoa, Libéria, Haiti e Afeganistão.

Ki-Moon falava ao Conselho de Segurança da ONU no âmbito do debate sobre “Paz e Segurança em África: o tráfico de drogas, uma ameaça para a segurança internacional”.

“O caráter transnacional da ameaça significa que nenhum país a pode combater sozinho”, afirmou Ki-moon, pedindo um trabalho conjunto entre os países.

“A luta contra o tráfico de droga precisa de constante vontade política e de importantes recursos”, frisou, acrescentando que os países devem trocar informações, realizar operações conjuntas e prestar assistência mútua.

Na mesma sessão, o diretor-executivo do Gabinete das Nações Unidas de Combate à Droga e ao Crime, António Maria Costa, disse que o tráfico de droga está aumentando na África.

“Hoje, com ataques de vários lados, o continente está a enfrentar um sério e complexo problema de drogas: não só tráfico de droga, mas também de produção e consumo”, afirmou Costa, frisando que vão existir graves problemas ao nível da saúde, desenvolvimento e segurança.

Segundo ele, o continente está sendo afetado pelo tráfico de cocaína, proveniente da região oeste, e de heroína oriunda do leste.

“Há evidência que duas redes de tráfico ilícito de drogas - heroína pela África Oriental e cocaína pela África Ocidental -, confluíram no Saara, criando novas rotas ao longo do Chade, Níger e Mali”, afirmou.

Costa também declarou que “terroristas e forças anti-governamentais do Sahel estão obtendo recursos a partir do tráfico de droga para financiar as suas operações”.

O diretor da UNODC avisou também que o tráfico de droga naquela região tem uma nova dimensão, ou seja, é maior, mais rápido e com maior uso de tecnologia.

Alerta Vermelho: A segunda vaga do tsunami financeiro

– A vaga está a ganhar força e pode atacar entre o 1º e o 2º trimestre de 2010

Por: Matthias Chang

Muitos dos meus amigos que têm recebido os meus alertas por email nos últimos dois anos têm-se queixado de que nas últimas semanas não tenho comentado o estado da economia global. Compreendo a ansiedade mas eles esquecem-se de que eu não sou um analista do mercado de acções pago para escrever artigos a fim de atrair os investidores para o mercado. O meu sítio web é gratuito e eu não vendo uma folha informativa financeira portanto não preciso de cozinhar previsões ou análises diárias.

No entanto, quando os dados são convincentes e indicam uma tendência inevitável, chega a altura de mais uma análise. Este Alerta Vermelho pretende capacitar os visitantes do meu website a efectuar as acções adequadas para salvaguardar a sua riqueza e o bem-estar das suas famílias nos próximos meses.

Desde o último trimestre de 2008 as principais economias globais têm vindo a travar uma guerra implacável de divisas e embora até agora esta competição não tenha sido antagónica, em breve será antagónica porque as diferenças inerentes são irreconciliáveis. As consequências para a economia global vão ser devastadoras e para as pessoas vulgares está garantido o desemprego maciço e a intranquilidade social.

Os politólogos desses países, confrontados com o colapso total da arquitectura financeira internacional, chegaram à conclusão de que a solução, a única solução é uma facilidade quantitativa (ou seja, a injecção maciça de liquidez) para salvaguardar os bancos "demasiado grandes para falir" e reflacionar as suas economias em depressão. Isto reflecte-se melhor na cândida observação de Bernanke de que "o governo dos EUA tem uma tecnologia, chamada a impressora (ou actualmente, o seu equivalente electrónico), que lhe permite produzir tantos dólares quantos pretender praticamente sem qualquer custo"

É este o problema crucial!

As diferenças irreconciliáveis

Há cerca de duas décadas, as elites financeiras globais decidiram que o enquadramento da economia global deve consistir em:

1) Um sistema global baseado em derivativos, controlado pelo Federal Reserve Bank dos EUA e os bancos globais seus associados nos países desenvolvidos.

2) A relocalização da produção de bens do ocidente para Leste, principalmente para a China e para a Índia para "alimentar" as economias desenvolvidas.

Todo o sistema foi montado num princípio simples, o de uma divisa de reserva global controlada pelo FED que seria o motor de desenvolvimento para a economia global. É essencialmente um princípio económico imperialista.

Quando tomamos consciência desta verdade fundamental, o facto de Bernanke se gabar de que "os EUA podem produzir tantos dólares quantos quiser sem qualquer custo" assume uma dimensão diferente.

Falei com numerosos economistas e, quando lhes perguntei qual é o cerne do actual problema financeiro, todos eles respondem em uníssono, "são os desequilíbrios globais… o ocidente consome demais enquanto que o Leste poupa demais e não consome o suficiente". Isto é exemplificado pelos enormes défices comerciais dos EUA por um lado e pelos excedentes enormes da China, pelo outro.

Uma sabedoria incrível e quase toda a gente repete esta lenga-lenga. As conclusões da recente Cimeira da APEC [Asia-Pacific Economic Cooperation] não foram diferentes. Repetiu-se esta lenga-lenga assim como o apelo a um comércio mais livre entre as nações comerciantes.

Isto é uma enorme mistificação. Todos os dirigentes actuais na cena mundial estão corrompidos até ao tutano e por isso não estão interessados em chamar as coisas pelos seus nomes e em expor as contradições inerentes no seio do sistema financeiro existente.

O apelo a um mundo multi-polar não tem sentido quando todo o sistema financeiro global se baseia na divisa de reserva do dólar americano. É esta a contradição inerente ao sistema actual e os problemas a ele associados não podem ser resolvidos por outra divisa de reserva global baseada nos Direitos Especiais de Saque [1] do FMI conforme defendido por alguns países. Já estava morto, no momento em que foi concebido!

Os dirigentes da China, do Japão e dos países produtores de petróleo do Médio Oriente estão todos a praguejar e a enfurecer-se com a situação actual, mas não têm a coragem das convicções para dizer abertamente aos seus compatriotas que foram enganados pelos mestres financeiros do Fed que agem segundo as instruções da Goldman Sachs.

Digam-me, que dirigente é capaz de reconhecer que trocou a riqueza da nação por papel higiénico?

A pantomima da divisa de papel higiénico continua.

Chegámos agora a um beco sem saída na actual guerra de divisas, não muito diferente da situação da Guerra Fria entre os países do pacto da NATO e os países do pacto de Varsóvia. Ambos os lados foram dissuadidos pela doutrina das guerras nucleares do MAD (Destruição Mútua Assegurada). Os custos para os dois lados foram tremendos e só quando a União Soviética não pôde continuar com o ritmo e com o custo de manter um dissuasor nuclear e foi forçada a declarar falência é que o equilíbrio pendeu a favor da aliança da NATO.

Mas foi uma vitória de Pirro para os EUA e seus aliados. O que sustentava a capacidade dos EUA de manter o seu poder militar e sobrepor-se à União Soviética era o direito de imprimir divisas de papel higiénico e a aceitação do dólar americano pelos seus aliados como divisa de reserva mundial.

Mas porque é que os países aliados dos EUA durante a Guerra Fria aceitaram esse status quo?

Muito simples! Todos foram levados a crer que, sem a protecção do Big Brother e da sua sombra militar, seriam engolidos pela ameaça comunista. Concordaram em marchar ao som do Flautista Mágico americano.

A grande questão seguinte – porque é que os antigos aliados comunistas chamados "libertados" do bloco soviético se juntaram à maioria?

Muito simples! Todos acreditaram na ilusão, que foi alimentada pelos bancos globais liderados pela Goldman Sachs, de que o comércio e a venda dos seus bens e serviços em divisas de reserva de papel higiénico americano lhes garantiria uma riqueza e prosperidade nunca vistas.

Mas o maior jogo da cidade foi o gambito na Ásia. O Japão, após uma década de recessão na sequência do rebentamento da sua bolha imobiliária não tinha meios nem capacidade para passar para o nível seguinte do jogo, conforme planeado pelos arquitectos financeiros da Goldman Sachs.

E a China foi o maior beneficiário. A gestão sénior da Goldman Sachs firmou um pacto secreto com os dirigentes da China que, em troca de orquestrar a enorme injecção de capital em dólares americanos e a relocalização por atacado da capacidade manufactureira, as maiores da história da economia global, a China reciclaria a sua riqueza de divisas de reserva de papel higiénico americano, duramente arrebanhada, em títulos do tesouro americanos e outros instrumentos de dívida americana.

Foi a condição necessária, o pré-requisito para o casino financeiro global passar para o nível seguinte do jogo.

Porquê?

O novo jogo

Os arquitectos financeiros da Goldman Sachs tinham um plano de mestre – dominar o sistema financeiro global. Os meios para conseguir este poder financeiro eram o Sistema Bancário Sombra, em que a cavilha era o mercado de derivativos e a titularização de valores, reais e sintéticos. As apostas seriam elevadas, na ordem das centenas de milhões de milhões de dólares americanos e a forma de transformar o mercado seria através duma alavancagem maciça a todos os níveis do jogo financeiro.

Mas havia uma fraqueza inerente no esquema geral – a ameaça da inflação, mais precisamente a hiperinflação. Tais quantidades enormes de liquidez no sistema iriam inevitavelmente provocar a depreciação da divisa de reserva e a confiança no sistema.

Daí a necessidade de um sistema para manter controlada a inflação dos preços e a ilusão de que se podia manter o poder de compra da divisa de reserva de papel higiénico.

É aqui que entra a China. Quando a China passasse a ser a fábrica do mundo, o problema ficaria resolvido. Quando um fato que custava anteriormente 600 dólares pudesse ser adquirido por menos de 100 dólares e um par de sapatos por menos de 5 dólares, os cérebros vigaristas chegaram à conclusão de que não haveria nenhuma ameaça previsível para a maior operação de casino da história.

A China concordou com a troca porque tem mais de mil milhões de bocas para alimentar e precisava de garantir centenas de milhões de empregos, sem o que o sistema não podia ser mantido. Mas a China foi suficientemente pragmática para ter dois "sistemas económicos" – uma economia interna baseada no yuan e uma economia de exportação baseada no dólar americano, na esperança de que os lucros e os benefícios da economia de exportação possibilitassem que a China transformasse e instaurasse um mercado interno viável e dinâmico que com o tempo substituísse a economia dependente das exportações. Foi um negócio feito com o diabo, mas não havia opções alternativas viáveis na altura, principalmente após o colapso da União Soviética.

O nível seguinte do jogo

Chegou-se ao nível seguinte do jogo quando a divisa de reserva de papel higiénico passou a virtual – através da simples operação de um clique do rato nos computadores dos bancos globais.

Os figurões da Goldman Sachs e de outros bancos globais ficaram delirantes por entregar à mafia Las Vegas e os seus miseráveis milhares de milhões em troca. Os lucros foram considerados trocos em comparação com as centenas de milhões de milhões gerados pelo casino virtual. Foi uma conquista financeira para além dos sonhos mais delirantes. Até se intitularam "Mestres do Universo". O novo jogo era criar dívidas maciças, e os figurões até podiam alavancar mais de 40 vezes o capital! Os valores dos activos dispararam com tanta liquidez perseguindo tão poucos activos de valor real.

Mas os feiticeiros financeiros falharam ao apreciar e/ou subestimar a quantidade de produtos financeiros necessários para manter o andamento do jogo. Recorreram à engenharia financeira – a titularização de valores. E quando os valores reais se revelaram insuficientes para a titularização, criaram-se valores sintéticos. Em breve, o lixo tóxico passou a ser considerado como um instrumento legítimo para o jogo desde que pudesse ser alijado para idiotas gananciosos sem apelo aos criadores desses supostos investimentos.

Durante algum tempo, pareceu que os bruxos financeiros tinham resolvido o problema de como alimentar o monstro do casino global.

Infelizmente, a música parou e a bolha rebentou! E como eles dizem, o resto passou à história.

O remédio da Goldman Sachs

Quando as perdas são de milhões de milhões de dólares e os valores/capital remanescente são de milhões de milhões de dólares, temos um problema gigantesco – um buraco negro financeiro.

O remédio preferido pelos génios financeiros da Goldman Sachs foi criar outra ilusão – a de que, se os grandes bancos globais falissem provocando um colapso sistémico, haveria um Armagedão. Estes bancos "demasiado grandes para falir" tinham que ser injectados com uma quantidade enorme de dinheiro virtual para se recapitalizarem e se verem livres dos activos tóxicos dos seus balanços. Os principais bancos centrais nos países desenvolvidos, de mãos dadas com a Goldman Sachs, cantaram a mesma melodia. Foram conjurados todos os tipos de esquemas para legitimar esta operação de salvamento.

Em essência, o que transpirou foi a simples transferência de dinheiro da algibeira esquerda para a algibeira direita, com a ideia enganadora de que eram de facto os bancos que estavam a ajudar o governo a ultrapassar a crise financeira.

O Fed e os principais bancos centrais acordaram em emprestar "dinheiro virtual" aos bancos globais "demasiado grandes para falir" a uma taxa de juro zero ou quase zero e esses bancos, por sua vez, "depositariam" esse dinheiro no Fed e noutros bancos centrais com taxas de juro acordadas. Estas transacções eram todas elas simples lançamentos nos livros. Usam-se outros "empréstimos" do Fed e dos bancos centrais (mais uma vez a taxas de juro zero ou quase zero) para compra de dívidas do governo, em que essas dívidas são o dinheiro de estímulo necessário para revitalizar a economia real e criar empregos para os desempregados em número cada vez maior. Portanto, em essência, dá-se a esses bancos "dinheiro de graça" para emprestar ao governo a taxas de juro previamente estabelecidas sem qualquer risco. Isto é uma vigarice!

Estes "dinheiros" nem sequer são notas de dólar, mas apenas lançamentos em livros criados a partir do nada.

Por isso quando o Fed injecta milhões de milhões de dólares no sistema bancário, está apenas a creditar essa quantia nas contas dos bancos "demasiado grandes para falir" no Fed.

Quando o sistema é aplicado ao comércio internacional, utiliza-se o mesmo modus operandi para pagar os bens importados da China, do Japão, etc.

Quanto ao resto do mundo, esses países, quando compram bens denominados em dólares americanos, têm que produzir bens e serviços, e vendê-los em dólares a fim de comprar os bens necessários ao seu país. Posto de forma simples, têm que ganhar uma receita para comprar quaisquer bens e serviços que precisarem. Em contraste, tudo o que os EUA precisam fazer é criar dinheiro a partir do ar e usá-lo para pagar as suas importações!

Os EUA podem continuar com esta vigarice porque tem o músculo militar para impor e impingir esta fraude. Conforme se afirmou anteriormente, este status quo foi aceite principalmente durante a Guerra Fria e, com alguma relutância, após o colapso da União Soviética, mas com uma condição prévia – de que os EUA concordassem em ser o consumidor de último recurso. Esta disposição proporcionou algum conforto porque os países que venderam os seus bens aos EUA, podem agora utilizar os dólares para comprar bens a outros países já que mais de 80 por cento do comércio mundial está denominado em dólares, especialmente o petróleo, a linha da vida da economia global.

Mas com os EUA em plena bancarrota e os seus cidadãos (os maiores consumidores do mundo) sem capacidade para pedir emprestado mais dinheiro para comprar extravagâncias à China, ao Japão e ao resto do mundo, a procura do dólar evaporou-se. A situação do dólar como divisa de reserva e a sua utilidade está a ser posta em causa mais abertamente.

O fim do jogo

A situação actual pode ser resumida em termos simples:

Deveria ser permitido a um país em bancarrota (os EUA) utilizar dinheiro criado a partir do nada para pagar bens produzidos com o suor e lágrimas de cidadãos esforçados dos países exportadores? A acrescentar o insulto à injúria, esses mesmos dólares estão actualmente a comprar muito menos do que dantes. Então, para que serve ser pago numa divisa que está rapidamente a perder o seu valor?

Por outro lado, os EUA estão a dizer a todo o mundo, em especial aos chineses que, se não estiverem satisfeitos com o status quo, não há nada que os impeça de vender a outros países e de aceitar as divisas deles. Mas se quiserem vender aos poderosos EUA, têm que aceitar a divisa de reserva de papel higiénico americana e o seu direito de criar dinheiro a partir do nada!

Este é o jogo de póquer final e quem pestanejar primeiro perde e sofrerá consequências financeiras irreparáveis. Mas quem é que tem a mão vencedora?

Os EUA não têm a mão vencedora. A China também não tem a mão vencedora.

Este estado de coisas não pode continuar por muito tempo pois, quaisquer que sejam as cartas que os EUA ou a China possam estar a pensar atirar para cima da mesa para conquistar uma vantagem estratégica, os ganhos a curto prazo serão ganhos de Pirro, pois não conseguirão resolver as contradições antagónicas subjacentes.

Quando a sobrevivência do sistema está dependente da disponibilidade de crédito (ou seja, da acumulação de mais dívidas) trata-se apenas de uma questão de tempo antes de que, tanto o devedor como o credor, cheguem à conclusão inevitável de que a dívida nunca irá ser paga. E, a não ser que o credor esteja disposto a renunciar à sua dívida, é inevitável que recorra a meios drásticos para cobrar a dívida considerável.

Seria ingénuo pensar que os EUA permitirão calmamente serem penhorados! Quando chegarmos a essa situação, será inevitável a guerra. Será o eixo EUA-Reino Unido-Israel contra o resto do mundo.

O prelúdio para o fim do jogo

A economia dos EUA irá entrar numa espiral vertiginosa nos próximos meses e atingirá o seu ponto crítico no fim do primeiro trimestre de 2010 e explodirá no segundo trimestre.

Os maciços milhões de milhões de dólares de estímulo não conseguiram dar a volta à economia. A gigantesca transfusão de sangue pode ter mantido o paciente vivo, mas há numerosos sinais de falência de muitos órgãos.

Vai haver outra vaga de penhoras de propriedades residenciais e, mais importante ainda, de propriedades comerciais no final de Dezembro e inícios de 2010. E as propriedades penhoradas em 2009 vão levar a preços rebaixados quando chegarem ao mercado. Os valores das habitações e estabelecimentos comerciais vão cair a pique. Os balanços dos bancos vão ficar feios e quaisquer que sejam os "lucros registados" nos últimos dois trimestres de 2009 não serão suficientes para cobrir a tinta vermelha adicional.

Perante esta situação, será que o Fed vai continuar a comprar garantias apoiadas em hipotecas para estimular os mercados? O Fed já gastou milhões de milhões a comprar as hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac sem qualquer possível comprador substituto à vista. Por isso, o balanço do Fed é tão tóxico como o dos bancos "demasiado grandes para falir" que socorreu.

Nestas circunstâncias, não faz sentido que haja quem afirme que o pior já passou e que a economia global está a caminho da recuperação.

E o sinal mais seguro de que nada está bem com os grandes bancos, é o recente discurso do presidente do Federal Reserve Bank of New York, William Dudley, em Princeton, New Jersey, quando disse que o Fed vai reduzir o risco duma futura crise de liquidez concedendo um "escudo" a firmas solventes com colaterais suficientes.

Este aviso e garantia merece uma análise mais aprofundada. Primeiro, é uma contradição afirmar que uma firma solvente com colaterais suficientes poderá de facto deparar-se com uma crise de liquidez para justificar a necessidade de um pedido de ajuda ao Fed. Na verdade é o reconhecimento de que os bancos não estão suficientemente capitalizados e que, quando forem atingidos de novo pela segunda vaga do tsunami, não haverá confiança nenhuma.

Dudley disse mesmo que, "o banco central pode funcionar como o prestamista de último recurso… [e isso reduzirá] o risco do pânico estimulado pela incerteza entre os prestamistas quanto ao que outros credores possam pensar".

Para pôr as coisas cruamente, o que ele está a dizer é que o Fed se vai esforçar por evitar a repetição do colapso do Bear Stearns, da Lehman Bros e da AIG. É também uma indicação de que os restantes grandes bancos estão em dificuldades.

É interessante notar que um relatório da Bloomberg no início de Novembro revelou que o Citigroup Inc e o JP Morgan Chase têm vindo a acumular dinheiro líquido. O primeiro quase duplicou o seu stock de dinheiro para 244,2 mil milhões de dólares. No caso do segundo, o amontoar de dinheiro atingiu os 453,6 mil milhões de dólares. Contudo, perante esta acumulação nos principais bancos, o New York Federal Reserve Bank teve que tranquilizar a comunidade financeira de que está pronto a injectar uma liquidez maciça para escorar o sistema.

Não deve surpreender ninguém que o valor do dólar esteja a apontar para o Sul.

Quando as divisas se degradam, aumenta a volatilidade no mercado de acções. Mas os ganhos não compensam os riscos e se ainda existir alguém no mercado, serão varridos no 1º trimestre de 2010. O S&P [2] pode ter aumentado desde o início do ano em mais de 25 por cento mas foi ultrapassado pelo ouro. Os ganhos também ficaram atrás da taxa de inflação oficial dos EUA. Na verdade constituíram um retorno total após inflação de aproximadamente menos de 25 por cento. Quando Meredith Whitney observou que "Não sei o que é que se passa no mercado neste momento, porque para mim não faz sentido", é altura de sair do mercado rapidamente.

Num relatório para os seus clientes a Société Générale [3] avisou que a dívida pública seria enorme nos dois anos seguintes – 105 por cento do PIB no Reino Unido, 125 por cento nos EUA e na Europa e 270 por cento no Japão. A dívida global deveria atingir os 45 milhões de milhões de dólares.

Estas dívidas vão ter que ser pagas um dia. Como é que vão ser pagas?

Se formos atrás do que Bernanke tem andado a pregar e a praticar, significa que será criada mais divisa de papel higiénico para pagar as dívidas.

Em consequência disso, a desvalorização das divisas vai continuar o que agravará ainda mais as tensões existentes entre as economias em competição. E quando os credores se fartarem desta vigarice do papel higiénico, podem esperar reacções violentas!
22/Novembro/2009



Original em: http://futurefastforward.com/feature-articles/2820

Florestas em código

Por Fábio Reynol

Agência FAPESP – Há mais espécies vegetais em um hectare da Floresta Amazônica do que em todos os países da Europa juntos. Essa comparação abriu a palestra do biólogo Christopher Dick no Simpósio Internacional sobre DNA Barcoding do Programa Biota-FAPESP, realizado na semana passada na sede da Fundação.
Dick é professor do Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionista da Universidade de Michigan, Estados Unidos, e passou cinco anos no Estado do Amazonas durante o seu doutorado.
A comparação do pesquisador teve como propósito mostrar a importância de se utilizar o método de DNA barcoding no desbravamento de novas fronteiras da taxonomia (classificação biológica) ao ampliar o número de espécies conhecidas.
DNA barcoding é um método que utiliza um trecho do DNA de cerca de 650 nucleotídeos como marcador para caracterizar espécies. Trata-se de uma sequência extremamente curta em relação à totalidade do genoma, que nos humanos, por exemplo, tem 3 bilhões de pares de bases.
O método, que tende a ser rápido e barato, pode identificar uma espécie a partir de uma pequena amostra de tecido. Por isso, tem aplicações potenciais que vão desde o combate à biopirataria até o controle de pragas e a investigação forense.
“Mas trata-se de um trabalho gigantesco. Em comparação a outros biomas, as florestas tropicais têm uma biodiversidade muito maior. São cerca de 22,5 mil espécies de árvores por hectare contra 61 na tundra canadense e cerca de 300 nas florestas temperadas da América do Norte”, disse.
Esse grande volume associado à dificuldade de deslocamento nas florestas tropicais torna o trabalho de coleta de espécies ainda mais difícil. “Para coletar flores, por exemplo, o pesquisador deve atuar na época de floradas, e, mesmo assim, elas podem estar fora de seu alcance”, disse Dick, que recomenda como prioridade classificar as espécies já conhecidas antes de identificar as desconhecidas.
Segundo o cientista, o DNA barcoding é uma ferramenta importante nessa tarefa mesmo apresentando limitações como, por exemplo, falhas em alguns dos casos, especialmente em espécies geneticamente muito próximas.

Digital biológica
“Graças à técnica, por exemplo, foi possível identificar hábitos alimentares de besouros e outros insetos herbívoros. A análise de material coletado de seus sistemas digestivos revelou as espécies vegetais das quais eles se alimentavam”, contou.
De acordo com o professor da Universidade de Michigan, o DNA barcoding também tem ajudado a eliminar ambiguidades taxonômicas ao conferir uma “impressão digital” a cada espécie, de modo que ela possa receber a mesma classificação se descoberta por pesquisadores diferentes.
Os maiores desafios para a elaboração desse grande inventário vegetal tropical vão além das técnicas utilizadas. “Há cada vez menos taxonomistas. Temos, com certeza, um gargalo nessa área”, disse Dick. Segundo ele, 1% das espécies coletadas nos trópicos são novidade para a ciência e há poucos profissionais para classificá-las.
O pesquisador norte-americano destacou também a necessidade de se manter herbários e bases de dados em bioinformática e de se investir em pesquisa de longo prazo em uma pequena e única área.
“Na reserva Ducke, em Manaus, por exemplo, foi preciso décadas para se encontrar e classificar 55 novas espécies”, disse ao se referir à reserva urbana na capital amazonense na qual realizou o doutorado.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Continua o Governo a alimentar a "malta"

O Governo continua, passados todos estes anos pós 1974, a alimentar um autentico saco sem fundo de apoios as empresas publicas ou semi-publicas, com 457,4 milhões de euros em chamadas indemnizações compensatórias correspondentes ao ano de 2009, o que dá mais 11 por cento do que no ano passado.
O encargo com o passe escolar é na ordem dos 15,8 milhões de euros e, portanto; trata-se de assegurar que estes serviços públicos são efetivamente prestados aos cidadãos. E, naturalmente, têm um custo da parte do Orçamento do Estado", mas e os outros; como a RTP que até vende publicidade e serviços...
Veja-se que a RTP recebeu 143,1 milhões, a Carris 53,9 milhões, a Refer 43,3 milhões, a CP 34,7 milhões e o Metro de Lisboa 28 milhões.
Já ia sendo tempo de Portugal mudar esta situação, e fazer com que os gestores encontrem formas de gestão para tapar estes buracos financeiros, ainda mais que se trata de prestadores de serviços, a que a maioria dos portugueses tem realmente acesso, mas que alguns estão a pagar por bens e serviços dos quais efetivamente não se servem.
Estas idéias nascidas no Prec, já deviam ter sido mortas e enterradas, pois não se justifica nos dias de hoje que empresas prestadoras de serviços continuem a jogar com o dinheiro dos portugueses ao invés de se organizarem e gerirem os seus bens e recursos, prestando devidamente os serviços de um modo equilibrado e que contribua para a harmonia social.
Estar sempre a espera do ovo no cu da galinha, é um mau principio, que tem custos a novel nacional vergonhosos.

sábado, 5 de dezembro de 2009

MISSIONÁRIO COM RISCO

Não se trata de algum religioso que esteja em risco físico pessoal, mas sim da famosa posição re relacionamento sexual conhecida por ‘missionário’; em que, por regra, o homem está sobre a mulher, e que é considerada a mais popular, mas que segundos os médicos é também a que envolve mais risco de contrair o vírus H1N1.
Todo o cuidado é pouco, pelo que as publicações norte-americanas como a ‘Newsweek’ sugerem que a fim de reduzir ainda mais os riscos de infecção do vírus H1N1, se tenha como último recurso, a suspensão da actividade sexual.
Nos Estados Unidos, recorde--se, já morreram 2500 pessoas vítimas de gripe A. Quem sabe se a responsabilidade se tem que apontar ao tal de missionário...
Se a moda pegar, ainda vamos ver os médicos portugueses a sugerirem abstinência sexual como medida mais eficiente que a própria vacina na luta contra a famosa, e propagandística vacina.
É que segundo consta, o negócios das vacinas; desta feita não esta a beneficiar muito os clínicos em termos diretos, mas mais o ministério... e claro quem pelos seus corredores circula...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Até os “xuxas” já batem forte no senhor Pinto...

Henrique Neto arrasa Sócrates e a justiça..., e se ele o diz; quem somos nós para duvidar das suas palavras, uma vez que estamos a vêr e sentir precisamente a mesma coisa...

O empresário e militante socialista Henrique Neto aproveitou a sua coluna de opinião no Jornal de Leiria para mais um violento ataque ao primeiro-ministro, a propósito, nomeadamente, do processo "Face Oculta". Segundo Neto, "passados quatro anos e meio de Governo de José Sócrates, a credibilidade da justiça portuguesa bateu no fundo". "O primeiro-ministro tudo faz para esconder dos portugueses as conversas em que foi apanhado ao telefone a organizar o apoio às empresas do regime" e o presidente do STJ e o PGR "entendem-se com o mesmo objectivo, com base numa lei feita pelo actual Governo". Já o investimento público está a ser dirigido pelo Governo para as "empresas do regime" ("EDP, a PT, a Mota Engil, a Ongoing, Joaquim de Oliveira, a Martifer, a Sá Couto e quejandos") com "recursos que são retirados ao investimento privado, nomeadamente exportador". "A grande prioridade de José Sócrates não são os postos de trabalho, mas a ajuda às empresas do regime e o controlo dos meios de comunicação, para que os portugueses não se apercebam disso.