quarta-feira, 27 de julho de 2011

Acusações de traição agitam cúpulas da distrital do PSD de Santarem

O tesoureiro da comissão política distrital de Santarém do PSD, António Campos, encontra-se demissionário e deverá formalizar em breve a sua renúncia ao cargo. Em causa estão divergências políticas com o presidente dessa estrutura partidária, Vasco Cunha, que se tornaram insanáveis ao ponto de terem minado a confiança política e o relacionamento pessoal entre ambos.
Durante uma entrevista a O MIRANTE realizada na passada semana e publicada nesta edição, Vasco Cunha referiu a dado passo que perdeu a confiança política em António Campos, adiantando que não admite “traições” entre o seu núcleo duro. Vasco Cunha reconhece que as divergências “tiveram maior expressão na composição da lista de deputados, mas é um processo que já vinha de trás, que se iniciou com a ideia do congresso distrital”.
António Campos responde na mesma moeda, dizendo que foi Vasco Cunha quem atraiçoou o partido ao alterar a metodologia de escolha dos candidatos a deputados que vigorava há 30 anos. E refere que decidiu sair por não se rever no projecto nem na liderança da actual distrital.
O militante de Santarém diz mesmo que “a bem do partido” Vasco Cunha devia demitir-se e promover eleições, até para acertar o calendário eleitoral da distrital com o novo ciclo político saído das legislativas de Junho. 

O Mirante

Nota: Pelo que se pode constatar as coisas lá para as bandas de santarem não andam muito calmas, e nem Relvas consegue colocar agua na fervura. tenho cá para mim que a Distrital vai mudar de mãos a curto prazo...

terça-feira, 26 de julho de 2011

EU JÁ VIVI O VOSSO FUTURO - Declarações do escritor e dissidente soviético, Vladimir Bukovsky, sobre o Tratado de Lisboa

"É surpreendente que, após ter enterrado um monstro, a URSS, se tenha construído outro semelhante: a União Europeia (UE).
O que é, exactamente a União Europeia? Talvez fiquemos a sabê-lo examinando a sua versão soviética.
A URSS era governada por quinze pessoas não eleitas que se cooptavam mutuamente e não tinham que responder perante ninguém. A UE é governada por duas dúzias de pessoas que se reúnem à porta fechada e, também não têm que responder perante ninguém, sendo politicamente impunes.
Poderá dizer-se que a UE tem um Parlamento. A URSS também tinha uma espécie de Parlamento, o Soviete Supremo. Nós, (na URSS) aprovámos, sem discussão, as decisões do Politburo, como na prática acontece no Parlamento Europeu, em que o uso da palavra concedido a cada grupo está limitado, frequentemente, a um minuto por cada interveniente.
Na UE há centenas de milhares de eurocratas com vencimentos muito elevados, com prémios e privilégios enormes e, com imunidade judicial vitalícia, sendo apenas transferidos de um posto para outro, façam bem ou façam mal. Não é a URSS escarrada?
A URSS foi criada sob coacção, muitas vezes pela via da ocupação militar. No caso da Europa está a criar-se uma UE, não sob a força das armas, mas pelo constrangimento e pelo terror económicos.
Para poder continuar a existir, a URSS expandiu-se de forma crescente. Desde que deixou de crescer, começou a desabar. Suspeito que venha a acontecer o mesmo com a UE. Proclamou-se que o objectivo da URSS era criar uma nova entidade histórica: o Povo Soviético. Era necessário esquecer as nacionalidades, as tradições e os costumes. O mesmo acontece com a UE parece. A UE não quer que sejais ingleses ou franceses, pretende dar-vos uma nova identidade: ser «europeus», reprimindo os vosso sentimentos nacionais e, forçar-vos a viver numa comunidade multinacional. Setenta e três anos deste sistema na URSS acabaram em mais conflitos étnicos, como não aconteceu em nenhuma outra parte do mundo.
Um dos objectivos «grandiosos» da URSS era destruir os estados-nação. É exactamente isso que vemos na Europa, hoje. Bruxelas tem a intenção de fagocitar os estados-nação para que deixem de existir.
O sistema soviético era corrupto de alto a baixo. Acontece a mesma coisa na UE. Os procedimentos antidemocráticos que víamos na URSS florescem na UE. Os que se lhe opõem ou os denunciam são amordaçados ou punidos. Nada mudou. Na URSS tínhamos o «goulag». Creio que ele também existe na UE. Um goulag intelectual, designado por «politicamente correcto». Experimentai dizer o que pensais sobre questões como a raça e a sexualidade. Se as vossas opiniões não forem «boas», «politicamente correctas», sereis ostracizados. É o começo do «goulag». É o princípio da perda da vossa liberdade. Na URSS pensava-se que só um estado federal evitaria a guerra. Dizem-nos exactamente a mesma coisa na UE. Em resumo, é a mesma ideologia em ambos os sistemas. A UE é o velho modelo soviético vestido à moda ocidental. Mas, como a URSS, a UE traz consigo os germes da sua própria destruição. Desgraçadamente, quando ela desabar, porque irá desabar, deixará atrás de si um imenso descalabro e enormes problemas económicos e étnicos. O antigo sistema soviético era irreformável. Do mesmo modo, a UE também o é. (…)
Eu já vivi o vosso «futuro»…"

http://www.youtube.com/watch?v=Akwhyd9ozy0

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Blogs mantidos em portais são mais lidos que jornais impressos

Izabela Vasconcelos, do Comunique-se, publicou reportagem sobre a audiência de blogs nos portais de jornais impressos.
Você sabe a abrangência de um blog? Com 73 milhões de internautas no Brasil, em alguns casos, ela pode ser maior que a dos jornais impressos. É o caso dos blogs de Juca Kfouri (UOL), Patrícia Kogut, Fernando Moreira, Ricardo Noblat (O Globo), Ruth de Aquino (Época) e Marcelo Tas (Terra). A maioria deles supera a circulação dos dez maiores jornais brasileiros, que variam entre 295 e 125 mil exemplares diários, de acordo com dados da Associação Nacional de Jornais (ANJ).
Em Maringá e Londrina o portal de “O Diário” também tem alguns campeões de audiência, como é o caso do Blog  do Edson Lima, que vem batendo recordes de acessos e leitura.
A sessão de blogs de O Diário tem milhares de acessos, todos os dias e o portal cresce em acessos, no projeto editoria do jornal impresso que utiliza cada vez mais a internet.
O mais lido no Paraná - No Paraná, O Diário é o terceiro jornal impresso em tiragem e é o mais lido. Ele está em primeiro lugar no índice de leitura entre as publicações do segmento. Em cada grupo de mil habiantes, O Diário alcança 33 leitores, superando a Folha de Londrina, Gazeta do Povo, Tribuna do Paraná e O Estado do Paraná.
O levantamento foi feito com base em informações do Instituto de Verificação de Circulação (IVC) – organismo reponsável por auditar a tiragem de todos os grandes jornais do País – e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O cruzamento entre a média da circulação paga de cada jornal e a população das cidades-sede de cada um coloca O Diário como o mais lido do Estado.
O índice ainda é baixo, quando comparado a publicações internacionais. Mas na esfera nacional, posiciona O Diário em 22º lugar, à frente de jornais de tradição, como O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e o Correio Braziliense.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

10 Razões Para Portugal Abandonar o Euro

1)   A moeda única foi a principal responsável pelo endividamento actual. Permitiu durante mais de 10 anos o acesso por parte dos nossos políticos a crédito barato produzido pelo Banco Central Europeu e suportado pela crença dos investidores de que nenhum país iria abandonar o euro, tal como estava previsto nos tratados europeus.  Sem o euro, nunca os investidores teriam emprestado tanto dinheiro a Portugal a tão baixos juros.

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2)   Ficar no euro sem limites constitucionais ao endividamento significa a perpetuação do processo que caracterizou o “período euro” em Portugal: o crédito contraído pelo Estado é usado para financiar a falta de produtividade, aumentando os sectores não produtivos do “Estado Social” e evitando as reformas liberalizantes. Como nenhum Estado soberano europeu se quer auto-limitar, depois de um default assistido pela UE, regressaríamos (a seu tempo) ao business as usual.
3)   As supostas reformas liberais que se esperavam não vão acontecer nas actuais circunstâncias ou irão acontecer de forma ténue e com consequências práticas irrisórias.  Isto é uma realidade não apenas porque os nossos políticos esperam as “resoluções europeias” para poderem continuar a viver das transferências directas ou indirectas (eurobonds e monetização da dívida) vindas do centro da Europa, mas principalmente porque, com o crescimento económico de estagnação trazido pelo euro nos últimos 10 anos,  não existe um sector privado dinâmico para absorver todos os que hoje vivem dependentes do Estado.
4)   O crescimento económico necessário para pagar a nossa dívida pública não é possível de atingir dentro do euro. Os cortes na despesa pública para atingir esse crescimento teriam de ser de tal ordem que nenhum governo estaria disposto a enfrentar uma horda de grupos de interesse e de cidadãos dependentes do Estado (que rondam os 50%) para atingir esse efeito, mesmo que tal seja desejável. O Estado português nunca terminou um ano com superavit em democracia pós-1974, não seria agora que o faria. O default é certo.
5)   A desvalorização do escudo em relação ao euro é real e a transição terá um impacto doloroso nos portugueses. Porém, ficar no euro não é uma solução melhor. A opção em cima da mesa é entre ficar no euro sem crescimento económico e com uma inflação (em teoria) menor e entre ficar no escudo com maior inflação mas com a possibilidade de crescer economicamente devido à desvalorização da moeda e à respectiva vantagem competitiva que se ganha. A escolha não é entre mais ou menos inflação, mas entre o melhor rácio inflação/crescimento económico. A opção da saída do euro é a única que viabiliza a possibilidade desse crescimento e de uma transferências dos que “vivem do Estado” para o sector privado.
6)   Ao reaver a sua autonomia monetária, e sabendo-se que este problema é um problema mais amplo que diz respeito ao papel moeda (fiat money), propostas para introduzir o ouro ou prata como moeda paralela ao escudo poderiam ser levadas para o parlamento português à semelhança do que está a acontecer na Suíça. Estas alterações, apesar de difícil implementação, são mais fáceis de lançar localmente do que num monstro burocrático como a UE.
7)   Mesmo no paradigma do papel moeda e dos bancos centrais como “impressoras monetárias”, a competição entre estes últimos  por uma moeda credível é a melhor forma de travar a desvalorização de moeda ilimitada. Esta competição desaparece no caso do monopolista monetário que é o Banco Central Europeu.
8)   A permanência no euro continua a alimentar o desejo federalista de transformar os almejados Estado Unidos da Europa num sonho socialista a uma escala europeia onde se transfere fundos dos países produtivos para os improdutivos (eurobonds, dívida europeia, transferências estruturais, monetização da dívida, subsidiação da produção de sectores chave, resgates de países, etc).
9)   A saída do euro frustraria o plano latente dos federalistas de usar esta crise económica para centralizar o poder em Bruxelas e retirar a independência soberana aos Estados nação sem a permissão dos cidadãos, aproveitando o facto de estes estarem dobrados perante as dívidas públicas.
10)   Como acredito que o poder deve estar o mais próximo possível do indivíduo, considero que, salvaguardando os acordos de livre comércio, negociar a saída da moeda única de forma coordenada é a melhor forma de impedir que Portugal se transforme num novo Utah ou Michigan.

PM PDT

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Não se pode fazer política sem ludibriar?

1. Todos sabem, mas são poucos os que se insurgem contra a incoerência e o ludíbrio na política. Passos Coelho, candidato, disse da carga fiscal o que Maomé não disse do toucinho. Como homem de palavra que se dizia, garantiu não subir os impostos, pelo menos os que oneravam o rendimento. Se, afirmou, em limite, a isso fosse obrigado, então, taxaria o consumo. A primeira medida que Passos Coelho, primeiro-ministro, tomou, foi confiscar um belo naco do rendimento do trabalho dos portugueses. Lapidar!
O ministro das Finanças explicou aos ludibriados como se consumará a pirueta. Fê-lo em conferência de imprensa original, estilo guia turístico: à vossa esquerda (página 5 do documento de suporte), podem ver o gráfico tal; à vossa direita (página 27 do documento de suporte) podem contemplar o quadro X. 

Estilo novo, por estilo novo, poderia ter ido mais além. Poderia ter recolhido previamente as perguntas e incluir um desenho no documento de suporte, estúpidos que somos, para nos explicar por que razão os rendimentos do capital foram protegidos. Dizer-me que o não fez para não desincentivar a poupança e porque era tecnicamente impraticável, fez-me sentir gozado. Reduzir o alvo aos cidadãos e deixar de fora as empresas de altíssimos lucros, remete para o lixo o discurso da equidade e faz-me sentir ludibriado.
2. Nunca concordei com a demagogia da redução do número de ministros e com o disparate de constituir giga ministérios. Porque as pessoas, mesmo que sejam ministros, têm limites. Porque a quantidade é sempre inimiga da qualidade. Os primeiros sinais fazem-me sentir grosseiramente ludibriado. A poupança de ministros logo resultou em destemperança de secretários de Estado. E a incoerência entre os princípios anunciados e as práticas seguidas não tardou a ser inscrita em Diário da República. Com efeito, foi criada uma comissão eventual para acompanhar a execução do programa de assistência financeira a Portugal. Tem 30 elementos, trinta. Esta “estrutura de missão”, ESAME, de sua sigla, vai fazer aquilo que, obviamente, seria missão do Governo, designadamente do Ministério das Finanças. Para quem tanto falou de cortar gorduras do Estado, sinto-me ludibriado.
3. Como já afirmei publicamente, o expediente da suspensão do encerramento das 654 escolas, não é mais do que uma manobra política de duplo efeito: imediatamente, recolhem-se louros e popularidade; verdadeiramente, verifica-se o que está pronto e o que está atrasado, quanto às construções em curso. E, porque é isso que está no programa do Governo, continuar-se-á a política de criação de mega agrupamentos, aprofundando a desertificação do interior e tornando irreversível um deplorável crime pedagógico. No início de Julho, Nuno Crato suspendeu o fecho de 654 escolas. Dias volvidos, confirmou que 266 das 654 encerrariam imediatamente. Não teremos de esperar muito para confirmar o ludíbrio total.
4. O ministro da Educação tornou-se popular pela ênfase que emprestou a algumas ideias sobre Educação. Uma delas consistiu em acusar o ministério de ser dono da Educação. Matando com ferro, com ferro começou a morrer no quadro desta pífia adaptação curricular do ensino básico, a que procedeu de forma monolítica. O que é este ajustamento? Tão-só a recuperação da proposta de Isabel Alçada (com excepção do fim do par pedagógico de EVT), inviabilizada pelo PSD, que alegou falta de estudos que a sustentasse (mais uma vez a incoerência e o ludíbrio político em flagrante). No 1º ciclo, onde residem carências graves, tudo ficou na mesma. No restante, o mais relevante são mais horas para Matemática e Língua Portuguesa, como defendeu Maria de Lurdes Rodrigues em 2008. Como reagirão os bons alunos (que também existem) a mais horas, de que não necessitam? Nuno Crato ignora que muito Estudo Acompanhado já era dedicado à Língua Portuguesa e à Matemática, sem que os resultados se tornassem visíveis? Não se interrogou sobre os resultados dos dispendiosos PAM (Plano de Acção da Matemática) e PNL (Plano Nacional de Leitura), que significaram milhares de horas e milhões de euros despejados sobre a Língua Portuguesa e sobre a Matemática e que não impediram os piores resultados em exames dos últimos 14 anos? O problema não é de quantidade mas de qualidade das aprendizagens. E para isso confluem várias variáveis, que o taylorismo de Crato não considera. Cito algumas. As escolas deviam ter autonomia total para encontrar soluções para o insucesso. As horas retiradas às Áreas Curriculares não Disciplinares deveriam ter sido postas à disposição das escolas, que as aplicariam em função da natureza diferente dos problemas que sentem.  Claro que isto supunha directores eleitos e Inspecção Geral de Educação organizada por áreas científicas e núcleos de escolas. A autoridade do professor e a disciplina na sala de aula fariam mais pelos resultados do que todos os planos ou acréscimos de horas. A burocracia esquizofrénica que escraviza os professores já deveria ter sido implodida. Os blocos de 90 minutos são um disparate e os tempos de 45 são insuficientes. Não pode haver disciplinas em que o professor vê o aluno de semana a semana. É imprudente, numa formação básica, reservar para a Matemática e para a Língua Portuguesa o conceito de disciplinas estruturantes. Onde ficam a Educação Física e as restantes expressões, por exemplo? É perigoso o que se está a fazer com a História e a Geografia. Ou quer-se, desde logo, subordinar tudo a um determinado modelo de Homem e Sociedade? 

* Professor do ensino superior (s.castilho@netcabo.pt)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Ambulância Postal


 
Eu Ainda sou do tempo… em que o correio era distribuido por caminho-de-ferro; não terão ainda passado trinta anos – antes das auto-estradas grátis, do petróleo a jorrar no Beato, das Novas Oportunidades e do Simplex – a grande distribuição postal fazia-se ao ritmo do comboio.
Era um ritmo assim-assim, no máximo, em dois dias, uma carta chegava da serra algarvia a Bragança. Agora são precisos três, a menos que queiras pagar correio azul. Aos comboios portugueses, e da Europa também, acoplava-se uma ou duas ou mais carruagens com gente lá dentro, a trabalhar. Os funcionários dos Correios trabalhavam uns de noite (nos comboios mais extensos ao longo das linhas principais) e os outros pela manhã dentro (nos comboios mais curtos).
Nos anos 80, se não depois, o “correio” vindo de Lisboa passava três “Ambulâncias Postais” (assim se chamava este posto dos correios sobre carris) para as costas de uma locomotiva a diesel, uma 1400, e partia, veloz em direcção à Linha do Douro. Era o comboio mais importante do dia e subordinava a si a marcha de todos os restantes… 

Dario Silva 

Uma mais do que merecida homenagem - Helder Madeira

Rostos da 1ª Década do Século XXI - Barreiro <br>
Distinção «Rosto Veterano Autárquico» para Helder MadeiraHelder Madeira, distinguido no ano 2010 com o Galardão «Medalha de Honra» da Cidade do Barreiro, comemora hoje, dia 14 de Julho, 72 anos de vida, por essa razão, decidimos fazer-lhe esta surpresa ( pois nem ele próprio sabe), que no âmbito da atribuição da Distinção «Rostos da 1ª Década do Século XXI», o ex-presidente da Câmara Municipal do Barreiro e da Assembleia Municipal do Barreiro, Helder Madeira, irá receber o «Rosto da Década na área Veterano Autárquico».

Aqui fica o registo e, obviamente, os nossos parabéns.
O jornal Rostos, com a colaboração dos jornalistas da imprensa local atribui este ano a distinção «Rostos da 1ª Década do Século XXI».
O objectivo é destacar entidades e personalidades, em diferentes áreas que pela sua acção foram uma referência nestes anos que marcam a 1ª década do século XXI.
Helder Madeira foi escolhido como «Rosto Veterano Autárquico» da 1ª Década do Século XXI».

«BARREIRO RECONHECIDO» 2010

Medalha de Honra
Helder da Silva Nobre Madeira

No seio de uma família ligada ao trabalho operário nasce, a 14 de Julho de 1939, NO Barreiro e PARA o Barreiro, Helder da Silva Nobre Madeira.

Filho de antifascistas, o seu pai conhece a prisão tinha ele apenas quatro anos, herda dos avás, maternos e paternos, o gosto pelas lutas políticas e revela, desde cedo, uma personalidade fortemente marcada por convicções de justiça social.
A instrução primária é feita no antigo asilo D. Pedro V e segue-se a Escola Alfredo da Silva onde frequenta o curso de formação de serralheiros. No entanto, a vontade de ajudar nas despesas da família fazem com que o mundo do trabalho seja, aos 18 anos, a sua opção. Começa na CUF como servente de carpinteiro e estuda à noite no colégio do Dr. Helder Fráguas e do Dr. Barbado. Ainda assim, outros interesses iriam desviá-lo de uma vida académica. O gosto pelo desporto, designadamente Futebol e Basquetebol faz com que jogue e alcance vários títulos ao serviço do FC Barreirense, dos 1 3 aos 26 anos. No mundo associativo também é conhecida a sua passagem pela Direcção do Cine Clube do Barreiro e da SIRB “Os Penicheiros”, a par de um breve apontamento no Teatro de Bolso do Barreiro (em Janeiro de 1960) de que ainda recorda a exibição, numa só noite, de três peças consecutivas. Enquanto maquinista de cena, função que ocupa no grupo, priva com Fernanda Moreno, Miguel de Sousa e lsabel do Carmo, entre outros ilustres barreirenses.

A adolescência dá lugar à idade adulta e já a trabalhar em Lisboa começa a interessar-se pela actividade sindical. As lutas políticas de 1 968/69, marcam-no para sempre. Lembra as eleições realizadas nesse ano em que a oposição concorreu com as CDE’s Comissões Democráticas Eleitorais. No Barreiro a vitória foi expressiva graças a um forte espírito colectivo de luta que se iria revelar uma dinâmica imparável até 25 de Abril de 74.


A nossa luta, lembra Helder Madeira, era cada vez maior e mais alargada. E ele próprio, enquanto membro da CDE participa na elaboração das Teses do Movimento Democrático do Distrito de Setúbal, ao III Congresso da Oposição Democrática realizado em Aveiro, em Abril de 73.

O facto de estar envolvido na Comissão Democrática Eleitoral, a par do trabalho no sindicato dos empregados de escritório em Lisboa e as reuniões clandestinas em que participava como membro do Partido Comunista Português, a que pertence desde 1 972, fazem com que saia de casa de manhã para só regressar na madrugada do dia seguinte. Os filhos, muito novos à época, via-os de fugida, quantas vezes só aos fins-de-semana. Mas o importante papel desempenhado pela sua mulher e os laços de solidariedade pura que uniam a sua família acabam por colmatar estas ausências.

Após o 25 de Abril de 74 começa uma nova etapa na sua vida. Ao serviço da sua terra - o Barreiro -, Helder Madeira abraça o trabalho autárquico e exerce dezenas de cargos em três décadas de empenho e dedicação desinteressada.

Integra, desde logo, a Comissão Administrativa da Câmara Municipal. Em Outubro de 75 é convidado para Governador Civil do Distrito de Setúbal. Toma posse e está 11 meses no cargo, até Setembro de 76. Com a Constituição da República tiveram lugar as primeiras eleições. Helder Madeira é eleito Presidente de Câmara Municipal do 8arreiro, em Janeiro de 77, com maioria absoluta. Neste cargo permanece quatro mandatos seguidos, num total de 13 anos. Num tempo em que tudo havia por fazer a sua gestão sensata, ponderada, de diálogo, respeito e cordialidade pelo outro, faz história na cidade. As portas do Município a par das portas da sua própria casa estavam abertas a toda a gente.

É um homem modesto quando diz “Fiz aquilo que me foi possível com a arte e o engenho que tinha” mas é igualmente um homem orgulhoso do seu trabalho quando destaca como a grande obra, depois do 25 de Abril, o túnel na Rua Miguel Bombarda. Como Autarca participa na redacção do “Manual de Gestão Democrática das Autarquias” em 1 978, com outros camaradas de Partido.

Sai da presidência da Câmara em finais de 89 para abraçar a presidência da Assembleia Municipal do Barreiro de Janeiro de 1990 até Dezembro de 2001. Em Outubro de 2005 regressa à presidência da Assembleia Municipal por mais quatro anos, órgão onde permanece um total de 15 anos.
Nalguns casos por inerência de cargo, outras vezes por eleição, conhece e assume uma multiplicidade de funções, grande parte delas de forma pioneira, partindo do zero e fazendo história, uma vez mais. É o primeiro Presidente da Associação de Municípios do Distrito de Setúbal, em simultâneo com a presidência da Câmara Municipal. É o primeiro Presidente eleito da Assembleia Distrital de Setúbal, e é igualmente eleito o primeiro Presidente da Assembleia Metropolitana de Lisboa. Mais tarde passa a fazer parte desta Assembleia e preside duas das suas comissões.

Por inerência de cargo representa a Associação de Municípios de Setúbal no Conselho Consultivo da UNL - pólo da Caparica, e a Associação Nacional de Municípios Portugueses no Conselho Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Faz parte da Direcção Nacional da União de Resistentes Antifascistas Portugueses, e pertence desde sempre ao Conselho Português para a Paz e Cooperação.

Em Outubro de 2009 deixa por vontade própria todos os cargos à excepção de um - Presidente da Assembleia Geral de Accionistas da SIMARSUL, função que ainda desempenha de há seis anos a esta parte.
Nascido e criado no Barreiro há 70 anos, adora esta terra e orgulha-se de dizer que é barreirense.
O Barreiro também se orgulha deste filho ilustre e do trabalho que desempenhou no Poder Local Democrático.

Hoje, a Câmara Municipal distingue, Helder da Silva Nobre Madeira - o Homem, o Cidadão e o Político com a atribuição da MEDALHA DE HONRA. 


In: Rostos

segunda-feira, 11 de julho de 2011

O barbeiro

Certo dia um florista foi ao barbeiro para cortar seu cabelo.Após o corte
perguntou ao barbeiro o valor do serviço e o barbeiro respondeu:

- Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário
essa semana.
O florista ficou feliz e foi embora.No dia seguinte, ao abrir a
barbearia, havia um buquê c/uma dúzia de rosas e uma nota de agradecimento do
florista.
Mais tarde no mesmo dia veio um padeiro para cortar o cabelo.Após o corte,
ao pagar, o barbeiro disse:
- Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário
essa semana.

O padeiro ficou feliz e foi embora.No dia seguinte, ao abrir a
barbearia, havia um cesto c/pães e doces e uma nota de agradecimento do
padeiro.
Naquele terceiro dia veio um deputado para um corte de cabelo.
Novamente, ao pedir para pagar, o barbeiro disse:

- Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário
essa semana.
O deputado ficou feliz e foi embora.No dia seguinte, ao abrir a
barbearia, havia uma dúzia de deputados  fazendo fila para cortar cabelo.
Essa história ilustra bem a grande diferença entre os cidadãos do nosso país
e os políticos que o administram.

POLÍTICOS E FRALDAS DEVEM SER TROCADOS COM FREQÜÊNCIA PELO MESMO MOTIVO!


(Eça de Queiroz)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Culambismo‏

O Engraxanço e o Culambismo Português

“Noto com desagrado que se tem desenvolvido muito em Portugal uma
modalidade desportiva que julgara ter caído em desuso depois da
revolução de Abril. Situa-se na área da ginástica corporal e envolve
complexos exercícios contorcionistas em que cada jogador procura, por
todos os meios ao seu alcance, correr e prostrar-se de forma a lamber
o cu de um jogador mais poderoso do que ele.
Este cu pode ser o cu de um superior hierárquico, de um ministro, de
um agente da polícia ou de um artista. O objectivo do jogo é
identificá-los, lambê-los e recolher os respectivos prémios. Os
prémios podem ser em dinheiro, em promoção profissional ou em permuta.
À medida que vai lambendo os cus, vai ascendendo ou descendendo na
hierarquia.
Antes do 25 de Abril esta modalidade era mais rudimentar. Era
praticada por amadores, muitos em idade escolar, e conhecida
prosaicamente como «engraxanço». Os chefes de repartição engraxavam os
chefes de serviço, os alunos engraxavam os professores,os jornalistas
engraxavam os ministros, as donas de casa engraxavam os médicos da
caixa, etc... Mesmo assim, eram raros os portugueses com feitio para
passar graxa. Havia poucos engraxadores. Diga-se porém, em abono da
verdade, que os poucos que havia engraxavam imenso.
Nesse tempo, «engraxar» era uma actividade socialmente menosprezada. O
menino que engraxasse a professora tinha de enfrentar depois o
escárnio da turma. O colunista que tecesse um grande elogio ao
Presidente do Conselho era ostracizado pelos colegas.Ninguém gostava
de um engraxador.

Hoje tudo isso mudou. O engraxanço evoluiu ao ponto de tornar-se
irreconhecível. Foi-se subindo na escala de subserviência, dos sapatos
até ao cu. O engraxador foi promovido a lambe-botas e o lambe-botas a
lambe-cu. Não é preciso realçar a diferença, em termos de subordinação
hierárquica e flexibilidade de movimentos, entre engraxar uns sapatos
e lamber um cu. Para fazer face à crescente popularidade do desporto,
importaram-se dos Estados Unidos, campeão do mundo na modalidade, as
regras e os estatutos da American Federation of Ass-licking and
Brown-nosing.Os praticantes portugueses puderam assim esquecer os
tempos amadores do engraxanço e aperfeiçoarem-se no desenvolvimento
profissional do Culambismo.

(...) Tudo isto teria graça se os culambistas portugueses fossem tão
mal tratados e sucedidos como os engraxadores de outrora. O pior é que
a nossa sociedade não só aceita o culambismo como forma prática de
subir na vida, como começa a exigi-lo como habilitação profissional. O
culambismo compensa. Sobreviver sem um mínimo de conhecimentos de
culambismo é hoje tão difícil como vencer na vida sem saber falar
inglês.”


Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

sexta-feira, 1 de julho de 2011

«Sabes do Sócrates? Parece que está óptimo

Foi Portugal que se livrou de José Sócrates ou José Sócrates que se livrou de Portugal?

O leitor que tome nota: se isto fosse a Dinamarca já o caldo estava entornado. Jovem que chegue a Helsingør para as exéquias do pai e dê com a mãe casada com o tio, desata a planear homicídios e a monologar. Em Portugal, nada. E, no entanto, há tantas razões para inquietação aqui como lá. O facto de se tratar de uma inquietação romântico-legislativa inquieta ainda mais. O que se passa é o seguinte: José Sócrates está demasiado contente. Não me conformo com esta alegria, esta cordialidade, este bom perder. Quero vê-lo espernear, recriminar os adversários, lançar um último insulto a Manuela Moura Guedes. Que contentamento é este? Trata-se de uma boa disposição que ofende. Magoa até quem, como eu, nunca votou nele. Afinal foi Portugal que se livrou de José Sócrates ou José Sócrates que se livrou de Portugal?
Sócrates tem a desfaçatez de se comportar como aquelas namoradas que aceitam muito bem a notícia de que o namoro acabou. Não há lágrimas, não há ranho, não há nada. O fim da relação não é um drama, é um alívio. Ficam mais soltas, mais leves, mais vivas. E têm finalmente tempo para ir para França tirar aquele curso de Filosofia que sempre quiseram frequentar. Amigo leitor, não era José Sócrates que estava a entravar o nosso desenvolvimento, éramos nós que estávamos a entravar o desenvolvimento de José Sócrates.
Assim como vamos sabendo das antigas namoradas através dos amigos, vamos sabendo de José Sócrates através do Expresso. E remoemos as informações com azedume. Que ideia é esta de ir estudar para Paris? E filosofia? Não faz sentido. Uma pessoa chamada Sócrates decidir estudar filosofia é como um tipo chamado Eusébio querer fazer carreira no futebol. É má ideia, proporciona comparações desagradáveis.
E não podemos deixar de sentir que Sócrates não vai para França para nos esquecer. Na verdade, Sócrates já nos esqueceu. E, ao contrário da generalidade dos emigrantes, Sócrates não parte em busca de melhores condições de vida. José Sócrates não vai emigrar para fugir de José Sócrates - até porque, em princípio, José Sócrates vai com José Sócrates. Sócrates vai emigrar para fugir de nós. Alguém que lhe apreenda o passaporte, por favor. Era o que faltava. Obriguem-no a aguentar as medidas da troika até ao fim. Só pode sair do País quando o memorando estiver cumprido. »

"Ricardo Araujo Pereira"