Não dá para esquecer as imagens impactantes e pungentes ocorridas nos morros do Rio de Janeiro. E não é para esquecer mesmo! Quem as viu, pode ver a profundidade do sofrimento, do desespero e a dor humana decorrente dessa tragédia. Tendo apelável “fatalidade” a palavrinha que os agentes públicos sacam do coldre para justificar o injustificável.
Lembro-me, agora, a propósito, do artigo que li em que, durante os dois governos de Brizola, impediram que a polícia entrasse nas favelas para reprimir o tráfico de drogas e, graças a isso, os traficantes puderam transformá-los em “santuários” fortemente armados. O que resultou, também, acredito, numa glamorização da bandidagem.
Como não poderia ser diferente (claro que poderia!), tanto Brizola e os governadores que o sucederam, deixaram que as favelas crescessem e se alastrassem pelas encostas dos morros. Enquanto isso, as práticas populistas iam se espalhando, sustentado por um assistencialismo barato, com viés eleitoreiro e demagogo. Bom. Se Nelson Rodrigues ainda vivesse, entenderia melhor porque temos complexo de vira-lata.
Serei franco: esse péssimo exemplo não pode ser exclusivo só da cidade Maravilhosa, mas de todo país, inclusive, com esmero, aqui em nossa terrinha. Milhões de tapinhas nas costas não resolvem o problema. O espectro de “favela” leva sempre a discussão em banho-maria. Como: “Isto está fora de cogitação! De jeito nenhum! Relação com esse pessoal é difícil! Pense noutra coisa!”... Seguindo a máxima do velho Guerreiro, Chacrinha, não venho para explicar, mas “para confundir”.
Digo mais: somos todos conviventes. Estamos até o pescoço nessa rede de desprezo, de insensibilidade. Somos criminosos da omissão, minha sentença, a sua sentença, é de que somos todos cúmplices.
Assim, na sua infinita ânsia de buscar saídas, de se rebelar contra o pensamento apequenado, Rio de Janeiro, o cartão-postal do Brasil, está mostrando que é na verdade uma cidade de grandes contrastes: bonita por natureza e devastada pela negligência, omissão e corrupção de seus gestores.
Até nos versos contagiantes de excelência no samba, encontramos às vezes um apelo para que a cidade enfrente o problema da favela e da habitação popular. É o caso da célebre canção “Barracão”: “Ai, barracão/Pendurado no morro/Vai pedindo socorro/À cidade a seus pés”.
Por essa e outras, há quem diga que eles (tais administradores contumazes) precisam aprender a usar as coisas e amar as pessoas... Não amar as coisas e usar as pessoas.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Adm.Empresas
sábado, 12 de junho de 2010
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