terça-feira, 18 de setembro de 2007

Faustino Mestre, Presidente da Direcção do Grupo Desportivo Fabril


GRUPO DESPORTIVO FABRIL COMEMORA HOJE 70 ANOS DE VIDA

Faustino Mestre, Presidente da Direcção do Grupo Desportivo Fabril, reconhecido como um líder que está a contribuir para transformar e lançar pontes para o futuro do clube.
Refere que sente o Fabril desde criança e que sonha ver o clube a desempenhar um importante papel no desenvolvimento desportivo e social do concelho do Barreiro.

Em diálogo com «Rostos» Faustino Mestres deu a conhecer como sente o Grupo Desportivo Fabril e salientou que, nos últimos três anos, se registou uma profunda alteração nas dinâmicas do Fabril.
O Presidente da Direcção do Fabril salientou que actualmente, nas diferentes modalidades, o clube conta com cerca de 1000 atletas.

Sinto o clube com um filho

Que significa para si ser Presidente do Grupo Desportivo Fabril neste ano que o clube comemora 70 anos de vida?
“Significa muito. Eu acompanho o clube desde que vim para o Barreiro, porque tive a felicidade de vir morar para o Bairro das Palmeiras. Recordo, quando era miúdo e via passar os vários Presidentes e Directores que passaram por aquela casa, os senhores engenheiros e os senhores doutores, sendo eu filho de um simples pedreiro, nunca me passou pela cabeça que um dia poderia vir a ser Presidente da Direcção do Fabril.
Estas são daquelas coisas que apenas acontecem nas histórias dos meninos.
Nunca, na minha vida, me passou pela cabeça, vir a assumir uma posição de prestígio, com tão grande importância na cidade do Barreiro, assumindo a Presidência deste clube.
Por isso, para mim, é uma honra, é um orgulho, porque sinto o clube como se fosse um filho meu”.

Ocupar o lugar que merece

Qual a importância que atribui ao Grupo Desportivo Fabril no Barreiro de hoje?
“O Grupo Desportivo Fabril não tem, nos dias de hoje, para o Barreiro, o mesmo significado que tinha há três anos. Penso que o clube estava moribundo e que actualmente está completamente diferente.
Mas, há uma coisa que eu quero que as pessoas percebam, é que ninguém faz nada sozinho. Na verdade, se o clube mudou é porque, eu tive a sorte de me ter reunido com as pessoas certas, na altura certa e todos estarmos a trabalhar em prol desta casa.
Penso que o Grupo Desportivo Fabril poderia ter melhores condições, se, na verdade, vários percalços ( que não vale a pena referir), poderia estar melhor. Sendo um clube importante na cidade do Barreiro, considero que sem esses percalços estaria melhor.
Mas, digo-lhe, sou um homem que não deita a toalha, quando eu o fizer é porque este país já está todo estragado.
Para mim, as coisas no Grupo Desportivo Fabril são como na minha vida, chegaram sempre retardadas, mas nunca tardaram. Penso que tudo tem um tempo na vida.
Acho que as coisas na minha vida têm vindo sempre, que Deus quer que aconteçam como a altura certa, é, por tudo isso, que eu espero ver o Grupo Desportivo Fabril no lugar que efectivamente merece, com o respeito que tenho por todos os clubes.
Sabe, só há clubes grandes, porque há clubes pequenos.
Pessoalmente, considero que o Grupo Desportivo Fabril vai ter uma importância muito grande no Barreiro, porque tem condições para ajudar, como tem feito até aqui, ajudar todos aqueles que estejam em dificuldades.
Mas, atenção, quero dizer que não estamos subjugados a poderes políticos, nem sociais, de espécie nenhuma.
Somos pobres, somos humildes, sabemos o nosso caminho, sabemos o percurso que queremos trilhar, mas, de facto, não estamos equivocados em relação àquilo que queremos para o clube.”

Dificuldades surgem do exterior

Quais os principais problemas que afectam o clube actualmente?
“As principais dificuldades na nossa gestão têm sido sempre as mesmas, são aquelas que todos os clubes, neste momento, no país, atravessam, são as dificuldades financeiras.
Mas, são as dificuldades financeiras próprias. O clube não nada em dinheiro. Este é, desde a sua origem, um clube de operários.
Considero, no entanto, que essas dificuldades que vivemos são fruto de acções que forças exteriores nos vão criando. O clube está muito bem, com esta Direcção ou com outra que venha, porque, penso que o Grupo Desportivo Fabril tem que ser gerido como nós gerimos a nossa casa : ou seja se eu ganho 10 mil, tenho que gastar 9 mil. Esta tem sido a nossa base para gerir o clube.
Penso que as dificuldades são inerentes ao crescimento do clube.
Se o clube não tem crescido tanto nos últimos três anos, nós, se calhar, não tínhamos tantas dificuldades.
Digo mesmo, as dificuldades são mais aquelas que nos criam, do que aquelas que nós temos efectivamente”.

Prestar serviço social

Quais os projectos que estão a ser pensados para o futuro do clube?
“ Costumo dizer que projectos para o clube, pessoalmente, não os posso definir, porque todos os dias deito-me, na minha cama, a pensar que vou fazer amanhã para o Fabril.
Se não é uma equipa nova, é uma rotunda, ou um passeio, ou um barco para o remo. Todos os dias estou a pensar no clube. Vivo o Fabril 24 horas por dia.
Como projecto, gostava de ver o Grupo Desportivo Fabril saneado financeiramente. Infelizmente ainda não o conseguimos. Mas, ainda não desisti.
Gostava de ver o clube numa posição desportiva muito melhor. Penso que estamos no bom caminho.
Se nos deixarem, vamos conseguir atingir os nossos objectivos. Das dificuldades que falo, esta é uma delas.
O nosso objectivo é por uma ou duas equipas nos nacionais de futebol, se nos deixarem.
Temos muitos objectivos desportivos. Serão aqueles que nos deixarem alcançar.
Mas, para mim, os maiores objectivos do clube são os objectivos sociais, contribuir para retirar os miúdos da rua, evitar o aumento de problemas sociais na nossa terra e nosso concelho.
Considero que, para que existam menos problemas sociais no concelho, é necessário que os Grupos Desportivos, como o Fabril, o Barreirense, o Luso, o Galitos, todos os clubes grandes e pequenos que há na nossa terra, sejam reconhecidos pelas autoridades militares e civis, como quem desempenha um papel importante no combate aos problemas sociais.
Penso se autoridades compreenderem isso, sentirão que estes clubes têm que ser ajudados no seu papel social.
O nosso projecto é social e não apenas desportivo, ajudando os nossos filhos e os nossos netos a viverem uma vida mais pura. Este é o nosso principal projecto.”

Espero cumprir outros mandatos

É considerado como um “enfent terrible” do clube. Perante estes comentários valeu a pena assumir as funções que desempenha? Se voltasse atrás dava o mesmo passo?
“Só me considera um “enfent terrible” quem pensava que eu vinha fazer do Grupo Desportivo Fabril aquilo que queria e eu não considero que seja assim, penso que sou uma pessoa de trato fácil, que tem uma visão alargada das coisas, que não vivo, nem nunca vivi na idade da pedra.
Agora, digo, gosto de ver o meu clube respeitado, da mesma maneira que nós respeitamos toda a gente.
Mas, sobre essa pergunta, digo, quem pensou que o Faustino Mestre, vinha para o Grupo Desportivo Fabril, para estar por cá um mês ou dois, indo depois embora, é claro que essas pessoas não me conheciam, porque se me conhecessem, desde miúdo, como alguns me conhecem, saberiam perfeitamente que, eu nunca abandonei cargo nenhum.
Na política cumpri o meu mandato. Aqui no Fabril já vou no segundo mandato. Se as coisas correrem bem, espero cumprir outros mandatos dentro do Grupo Desportivo Fabril.
Quem pensava que eu ao fim de dois meses me ia embora, enganou-se.
Tem sido um desgaste muito grande, um desgaste enorme, terrível, principalmente ao nível familiar, mas, não sou homem de me arrepender das coisas que faço, ou que fiz, normalmente assumo-as.
Não sou daqueles que depois vem dizer que os jornalistas é que são os culpados, porque não foi isso que eu disse, ou não foi isso que eu fiz.
Não estou arrependido de ter vindo para o Grupo Desportivo Fabril, apenas me arrependo de, nos primeiros tempos do Fabril, me ter feito acompanhar de duas ou três pessoas que não seriam as mais recomendáveis. Isso ficou remediado assim que foram identificadas.
Para o Grupo Desportivo Fabril dou tudo, porque é um clube que merece tudo de bom que se possa fazer.”

Bomba de Gasolina vai funcionar

A finalizar, Faustino Mestre, referiu a situação da bomba de gasolina sublinhando que – “A Bomba de Gasolina em primeira instância está entregue ao Poder dos homens, em segunda instância e com direito a recurso, neste momento, está entregue ao Poder de Deus.”
O Presidente da Direcção recordou que o projecto da Bomba de Gasolina, para o Grupo Desportivo Fabril, vem de anteriores direcções, que não conseguiram concretizar.
“A Bomba está feita e ninguém tenha dúvidas que ela vai deitar gasolina um dia. Ninguém tenha dúvidas disso” – referiu Faustino Silvestre.
Nas suas palavras ficou expressa a mágoa que nas relações de vizinhança, tenha sido metida um providência cautelar, que veio atrasar o processo, sublinhando que essa tomada de posição foi fruto de uma “manipulação do poder político” e considera que “existiu má fé contra o Grupo Desportivo Fabril”.

Rostos em 27-01-2007

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