sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Gatilho da enxaqueca

Um grupo da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, acaba de identificar uma potencial candidata para responder a uma velha questão: por que algumas pessoas têm enxaqueca e outras não.

Os pesquisadores verificaram que o excesso de uma proteína conhecida como Ramp-1 aparentemente estimula a resposta de um receptor do sistema nervoso ao neuropeptídeo CGRP. Estudos anteriores haviam mostrado que o CGRP, sigla em inglês para “peptídeo relacionado ao gene da calcitocina”, tem um papel importante nas dores de cabeça durante crises de enxaqueca.

Sabe-se que níveis de CGRP no sangue se elevam durante as crises e tem se verificado que medicamentos que reduzem as quantidades do peptídeo ou que bloqueiam a sua ação contribuem significativamente para a redução das dores. Em outros experimentos, ao injetar CGRP em indivíduos suscetíveis à enxaqueca, o resultado foi a indução de episódios severos de cefaléia.

O novo estudo aponta que a proteína Ramp-1 é uma das chaves para a regulagem do CGRP. “Os resultados sugerem que pessoas com enxaqueca têm níveis mais elevados de Ramp-1”, disse Andrew Russo, um dos autores da pesquisa, em comunicado da Universidade de Iowa. A pesquisa foi publicada na edição de 7 de março do Journal of Neuroscience.

A Ramp-1 é parte fundamental do receptor de CGRP. Os pesquisadores descobriram que o excesso da proteína em células nervosas aumentou a sensibilidade e a resposta dos receptores de CGRP ao neuropeptídeo. Ou seja, mais Ramp-1 fez com que os receptores reagissem a concentrações muito menores de CGRP do que o normal, e de modo muito mais vigoroso.

Os cientistas utilizaram camundongos geneticamente modificados para expressar Ramp-1 humana em seu sistema nervoso central, além da própria versão do animal para a proteína. O resultado foi que os camundongos apresentaram duas vezes mais inflamação em resposta ao CGRP do que o grupo de animais comuns.

Os autores da pesquisa sugerem que portadores de enxaqueca possam ter pequenas diferenças no gene da Ramp-1, que resultam em níveis maiores da proteína do que o normal. “Há claramente uma diferença genética entre pessoas que têm enxaqueca e outras que não têm e achamos que essa diferença pode ser a Ramp-1. O estudo fornece um motivo para que busquemos variações no DNA que expressem essa proteína em humanos”, disse Russo.

O artigo Sensitization of calcitonin gene-related peptide receptors by Receptor Activity-Modifying Protein-1 in the trigeminal ganglion, de Andrew Russo e outros, pode ser lido por assinantes do Journal of Neuroscience em www.jneurosci.org.

12/03/2007 - Agência FAPESP

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