sexta-feira, 28 de setembro de 2007

AS VIGARICES DE MANUELA FERREIRA LEITE - TitulariNações


Ou seja: dos 11,4 mil milhões de créditos fiscais que Manuela Ferreira Leite titularizou em 2003, quase 3,7 mil milhões não existiam. E tiveram de ser repostos. É este o saldo final. Quem perde? Perde Fernando Teixeira dos Santos, que cedeu impostos que podia ele mesmo cobrar. Mas também perdem os investidores no fundo do Citigroup. Pois é: cada um tem o “subprime” que merece.
A operação de titularização de créditos fiscais é um espelho dos turbulentos tempos que vivemos. Durante anos contabilizámos os efeitos no País do coelho que o Governo de Durão Barroso tirou da cartola para cumprir um défice abaixo de 3% do PIB, numa operação extraordinária. Mas esquecemos que também havia investidores a comprar aqueles créditos. E afinal, a capacidade de cobrança era má, os “ratings” estão a ser revistos em baixa, a rentabilidade do investimento veio por aí abaixo. Mau investimento.

Na operação de titularização, recordemo-lo, o Estado vendeu ao Citigroup 11,4 mil milhões de créditos fiscais de baixa qualidade, ou seja, em que se esperava uma taxa de cobrança baixa: a expectativa do Citigroup era cobrar entre 2,1 e 2,3 mil milhões de euros. Para se financiar, o Citigroup criou um fundo de titularização de créditos e emitiu unidades de participação, que foram depois adquiridas por investidores. Esses investidores entraram nesse fundo porque, olhando para os seus “ratings”, apostaram na capacidade de cobrança dos créditos fiscais portugueses. Sucede que essa cobrança está abaixo do previsto e a rentabilidade dos investidores caiu.

A crise do “subprime” é parecida: bancos que davam crédito à habitação a clientes de risco fizeram fundos de titularização desses créditos, em que outras instituições investiram. Como o malparado aumentou nesse segmento de clientes, os investidores nos fundos de titularização ficaram agarrados a papéis pouco valiosos. Quiseram vender essas unidades de participação e os bancos não tinham liquidez para resgatar tudo. E assim se semeou uma crise de confiança nos mercados internacionais.

A alquimia financeira vive destas batotas. A titularização é uma magia negra, que antecipa receitas, liberta passivos dos bancos e permite-lhes cumprir rácios prudenciais dos bancos centrais. Mas “desbalançar” empresas é como “desorçamentar” despesas do Estado: tudo reluz mas não é oiro.

Quando Carlos Tavares decide juntar-se aos alarmistas e relatar que já há fundos a pedir empréstimos para solver responsabilidades, o mercado não gosta. O que o mercado gosta é das posições pacificadoras como as do ministro das Finanças ou dos banqueiros, que insistem na pedagogia de explicar que não o sistema engripou mas não gripou, mas que quem está exposto ao mercado obrigaccionista vai pagar as favas.

O sistema financeiro português é deficitário. Naturalmente. Não há, não pode haver, liquidez que baste para resgatar de um dia para o outro unidades de participação ou fundos de investimento em catadupa. Mas há bancos mais expostos que outros. E bolsas mais voláteis que outras. Pequena como é, a Bolsa portuguesa leva por tabela com saídas de investidores institucionais e de estrangeiros, como já está a acontecer neste momento. E os pequenos investidores vivem em compasso acelerado: um dia de cada vez.
Pedro Santos Guerreiro

COMENTÁRIO:
Na altura eu próprio em artigos de opinião e Foruns de debate, alertava para este tipo de Vigarice, onde pontificava como figura de destaque o clube S.L. Benfica. Nessa altura muita gente riu a bom rir das minhas fundadas afirmações. Hoje comprovadas por certo noutro País driam direito a uns anos de "xadrez" para alguns incompetentes, nomeadamente a Sr.Ex-Ministra, figura de destaque no PPD/PSD do Sr. Marques (Mentes) Mendes...

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