terça-feira, 18 de setembro de 2007

O pão com manteiga


Especialistas em saúde, inovação e tecnologia, educação, empresas e empreendorismo, agricultura, ordenamento do território, ambiente, novas energias, cultura, segurança, turismo estiveram “a partir pedra” a convite do PS que quis assim mostrar “abertura à sociedade”.


“Este é o momento certo para reunir o conselho consultivo” frisou Miguel Freitas no início da reunião de Portimão (ver destaque), que classificou “como a formalização de uma promessa de campanha de abertura à sociedade”e também a altura de “chamar uma nova geração de protagonistas”.

O calendário justifica-o pelo início de um ciclo marcado pelo Quadro de Referência Estratégica Nacional QREN e pelo novo Plano Regional de Ordenamento do Território PROTAL. Também contribuem o arranque de projectos estruturais como Odelouca, a transferência da sede do IPIMAR para Olhão e do arranque do pólo tecnológico no Parque das Cidades.

Sérgio Palma Brito, director executivo da Confederação do Turismo Português, começou por lembrar o desenvolvimento do Algarve, a região que mais cresceu em população depois que se integrou no cluster do turismo mediterrânico.

Para ele não há dúvida que “as pressões urbanísticas são o pão com manteiga” do cluster e as dificuldades surgem “com a incapacidade de gerir o ordenamento do território”.

O agricultor João O´Neil, produtor de vinho, diria com humor que o objectivo do sector é “deixar de ser primitivo para ser primário”. E para tal, “a estragação de fundos” da PAC teria de ser objecto não só de melhor utilização, mas igualmente de definição de nichos de mercado dos produtos autóctones.

Melo Sampaio, docente do INUAF, escola superior de Loulé proporia um Instituto de Equilíbrio Territorial, lembrando que afinal “estamos todos divididos nas questões em que estamos todos de acordo”.

Já para Luís Chicharo Mestre em Ecologia da Universidade do Algarve, impõe-se “uma aposta nas actividades tradicionais ligadas ao mar, com upgrade de novas tecnologias de forma a rentabilizar os recursos”.

A radiologista Teresa Figueiredo assumindo-se como “uma mulher mais da prática do que das estratégias, sugeriu: Podemos começar por fazer bem coisas concretas”, e propôs a criação de um centro de medicina desportiva e de condições no sistema de saúde para atrair o turismo geriátrico. Em sua opinião, esta pode ser uma região piloto na educação para a saúde.

Nuno Loureiro, climatologista da UALG começou por apresentar uma nova definição de Ambiente, que para ele é “a política de gestão eficiente de recursos naturais com valor económico”. Classificou a propósito a barragem de Odelouca como “um mal incontornável porque vai haver mais água para gastar e menos preocupações de gestão desse recurso”.

O mundo está em mudança e já passou o tempo dos parques naturais e de parcelas verdes do território, sublinhou. Uma política ambiental, hoje, “passa pelas políticas de energia e transporte e da água”. Daí que “é preciso pensar no transporte ferroviário, no conforto térmico dos edifícios para reduzir gastos energéticos, na erosão do litoral uma ameaça real, designadamente para a maior indústria regional, o turismo.

Reorientar a oferta profissional do ensino universitário e avaliar as reais necessidades de formação para acabar com o vai-vem, entre trabalho e desemprego e os regimes precários, recomendou por sua vez a docente Carolina Salgado.

Para o capitão da GNR Carlos Silva Gomes, a segurança “é uma questão estratégica para o turista e para a qualidade de via dos residentes”. Daí a necessidade de políticas preventivas e de inclusão que deverão incidir “tanto sobre as comunidades prósperas como as de emigrantes”. Sem esquecer a “educação pelos valores” para colmatar brechas de cidadania.

O actor Luís Vicente, director da ACTA conferiu à produção cultural regional um saldo positivo. Falta, porém, “pensar o conjunto das actividades culturais e de animação como um todo” e uma política de marketing capaz de atrair públicos.

Quanto a um modelo de desenvolvimento sustentável do barrocal e da serra, o arquitecto Fernando Pessoa lembrou “a serra já é rentável quanto mais não seja pela água que produz”. Céptico e crítico, o ambientalista mostrou-se avesso a estender ao interior o tipo de crescimento verificado no litoral.

Outras vozes se levantaram lembrando que para “mudar o paradigma de desenvolvimento”, corrigir assimetrias, ou acabar com o “litoral centrífugo”, será necessária maior objectividade (das políticas) e maior representatividade nos centros de decisão.

Francesco Berrettini, empresário na área das novas tecnologias, apelou a “mais autoconfiança, por parte de todos, empresários e instituições. Os “intervenientes sejam capazes de agilizar os processos”exorta, e que a formação dos indivíduos incida “na técnica mas também nos valores”. A receita é ter persistência, admitir os erros e aprender com eles Há ainda outro factor que conta: “Ter um sonho e acreditar”.

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