terça-feira, 18 de setembro de 2007

Sida: Coordenador quer medicamentos também fora de hospitais

O Coordenador Nacional para a Infecção pelo VIH /Sida afirmou terça-feira que alargar a distribuição dos medicamentos para a doença a entidades que não hospitais pode «facilitar a vida» aos doentes e «combater a estigmatização».
Henrique Barros, que esteve na comissão parlamentar de Saúde, realçou também que as estruturas distritais da coordenação nacional que fazem o teste à doença, os Centros de Detecção e Aconselhamento (CAD) «perderam muito da sua importância como estratégia» para detectar o número de infectados em Portugal e que têm apostar em funcionar como entidades móveis.

Em resposta a uma questão colocada pela deputada do PSD Regina Bastos, o coordenador nacional considerou «perfeitamente aceitável que as farmácias de oficina, os centros de saúde, os CAD e outras instituições de saúde possam ser articuladas para resolver o problema da acessibilidade e facilitar a vida às pessoas» no acesso aos fármacos.

Os medicamentos contra a infecção, os antiretrovirais, são actualmente gratuitos e de distribuição exclusiva nos hospitais e Henrique Barros apontou a «diversidade» dos doentes como um argumento a favor do alargamento da sua distribuição em outros locais.

«Há pessoas extremamente organizadas com a sua medicação» e outras que «não percebem porque têm de tomar medicamentos para uma doença que não sentem», ilustrou o Coordenador Nacional, acrescentando que «o alargamento dos locais onde as pessoas são tratadas, a normalidade com que o problema é tratado pode ajudar a combater a estigmatização».

Porém, sublinhou Henrique Barros, «vejo pessimamente que a distribuição nas farmácias signifique uma venda» e que as entidades possam interromper o fornecimento aos doentes depois de o terem iniciado.

Um acordo assinado o ano passado entre o Governo e a Associação Nacional de Farmácias contempla a possibilidade de estas entidades passarem a disponibilizar fármacos até agora de distribuição exclusiva nos hospitais, sem pormenorizar quais.

O Coordenador Nacional da Infecção pelo VIH/Sida reconheceu também que «a grande maioria [dos CAD] não tem trabalho, não faz nada», devido à sua actual estrutura.

Advogou que «o que funciona bem são claramente os CAD móveis», que se desloquem até junto das pessoas mais arredadas do sistema de saúde e, consequentemente, da possibilidade de detectarem se estão ou não infectadas.

O novo Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infecção VIH/Sida 2007-2010, elaborado sob a coordenação de Henrique Barros, está em discussão pública até ao final deste mês e deverá estar aprovado em Março.

Diário Digital / Lusa

10-01-2007

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