terça-feira, 18 de setembro de 2007

SEM OPOSIÇÃO EM PORTUGAL


Não há oposição em Portugal. É a pior notícia possível para o País neste momento. Se dúvidas havia da capacidade da oposição ao (partido do) Governo no Parlamento, as mesmas foram dissipadas pela forma como José Sócrates aniquilou a concorrência no debate sobre o Orçamento do Estado.
Dias depois, neste último fim-de-semana, constatou-se que da realização do congresso do maior partido nacional da actualidade - a fazer fé nas sondagens - pouco se pode retirar.
Utilidade política da reunião magna socialista em Santarém? Reduzida. A contestação interna não vingou, não se concretizando o impacto das alegadas crescentes vozes descontentes aos eventuais desvios do ideal socialista. Possivelmente, o movimento nascido a partir da candidatura presidencial de Manuel Alegre apenas terá o seu legítimo e importante espaço na sociedade civil e fora da esfera partidária.
Com isto, Sócrates aproveitou com mestria para brilhar e ganhar um espaço de antena que dificilmente repetirá nos próximos tempos. Passou a mensagem para o partido. E para o País. Legitimou políticas. E não teve de esforçar-se muito para rebater as propostas alternativas. Inclusive, ao dar voz às poucas vozes contestatárias, marcou pontos junto do eleitorado descontente.
Mas, se amolecer e não for motivado, o Governo pode tornar-se o seu pior inimigo. O laxismo costuma ser coisa que gosta de marcar presença nos governos nacionais com posições mais ou menos confortáveis em São Bento. Com especial preponderância nos Executivos socialistas.
Resta saber se o PS não ficará prisioneiro de si mesmo. Quer enquanto Governo, quer enquanto partido. As reformas devem prosseguir. A maioria da população suporta-as. Mas faltará concretizar objectivos como o anúncio de uma política mais ambiciosa para o salário mínimo até 2009. E no limite perceber o que vai o PS fazer no caso do referendo sobre a despenalização sobre o aborto, caso não votem mais de metade dos eleitores.
Percebe-se que, à falta de argumentos mais válidos, a oposição espera criar um caso político com o possível resultado do referendo. É triste ver um País evoluído poder vir a tratar um caso social desta magnitude como um jogo político.
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