segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Greenspan vê risco maior de recessão mas teme inflação


WASHINGTON (Reuters) - Os riscos de uma recessão nos Estados Unidos aumentaram, mas o Federal Reserve precisa ser cauteloso ao sustentar a economia porque as forças globais que têm mantido a inflação controlada estão desaparecendo, disse nesta segunda-feira o ex-chairman do Fed Alan Greenspan.
"Eu já falei em certo momento deste ano que a probabilidade de recessão era de um terço", disse em entrevista. "Isso aumentou em alguma medida, mas ainda está neste momento um pouco abaixo de 50 (por cento)."
Para ele, o maior risco à previsão de crescimento econômico norte-americano seria de uma queda substancial nos preços de moradias. A economia pode aguentar um pequeno declínio nos valores das casas desde que haja diminuição na construção de moradias novas e que se reduzam os estoques de casas não vendidas, avaliou Greenspan.
"Mas se toda a coisa ruir, vai erodir a contabilidade das famílias e impactar o principal suporte desta economia: os gastos do consumidor", disse.
Greenspan falou com a Reuters e diversos outros veículos para divulgar seu livro de memórias, "The Age of Turbulence: Adventures in a New World".
Os comentários do ex-chairman foram feitos um dia antes da reunião do Fed. O banco central norte-americano deve reduzir a taxa de juro de operações overnight em pelo menos 0,25 ponto percentual para ajudar a economia em um período de crise no segmento habitacional e um aperto no crédito.
O ex-chefe do Fed disse que a decisão de política monetária da instituição virá em um momento mais complicado do que o que ele enfrentou, quando o banco central cortou a taxa básica de juro de 6,50 por cento para 1,75 por cento para enfrentar a recessão e o choque provocado pelos atentados de 11 de setembro de 2001.
Desde junho de 2006, a taxa de juro está em 5,25 por cento nos Estados Unidos.
O economista disse em outras entrevistas nesta segunda-feira que a economia dos EUA parecia estar bem, apesar do estouro da bolha no setor de habitação e das turbulências nos mercados financeiros.
"A evidência, até agora, é que ainda não (haverá recessão). A economia, neste momento e apesar do problema fiscal, do problema financeiro, ainda está se segurando", disse ele ao programa "Today", da rede NBC.
Greenspan também disse esperar que as inadimplências e as execuções de hipotecas aumentem, tanto nos EUA quando em outros mercados no mundo.

Por Mark Felsenthal

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