terça-feira, 18 de setembro de 2007

A Fada Sininho de Portugal


Houve um tempo em que a democracia portuguesa fazia piruetas à volta do seu bloco central. Era, 100 anos depois, a reposição, como farsa, do rotativismo da monarquia. Quando um partido estava cansado do poder, convocavam-se eleições, mudava o Governo, e os perdedores eram contemplados com lugares no Estado ou nas empresas que dele dependiam.
A paz podre do bloco central terminou quando Sócrates chegou ao poder. Veio de boleia na carroça do PS, mas com o tempo foi absorvendo o PSD. O PS de Sócrates é hoje o bloco central, com um líder rodeado de uma guarda pretoriana, que gere o poder. Nada se move à sua volta, nem uma brisa, sem a sua autorização. Contido, é um líder que sabe o que quer. À sua volta, os “boys” foram substituídos pelos “megafone men” que acham, como o líder do PS-Porto, que a directora da DREN está a fazer um bom trabalho e que foi Fernando Charrua que teve um “reprovável comportamento cívico”. Compreende-se. Os “megafone men” de Sócrates julgam que ele é a reincarnação da Fada Sininho. Usa os seus pozinhos de perlimpimpim e zás! Temos um país à semelhança do seu sonho. Enfim, conseguiu motivar alguma elite conservadora para as suas “reformas tecnológicas”. Mas ainda não se entendeu se elas mudarão o país. Ou, apenas, a sua relação com um poder onde as estatísticas são a única verdade reconhecida. Mas esse é o mundo de fantasia da Fada Sininho em S. Bento. Onde o Portugal real não existe. O que existe é o do pequeno núcleo que decide os destinos alheios.

Fernando Sobral

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