segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Chá verde parece promissor no combate ao HIV

Em experimentos em tubos de ensaio, um componentedessa onipresente bebida bloqueou a capacidade do vírus da Aids decapturar e destruir as células do sistema imunológico, disseram cientistas deHouston e do Reino Unido.Os benefícios do chá verde derivam de uma substânciachamada epigalocatequina galato, ou EGCG. O EGCG é umflavonóide, um componente que dá ao chá verde sua cor e possui propriedades anticâncer, antimicrobianas e antiinflamatórias. Medicamentos contra câncer baseados em EGCG já estão passando por testes clínicos.Ele também parece promissor no combate ao HIV - apesarde ninguém ainda o estar recomendando para prevenção ou tratamento daAids.Há pelo menos uma década, os pesquisadores sabem que amolécula do EGCG inibe a progressão do HIV em experimentos delaboratório -mas ainda não entendiam precisamente o motivo.Agora, em um novo trabalho da Faculdade de MedicinaBaylor e da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, cientistasmostram como a molécula do EGCG se liga ao exato ponto em que o HIV precisainfectar uma célula T saudável, um tipo de célula branca do sanguefundamental no combate a infecções. O estudo deles está disponível online no"Journal of Allergy and Clinical Immunology".Sob circunstâncias normais, o HIV faz seu trabalhosujo por meio de um "envelope" ou uma proteína de superfície chamadagp120. A gp120 se liga a uma "cavidade" especial na superfície de célulashospedeiras suscetíveis chamadas células T CD4. Após tal fusão, oHIV libera seu material genético na célula saudável. A célula infectada entãocomeça a liberar a próxima geração de vírus.Mas não se a molécula derivada do chá verde se ligar a tal cavidade, deixando o HIV sem ter como entrar.A professora de pediatria da Baylor, a dr. Christina Nance, supervisora de pesquisa para alergia e imunologia do TexasChildren's Hospital, disse que ela e seus colegas usaram uma abordagemrelativamente nova envolvendo espectroscopia de ressonância magnéticanuclear. Tal método lhes permitiu "ver" as estruturas pelas quais as moléculasde EGCG, gp120 e CD4 se ligam. Participaram da pesquisa o dr. TheronMcCormick e dr. William Shearer, de Baylor, e Mike Williamson, daUniversidade de Sheffield.Usando a espectroscopia, Nance e seus colegas observaram as freqüências emitidas pelos átomos de hidrogênio, carbono e nitrogênio que compunham as moléculas que estão estudando. Eles uniram a molécula CD4 à proteína de superfície gp120 do HIV, então uniram a molécula CD4 ao EGCG do chá verde.Os dados de freqüência inseridos em um computador produziram um modelo molecular mostrando que o EGCG e o HIV compartilhavam o mesma "cavidade de ligação" na célula T CD4."Um dos fatores promissores é que por esta ser uma molécula pequena e se ligar à mesma cavidade de ligação que a gp120 (do HIV), ela pode não inibir a função (normal) da molécula CD4", disse Nance.Nance descobriu que a quantidade de EGCG necessária para inibir a progressão do HIV era a equivalente à quantidade obtida bebendo duas xícaras de chá verde.Muito mais pesquisa é necessária para mover a observação de Nance na direção do desenvolvimento de uma droga. Enquanto isso, Nance não recomenda que as pessoas bebam grandes quantidades de chá verde na esperança de prevenir uma infecção por HIV."Isto faria parte de um coquetel de drogas", disse Nance. O atual tratamento para HIV consiste de múltiplas drogas, ou "coquetéis" que bloqueiam diferentes partes do ciclo de vida do vírus.
Tradução: George El Khouri Andolfato

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