terça-feira, 18 de setembro de 2007

PREVISÕES


O Banco de Portugal reviu em alta as previsões de crescimento da economia portuguesa para este ano. Em vez dos 1,5% anteriormente estimados, o banco central prevê agora uma expansão de 1,8%. Os 1,8% agora estimados coincidem com as previsões do Governo, o que é um bom sinal, uma vez que os Executivos tendem a ser optimistas nos cenários de construção dos Orçamentos de Estado. O Banco de Portugal, por seu lado, tem por hábito avançar estimativas mais conservadoras, preferindo pecar por defeito.

Posto isto, qual a importância destas três décimas percentuais a mais? Muita, diz o Governo. Quase nenhuma, diz o PSD.

As previsões da instituição presidida por Vítor Constâncio levaram o ministro da Economia a congratular-se com a «trajectória positiva» da economia e a frisar que, quando o Governo tomou posse, o crescimento era quase nulo. Isto, vindo de Manuel Pinho, é de uma contenção extrema. Desta vez não houve lugar a proclamações sobre o fim da crise...

O seu colega das Finanças foi mais entusiástico. Teixeira dos Santos considerou que o Banco de Portugal veio reconhecer que 2006 foi o ano do início da retoma, mas rapidamente alertou que «as recuperações são lentas». É preciso esperar pelos próximos anos, disse.

O problema é que os portugueses não primam pela paciência e, com a dieta rigorosa a que têm sido submetidos, esperam para já os efeitos da recuperação. Quando o Presidente da República exige publicamente resultados na economia percebe-se que a melhoria em termos práticos não pode ser adiada.

O PSD, através de Miguel Frasquilho, destacou a divergência com a Europa «pelo menos até 2008». As previsões para a Zona Euro apontam para um crescimento de 2,2% este ano e 2,3% no próximo.

O que Frasquilho diz é verdade, mas o discurso dos sociais-democratas seria certamente outro se ainda fossem Governo. Ninguém estaria à espera que, de um crescimento de 1,2%, Portugal passasse, subitamente, para mais de 2,2% este ano...

Veremos se as previsões se concretizam e se se traduzem no dia-a-dia dos portugueses, nomeadamente ao nível do emprego. Esperemos que sim.

pedrocurvelo@dinheirodigital.pt

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