
O conflito que envolve elementos dos órgãos sociais e accionistas do BCP tornou-se aparente quando a proposta de reforço de poderes de Jorge Jardim Gonçalves e da blindagem dos estatutos saltou para o domínio público. Nessa altura, discutia-se, sobretudo, o modelo de governo da instituição.
Agora, que a batalha já vai longa e as divergências se aprofundaram, até o facto de Paulo Teixeira Pinto ter sido fotografado no Algarve, em pose informal, envergando um pólo adequado à época estival, já é motivo para contestação, nos bastidores, ao comportamento do líder executivo do banco.
Noutra altura, em que os ânimos estavam um pouco mais serenados e as discordâncias não tinham, ainda, transitado para a avaliação de detalhes como o guarda-roupa de Teixeira Pinto ou o seu atrevimento em surgir na capa da revista “Sábado” sem gravata, nem botões de punho, o facto teria, muito provavelmente, sido aproveitado pelos “marketeers” do BCP. Caso houvesse sinais de incómodo, poderiam virar a situação em seu favor, alegando que a instituição, como diria João Talone, não era, afinal de contas, dirigida apenas por quadros que parece terem engolido um cabide.
Mas os tempos são outros e não se compadecem com indumentária desportiva envergada em público. Para manchar a imagem de alfaiataria de boa qualidade do BCP, já bastarão às mentes mais sensíveis as opções de Joe Berardo. As ‘t-shirts’ negras, complementadas por fatos no mesmo tom, convenientes para quem prefere a imagem exótica de coleccionador de arte à de banqueiro perfeitamente identificado com as tradições do sistema, juntam-se ao seu gosto em provocar ondas de choque com declarações sonantes e, por vezes, mal fundamentadas. Tudo junto, faz de Berardo um bom motivo para os históricos do BCP, mas não só, ficarem com pele de galinha só de imaginar o banco nas mãos dos recém-chegados.
As referências, explícitas ou sibilinas, que se vão escutando nos intervalos entre assembleias gerais a questões como a política de vestuário de alguns dos protagonistas da contenda, acaba por ser reveladora de como são desesperadas, no BCP, as tentativas de conciliar duas partes que já se tornaram tão incompatíveis como um pólo Lacoste e uma gravata Hermès. Os dias que antecederam a retoma dos trabalhos da reunião de accionistas interrompida a 6 de Agosto foram elucidativos. Já não esteve em cima da mesa das difíceis negociações a busca de uma solução duradoura para relançar o futuro do banco, mas a porta de saída para um compromisso que possibilitasse manter um cessar-fogo destinado a vigorar até Março do próximo ano. Até lá, os problemas de fundo seriam provisoriamente varridos para debaixo do tapete.
O cansaço começa a ser evidente e a imagem de um banco sólido, exemplar na pose institucional, vai-se desvanecendo todos os dias. As cotações entraram numa espiral de volatilidade que gera desconfiança nas casas de investimento e o valor da marca degrada-se. Caso não existisse a convicção generalizada de que a oportunidade de lançamento de uma oferta pública de aquisição rapidamente se transformaria num problema político impossível de contornar, o país poderia, a esta hora, estar já a preparar-se para conviver com um BCP apaziguado e dominado por investidores estratégicos externos.
Ontem, a menos de 24 horas de os accionistas regressarem ao edifício da Alfândega, ninguém conseguia garantir, sequer, qual seria, de facto, a agenda dos trabalhos. Apenas um ponto parecia seguro: a análise da qualidade dos óculos escuros de Paulo Teixeira Pinto não iria estar em debate. O presidente do BCP teve o cuidado de os tirar antes de ser fotografado para a capa da “Sábado”.
Agora, que a batalha já vai longa e as divergências se aprofundaram, até o facto de Paulo Teixeira Pinto ter sido fotografado no Algarve, em pose informal, envergando um pólo adequado à época estival, já é motivo para contestação, nos bastidores, ao comportamento do líder executivo do banco.
Noutra altura, em que os ânimos estavam um pouco mais serenados e as discordâncias não tinham, ainda, transitado para a avaliação de detalhes como o guarda-roupa de Teixeira Pinto ou o seu atrevimento em surgir na capa da revista “Sábado” sem gravata, nem botões de punho, o facto teria, muito provavelmente, sido aproveitado pelos “marketeers” do BCP. Caso houvesse sinais de incómodo, poderiam virar a situação em seu favor, alegando que a instituição, como diria João Talone, não era, afinal de contas, dirigida apenas por quadros que parece terem engolido um cabide.
Mas os tempos são outros e não se compadecem com indumentária desportiva envergada em público. Para manchar a imagem de alfaiataria de boa qualidade do BCP, já bastarão às mentes mais sensíveis as opções de Joe Berardo. As ‘t-shirts’ negras, complementadas por fatos no mesmo tom, convenientes para quem prefere a imagem exótica de coleccionador de arte à de banqueiro perfeitamente identificado com as tradições do sistema, juntam-se ao seu gosto em provocar ondas de choque com declarações sonantes e, por vezes, mal fundamentadas. Tudo junto, faz de Berardo um bom motivo para os históricos do BCP, mas não só, ficarem com pele de galinha só de imaginar o banco nas mãos dos recém-chegados.
As referências, explícitas ou sibilinas, que se vão escutando nos intervalos entre assembleias gerais a questões como a política de vestuário de alguns dos protagonistas da contenda, acaba por ser reveladora de como são desesperadas, no BCP, as tentativas de conciliar duas partes que já se tornaram tão incompatíveis como um pólo Lacoste e uma gravata Hermès. Os dias que antecederam a retoma dos trabalhos da reunião de accionistas interrompida a 6 de Agosto foram elucidativos. Já não esteve em cima da mesa das difíceis negociações a busca de uma solução duradoura para relançar o futuro do banco, mas a porta de saída para um compromisso que possibilitasse manter um cessar-fogo destinado a vigorar até Março do próximo ano. Até lá, os problemas de fundo seriam provisoriamente varridos para debaixo do tapete.
O cansaço começa a ser evidente e a imagem de um banco sólido, exemplar na pose institucional, vai-se desvanecendo todos os dias. As cotações entraram numa espiral de volatilidade que gera desconfiança nas casas de investimento e o valor da marca degrada-se. Caso não existisse a convicção generalizada de que a oportunidade de lançamento de uma oferta pública de aquisição rapidamente se transformaria num problema político impossível de contornar, o país poderia, a esta hora, estar já a preparar-se para conviver com um BCP apaziguado e dominado por investidores estratégicos externos.
Ontem, a menos de 24 horas de os accionistas regressarem ao edifício da Alfândega, ninguém conseguia garantir, sequer, qual seria, de facto, a agenda dos trabalhos. Apenas um ponto parecia seguro: a análise da qualidade dos óculos escuros de Paulo Teixeira Pinto não iria estar em debate. O presidente do BCP teve o cuidado de os tirar antes de ser fotografado para a capa da “Sábado”.
João Candido da Silva
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