terça-feira, 18 de setembro de 2007

A culpa foi da cegonha


Castro Guerra, secretário de Estado-adjunto da Indústria e Inovação, é um vidente. Tem uma bola de cristal onde descobriu que os responsáveis pelo aumento da electricidade são os consumidores.
Espera-se que a declaração faça escola e quiçá, seja nomeada para o Nobel. Ainda não se sabe para que categoria, mas não faltarão hipóteses. Ao descobrir que os responsáveis pelo aumento são os consumidores, Castro Guerra ajudará a que os seus colegas digam que os culpados nos problemas na educação são os alunos e nos hospitais são os utentes. Se não houvesse consumidores de electricidade, alunos ou doentes, não haveria défice. A vida de um secretário de Estado seria muito melhor. Poderia mesmo ser deslocalizado para o Burkina Faso. Para se descobrir o que pensa efectivamente Castro Guerra tem de se comprar um microscópio. Porque, com base nas suas declarações, na electricidade não há um apagão. Há confusão. Na sua cabecinha, que ainda não gera "watts". Para Castro Guerra a culpa do custo da electricidade não é de um anterior Governo. São os portugueses. Os que votaram no secretário de Estado. No fundo Castro Guerra está a culpar quem o elegeu. Espera-se que os portugueses tirem as ilações do que ouviram. Quando os políticos começam a culpar os outros é porque não sabem o que fazer nas áreas que lhes competem. E, assim sendo, confessam-se incompetentes para o cargo. Poderia ser pior. Castro Guerra poderia ter descoberto que a culpa do aumento tinha sido da cegonha. Mas teve medo que, assim, ninguém o levasse a sério.
Fernando Sobral

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