A Secretaria Municipal de São Paulo divulgou na sexta-feira, 18, o boletim epidemiológico 2007, que analisa os números da transmissão do HIV, das DST e das Hepatites B e C. O documento registra queda na transmissão vertical do HIV (transmissão de mãe para filho). A médica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Dra. Marinella Della Negra, o diretor da Casa Vida, Pe. Júlio Lancellotti, e o presidente da Associação François-Xavier Bagnoud do Brasil, José Araújo Lima, receberam a informação com otimismo, mas acreditam que os números podem melhorar com a ampliação e intensificação dos trabalhos já realizados.Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, em 2002, a taxa de transmissão vertical foi de 3,54% entre os bebês expostos ao HIV, em 2003 caiu para 2,36% e, em 2004, chegou a 2,08%. O levantamento divulgado toma como referência o ano de 2004, após o acompanhamento das crianças por 18 meses, conforme estabelece o Ministério da Saúde. Os números de 2005, coletados até o momento, também apontam para a uma tendência de declínio desse indicador em São Paulo.“A queda dos índices de transmissão vertical tem sido constante e importante, na medida que o exame pré-natal continua sendo realizado nas gestantes e o atendimento tem melhorado. É preciso continuar ampliando cada vez mais essa política voltada à gestante e cuidar cada vez mais da saúde da mulher para que tenhamos resultados cada vez melhores”, declarou o Pe. Júlio Lancellotti fundador da Casa Vida.Dra. Marinella Della Negra, infectologista do Hospital Emílio Ribas ressaltou que este resultado é fruto de um trabalho conjunto entre Estado e município e “está muito bom, até que consigamos atingir índices menores, entre 1 e 2%”. Ela observou que para melhorar o resultado, seria necessário que todas as gestantes passassem pelo pré-natal e que fossem diagnosticadas em tempo hábil. “O serviço está preparado para isso, a população precisaria estar mais preparada. Já existe um trabalho dirigido às mulheres em idade fértil, que poderia ser intensificado para que possamos chegar ao objetivo,” avaliou.Na opinião de José Araújo Lima,coordenador da AFXB, o resultado já era esperado. “No entanto, com o acesso a medicamentos que temos no Brasil, nós estamos atrasados, os índices eram pra ser mais baixos”, afirmou. Ele acredita que tivesse havido uma política mais eficiente voltada para a prevenção desde 1996, o índice já estaria próximo a zero. “Infelizmente, as gestões de Maluf e Pitta na prefeitura foram negligentes com essa questão e acabamos atrasados. Quando a política é séria, o objetivo é atingido. Contudo, comparado ao Maranhão, que tem um índice altíssimo de transmissão vertical, o trabalho em São Paulo tem sido muito bem sucedido”, concluiu o ativista.TRABALHOS DA DRA. MARINELLA DELLA NEGRA, DA CASA VIDA E DA AFXB DO BRASIL REFORÇAM A AUTO-ESTIMA DE CRIANÇAS QUE VIVEM COM O VÍRUSFormada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo em 1971, Marinella fez pós-graduação no Instituto Brasileiro de Pesquisas em Gastroenterologia com a tese "Correlações clínico-patológicas e laboratoriais das alterações hepáticas na Aids pediátrica". Participou, como médica residente do Hospital Emílio Ribas, do tratamento de vítimas de epidemias, como a de febre tifóide, ocorrida no Parque Edu Chaves, e a de meningite, que durou até 1975 e atingiu toda a capital. Durante a década de 70, cuidou também de pacientes portadores de diversas moléstias infecto- contagiosas, como leptospirose, difteria, hepatite, entre outras. Fez estágio nos Estados Unidos, no North Shore University Hospital e no Albert Einstein Hospital, ambos em Nova York. Marinella começou a trabalhar com crianças HIV positivo em 1985, quando aceitou acompanhar pela primeira vez um bebê soropositivo recusado por outras equipes, já que então pouco se conhecia sobre os tratamentos da doença e suas formas de transmissão. A partir daí, Marinella se dispôs a pesquisar a Aids pediátrica e a procurar informações com especialistas, em revistas e em instituições internacionais. Os casos seguintes de crianças HIV positivo foram encaminhados a Marinella, que passou a se dedicar quase que exclusivamente ao número sempre crescente de pequenos pacientes. Aos poucos, formou uma equipe dedicada, unida até hoje. O grupo tornou-se altamente especializado no tratamento de crianças soropositivas. Em 1989, Marinella conseguiu doação em dinheiro de uma empresa que repassava verbas para organizações não-governamentais dedicadas ao tratamento de soropositivos. A médica decidiu então fundar uma dessas entidades, que chamou de Associação de Auxílio às Crianças Portadoras de HIV. Além de ajudar os doentes, fornecendo remédios, cuidando de seu encaminhamento a hospitais e ambulatórios, e de transmitir informações sobre a doença a pacientes e suas famílias, a ONG também organizou o primeiro encontro sobre Aids pediátrica no Brasil. últimos anos, vem fornecendo regularmente medicamentos para o Hospital Emílio Ribas. Fundada em 26 de julho de 1991, a Casa Vida acolhe crianças abandonadas portadoras do vírus HIV vindas, principalmente, da Febem. Com o objetivo de oferecer cuidados de saúde e educação, a Casa Vida proporciona afeto e atenção a crianças e adolescentes órfãos ou abandonadas por suas famílias.Nesses anos de funcionamento mais de 130 crianças e adolescentes já passaram pela Casa Vida I e II, sendo que 52 foram adotadas, mais de 20 retornaram para suas famílias de origem, 14 foram para outras organizações e ocorreram 12 óbitos. A Casa Vida acredita que o amor chama à vida, por isso, a metodologia adotada é a do respeito, da atenção, do acompanhamento e sobretudo, do amor, como preparação para a vida em comunidade, com limites e responsabilidade. Em mais de 10 anos, cerca de 100 crianças já passaram pela instituição e todas aprenderam a frase que rege a Casa Vida: "Elas vieram à vida... para viver"A AFXB Brasil foi fundada em 05/05/94, em Campo Limpo, Zona Leste de São Paulo. Sendo uma das poucas ONG que atuam na região. O objetivo de sua fundação surgiu da necessidade de acolher crianças que vivem com HIV/Aids, órfãs e/ou sem estrutura familiar. Tendo como característica principal ser uma casa de apoio, abrigou crianças na faixa etária 0 a 17 anos, encaminhadas por Juizados de Menores. Durante 7 anos, a FXB Brasil vinculou seu trabalho ao abrigo e cuidado integral a crianças infectadas pelo HIV/Aids. Após esse período, redimensionou a proposta de trabalho, acreditando que, apenas a institucionalização destas crianças não seria melhor estratégia para se garantir benefícios sociais, afetivos e econômicos, em médio e longo prazo, e passa a ter como objetivo à re-inserção familiar das crianças residentes na instituição a partir de busca, identificação e sensibilização de familiares.Redação Agência de Notícias da Aids
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário