segunda-feira, 17 de setembro de 2007

ALGUMAS VITAMINAS PODEM ENCURTAR A VIDA


Estudo: Algumas vitaminas podem encurtar a vida


Tomar vitaminas A, E ou betacaroteno pode encurtar a vida, segundo uma análise cruzada de vários estudos publicada terça-feira, que vêm contradizer a ideia de boa saúde associada a estes complementos alimentares.


A ingestão de complementos de vitaminas A, E ou de betacaroteno está ligada a um aumento de 5% dos riscos de mortalidade, demonstram os resultados de 47 ensaios clínicos que abrangeram 180.938 participantes, conclui Goran Bjelakovic do Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Universitário de Copenhaga, na Dinamarca.
A sua investigação, conduzida a partir de bancos de dados electrónicos e de dossiers médicos individuais, surge no Jornal da Associação Médica Norte-Americana datado de 28 de Fevereiro.
O consumo de vitaminas E, de betacaroteno e de vitaminas A está associado a um aumento do risco de mortalidade, respectivamente de quatro, sete e 16%.
Não existe qualquer acréscimo de risco com a vitamina C ou com o selénio, indicam os investigadores.
«A nossa análise sistemática mostra que o betacaroteno e as vitaminas A e E, tomadas separadamente ou combinadas com outros anti-oxidantes, aumentam de forma significativa os riscos de mortalidade», sublinha Bjelakovic, principal autor da investigação.
»Também não há, nestes ensaios, qualquer indicação clínica que mostre que a vitamina C pode acrescer a longevidade ou ter efeitos nefastos para a saúde», acrescentam os investigadores, que sublinham que «por seu lado, o selénio parece reduzir a mortalidade».
Os investigadores não deixam de referir que «este ponto concreto da investigação requer ainda muita pesquisa».
«As nossas conclusões vêm contradizer resultados de estudos que afirmavam que os complementos de anti-oxidantes melhoravam a saúde», afirmam os médicos.
Na medida em que dez a vinte por cento da população adulta da América do Norte e da Europa (cerca de 80 a 160 milhões de pessoas) podem absorver regularmente estes complementos vitamínicos, os médicos afirmam que as consequências para a saúde pública podem ser muito grandes.
Os autores do estudo deploram o bombardeamento publicitário da indústria que vangloria as virtudes destas vitaminas, potencialmente perigosas.
Segundo os médicos, os efeitos nefastos destas vitaminas na saúde podem explicar-se de diversas formas.
«Ao eliminarmos os radicais livres do nosso organismo com os anti-oxidantes, podemos estar a agir negativamente nos nossos mecanismos de defesa naturais».
Os complementos vitamínicos e outros anti-oxidantes são sintéticos e não são submetidos aos mesmos estudos rigorosos de toxicidade que os medicamentos, revelam os investigadores, que consideram ser necessária uma melhor compreensão dos mecanismos e acções dos anti-oxidantes em relação a potenciais doenças.
Geralmente, os fabricantes de vitaminas e outros complementos dietéticos não obrigados a registar os seus produtos na FDA, a agência federal de regulamentação dos medicamentos e dos produtos alimentares, nem são obrigados a obter a sua autorização para os produzir ou vender. No entanto, a FDA pode retirar os produtos do mercado, caso estes apresentem riscos para a saúde pública.
Diário Digital / Lusa
28-02-2007

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