domingo, 16 de setembro de 2007

VIAGEM TURISTICA A CINFÃES DO DOURO


Viajar pelo mundo rural é conhecer as nossas raízes, mais genuínas, encontrar o espaço para deleitar o nosso olhar e sentir o perfume da nossa intimidade.Quem sobe ao alto da Serra de Montemuro ou desce ao vale profundo do Douro, facilmente constata que o concelho de Cinfães é especial e que a cada momento nos surpreenderá, ora com o silêncio e a solidão extasiante da montanha, ora com a paisagem luxuriante da zona ribeirinha.Mas se a paisagem é deslumbrante e avassaladora, também o é a forma hospitaleira como os cinfanenses recebem os visitantes na sua terra.Pela sua situação geográfica e o seu carácter essencialmente agrícola e pecuário, tem sido sistematicamente esquecido pelo poder central, sobretudo ao nível das vias de acesso e dos investimentos, factor responsável pela progressiva desertificação de algumas das suas aldeias.
Aspectos Geográficos
Cinfães pertence ao distrito de Viseu e faz parte da região do Douro Litoral.A configuração do concelho assemelha-se à de um trapézio, cuja área de 238,76 Km se situa entre os rios Douro (norte), Paiva (poente) e Cabrum (nascente). A Cordilheira de Montemuro, designada por sistema Galaico-Duriense, com 1382 metros de altitude, limita a sua extensão a sul.A área do concelho é ladeada a norte pelos de Baião e Marco de Canaveses, a leste pelo de Resende, a Sul pelo de Castro Daire, a sudoeste por Arouca e a oeste pelo de Castelo de Paiva.
Cinfães é composto por dezassete freguesias: Alhões, Bustelo, Cinfães, Espadanedo, Ferreiros, Fornelos, Gralheira, Moimenta, Nespereira, Oliveira, Piães, Ramires, S. Cristovão de Nogueira, Souselo, Tarouquela, Tendais e Travanca.Os muitos afluentes do Douro que precipitam as suas correntes em direcção ao vale, são os principais responsáveis pela moldagem do relevo, ao mesmo tempo que tornam as terras envolventes muito férteis.
O Concelho de Cinfães situa-se na margem esquerda do Douro e o facto de se encontrar entre a serra e o rio, permite que tenha um clima temperado, cujas temperaturas variam entre os 0°C no Inverno e os 30°C no Verão. Podemos afirmar que o território desfruta de um clima moderado.O seu micro-clima e as características do solo permitem a cultura de várias espécies agrícolas, das quais se podem destacar a cerejeira, a laranjeira e a vinha de cujas castas se produzem os apreciados vinhos verdes com características únicas. Os seus verdejantes prados e lameiros permitem a criação do afamado gado bovino de raça arouquesa, que já deu origem à criação de uma associação (ANCRA) que certifica e controla a produção desta raça.
A sua diversidade geográfica, ora com as montanhas de relevo granítico e pontiagudo ou com outeiros e vales profundos, surpreende constantemente o visitante pela sua heterogeneidade e inconfundível beleza, - como referiu o poeta João Saraiva `...amena região onde em favores os deuses se esmeraram".
Cinfães e sua História
Desde tempos imemoriais que as terras cinfanenses são povoadas.A existência do rio Douro (utilizado como via de comunicação) e de uma fauna e flora ricas, associadas à existência de campos férteis com água abundante, tornaram o território atractivo à fixação de povoados.A partir do paleolítico (período da pedra lascada). iniciou-se o povoamento da região com povos vindos do Norte de África.
Quatro mil anos antes de Cristo a península começou a ser invadida pelos pré-celtas, existindo na região importantes vestígios da sua presença, nomeadamente através de castros e megalitos, podendo destacar-se as mamoas nas proximidades da Capela de S. Pedro do Campo e os castros de Monte das Corõas em Ruivães e Castélo em Tendais.Os romanos também aqui deixaram a sua marca, existindo vários testemunhos arqueológicos a atestar a sua presença.
Já no Séc. XII o concelho acolheu aquele que viria a ser o fundador da nacionalidade. Em Cosconha (Santiago de Piães), D, Afonso Henriques terá sido educado pelo aio Egas Moniz.Em 1513, D. Manuel atribui-lhe o primeiro foral. A comarca de Cinfâes foi criada em 1855, com a anexação das terras do extinto concelho de Sanfins do Douro.Do ponto de vista histórico importa ainda referir o cinfanense Serpa Pinto (1846-1900), um dos responsáveis pela expedição científica de travessia de África desde o Atlântico até ao Oceano Índico.
A diversidade paisagística do Concelho de Cinfães irá, por certo, seduzir a atenção do visitante, já que o fascínio que exerce será constantemente avassalador.Para que se possam apreciar terras cinfanenses será importante que o visitante disponha de pelo menos três dias, podendo optar pelos seguintes itinerários propostos.

Serra de Montemuro
Como já referimos, a cordilheira de Montemuro representa a parte sul do concelho de Cinfães.Assim, se se deslocar da região sul de Portugal poderá chegar a estas terras seguindo o itinerário ViseulCastro Daire/Cinfães.Após Castro Daire e seguindo em direcção a Lamego, encontra um cruzamento à esquerda que indica o sentido de Cinfães. Cerca de 5 Km após o cruzamento, antes da aldeia de Carvalhosa, encontra uma cortada à direita para a Gralheira (7 Km). Siga no sentido de Gralheira, pois esta típica aldeia rural merece uma visita e um olhar atento sobre a arquitectura das construções, onde os telhados de colmo ainda vão resistindo aos tempos modernos.
Esta é uma terra agreste, sujeita aos caprichos nem sempre fáceis do clima de montanha. Se entretanto a fome apertar, procure um restaurante e poderá deleitar-se com um almoço, de cozido, onde os enchidos da região não o deixarão indiferente. Se tiver sorte... poderá ouvir uma das mais curiosas preciosidades musicais de origem popular cantada a quatro vozes, os cramois, que o Grupo Etnográfico da Gralheira tem sabido manter na sua pureza.
Siga em direcção a Pimeirô, Vale de Papas, Alhões e chegará às Portas de Montemuro. Está agora num dos pontos mais elevados de Portugal. Lugar mítico situado a 1382 metros de altitude, onde existem algumas ruínas que se pensam de origem castreja e que a lenda refere terem servido de abrigo a Geraldes, Giraldo ou Geraldo "Sem-Pavor" e seu bando. Este caudilho do séc. XII, contemporâneo de D. Afonso Henriques é uma figura lendária e controversa que de fugido se tornou herói, pela sua epopeia na acção contra os mouros. Conta-se que foi daqui que ele partiu para conquistar Évora aos Mouros, o que lhe valeu o perdão real, tendo sido nomeado, pelo rei, Alcaide da cidade.
Deste ponto pode disfrutar a impressionante paisagem sobre o vale, a qual não o deixará indiferente pela sua sumptuosidade e grandeza. Voltamos ao caminho e quando encontrar uma cortada à esquerda para Sá e Casais, não hesite, tome esse percurso e suba ao alto do monte até chegar à Capela de S Pedro do Campo. Outrora, devido à pureza dos seus ares, serviu de local para tratar a tuberculose (casa junto à capela). Neste espaço amplo e silencioso, poderá descansar e meditar. Após o retemperar das forças volte a descer o monte e dirija-se a Marcelim para apreciar a paisagem sobre o Rio Douro.
Volte ao caminho e chegará à Vila de Cinfães.


Vale de Bestança

O Bestança é um dos rios menos poluídos da Europa. Desde tempos imemoráveis que tem sido palco de diversas civilizações como atestam os inúmeros vestígios pré-históricos. Para esta visita leve calçado prático e roupa leve, pois o turista será convidado a seguir os percursos pedestres, calcorreando carreiros e estradas de origem romana.
Saindo de Cinfães, dirija-se a Pias, Valverde e Avitoure. Ao longo do percurso aprecie a paisagem que agora se tornou verdejante, contrastando com a paisagem agreste e granítica da montanha. Os aramados de vinha, por vezes com 3 metros de altura, as hortícolas, as cerejeiras e as laranjeiras tomam agora conta dos campos...
A pastorícia por vezes em regime de veseira, mantendo tradições comunitárias, ainda é frequente nestes paragens. Os contos e lendas por vezes sobrenaturais são também pontos que valerá a pena descobrir se tiver curiosidades para tanto! Deixe o carro junto à estrada em Vila de Muros e siga um dos três percursos pedestres existentes. Agora vai descer até ao Bestança onde poderá admirar o rio, a ponte romana de Covelas, moinhos e o casario empoleirado nas encostas. Depois de visitar este lugar fantástico e de tirar fotografias para mais tarde recordar, inicie a subida até ao carro, na certeza de que o esforço foi compensado!Dirija-se novamente a Pias, atravesse o rio e à direita siga em direcção a Ruivais e Covelas para visitar a zona arqueológica.
Após 5 Km de Pias está em Covelas, agora volte à esquerda e siga para Ruivais. Aqui volte à direita em direcção a Ferreiros (3 Km), onde encontrará a zona arqueológica de Monte das Corôas.Este castro das Corôas foi edificado num outeiro alongado sobranceiro à margem direita do Bestança e tem uma magnífica visibilidade sobre o rio Douro, o que lhe conferia uma importante situação estratégica.Agora vá em direcção a Oliveira (5 Km) e quando aqui chegado volte para Boassas, típica aldeia rural do Vale do Douro.É interessante referir que em Boassas as pessoas conhecem-se melhor pelas alcunhas do que pelos nomes próprios. Por outro lado, também os nomes próprios são fora do vulgar, como por exemplo: Quinze Dias, Cidades, Xis,...
Siga rumo a Pias e depois da ponte vá em direcção a Souto do Rio e poderá admirar a paisagem deslumbrante proporcionada pelo encontro do Bestança com o Douro. Como o dia já vai longo e o cansaço começa a pesar, poderá optar por ficar alojado na magnífica casa de Rebolfe junto ao rio Bestança.


Vale do Douro

Como já referimos, a cordilheira de Montemuro representa a parte sul do concelho de Cinfães.Assim, se se deslocar da região sul de Portugal poderá chegar a estas terras seguindo o itinerário ViseulCastro Daire/Cinfães.Após Castro Daire e seguindo em direcção a Lamego, encontra um cruzamento à esquerda que indica o sentido de Cinfães. Cerca de 5 Km após o cruzamento, antes da aldeia de Carvalhosa, encontra uma cortada à direita para a Gralheira (7 Km). Siga no sentido de Gralheira, pois esta típica aldeia rural merece uma visita e um olhar atento sobre a arquitectura das construções, onde os telhados de colmo ainda vão resistindo aos tempos modernos.
Esta é uma terra agreste, sujeita aos caprichos nem sempre fáceis do clima de montanha. Se entretanto a fome apertar, procure um restaurante e poderá deleitar-se com um almoço, de cozido, onde os enchidos da região não o deixarão indiferente. Se tiver sorte... poderá ouvir uma das mais curiosas preciosidades musicais de origem popular cantada a quatro vozes, os cramois, que o Grupo Etnográfico da Gralheira tem sabido manter na sua pureza.
Siga em direcção a Pimeirô, Vale de Papas, Alhões e chegará às Portas de Montemuro. Está agora num dos pontos mais elevados de Portugal. Lugar mítico situado a 1382 metros de altitude, onde existem algumas ruínas que se pensam de origem castreja e que a lenda refere terem servido de abrigo a Geraldes, Giraldo ou Geraldo "Sem-Pavor" e seu bando. Este caudilho do séc. XII, contemporâneo de D. Afonso Henriques é uma figura lendária e controversa que de fugido se tornou herói, pela sua epopeia na acção contra os mouros. Conta-se que foi daqui que ele partiu para conquistar Évora aos Mouros, o que lhe valeu o perdão real, tendo sido nomeado, pelo rei, Alcaide da cidade.
Deste ponto pode disfrutar a impressionante paisagem sobre o vale, a qual não o deixará indiferente pela sua sumptuosidade e grandeza. Voltamos ao caminho e quando encontrar uma cortada à esquerda para Sá e Casais, não hesite, tome esse percurso e suba ao alto do monte até chegar à Capela de S Pedro do Campo. Outrora, devido à pureza dos seus ares, serviu de local para tratar a tuberculose (casa junto à capela). Neste espaço amplo e silencioso, poderá descansar e meditar. Após o retemperar das forças volte a descer o monte e dirija-se a Marcelim para apreciar a paisagem sobre o Rio Douro.
Volte ao caminho e chegará à Vila de Cinfães.

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