segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Tratamento dificultado aos imigrantes


As dificuldades dos seropositivos da comunidade imigrante e das minorias étnicas em aceder aos tratamentos vai estar em análise no encontro «Migrantes, Minorias Étnicas e HIV/Sida», hoje, em Lisboa.

Um membro do fórum da UE para o HIV/Sida afirmou ontem que os seropositivos da comunidade imigrante e minorias étnicas têm em Portugal um acesso difícil aos tratamentos, já que os serviços de saúde não cumprem a legislação existente. Num encontro sobre «Migrantes, Minorias Étnicas e HIV/Sida», que decorre hoje em Lisboa por iniciativa do Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de HIV/Sida (GAT), membros da sociedade civil e de organizações ligadas à saúde e à imigração vão abordar as dificuldades que os seropositivos da comunidade imigrante e das minorias étnicas têm no acesso aos tratamentos.Na antevisão do encontro, o vice-presidente do GAT e membro do fórum da sociedade civil da União Europeia para HIV/Sida, Luís Mendão, explicou que este ano o GAT centrou a sua actividade de prevenção e esclarecimento junto destas comunidades, “uma vez que estas são bastante vulneráveis à doença e porque o tema da migração será um dos principais temas durante a presidência portuguesa da UE”. A lei portuguesa de 2001 sobre esta matéria reconhece, ao contrário de outros Estados-membros, o direito que estes cidadãos têm em aceder aos cuidados de saúde para receber os tratamentos necessários. No entanto, “este direito nem sempre é aplicado na prática” e “a maioria dos doentes destas populações dificilmente é aceite nos serviços de saúde, que não sabem como enquadra-los”, afirmou o responsável. “Tem sido uma luta constante conseguir que as pessoas saibam quais os direitos que têm e que estes têm de ser reconhecidos”, sublinhou. De acordo com Luís Mendão, as principais razões para o difícil acesso destas comunidades ao serviço de saúde devem-se a questões culturais, como a língua, e ao facto de “muitos não estarem em situação regular”. Outro factor que dificulta o acesso aos tratamentos, segundo o vice-presidente do GAT, “é o medo que existe entre os imigrantes e as suas associações” em serem considerados pelos portugueses como responsáveis pela epidemia em Portugal, uma vez que se regista uma maior incidência de HIV nestas comunidades. “Esta falsa estigmatização impede que um bom trabalho na área da prevenção seja feito junto destas populações”, rematou o responsável.

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Diagnóstico

Mais infectadosO HIV/Sida é um problema nacional e o aumento do contágio junto da população imigrante deve-se ao facto de estas comunidades serem especialmente vulneráveis porque não têm garantido o acesso aos serviços de saúde, porque não há qualquer tipo de prevenção e porque muitas pessoas se encontram inseridas em redes de tráfego, onde são obrigadas a trabalhar na indústria de sexo. O diagnóstico é esboçado pelo vice-presidente do Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de HIV/Sida, Luís Mendão. E diz mais: As associações de imigrantes ou minorias étnicas devem acompanhar esta situação e promover o acesso aos serviços de saúde.

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