sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Uma história de 5 mil anos

História da Cidade de Joinville, no Estado de Santa Catarina, sul do Brasil

Onde o PORTUGALCLUB, vai fundar sede no inicio de 2009
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Habitualmente, remonta-se o surgimento da colônia Dona Francisca, atual cidade de Joinville ao contrato assinado em1849 entre a Sociedade Colonizadora de Hamburgo e o príncipe e a princesa de Joinville (ele, filho do rei da França e ela, irmã do imperador D. Pedro II), mediante o qual estes cediam 8 léguas quadradas à dita Sociedade, para que fossem colonizadas. Assim, oficialmente a história de Joinville começa com a chegada da primeira leva de imigrantes europeus e a "fundação" da cidade em 9 de março de 1851.

Sabe-se, no entanto, que há cerca de cinco mil anos, comunidades de caçadores e coletores já ocupavam a região, deixando vestígios (sambaquis, artefatos). Índios ainda habitavam as cercanias quando aqui chegaram os primeiros imigrantes. Por fim, no século XVIII, estabeleceram-se na região famílias de origem lusa, com seus escravos negros, vindos provavelmente da capitania de São Vicente (hoje Estado de São Paulo) e da vizinha cidade de São Francisco do Sul. Adquiriram grandes lotes de terra (sesmarias) nas regiões do Cubatão, Bucarein, Boa Vista, Itaum e aí passaram a cultivar mandioca, cana-de-açúcar, arroz, milho entre outros.

Os primeiros imigrantes

Po volta da década de 1840, uma grave crise econômica, social e política assolou a Europa. Fugindo da miséria, do desemprego, de perseguições políticas, milhares de pessoas resolveram emigrar. Um dos destinos era a colônia Dona Francisca, para onde vieram cerca de 17.000 pessoas entre 1850 e 1888. A maioria protestantes, agricultores sem recursos, estimulados pela propaganda, que apresentava o lugar como se fosse um verdadeiro paraíso terrestre.

A intenção da Sociedade Colonizadora, formada por banqueiros, empresários e comerciantes era, entretanto, auferir grandes lucros com a "exportação" dessa "carga humana" e estabelecer uma colônia "alemã", vinculada aos interesses comerciais alemães. O governo imperial brasileiro por sua vez incentivava a imigração visando substituir a mão-de-obra escrava por colonos "livres", ocupar os vazios demográficos e também "branquear" a população brasileira.
A evolução econômica

A indústria e o comércio, porém, começavam a se destacar: havia quatro engenhos de erva-mate, 200 moinhos, onze olarias. Exportava-se madeira, couro, louça, sapatos, móveis, cigarros e mate; importava-se ferro, artigos de porcelana e pedra, instrumentos musicais, máquinas e instrumentos agrícolas, sal, medicamentos, trigo, vinho, cerveja, carne seca e sardinha. Ainda nesse ano, Joinville é elevada à categoria de cidade (em 1866 fora elevada à vila, desmembrando-se politicamente de São Francisco do Sul).
Na década de 1880, surgem as primeiras indústrias têxteis e metalúrgicas. O mate transforma-se no principal produto de exportação da colônia Dona Francisca; o seu comércio, iniciado por industriais vindos do Paraná, deu origem às primeiras fortunas locais e consolidou o poder de uma elite luso-brasileira. Isso gerou uma tensão com a elite germânica, hegemônica até então, na luta pelo poder político local. Nesse período, Joinville já contava com inúmeras associações culturais (ginástica, tiro, canto, teatro), escola, igrejas, hospital, loja maçônica, corpo de bombeiros entre outros.

No início do século XX, uma série de fatos acelerou o desenvolvimento da cidade: é inaugurada a Estrada de Ferro São Paulo Rio Grande, que passava por Joinville, rumo a São Francisco do Sul; surgem a energia elétrica, o primeiro automóvel, o primeiro telefone e o sistema de transporte coletivo. Na área educacional, o professor paulista Orestes Guimarães promove a reforma no ensino em Joinville. Em 1926, a cidade tinha 46 mil habitantes. Na economia percebeu-se o fortalecimento do setor metal-mecânico; entra aqui o capital acumulado durante décadas pelos imigrantes germânicos e seus descendentes.A partir de 1938, a cidade passou a sofrer os efeitos "Campanha de Nacionalização" promovida pelo governo Vargas: a língua alemã foi proibida, as associações alemãs foram extintas, alemães e descendentes foram perseguidos e presos. Essas ações intensificaram-se ainda mais com a entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial, acirrando os ânimos entre a população luso-brasileira e os alemães e seus descendentes, causando profundas seqüelas na sociedade local.

Manchester Catarinense

Entre as décadas de 50 e 80, Joinville viveu outro surto de crescimento: com o fim do conflito mundial, o Brasil deixou de receber os produtos industrializados da Europa. Isso fez com a cidade se transformasse em pouco tempo em um dos principais pólos industriais do país, recebendo por isso a denominação de "Manchester Catarinense" (referência à cidade inglesa de mesmo nome). O crescimento desordenado trouxe também problemas sociais que persistem até os dias atuais, como desemprego, miséria, criminalidade, falta de segurança pública e infra-estrutura deficitária.

O perfil da população modificou-se radicalmente com a chegada de migrantes vindos de várias partes do país, em busca de melhores condições de vida. Aos descendentes dos imigrantes que colonizaram a região que hoje são minoria, somam-se hoje pessoas das mais diferentes origens étnicas, formando uma população de cerca de 500.000 habitantes. Joinville é uma cidade que pretende preservar sua história e inserir-se na "modernidade."

Dilnei Firmino da Cunha
Professor e Historiador

História do (hoje) Centro da Cidade de Joinville

Joinville no início deste século também era conhecida por Colônia. A cidade abrigava muitos forasteiros, pois estava sendo construída a Estrada de Ferro. O crescimento populacional incrementada a indústria, o comércio e a agricultura. Existia, ainda, grande expectativa com relação à próxima instalação da energia elétrica. Era no centro da cidade que se tomavam as mais importantes decisões com relação à Joinville. As ruas, de chão batido, emolduradas pelas casas com lindos jardins e cercas de madeira, em cuja extensão somente trafegavam pedestres, carroças e os bondes puxados a burro. Um luxo na época, que em seu percurso compreendia a Rua Alberto (atual Rua Alexandre Döhler), percorria parte da Rua Norte (atual Rua Dr. João Colin), seguia o Caminho do Meio (Rua XV de Novembro) e partia pela Rua do Porto de Cima (atual Princesa Isabel) e em seguida a Rua Olaria (atual Rua do Príncipe), pegando posteriormente a Rua São Pedro (atual Rua Ministro Calógeras) e até sair na Estrada Santa Catarina (atual Avenida Getúlio Vargas), chegando à Estação Ferroviária como ponto final. Foi extinto esse serviço em 1918, aproximadamente. Nesta época surgiram os primeiros ônibus, talvez em substituição aos já tradicionais, bondes e sobre eles relata o historiador Adolfo Bernardo Schneider: “Faziam o mesmo trajeto do bondinho. Eram conhecidos por ‘canarinhos’ em função de sua buzina, vinham ‘cantando’”. Andava-se muito a pé, e a maioria das pessoas possuía carroças e troles, muito comuns na época. Conta ainda o historiador Adolfo que “com a expansão do processo colonizatório ampliou-se necessariamente o perímetro urbano. Em 1915 era o seguinte: Ao Sul, Rua São Pedro (atual Rua Ministro Calógeras); ao Norte, Rua Alberto; ao Leste, Rio Cachoeira (que em sua margem oposta acolheu a Colônia dos Franceses) e a Oeste, o antigo Cemitério dos Imigrantes. Toda área que estivesse fora dessa delimitação era considerada zona rural”.

Acrescentando, Schneider relata "que somente através do Rio Cachoeira se mantinha contato com o mundo exterior. Para chegar à Colônia dos Franceses, que na época podia se considerar um bairro de Joinville, atravessava-se uma ponte de madeira que dava acesso a uma ilhota, que foi também ligada a então colônia.” As ruas de Joinville foram planejadas para serem largas, ladeadas por grandes valetas, que facilitavam o escoamento das águas, e eram abertas no sentido centro/periferia.

Dilnei Firmino da Cunha
Professor e Historiador

A história do Arquivo Histórico de Joinville

está intimamente relacionada às necessidades de parte de seus habitantes, que perceberam a importância da preservação da memória histórica da cidade. No início, privilegiava-se a memória de um passado de imigração, com o decorrer dos anos, a Instituição "guarda" e constrói registros de diferentes memórias. O AHJ, como é conhecido por seus freqüentadores, foi criado pela Lei Municipal n. 1.182 de 20 de março de 1972 e "é uma unidade subordinada à Fundação Cultural de Joinville, que tem por finalidade recolher, guardar, conservar, restaurar e preservar a documentação produzida por instituições governamentais de âmbito municipal, bem como, os documentos privados de interesse público, sob sua guarda, garantindo acesso público às informações neles contidas, com o objetivo de apoiar as instâncias dos poderes públicos municipais nas suas decisões político-administrativas, o cidadão na defesa de seus direitos e de incentivar a pesquisa relacionada com o desenvolvimento regional". De 1972 até 1986 o Arquivo funcionou em uma das salas da Biblioteca Pública Municipal "Rolf Colin", localizada na Praça Lauro Müller. A inauguração do atual prédio, fruto de um convênio firmado entre a Prefeitura Municipal de Joinville e o Governo da Alemanha, realizou-se em 18/07/1986.
Nestes 30 anos o AHJ passou por diferentes momentos estando sempre presente no auxílio aos pesquisadores que se dedicam a construir histórias sobre Joinville e região. Hoje, através de uma experiência acumulada durante o transcorrer dos anos, o AHJ mantém a responsabilidade de recuperar e divulgar informações, tornando-se uma instituição dinâmica no desenvolvimento de seu potencial científico, educativo e cultural junto a sociedade.

Perfeitura Municipal de Joinville

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