C O N J U G A N D O o V E R B O R A P I O (roubar, furtar)
D. João III reinou de 1521 a 1557, época aurea da presença portuguesa no Oriente.
"Encomendou el-rei D. João, o Terceiro, a São Francisco Xavier, o informasse do estado (situação) da Índia; o que o santo escreveu de lá - sem nomear ofícios nem pessoas - foi que o verbo rapio, na Índia, se conjugava por todos os modos: ...conjugam por todos os modos o verbo rapio, porque furtam por todos os modos da arte (de furtar); tanto que lá chegam, começam a furtar pelo mod indicativo, porque a primeira informação que pedem é que lhe apontem e mostrem os caminhos por onde abarcar tudo. Furtam pelo modo imperativo, porque têm o mero e misto império...todo ele aplicam à rapina. Furtam pelo modo mandativo, porque aceitam tudo que lhes mandam. Furtam pelo modo optativo, porque desejam tudo quanto lhes parece bem. Furtam pelo modo conjuntivo, porque ajuntam o seu cabedal com os que manejam. Furtam pelo modo potencial, porque sem pretexto nem cerimônia usam de potência. Furtam pelo modo permissivo, porque permitem que outros furtem. Furtam pelo modo infinito, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, porque sempre lá deixam raízes..." (Sermão do BOM LADRÃO, pregado (oportunamente, na presença de muitos) em 1655 na Igreja da Misericórdia, Lisboa, pelo corajoso Padre António Vieira).
É lugar comum dizer-se que o Poder corrompe, mas este aforismo deve basear-se na velha sabedoria popular, dado que já há mais de meio milénio, segundo o Padre Vieira, quem detinha o Poder CONJUGAVA o VERBO RAPIO de todos os modos, em todos os tempos e em todas as pessoas. Pois bem, agora, as FINANÇAS MUNDIAIS sossobraram nas mãos de quem DETINHA o PODER de especular, o poder de LIBERAR ALTÍSSIMAS SOMAS para as HIPOTECAS, somas que lhes passaram pelas mãos, em transações que DEVERIAM ser FISCALIZADAS pelos poderes públicos, que o NÃO FIZERAM, ou, se fizeram, devem ter posto a mão na massa. De qualquer modo - DURANTE ANOS SEGUIDOS - a ESPECULAÇÃO correu solta, as partes INTERESSADAS cobraram as suas COMISSÕES, os governantes APLAUDIRAM o (PROGRESSO?), os bancos "cresceram" ou incharam com os lucros artificiais, os EXECUTIVOS receberam DEZENAS ou CENTENAS de MILHARES de dólares por mês, mercê de "negócios" sem controle, sem moral, sem ética, sem LEI. Gananciosos, descontrolados, desonestos, deslumbrados, sem qualquer noção de responsabilidade profissional, deixados completamente a vontade pelo Poder Público, os Presidentes e seus "serventes" devem ter enchido o papo. E NINGUÊM PIOU!!!
Recentemente, um banco português (privado) foi, durante meses, notícia destacada nos média; um jóvem presidente brigava com o fundador, revelaram-se escândalos, aquele demitiu-se ou foi demitido, aposentou-se (com 45 anos de idade) com 25.000 Euros mensais, ano de 15 meses, foi INDENIZADO com 10 MILHÕES de EUROS, e nem corou de vergonha. Foi substituído por pouco tempo, até que tomou posse nova administração de inspiração governamental!. Os acionistas minoritários tiveram avultados prejuízos, mas parece que NINGUÊM foi punido, NINGUÊM devolveu os altos proventos, NINGUÊM foi responsabilizado pelas ilegalidades, pelos prejuízos, pela MÁ ADMINISTRAÇÃO, pelo rega bofe. Aqui cabe a resposta do PIRATA ao IMPERADOR Alexandre da Macedónia: apanhado a roubar pequenos barcos, o pirata foi levado à presença do Imperador, que o interpelou porque roubava; assim respondeu: Porque pratico pequenos roubos, sou ladrão, já Vossa majestade, porque ROUBA NAÇÕES INTEIRAS, É I M P E R A D O R !!!. Desconfio que os ENVOLVIDOS nos actos que ESTÃO MERGULHANDO o GLOBO no CAOS ainda se TORNARÃO IMPERADORES!!!
JVerdasca
domingo, 12 de outubro de 2008
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