sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A NOVA NOBREZA

De vez em quando o país é surpreendido com notícias que nos dão conta das benesses concedidas a uma casta ou do ordenado chorudo pago a um qualquer administrador de uma empresa pública. O último caso foi o caso das casas da CML que, ao que parece, tinham o seu próprio mercado restrito a familiares e a amigos de presidentes, vereadores e outras personalidades influentes da autarquia.
Tal como passado o Zé Povinho já estava habituado aos privilégios da monarquia também agora estas situações, que tanto agitam a classe política, já não despertam grandes agitações, o povo considera isto uma carga que tem que carregar, dantes eram os nobres , agora são os afilhados de uma classe política oportunista. É uma história de séculos que levou os portugueses a ter paciência de plebe.

Em tempos descobriu-se que alguns administradores de institutos ficavam com os bólides adquiridos em leasing mediante o pagamento de um valor residual irrisório, depois soubemos das fortunas ganhas pelos administradores hospitalares que até podem ser donos de empresas que vendem serviços aos próprios hospitais, Luís Cunha deixou o cargo de ministro das Finanças depois de se saber da pensão vitalício que usufrui desde que deixou a administração daquele banco, agora soubemos das casas da Câmara Municipal de Lisboa. Daqui a algum tempo ficaremos a saber de mais algum esquema montado para beneficiar uma qualquer casta, porque as nossas elites de gabinete poderão ser incompetentes mas não lhes falta criatividade na hora de fazerem pela sua vida.

Temos, portanto, uns "republicanos" que decidiram criar esquemas que lhes conferem um estatuto acima dos outros cidadãos, é gente que chegando ao poder aplica a velha regra que diz que “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é estúpido ou não tem arte”. É evidente que raramente são apanhados numa situação de ilegalidade, a pensão do Banco de Portugal é tão legal como o aluguer das casas da câmara como são todos os esquemas montados por estes espertalhões da República. Digamos que estes novos nobres quando vão tomar banho sabem onde deixam a roupa, nunca são apanhados descuidados, para eles as malhas da lei são largas e o que não é ilegal é eticamente aceitável, é a ética republicana segundo explicaram algumas personalidades.

Esta nobreza faz vida fácil, cria esquemas para os filhos entrarem nas universidades (como se viu no caso de um ministro de Durão Barroso), gera empregos para os filhos nos gabinetes ministeriais e autárquicos, conseguem carros a preço da uva mijona, obtêm-se reformas vitalícias, arranjam-se casas a baixo preço, enfim, tem-se uma vida fácil, própria de quem nasceu de rabo para o ar. A crise passa-lhes ao lado, a carga fiscal é aliviada por novos esquemas, por maiores que sejam as desgraças que o país enfrentam ficam sempre de fora no momento do sacrifício.

O Jú - Im Portugalnoticias

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