Um dos maiores patrimônios culturais do Brasil, reconhecido internacionalmente, é a Bossa Nova, que completa 50 anos no meio a uma discussão sobre se o real momento histórico do seu inicio foi em 1957, 1958 ou 1959. No texto abaixo, isto vai ficar esclarecido.
A Paraíba não ficou distante, a nenhum momento, da Bossa Nova. Os radialistas Francisco Ramlho e G. O BElli produziram e apresentaram o programa “Júri musical popular”, na Rádio tabajara, onde a BN foi o grande enfoque. Foi Ramalho que apresentou o 1º Festival de Bossa Nova, no Teatro Santa Rosa em João Pessoa, Paraíba, em que o “escriba-compositor” destas linhas teve o orgulho civil-musical de cantar “A Felicidade” (“a felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor”)
Muita coisa vai acontecer na Paraíba em homenagem aos 50 anos da Bossa Nova. Entre elas: uma exposição temática, e o relançamento do “Bossa Nova – Songbook” de Diana Miranda.
Carlinhos Lyra foi um dos mais expressivos nomes da Bossa Nova, sempre teve um cuidado enorme com a precisão das datas, das coisas e dos sons. Foi Carlinhos que definiu quando, afinal, nasceu a Bossa Nova, numa reunião com Roberto Menescal e Luis Carlos Miele, no ano passado, organizada e registrada por Fred Rossi, que editou e lançou recentemente o álbum-agenda “50 anos de Bossa Nova”.
Carlinhos Lyra definiu dois acontecimentos, em 1958, que marcaram o nascimento da Bossa Nova:
1º O disco “Canção do amor demais” em que Elizeth Cardoso cantava as musicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, com acompanhamento luxuoso do violão de João Gilberto.
2º O disco de 78 rpm (rotações por minuto) de João Gilberto cantando: “Chega de Saudade”.
Há quem defenda que a Bossa Nova surgiu em 1957 em show na Sociedade Hebraica, em São Paulo, que anunciou “Os Bossa Nova”. Outros defendem o ano de 1959, quando João Gilberto lançou o seu primeiro LP. Acertos aqui, conversa acolá, os bossanovistas remanescentes, que tem o direito desse procedimento, oficializaram 1958 como o ano do nascimento da Bossa Nova para “efeitos históricos ou comemorativos”. Enfim, “o ano da referencia”.
Sobre a definição do que é Bossa Nova, gosto muito do que Carlinhos Lyra escreveu: “Não é uma musica de elite, como já se disse. Seria absurdo acreditarmos que cultura é elite. Pode-se ver, por suas influencias, que a Bossa Nova é uma musica popular de câmara e, portanto, culta. Daí essa identificação com as classes médias do mundo. Enquanto houver classe média, haverá Bossa Nova.
Nara Leão foi a musa da Bossa Nova, para quem foram compostas musicas como “O barquinho” e “Lobo Bobo”. Se transformou numa das vozes da resistência à ditadura.
Já o genial Tom Jobim deu forma e acabamento à Bossa Nova. “Desafinado” e “Garota de Ipanema” até hoje são “hits” no mundo inteiro.
COMO BRILHARAM OS ANOS DOURADOS
Após o lançamento do primeiro LP de João Gilberto, também chamado “Chega de sudade”, a Bossa Nova rapidamente se transformou em mania nacional e em poucos anos conquistou o mundo.
Mas bem antes disso o Rio de Janeiro já vivia um raro momento de florescimento artístico, como poucas vezes se viu na história da cultura nacional. Não é a toa que os anos 50 são conhecidos como os “anos dourados”. O Brasil vivia então um período de crescimento econômico que acabou se refletindo em todas as áreas. Em 1956, Juscelino Kubitschek tomou posse na Presidência da Republica com o slogan desenvolvimentista “50 anos em 5”.
Em 1957, estreava o filme “Rio, Zona Norte”, de Nelson Pereira dos Santos, um dos primeiros representantes do que viria a ser chamado Cinema Novo.
Em 1958, a Seleção Brasileira de Futebol conquistava a sua primeira Copa do Mundo, derrotando a seleção sueca por 5 a 2. em 1960, Juscelino Kubitschek inaugurava a nova capital do País,Brasília.
Foi neste contexto que se consolidou o movimento que viria a revolucionar não só a musica brasileira mas toda a produção internacional.
‘Carlos Aranha’
segunda-feira, 24 de março de 2008
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