Fidel Castro no deixou o poder. Apenas renunciou a presidência de Cuba. Como grande estrategista que sempre foi está agora cuidando ele próprio da sua sucessão. Nada mais sábio. O anuncio da renuncia, comemorado pelos cubanos exilados nos EUA e com frases do governo americano se oferecendo para “ajudar o povo cubano no seu anseio por liberdade” soa festiva demais. A renúncia não significa quase nenhuma mudança.
O maior mito vivo da história política mundial sabe que está gravemente enfermo e que o pior que poderia acontecer seria a sua morte repentina sem deixar a ilha preparada. Se assim fosse, este não seria Fidel. Afinal, no foi ele que conseguiu escapar de inúmeras tentativas de assassinato da Agencia Central de Inteligência Americana? De charutos envenenados a canetas-atiradoras, o homem mais odiado dos Estados Unidos durante décadas escapou ileso a tanta ira.
Foi Fidel, um simples latino-americano, que trouxe o pavoroso monstro do comunismo para muito perto. Fez a União Soviética mandar os seus navios para Cuba com armas nucleares apontadas para os EUA depois do fiasco da invasão da Baia dos Porcos que usou os cubanos treinados pelos americanos.
A Guerra Fria, que hoje parece ficção, fez todos os países tremerem como o anuncio do fim do Mundo. Só nos últimos anos o surgimento de Osama Bin Laden foi capaz de desviar os olhos do governo americano de Fidel Castro.
Ele dedicou a sua vida à causa que acreditou desde jovem, quando aos 26 anos e formado em Direito, liderou um grupo de revolucionários contra o ditador Fulgêncio Batista. Cuba nada mais era do que o quintal dos EUA, corrupta com uma pequena população rica, muitas empresas americanas e a grande maioria pobre e miserável.
Preso, condenado e anistiado, no México conheceu Che Guevara e juntos com Raul, o seu irmão inseparável desde então, que esteve sempre ao seu lado, voltou á ilha com um grande plano de guerrilhas de supetão e que culminou com a tomada do poder em 1959, quando o general Batista fugiu num avião; recheado de familiares e aliados.
Acusado por muitos de manter um governo rígido, com execuções desnecessárias, sem liberdade e cheio de sacrifícios para o seu povo, Fidel também é admirado por outros. Instituiu um grande plano de educação, erradicou o analfabetismo, e tem na saúde um dos melhores, senão o único exemplo da América Latina.
A sua renuncia em favor do irmão, sem duvida, faz pensar. A era Fidel entra, sem duvida, no capitulo final. Algumas reformas podem até vir, e já estão, aos poucos, acontecendo, mas no haverá nenhuma mudança drástica enquanto o Comandante viver.
‘Rosa Aguiar’
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