segunda-feira, 24 de março de 2008

CRISE NO PSD E PROFESSORES

“Com o mal dos outros posso eu bem...”

Se os estrategas do governo se fiam no mal dos outros — o vincar da crise no PSD, explorar as deficiências da comunicação dos professores — fazem mal.
Fazem o jogo dos que já estão a explorar os mecanismos do adormecimento, entre os quais acentuar o carácter quase fatalista da segunda maioria absoluta, evidenciar o mau estado do PSD e desviar os olhos para as contabilidades sectoriais.
O governo e o partido que o sustenta eleitoralmente têm de se manter focados no exercício da governação, ler e interpretar os sinais amplamente fornecidos pela sociedade civil — sem a olhar pelo filtro dos media e sobretudo dos fazedores de opinião, que não são nem representantes, nem representativos do eleitorado e agem em função dos seus interesses pessoais, dos seus grupos ou alianças de percurso.
A acção tem de ser desenvolvida como se o PSD fosse uma organização pronta para disputar as legislativas de 2009 taco a taco, como se cada greve ou protesto possa ser a gota de água. Em sociedades rápidas, como são as democracias do Norte neste início do século XXI, a lição de Andy Groove para a sobrevivência da Intel aproveita a qualquer organização: só os paranóicos sobrevivem.
A este governo sobra em autismo o que falta em paranóia.
Os professores estão a emitir um sinal de alerta. Não político, não imediato, é um sinal de alerta social e económico; um sinal que ainda não tem bandeira partidária (os professores são inteligentes) mas possui grande força e impacto na sociedade, pelo que se presta a ser manipulado em função de futuras circunstâncias eleitorais, e nessa altura será tarde demais para acções de correcção.
A lebre corre mais depressa, o que não a impede de perder a corrida para a tartaruga. É muito fácil:
Basta adormecer sobre os louros.

In: Certamente

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