quarta-feira, 12 de março de 2008

A CULTURA DAS TREVAS

A minha posição pessoal relativamente á Igreja Católica, e a todos os tipos de religião, esta já á muito tempo formada, e não creio, que passados todos estes anos, e muitos e muitos exemplos de vida, possam algum dia conseguir mudar essa minha forma de estar, pensar e sentir a religião, perante a vida, e a minha pessoa em particular.
Eu jamais conseguiria viver no mundo das trevas, adoro a luz, o conhecimento, a evolução, o desafio. Odeio aqueles que protegem o imobilismo, o dogmatismo, a ignorância, e sobretudo odeio aqueles que manifestam despeito por todos aqueles que sabem mais, e querem saber mais ainda.
O saber é algo que como já se escutou milhões de milhões de vezes, não ocupa lugar, e deve ser sempre incentivado.
Para mim trata-se de, uma determinada cultura, que, volto a repetir, mais uma vez; respeito, sem, no entanto, conseguir entender como alguém consegue imaginar o Mundo de determinada forma, sem admitir que ele evolui a cada segundo, seguindo a sua trajetória natural de que nada se cria, nada se perde, e tudo se transforma, já por demais provada.
Vem isto a propósito da atualidade do debate que se faz a nível mundial, tendo como pano de fundo, o uso das células-tronco embrionárias, para o estudo e tratamento de determinadas doenças e enfermidades.
Pode parecer algo paradoxal a minha posição, tendo como bandeira de debate, temas como o aborto, pena de morte para crimes hediondos, ou a eutanásia, entre outras, mas eu sou realmente, assim, assumo que sou um polemico, com idéias próprias.
Desta forma, sempre irreverente, e independente de idéias pré-concebidas, realmente assumo que sou frontalmente contra o aborto, após as 12 semanas de gestação, pois para mim, trata-se nessa fase, de uma vida que já está a ser destruída, sem ter direito a qualquer gênero de defesa. Para mim trata-se já de um homicídio.
Sou, e sempre fui a favor da eutanásia, para os casos considerados irreversíveis, e desde que o individuo manifeste de forma responsável e inequívoca esse seu desejo, de comandar a sua vida, pois considero que ninguém é dono da vida de ninguém, a partir do momento em que é realmente vida, como se preconiza a vida humana.
Podem vocês dizer; mas um feto com menos de 12 semanas já é vida. Pois podem ter todos os argumentos, e razões que entendam apontar, mas está cientificamente provado, que é nessa fase que o embrião se transforma num feto com a chamada vida própria, muito embora ainda dependa da placenta da mãe para se desenvolver até, sair para o mundo exterior.
Da mesma forma, sou formal e frontalmente favorável á aplicação da pena de morte, para; os chamados crimes hediondos, desde que de modo inequívoco esteja provada a culpabilidade do alegado criminoso, e que não exista a mais, pequena ou leve suspeita de que pode não ser o ator principal do crime, isto para não se cometerem alguns erros como os já comprovadamente verificados, por exemplo, nos EUA, e mesmo na China.
Agora surge na sociedade mundial a questão do uso das células-tronco embrionárias, e a minha posição está também firmemente tomada, em termos de opinião pessoal.
Aqui, e relativamente a este assunto, que interessa a toda a nossa civilização, tenho encontrado; a mais firme oposição da Igreja Católica, tal como sempre acontece, diga-se, em relação aos avanços da ciência. Há muitos, muitos anos a vitima foi Galileu Galilei, o famoso astrônomo e filosofo italiano, que a “Santa Inquisição” obrigou a abjurar as suas próprias descobertas cientificas.
Recorde-se que um sem numero de personalidades ilustres, e outras tantas anônimas, acabaram por ao longo dos tempos; arder em fogueiras e piras justicialistas, que mais não pretendiam do que evitar a evolução do homem, rumo á sapiência de todos os seus segredos.
Outros ainda; viram terminar os seus dias a apodrecer em presídios, ou fechados nas suas próprias casas, excomungados e estigmatizados devido ás suas idéias. E que dizer da complacência da Igreja Católica, e de outras formas e conteúdos de religião, ao longo dos tempos com os regimes feudais, escravocratas e ditatórias, que até aos dias de hoje se podem observar, um pouco por todo o lado, escondidos numa capa de falinhas mansas, e de paz e amor, bandeirinhas, e beijinhos nas criancinhas e nos velhinhos.
Mais não é do que o mais puro e vergonhoso cinismo!
Não nos podemos também esquecer; do Papa Pio XII, que colocado perante as atrocidades do regime de Adolfo Hitler, Mussolini, Francisco Franco, Salazar e companhia, mais não fazia que; emergir na Praça de São Pedro no Vaticano, em Roma, para cantar aleluias, e mandar criar fatos perfeitamente atemporais e marcadamente para entreter as massas mais incultas, como os exemplos de Fátima em Portugal, são um dos bons exemplos dessa política de ‘iluminarias’. Talvez por tudo isso tenha ficado conhecido na historia do século XX como o Papa de Hitler, que lhe mereceu até um magnífico tratamento, num livro que ninguém deve deixar de ler, do escritor inglês John Cornwell, sob o mesmo nome; “O Papa de Hitler”.
Nos dias de hoje salta á vista de qualquer leigo, a atitude verdadeiramente homicida, que mantêm com relação ao continuado veto á utilização do preservativo, e com isso contribuem de modo descarado para o aumento indiscriminado da AIDS, e de outras doenças sexualmente transmissíveis.
Realmente para quem tantas vezes, surge na sacada do Vaticano, apregoando o direito á vida, logo se entende que não passa de mera figura de estilo, para “boi entender”.
A cruzada da religião, contra os avanços da ciência, é algo que não tem parado ao longo dos tempos, e hoje esta virada para o combate aos estudos e avanços que se tem desenvolvido na utilização das células-tronco embrionárias, no tratamento e mesmo na cura de doenças graves como o câncer, distrofias musculares e Alzheimer, entre muitas outras. O confronto entre a ciência e a fé, continua assim a marcar a agenda das nossas vidas, quando deveria ser banido do Mundo, possibilitando um Mundo bem melhor para milhares e milhares de seres humanos, que aguardam com muita esperança uma oportunidade para poderem viver condignamente as suas vidas, e dentro daquilo que se padronizou chamar de felicidade possível.
Na realidade eu como Ateu assumido, sou um dos mais suspeitos para vir aqui questionar, em nome de quem fala hoje a Igreja Católica, ao pronunciar-se como o tem feito.
Eu sei que noutras épocas, já teria ardido nalguma fogueira da ‘Santa Inquisição’, e antes disso excomungado umas trezentas e oitenta e cinco vezes e meia, mas como homem. Mas como cidadão do mundo. Mas como pensador livre que assumo ser. Realmente tenho que questionar os católicos sobre a forma como a sua instituição religiosa, estacionou no tempo, e quer reproduzir o Mundo dentro da sua imagem padronizada, tentando alienar o pensamento de toda uma geração, e condicionando o futuro de muitas e muitas gerações atuais e futuras...
No entanto, afinal o que é a vida?
Uma astuciosa arrumação de proteínas reunidas por ação de milhares e milhares de transformações produzidas ao longo de milhares de milhões de anos, depois de uma magnífica explosão biológica B.B., que levou a que ao fim de bilhões de anos estejamos hoje aqui... pensando sempre que amanhã poderemos muito bem já estar ali...
A vida humana não cabe nesse simples precário que a Igreja Católica a quer colocar, e muito embora se tenha que dizer que a bem do próprio homem, nem todas as condutas possíveis estão autorizadas em favor do progresso cientifico, esta realmente; a das células-tronco embrionárias, é algo com que nada nem ninguém vai poder criar ao longo do tempo entraves, ou seja; o direito da ciência de poder reparar aquilo que por alguma razão não pode ser criado corretamente, sim porque o perfeito não existe, e por outro lado reparar aquilo que fatores da vida muitas vezes de modo não conseqüente criaram na vida de cada um, e que desta forma podem ser reparados ou melhorados, não vai parar, porque simplesmente alguém que se sente e acha o dono da verdade, entende que deve ordenar para que se pare.
Seguindo aquilo que já conhecemos, terei que dizer que ... e contudo ela (a terra) se move..., repetiria sem parar Galileu Galilei, e ainda bem, pois não existe lugar na terra para alimentar a cultura das trevas!

‘João Massapina’

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