quarta-feira, 12 de março de 2008

O SUICIDIO DO PPD/PSD, SEGUNDO VASCO PULIDO VALENTE

Logo quando Luís Filipe Meneses foi eleito, nos interrogámos aqui no CLARO sobre que raio de bicho havia mordido o PSD, que impulso, que síndrome suicidária o atirava para as mãos de uma política suicida. O mesmo que agora VPV constata:

«Com Sá Carneiro, o PSD foi o partido da fundação e legitimação da direita democrática. Com Cavaco Silva, foi o partido da "modernização" e da "Europa". Depois de Guterres, devia, evidentemente, ter sido o partido da reforma do Estado e da austeridade financeira, que Sócrates quis ser e, como se constata hoje, não conseguiu. Levado por Barroso e por Santana, o PSD balançou entre um liberalismo absurdo, que nem a economia nem as tradições do país permitiam, e um "populismo" de trazer por casa, que afastou o velho eleitorado conservador e não atraiu ninguém de substância. Pouco a pouco, o PSD foi perdendo a sua imagem de responsabilidade e a sua vocação "natural" de poder. A fuga de Barroso e o desastre de Santana consumaram esta decadência. Marques Mendes, quando chegou, já podia fazer pouco, e o advento de Menezes, como seria de prever, institucionalizou uma desordem, que frequentemente roça a loucura.

A situação do PSD é hoje objecto de uma curiosidade irónica. A revista Sábado, por exemplo, publicou um gráfico para explicar ao leigo a inexplicável balbúrdia que por lá vai. O gráfico não inclui qualquer discordância ideológica ou política, só tenta modestamente estabelecer quem "odeia" quem, quem "atura" quem e quem "ama" quem. A ideia que fica não é a de um partido, é a de um bando, dividido e perigoso, em véspera de um ajuste de contas, que só o medo e a ambição precariamente unem. O PSD parece estar (sem saber ou sabendo) a caminho do suicídio. Nenhuma organização resiste a tanto ressentimento e a tanta raiva ou, naquele estado, inspira, cá fora, a mais remota confiança.
Luís Filipe Menezes, que é o chefe em título, não passa de um cacique entre caciques. Não lhe obedecem e não o respeitam.

Ele próprio, quando abre a boca, aumenta a discórdia, não a diminui. A maioria que o elegeu preferia agora que ele se escondesse, ou, pelo menos, se calasse. Num ou noutro intervalo lúcido, Menezes percebe a necessidade de se proteger. Mas nem sempre aguenta docilmente o sossego de Gaia e, de quando em quando, rebenta por aí uma bomba gratuita. Esta semana: a supressão da publicidade na RTP e a separação absoluta da medicina privada e da medicina pública. Da cabeça dele sai o que sai, para grande alegria da gente que no PSD o detesta e grande conforto da gente que no PS o acha um milagroso aliado. Não se imagina um retorno à sanidade. O partido de Sá Carneiro (e de Cavaco) começa a morrer.» Vasco Pulido Valente no Público

Para se perceber bem até que ponto VPV tem razão veja-se uma notícia recente do DN, que pode querer dizer que apesar de tudo o PSD se rebela contra as tendências suicidárias:

«José Pedro Aguiar-Branco esteve ontem a almoçar com o presidente da Câmara de Coimbra, Carlos Encarnação, naquela que é vista como mais uma movimentação do deputado contestatário de Menezes. O repasto, em Coimbra, entre Aguiar-Branco e o antigo líder parlamentar do PSD (e elemento muito próximo de Manuel Dias Loureiro) acontece no mesmo dia em que; outro autarca, António Capucho, presidente da Câmara de Cascais, tece duras críticas a Luís Filipe Menezes.» in Diário de Notícias

In: Claro

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