«Se falo em “carreira” é porque Durão diz na mesma entrevista [ao DN e à TSF] que não gosta da expressão “carreira política”. Declarações portentosas vindas de quem, sobre a Guerra do Iraque, diz ainda o seguinte:
“Não temos que estar de forma nenhuma arrependidos da posição que tomámos. Portugal não perdeu nada, também na Europa, com isso. Repare, depois das decisões que tomei, fui convidado a ser presidente da Comissão Europeia e tive o consenso de todos os países europeus. O que demonstra que o facto de Portugal ter tomado naquela altura aquela posição não prejudicou em nada, em nada, a imagem de Portugal junto dos seus parceiros europeus.”
Durão Barroso pode não gostar da expressão, mas faz da sua carreira política a medida de todas as coisas. Aquelas frases sugerem bem como funciona a sua cabeça e a de tantos políticos como ele. Portugal não tem que estar arrependido do apoio à invasão do Iraque. Porquê? Porque “não perdeu nada com isso”. Não perdeu o quê: honestidade, credibilidade, autoridade moral? Nada de tais coisas; foi a nossa “imagem” que não sofreu. E como sabemos que a nossa “imagem” não sofreu? Porque a carreira de Durão o “demonstra”.
Esta é a mais pura inversão moral. A carreira de um indivíduo é a medida da imagem de um país. A imagem de um país é mais importante do que o seu comportamento. E a opinião dos parceiros - em geral mais ricos, poderosos e brancos - é mais importante do que o destino de gente que é menos qualquer dessas três coisas.
Muitos anos, muitos jornais e muitas crónicas depois, pergunto-me se será demasiado ter uma palavra sobre os quinhentos mil mortos e quatro milhões de refugiados desta guerra. Mas afinal, os portugueses não devem preocupar-se com isso, porque Durão Barroso veio depois a ser nomeado para um cargo importante. Mais alguma coisa interessa?»
Com a devida vênia a Rui Tavares do Publico e ao Blog – Aspirina B.
Realmente nada se perdeu, até agora bem entendido seja!?
Ou melhor, perdeu-se e muito: Portugal perdeu a dignidade de pensar pela sua cabeça, e não andar a reboque de políticas impostas, muito embora não esteja só no Mundo; Portugal enquanto nação devia ser dirigida por homens e mulheres que antes de pensarem em si, nos seus projetos pessoais, pensassem que estão ali porque a maioria de pouco mais de 10 milhoes lá os colocou “temporáriamente”.
Portugal ainda não perdeu nada, segundo o pensamento do ex-maoista Durão Barroso, mas afinal o que é que Portugal realmente ganhot???
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