quarta-feira, 12 de março de 2008

O JOVEM NO CRIME

Grupos de especialistas têm-se debruçado em estudos comportamentais com uma única finalidade: saber por que tantos jovens ingressam no crime. O dia a dia, porém, revela que as razoes são muitas e diversas. Famílias desestruturadas, falta de oportunidades para o exercício de alguma atividade profissional, espancamentos, abusos sexuais cometidos até mesmo por familiares, e a sedução do consumismo, do “ganho fácil” com a venda de drogas e de produtos roubados ou furtados explicam parte dessa realidade social. Em muitos desses casos o recrutamento de jovens para o crime é feito dentro da própria residência onde vivem; noutros, o primeiro contato ocorre onde existem agrupamentos e a influencia, nesse caso, parte de colegas com quem tem mais afinidade.
No Brasil é de 30% o percentual de jovens que cumprem pena de prisão em presídios estaduais.isso significa que de cada dez apenados, três são jovens com idade que varia entre os 18 e os 24 anos. A situação é basicamente a mesma na Paraíba. Aqui, como no País, tem-se verificado uma ligeira tendência – para cima – dos números que apontam a presença de jovens nos Presídios pelos mais diversos crimes, sendo que a maioria dessas prisões é por assalto ou trafico de drogas. Depois dos 24 anos constata-se uma inclinação maior para crimes de elevado potencial ofensivo, como homicídio (assassinato) e latrocínio (roubo seguido de morte). Essas duas infrações são típicas da meia-idade, e são motivadas, geralmente, por: ciúmes, vingança, brigas comuns, questões de terras, trafico de drogas e de armas, assaltos a bancos e carro-forte ou questões de propriedade. Ainda, para enriquecimento fácil e demonstração de poder. Mas no quantitativo da população carcerária eles representam uma parcela pouco significativa em comparação ao numero de apenados com idade abaixo dos quarenta anos.
A preocupação com o índice de jovens na criminalidade foi manifestada, recentemente, pelo Secretário Nacional da Juventude, durante o encontro Vozes Jovens, promovido pela pasta da qual é o titular, mais a ONU (Organização para as Nações Unidas) e o Banco Mundial. A própria política nacional de juventude, que avalia a situação dos jovens no país, reconheceu que 71% das instituições que tendem a jovens infratores não o fazem de forma adequada. Muito do que está disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente no é efetivamente aplicado em favor daqueles que deveriam, por lei, ser os maiores beneficiários. E isso quem o diz não sou eu,mas a própria política nacional de juventude.
E com o objetivo de atenuar os efeitos danosos à formação psíquica do jovem infrator enquanto apenado, estamos buscando formas práticas e perfeitamente passíveis de serem aplicadas em favor deles. A Paraíba, em breve, terá um Presídio exclusivo para abrigar infratores jovens. O efeito imediato dessa iniciativa será, no entendimento do Ministério da Justiça, o de afastá-los da companhia e da influencia de presos que, pela experiência e exemplo, se tornam mais perigosos. Ocorre que a potencialidade criminosa dos jovens infratores pode ser aumentada se estimulada por criminosos mais experientes. E a habilidade, a agilidade, a coragem e a determinação desses “noviços” na “profissão” cem como uma luva nas mãos desses promotores do crime.
A construção de unidades prisionais especialmente para jovens deverá criar as condições ideais para que profissionais de diversas áreas; professores, psicólogos, assistentes sociais, médicos, enfermeiros, dentistas, advogados, etc e da própria sociedade, possam atuar de forma ostensiva e satisfatória junto aqueles que, por razoes sócio-culturais, sucumbiram à tentação, em tempo, de salvar a nossa juventude, enquanto não ocorra melhor educação para a manutenção de uma cultura que respeite valores sociais e morais em beneficio de uma exitosa cidadania.

‘Pedro Adelson’

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