terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

SALAZAR ESTAVA AVISADO DA INVASÃO INDIANA EM 61

AMERICANOS E INGLESES ATÉ DERAM A DATA EXACTA
Os três territórios do Estado Português da India - Goa. Damão e Diu - caíam há 46 anos em poder da União Indiana, após uma forte intervenção militar indiana para os "libertar". Foi na noite de 17 para 18 de Dezembro que a invasão aconteceu. Desde então pouco se estudou o que aconteceu. Compreende-se... O regime salazarento tinha nos territórios da India uma presença militar escassa, sem uma cadeia de comunicações, comando e controlo e nem fornecia as necessárias munições aos militares que lá estavam (há aliás a famosa estória dos "chouriços"...). Salazar exigiu a estes militares que se deixassem matar em caso de invasão, para ter um tema de propaganda. Como os militares se bateram enquanto puderam e tiveram armas e munições (com alguns casos de bravura absoluta) mas não aceitaram deixar-se matar estupidamente, foram achincalhados e maltratados pelo regime que procurou colocar uma pedra no assunto, depois dos protestos formais usuais. Além dos militares, Salazar procurou outros álibis. Uma outra vítima dessa estratégia de propaganda foi a Inglaterra (e também os Estados Unidos) acusada de não ter cumprido aquilo a que estava obrigada pela velha Aliança. Ora, os ingleses, é sabido, tinham avisado com meses de antecedência que no contexto e na legalidade da época não era possível à Inglaterra fazer coisa alguma em caso de invasão e que o articulado da Aliança não se aplicava no caso. Até os jornais ingleses discutiram o assunto com meses de antecedência... Nada disto, porém, chegou à opinião pública portuguesa, submetida a uma censura asfixiante. A "surpresa" foi também um dos temas da propaganda salazarenta. Como se pode ver pelos dois documentos oficiais, reproduzidos abaixo, não havia qualquer surpresa. Havia sim total incompetência técnica, política e estratégica. E muita, muita, mentira para ajustar a estúpida da realidade ao inteligente pensamento desse provinviano pretensioso que esmagava o País com as suas botas de elástico.
Em 10 de Dezembro já o ataque era considerado "iminente" e deviam "prever o pior" e "a hipótese de ficarem prisioneiros muitos portugueses"... Mas o comando militar em Goa de que foi realmente informado? Que medidas militares se prepararam? Como se sabe nenhumas! Ter os "súbditos da UI" debaixo de olho para os poder prender e controlar os respectivos interesses era a "grande estratégia salazarenta". Incapazes de soluções políticas, foram uns incompetentes absolutos quando chegou o momento fatal a que a sua patética política levava e, forçosamente, implicava.
No segundo documento, a estupidez confirma-se.
Depois de citar as informações recebidas dos Estados Unidos, concluem que "devem ser reforçadas todas as medidas de segurança (obviamente, em Portugal e nos restantes territórios e não nos de Goa, Damão e Diu...) não se perdendo ocasião de afirmar a autoridade e a determinação de continuar na linha traçada". Ou seja, o avançado autismo do regime levava a que ele já não fosse deste mundo...
“IN: CLARO”

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