sábado, 9 de fevereiro de 2008

A IMPRENSA NO BRASIL – 200 ANOS

“A chegada da Familia Real Portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808, fugindo da fúria de Napoleão Bonaparte, que invadira Portugal, é um dos episódios mas emblemáticos para se entender o caráter da formação da sociedade brasileira”.

Em meio às comemoraçoes dos 200 anos da cegada da familia real portuguesa ao Brasil, este ano também marca o bicentenário da criação da impresa no Brasil. A data será tema da Bienal do Livro 2008, que acontece de 14 a 24 de Agosto em São Paulo, e motivará uma serie de eventos por todo o país.
Como a data é comemorada em Junho, quando um dos primeiros jornais, o “Correio Braziliense” completa 200 anos, algumas entidades ainda não tem o seu calendário de eventos fechado. É o caso do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, que pretende programar seminários temáticos para o meio do ano, da Biblioteca Nacional, que prioriza a festa em torno do bicentenário da chegada da família real, mas tem planos de realizar uma exposição sobre o surgimento da imprensa, e da Associação Brasileira de Imprensa, que também comemora o seu centenário este ano.
No Nordeste, porém, o clima de festa é mais organizado. A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), que fica em Recife (PE), deu inicio em Junho passado ao projeto “200 Anos de Imprensa no Brasil”, com ênfase na preservação do acervo.
“Já iniciamos os trabalhos de restauração, digitalização e microfilmagens de mais de cem periódicos raros na região. Começamos com os jornais carnavalescos, como “O Azucrim”, de grupos amadores do final do século 19” diz a diretora da documentação da Fundaj, Rita de Cássia Araújo.
HISTORIA
Mais de 300 anos após o descobrimento, a instalação da Imprensa Regia só foi autorizada quando a corte portuguesa se mudou para o Rio de Janeiro, inaugurada em 13 de Maio de 1808. antes disso, houve, no mínimo, outras duas tentativas de exercício da atividade tipográfica – uma em 1747, no Rio de Janeiro, por Antonio Isidoro da Fonseca, e outra em 1807, em Minas Gerais; há suspeitas de que existido uma imprensa em Pernambuco, também em 1807, trazida pelos holandeses, algo não comprovado por meio de impressos.
O fato é que o primeiro jornal impresso no Brasil, a “Gazeta do Rio de Janeiro”, só foi lançado em 10 de Setembro de 1808. antes disso, em 1 de Junho do mesmo ano, passou a ser impresso em Londres, o também brasileiro “Correio Braziliense ou Armazém Literário”.
“A Gazeta do Rio de Janeiro”, “era publicada pela Imprensa Regia e, como tudo o que se publicava, tinha o aval do príncipe regente, depois rei, D. João VI. Ou seja, passava antes pela censura. Apesar de dedicar o seu espaço à divulgação dos decretos e informações relativas ao governo e à família real, também publicava anúncios e noticias” conta Isabel Lustosa, doutora em ciência política, historiadora da Casa de Rui Barbosa e autora do livro “D. Pedro I” (2006 da Companhia das Letras)
Diferentes tanto no formato quanto no conteúdo e periodicidade, o “Correio Braziliense” (mensal, enqunto a “Gazeta” era semanal e, depois, bissemanal) se parecia mais com um livro do que com um jornal, e cada edição tinha cerca de 140 paginas – a “Gazeta” tinha quatro.
O “Correio” era um jornal que tinha abertamente a intenção de incentivar a independência do Brasil, diz Cybelle de Ipanema, livre-docente e doutora em historia pela UFRJ, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro e primeira secretária do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
ANÙNCIOS
Hà cerca de dois anos, a Biblioteca Nacional digitalizou as edições de ambos os jornais, que estão disponíveis para consulta on-line em www.bn.br.
“Esses jornais, tal como a realidade de que tratam, guardam pouca semelhança com o Brasil e a imprensa dos nossos dias”, diz Isabel Lustosa.
Para ela, a “Gazeta do Rio de Janeiro” é fonte de valor inestimável, principalmente pelos anúncios que publicava. “Ali se pode obter muitas informações sobre os usos e costumes brasileiros naquele período”.
Quanto ao “Correio Braziliense” a pesquisadora afirma que a importância é ainda maior: “ele se prende não só à nossa história, mas também às grandes transformações que o mundo estava vivendo. Quem se interessa pelo processo de independência das colônias espanholas, por exemplo, encontra ali vasto material. A própria evolução dos acontecimentos que antecederam e sucederam à derrocda de Napoleão está ali minuciosamente documentada, diz.

‘Mariana Botta’

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