Quando fui Deputado Municipal, na Assembleia Municipal do Barreiro, no já longínquo ano de 1993, tinha um sonho de que o Barreiro pudesse ser revitalizado, e devolvido á população em termos de qualidade de vida, preservando a sua tradição e historia. Coordenei a Comissão Parlamentar de Meio Ambiente, Obras e Serviços Públicos, e achava no inicio que se conseguia e podia mudar muita coisa no Barreiro dessa época, reconheço que alguma coisa foi realmente feita, mas muito, imenso ficou por realizar.
Depois o tempo foi passando, e verifiquei que a política, muitas vezes atrasa deliberadamente o desenvolvimento, e desencantado com essa mesma política do faz que faz e não faz, cai fora da própria política.
Agora, passados todos estes anos, quase 15, vejo com alegria que o poder instituído, já pensa de outra forma, e não tem problemas em dar o braço a torcer e apostar em propostas arrojadas, rumo ao futuro.
Ir a Barcelona e convidar o arrojado arquiteto Joan Busquets para renovar o centro histórico da cidade, é algo que á 15 anos no mínimo levaria a que me chamassem de louco, não por ser demasiado arrojado, mas porque para o poder instituído na época, tudo estava bem. Precisamente numa época em que eu já achava que tudo estava mal, e muito tinha que ser mudado tanto no modo de funcionar e coordenar o município, como na visão real do futuro que o Concelho do Barreiro deveria ter na própria península de Setúbal.
Em Portugal, temos ótimos arquitetos, eu próprio na minha família felizmente, e com grande orgulho, os tenho, mas existe um velho ditado que diz que a galinha da minha vizinha é sempre melhor que a minha.
Seja como for é bem melhor mudar, do que deixar tudo na mesma, mesmo que seja necessário ir ao País vizinho buscar um arquiteto. É assim que ao ler as diversas propostas, sobre as intervenções necessárias no centro histórico e outras áreas, que fico com uma grande margem de esperança.
Eu pessoalmente tenho desde á muito uma idéia muito própria sobre a utilidade por exemplo da área onde esta implantado o Mercado 1º de Maio, uma idéia até contraria, á sua revitalização e manutenção como mercado de consumo, mas obviamente que respeito outras idéias, como a que agora considera fundamental a sua manutenção devido á sua localização na Avenida Alfredo da Silva.
Há muito que defendo o aproveitamento do local para um Museu, algo de que a cidade, e o Concelho não dispõe, mas que se torna a cada dia mais necessário para preservar a rica historia de toda a zona, e que cairia que nem uma luva, no meu entendimento, num local central e nobre como aquele.
Por outro lado a idéia que ao desenvolver o centro da cidade, se vai ao mesmo tempo dinamizar o desenvolvimento de uma capital com duas margens, unidas por uma ponte ainda a construir, parece ser razoável, mas obviamente utópica. Largos quilômetros de ponte acabam por cortar essa ligação umbilical, e cada cidade continuara a ser única, sem ligações de personalidade compatibilizadas, como se quer fazer crer ser possível.
Por outro lado considero no mínimo ridícula, e fora de propósito, a idéia de que se deve reter a memória do primeiro parque infantil do Barreiro, na decoração interior do futuro edifício do mercado.
Pergunto sobre o assunto, o que tem que ver o primeiro parque infantil do Barreiro, com um edifício que até tinha ameias, como os castelos e que foi sendo adulterado ao longo do tempo, por atos de puro desmazelo e mau gosto pessoal e coletivo?
Por essas e por outras é que muita gente diz que de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos!
Os barreirenses devem sem duvida preservar o seu patrimônio, exigir do poder local que o Barreiro mantenha e potencie a sua dignidade enquanto importante cidade da margem sul, agora admitirem ver adulterada a sua historia, só porque um qualquer arquiteto com nome na praça idealizou uma seleção de inovações que nada tem que ver com a cidade e o Concelho, isso não permitam, tenham paciência!
‘João Massapina’
sábado, 16 de fevereiro de 2008
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