terça-feira, 22 de abril de 2008

KOSOVO: INDEPENDÊNCIA TUMULTUADA

Já se disse, e ouso repeti-lo: a História não conhece o seu lugar e está sempre presente.
Tal anexim, com a força dos valores eternos, leva-me, numa proustiana viagem ao passado, quando interno no Ginásio, nas disciplinas de Historia e Geografia.
Lembro-me, assim, como se fosse hoje, de uma aula de Geografia Geral, quando o mestre ensinava, gesticulando, empolgado, como era do seu estilo, ser a região dos Balcãs uma “verdadeira babel de raças”.
Hoje, inelutavelmente, dou a mão à palmatória, ratificando, em gênero, numero e grau, a observação do saudoso e afável lente.
A independência do Kosovo, saindo do ciclo da Sérvia, comprova aquilo que o professor há tanto tempo, já dizia.
Em tese, para o povo sérvio, o Kosovo, como novo país, é um golpe difícil de esquecer.
É que, para a Sérvia, o lado afetivo pesa muito.
E, para aquele povo, dói muito a separação.
Aliás, argumente-se: a Sérvia elegeu o Kosovo como berço, símbolo e imagem da Província.
Perdê-lo, é, sem duvida, massacrar as suas raízes.
Do lado do Kosovo, a emancipação política, dentro da teoria e filosofia de autodeterminação dos povos, é inevitável processo soprado pelos ventos do determinismo histórico.
Tento explicar.
A população do novo país é, na sua quase totalidade, formada por raízes albanesas e muçulmanas, vivendo em aberto conflito ideológico com a raça eslava, maioria predominante da Sérvia.
Na ótica dos líderes pela independência do Kosovo, só havia uma alternativa: torna-se uma nação soberana.
O fato aconteceu, porém as conseqüências vão mexer – e muito – no xadrez da política internacional.
O reconhecimento aliás rápido, da independência, por parte da União Européia e dos Estados Unidos, tem provocado reações em países de real importância no mapa político e econômico do Mundo.
Neste campo, a Rússia e a China estão situadas.
Ambas temem uma “onda separatista”, e, com certeza, usarão o seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, negando reconhecimento à nova nação.
Kosovo, desta maneira, se transforma num país de fato, não sendo uma nação de direito.

‘Paulo Gadelha’

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