terça-feira, 8 de abril de 2008

“BULLYING” – CADÊ OS PAIS?

“VIOLÊNCIA sem o fortalecimento da estrutura familiar não há saída para o impasse nas escolas”

A mídia tem alertado a população a respeito do fenômeno da violência nas escolas, designado pelo que os norte-americanos chamam pelo nome de “Bullying”. O que fazer para superar a violência nas escolas? Ninguém tem uma solução imediata para o grave problema. No entanto precisamos discernir e decidir, propondo medidas concretas, emergenciais. O bom senso, proveniente da experiência humanitária e cristã apontam para os pais de família. Ambos, pai e mãe devem ser envolvidos no planejamento formativo dos seus filhos! Sabemos bem que muitas famílias não apresentam as mínimas condições para tal. Por outro lado, sem o fortalecimento da estrutura familiar não á saída para o impasse da violência nas escolas ou em qualquer outro espaço de convivência humana. Crianças e adolescentes devem ser continuamente orientados. Se muitas famílias não oferecem condições para criar os seus próprios filhos que vivem livres e soltos por aí, as coisas só vão piorar.
Como seria possível aos diretores e professores darem contas do grave problema da formação dos filhos dos outros, se nem em casa a mãe, desmoralizada, consegue? Sim ou não? A verdade é que abusos e agressões têm origem na própria casa. A falta de condições, com um mínimo de garantias para a convivência familiar sadia, gera uma infinidade de problemas sociais. Não me refiro somente à miséria material e sim à miséria moral. Faltam valores referenciais. Desde a abolição da escravatura faltou ao povo brasileiro, a garantia de capacitação e postos de trabalho condignos. O problema da falta de formação é crônico e estrutural. Sem educação, sem o desenvolvimento dos pais, criamos filhos que em pouco tempo crescem e se tornam agressivos. Identificam-se com as ‘galeras’ que os alicia e lhes condicionam impondo códigos de comportamento da moda. Ou então são aliciados por ‘gangs’, ligadas aos chamados de ‘menores infratores’, por sua vez escravos de bandidos traficantes. As nossas crianças se transformam em pouco tempo nos nossos próprios algozes.
A essa altura dos acontecimentos quem acha que é possível arranjar alguma solução para a violência nas escolas? Os índices terríveis de violência crescente ns escolas estão aí. Sobra insulto verbal e físico para todo o mundo. Professores agredidos, ameaçados de morte por alunos, armados, drogados. Pais impotentes, desmoralizados, sofrem todo o tipo de represálias dos filhos. Colegas ofendidos em sala de aula, acossados por agravos físicos e morais pelos pátios, ameaçados de morte, também. Dentro e fora da escola, o clima é violento, ameaçador. Políticas públicas repressivas seriam improvisações que, além de não durar, são remendos piores. Nada de duradouro e verdadeiro se improvisa.
Como organizar um conjunto de políticas consistentes que formem a criança e o adolescente? Esperar por quem? Somente pelos gestores? Como fica o envolvimento da família? O espaço adequado para as crianças e adolescentes se desenvolverem como gente é a família. Sem o referencial familiar nossos filhos se animalizam pelo que assimilam de errado, com gente errada. O afeto e a segurança são fundamentais para o aprendizado e habilidades da criança e para o adolescente em fases de desenvolvimento e transformação. A família deve se integrar à escola! Encontramos em ambas o eixo referencial indispensável para o desenvolvimento humano. A formação moral, o amor ao próximo, o respeito aos outros, enfim o elemento ético, moral entra na composição do aprendizado.
A criança e o adolescente devem ser orientados, tendo percepção das contradições da vida, formando a consciência dos próprios limites que devem ser, também, respeitados no convívio social e assim por diante. A formação da consciência se integra à liberdade usada, pois, com responsabilidade.

‘Dom Aldo Pagotto’

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