Felizes os normais, esses seres estranhos. Os que não tiveram uma mãe louca, um pai bêbedo, um filho delinquente, Uma casa em parte nenhuma, uma doença desconhecida, Os que não foram calcinados por um amor devorador, Os que viveram os dezassete rostos do sorriso e um pouco mais, Os cheios de sapatos, os arcanjos com chapéus, Os satisfeitos, os gordos, os lindos, Os rintimtim e os seus sequazes, os que como não, por aqui, Os que ganham, os que são queridos até ao fim, Os flautistas acompanhados por ratos, Os vendedores e seus compradores, Os cavaleiros ligeiramente sobre-humanos, Os homens vestidos de trovões e as mulheres de relâmpagos, Os delicados, os sensatos, os finos, Os amáveis, os doces, os comestíveis e os bebíveis. Felizes as aves, o esterco, as pedras. Mas que dêem passagem aos que fazem os mundos e os sonhos, As ilusões, as sinfonias, as palavras que nos desbaratam E nos constroem, os mais loucos que as suas mães, os mais bêbedos Que os seus pais e mais delinquentes que os seus filhos E mais devorados por amores calcinantes. Que lhes dêem o seu sítio no inferno, e basta. Roberto
Fernández Retamar
quarta-feira, 28 de maio de 2008
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