terça-feira, 30 de setembro de 2008

M U D A R DE P O V O

(Sócrates até podia ter prometido 72 virgens a cada macho lusitano; o povo, rendido e grato, estava disposto a imolar-se por ele. De um artigo de jpcoutinho@servidor.com)

Durante a minha recente e longa permanência em Portugal, muito li, mais ouvi e ainda mais reflecti. Mas o artigo que mais me impressionou - sendo embora o mais curto - foi o acima citado, especialmente quando afirma: "Se existe um verdadeiro responsável pela desvergonha corrente, ele dá pelo nome de povo português...... Depois de Santana viria o milagre, e Sócrates só podia mesmo tirar 150 Mil empregos da cartola, pôr a economia portuguesa a crescer sem freio e, em gesto de intocável brio nacional, faer peito aos seus pares europeus e referendar a "constituição".......Mas os portugueses acreditavam no que queriam acreditar e, três anos depois, a julgar pelas sondagens da praxe, continual a acreditar, o que sem dúvida define a sanidade da espécie. Sobra a questão, nunca devidamente apreciada, de saber se em 2009 devemos mudar de governo ou, então MUDAR de POVO".

Diz um velho aforismo: "Cada povo tem o governo que merece", e, analisando profundamente tal afirmativa, não podemos deixar de concordar que - pelo menos no que aos governos eleitos concerne - ela parece estar correcta, uma vez que se devem a uma decisão da maioria. E temos muitos exemplos para apontar, ao longo da história do Homem e dos homens, quando a maioria esmagadora das populações acompanhou seus "líderes" nas mais condenáveis proezas, nos mais hediondos crimes, nas mais torpes decisões. O exemplo da Alemanha Hitleriana é concludente: anestesiada por um discurso hipnótico de seu paranóico chanceler, a quase totalidade das forças armadas e da nação alemã apoiou entusiasticamente o louco sonho de conquista do Fuhrer, colaborou no esforço de guerra e no HOLOCAUSTO, como se tudo fosse a coisa mais natural do mundo, prova provada de que O HOMEM é o LOBO do HOMEM!!!

Olhando agora para o nosso "umbigo", todos concordaremos que - logo após a 2ª Guerra Mundial - as potências colonias à antiga estavam condenadas à extinção. Entretanto, quando Salazar teimou em permanecer de olhos fechados e ouvidos moucos, recusou dialogar com os movimentos autonomistas, e depois proferiu a célebre frase "Para Angola, apidamente e em força" ou algo parecido, ninguêm apoiou o ministro Botelho Moniz, todos embarcaram sem sequer pensar, e seguiram-se TREZE ANOS de graves perdas e maiores danos, que - se mal começaram, pior terminaram - exactamente SEM PENSAR, pois em 25 de Abril, a Nação, em uníssono, apoiou os revoltosos. Em ambas as situações o POVO, portanto, a NAÇÃO, aplaudiu, apoiou, participou, colaborou, aprovou!!!

Dizia Fernando Pessoa ("Sobre portugal", Atica, 1978, pag. 120): "A primeira verdade da sociologia - ciência aliás conjectural e imperfeita - é que a HUMANIDADE NÃO existe. Existe, sim, a espécie humana, mas num sentido ZOOLÓGICO: há a espécie humana como há a espécie canina." Ora, acompanhar, aprovar, colaborar, apoiar, participar, SEM UMA ANÁLISE CRÍTICA, isto é, S E M P E N S A R, é agir e em bando, exceptuando, logicamente, aquela minoria que faz tudo isso - e muito mais - para chegar ao POLEIRO, onde corre o leito e o mel, o emprego é certo mesmo sem trabalho, o salário elevado, as mordomias mais que muitas, os direitos exorbitantes e as aposentadorias extravagantes. EXEMPLOS de DIGNIDADE como o do GENERAL RAMALHO EANES - se acaso existirem - são raríssimos. ONDE ESTÁ O POVO????????

Falava há dias Gabriel Cipriano (homem de ideal e rectidão exemplar) dos TOSTÕES da imigrantada, contestando os MILHÕES que outro imigrante discutia; aqui, é lógico que "AMBOS TINHAM RAZÃO", uma vez que há, na diáspora, tostões e milhões; e cito este exemplo, para comprovar o INDIVIDUALISMO IDIOSSICRÁSICO da nossa gente, e dar razão a Pessoa, quando afirma A HUMANIDADE NÃO EXISTE; e, direi eu, nem enquanto grupo humano humanista, nem enquanto grupo humano pensante no colectivo. Temos por verdade universal que, LÁ, como CÁ, cada um puxa a brasa à sua sardinha. E, quem discordar, faça-me o favor de provar. As excepções confirmam a regra.

De volta, Cordialmente, JVerdasca
Do Portugalclub:
Benvindo seja pois, amigo Verdasca, Nosso nobre Comendador, Ilustre Escritor e Poeta, Dignissimo Comandante. O PORTUGALCLUB é Seu. Casimiro

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