“Uma certa “familia…”
Um certo estado do Nordeste Brasileiro”
Para um europeu que esta vivenciado com cultura de lei e ordem em estado democrático, o Brasil e sobretudo o Nordeste é um País cheio de fenômenos e contrastes, onde a lei e a ordem se manifestam das formas mais obscuras e raras.
A lei dos homens, que noutros espaços do planeta também se conhece por “Honra”, pode custar por aqui 500 reais, pouco mais que um salário mínimo nacional, e será cobrada na ponta do cano de revolver, na mão de qualquer matador pré-encartado que muitas vezes circula na garupa de uma moto, para prestar relevantes e mais eficazes serviços de forma motorizada, mas também pode ser executado a pé por um qualquer Governador, Senador da Republica ou instituído em cargo publico de relevo na comunidade.
Quando em gênero novela das oito, nos chegam relatos sobre a saga dos coronéis, alguns de nós pensamos ingenuamente no quão antiga é essa realidade, mas nada mais errada essa nossa analise, pois no pleno desenvolvimento do século XXI, por mais incrível que possa parecer, tudo isso ainda é real.
No caso concreto e muito particular da Paraíba, um dos Estados mais paupérrimos do Nordeste Brasileiro, o poder ainda é repartido, como se fosse um bolo, por “famílias” que seguindo a boa tradição Italiana do sul, partem e repartem e claro tentam guardar a melhor parte. Eles são os Lucenas, Maranhões, Toscanos, Guedelhas, Limas e muitas outras de menor expressão nesta época da historia local.
No entanto, de á alguns anos a esta parte, uma certa “família” dedica-se a esta nobre arte de atirar primeiro e perguntar depois, seja com ou sem pistola, são os Limas, que são por si só uma imagem de marca da mais ilustre linhagem dos “fala barato” da política brasileira, que de obra publica real pouco ou nada apresentam, mas que com a sua sabia demagogia e muita saliva conseguem molhar tudo em seu redor.
Um poeta de bairro, transformado em pistoleiro Governador, que muda da esquerda para a direita da política, conforme o vento sopra do norte ou do sul. Acolhe um sobrinho sem fortuna que veio cair sem eira nem beira na Paraíba, após a trágica morte de um pai vitima das contingências de quem quer uma negociata rentável e rápida na grande cidade, construída muitas vezes na base da desgraça alheia.
De forma humanitária, diga-se, acolhe-o e faz dele a sua imagem, com tudo o que de “fala barato” tem, incluindo uma transformação estética familiar, acaba por fazer para a plebe o milagre de transformar um sobrinho num filho, quero dizer numa espécie de “bastardo” bem sucedido da família.
Claro que todos sabem do “transformismo” mas que vai ousar, colocar as idéias do poeta pistoleiro em causa...
Já passaram 14 anos desde que alguém o tentou fazer, e acabou por levar chumbo no rosto, em pleno restaurante “Gulliver”, perante todo o mundo presente
Agora imagine, o comum cidadão, entrar num local publico, num restaurante cheio de testemunhas, e desfechar um tiro no rosto de um individuo, apenas porque este pensa de modo diferente de si, e depois sair calmamente e nada lhe acontecer em termos de responsabilidade civil e criminal.
Claro que tal é possível de acontecer.
Mas claro que tal só é possível de acontecer no Nordeste do Brasil!
No mesmo Nordeste e no mesmo Brasil, onde essa mesma “família” pode comprar de forma descarada votos com fundos destinados á erradicação da pobreza, e com verbas avultadas sem o mínimo de identificação credenciada dos beneficiados, assim como se fora uma dádiva divina aos pobres, lançada de avião sobre as favelas a 150 reais por cabeça.
Mas não!...
“Para ter acesso a tão magnânima dádiva, era necessário entrar numa fila, ser atendido pelo Governador em pessoa, (imagine-se o Governador em pessoa, que importante ação) e dias depois maravilhosas e desprendidas pessoas o visitavam, como anjos, trazendo a “boa nova” com a mensagem, (qual rei mago) de que o Governador, solidário á sua “aflição” envia-lhe o presente, e só pede que se lembre sempre dele”.
(Só faltava dizer na sua infinita misericórdia)
As palavras acima transcrita entre “/” não são minhas, poderiam ser, pois as subscrevo na integra, são no entanto do mui ilustre colunista da Diário Correio da Paraíba, “Rubens Nóbrega”, que descreve com total exatidão alguns verdadeiros “milagres” da gestão Cássio Cunha Lima.
Mas e que dizer dos milhares de jornais pagos com os reais do erário publico, de forma descarada a fazer propaganda como se fosse um folheto de propaganda política, distribuídos generosamente, incluindo no próprio dia eleitoral, e mesmo dentro das assembléias de voto.
E os envelopes amarelos contendo pequenos bônus para os cabos eleitorais, e que a policia rodoviária federal apanhou conjuntamente com material de propaganda da “família” Lima. Como sempre surge uma desculpa esfarrapada, e desta feita seriam verbas para pagar energia elétrica e água. Pois que realmente muita água e luz foram consumidas nessa campanha para Governador da Paraíba.
E que desculpa pode existir para os sacos de dinheiro voador, num edifício comercial numa das mais movimentadas artérias da capital? Pode ter sido um milagre de Frei Damião? Quem sabe!
Mas, e quem explica os outros milagres, aqueles que deveriam acontecer no Estado de forma mais do que natural, pois as verbas existe, só que não são aplicadas onde deveriam e a população continua a olhar para o céu azul e não vê milagre algum.
Que dizer dos hospitais com a conclusão das obras já iniciadas á longo tempo parada praticamente desde que a “família” Lima, por via de Cássio, assumiu a gestão do Estado, e este é já o seu segundo mandato.
E a barragem que virou tragédia, e onde se deslocou em pose fotogênica e para eleitor ver, para ser fotografado no meio da lama e da tragédia, para á boa maneira do cinema dramático, verter umas quantas lagrimas de crocodilo.
E por falar em água?!
Sobretudo na falta dela, onde estão os abastecimentos de água a zonas de verdadeira catástrofe humanitária?
Os apoios á agricultura e pesca que viraram miragem. E a segurança dos cidadãos do Estado, onde nunca se viveu uma situação tão insegura que até saudades já existe dos tempos do Lampião e da Maria Bonita.
Um Estado onde os Policias Militares e Civis entram em concursos públicos, para abandonar os postos, poucos dias depois de tomarem posse, por manifesta falta de condições de trabalho e remuneração, para não se ter que falar de muitas outras situações tão ridículas como o fato de terem que comprar com o seu magro soldo as balas para se sentirem armados, com armamento digno dos primórdios do século passado.
E as estradas?
A malha viria estatal esta chegar a um estado deplorável, de tal forma que existem picadas em África em melhores condições que algumas chamadas de estradas do interior do Estado.
Mas sendo tudo isto grave e obviamente imputável á conduta de uma certa “família”, o mais condenável são as 64 mil crianças da Paraíba desnutridas. Crianças com menos de 2 anos que segundo informação oficial (PAC’s/PSF) Ministério do Desenvolvimento Social e do Ministério da Saúde, com 39,4% de óbitos em menores de 1 ano de vida, segundo os dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dados oficiais do Ministério da Saúde (DATASUS/2005) publicamente conhecidos, e portanto não constitui nenhuma novidade, dizem que por dia morre 1 (uma) criança na Paraíba vitima de desnutrição, fome e doenças associadas á pobreza como falta de alimentação básica adequada, água e nutrientes.
Para o fundo das Nações Unidas para a infância (UNICEF) que acompanha diretamente 131 dos 223 Municípios da Paraíba, as taxas de desnutrição e mortalidade infantil da Paraíba são consideradas altas.
Segundo informações do Doutor Rodrigo Pinheiro de Toledo Vianna, da Universidade Federal da Paraíba, uma criança bem alimentada não morre, aquelas que morrem são porque tem deficiências nutricionais, o que comprova as razões da taxa de mortalidade que se verifica neste Estado.
As mortes no período pós-neonatal geralmente só provocadas por problemas evitáveis, entre eles a fome, desnutrição e as doenças diarréicas agudas, associadas á falta de água tratada, esgotamento sanitário e condições adequadas das moradias.
Eu diria que este Governador, eleito de forma reconhecidamente ilegal, pois a ser cumprida a letra da lei, nem se poderia ter candidatado, é um “Boy” levado ao colo pela “brilhantina” de uma certa sociedade de cortesãos, que qual cria em teta de vaca leiteira, tem sabido sugar o “leitinho” que as suas maningancias tem deixado produzir e repartir.
A responsabilização direta do Estado calamitoso em que a Paraíba se encontra neste momento, tem que sem duvida alguma ser apontada em primeira instancia ao atual representante do “clã” da “família” Lima no governo do Estado e ao mesmo tempo as brechas, verdadeiras crateras, que existem na legislação brasileira que permitem todo o tipo de tropeços e fugas á lei numa profunda “asnice” no cumprimento da lei e da ordem aliadas á imensa lentidão da justiça, que permite que se continue a observar o espetáculo diário de fantoches eleitorais a movimentarem-se no palco da vida local, baseados num nome criado como se cria uma marca de cosméticos para tratar do cabelo, do tipo lave agora e seque depois.
A “família” Lima bem entendido que neste momento já não necessita da Paraíba para nada, daqui já retirou o muito tanto que puderam, para ate conseguir montar bons e rentáveis negócios além fronteiras, no velho mundo. No entanto fiquem certos de que a Paraíba necessita deles para conseguir saber para onde tem ido os muitos milhões de reais que deveriam ter sido investidos em programas como o da Saúde da Educação, que tem assim sido sonegados no desenvolvimento integrado que o Estado exigia, merece e tem direito em termos de verbas e na sua correta e mais do que justa aplicação.
Os eleitores podem fazer muito por mudar o estado da situação atual, usando de uma arma muito mais eficaz que a do “poeta pistoleiro”, ou seja usando uma nova postura n hora de votar nas próximas eleições, exigindo e elegendo novos candidatos que dignifiquem as suas cidades.
Mas sobretudo os militantes de base dos partidos podem e devem pensar num futuro diferente colocando um ponto final na saga de famílias que de corruptos, poetas pistoleiros e bastardos tudo tem um pouco, menos dignidade na sua missão ao serviço publico.
Quando se aguardam 14 anos por justiça, e agora se pode esperar por outros tantos. Quando se observa a destruição dia-a-dia de bens públicos com a mais do que obvia sonegação financeira direta e indireta, então podemos esperar que possa acontecer de tudo, como adjudicações de milhares de reais em pão que ninguém como, leite que ninguém bebe, combustíveis que davam para ir á lua e voltar quase duas centenas de vezes, viagens de jatinho contratado ao particular quando o Estado até tem duas aeronaves paradas na pista e tantos outros tristes exemplos.
Longe de mim estar a chamar de “gatunos” á “família” Lima, e a alguns dos seus “lambe-botas” mais próximos, mas na realidade existe algo a que nada nem ninguém pode vedar a liberdade, que é o inalienável direito de pensar...
E se por exemplo a imagem e a realidade de Campina Grande, deixadas após a estão da “família” Lima foi de dividas, falta de cumprimento de compromissos e profundo atraso estrutural relativamente ás verbas que deram entrada nos cofres da Prefeitura, a imagem e realidade atual do Estado da Paraíba é de claro desnorte na gestão, abandono de compromissos estatais com as populações, falta de planificação de desenvolvimento integrado, crescente aumento da criminalidade e insegurança publica, indefinição na aplicação de fundos estruturais.
Perante tanta coincidência, coincidentemente coincidente, ligada ao nome da “família” Lima, qualquer um é livre de poder pensar, mesmo alto que seja como o estou a fazer gora, que são na verdade coincidências demasiadas para tanto tempo de gestão.
Exige-se um nova forma de estar na vida e na sociedade, espera-se que o poeta pistoleiro saiba após 14 anos disparar um pouco melhor a sua escopeta, ou que os efeitos etílicos sirvam hoje para melhorar outros predicados pessoais em falta.
Como observador externo, interessado em poder de alguma forma contribuir para desejar e efetivar um bom ambiente na Paraíba, o que se pode também sonhar é tão somente justiça, na justa medida das necessidades e das causas.
A Paraíba sem duvida merece!
“João Massapina”
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
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