Conta-se que um dia alguém perguntou por que não se plantava ali uma árvore para se ter alguma sombra. Porque leva muito tempo a crescer. Pois então, podemos começar já a plantá-la hoje.
Da educação anda-se a falar há mais de dez anos, quando António Guterres a nomeou como a sua paixão. Durante o seu tempo pouco ou nada se conseguiu fazer. Atirou-se mais dinheiro - bastante mais. A instabilidade política dos anos seguintes fez o resto, que foi nada.
O governo de José Sócrates com a sua ministra Maria de Lurdes Rodrigues foi sem dúvida o que mais mudanças fez. Com certeza que tomou algumas decisões menos correctas ou até apressadas, mas o balanço geral é positivo.
Maria de Lurdes Rodrigues abriu um caminho que outros podem agora prosseguir com mais facilidade. A parte mais difícil está feita. As mudanças que romperam vícios crescentes desde 1974, como a não responsabilização dos professores foram passos de gigante.
Antes de Maria de Lurdes Rodrigues tínhamos professores que se davam ao luxo de não serem responsabilizados nem avaliados com regras. Tínhamos professores que se davam ao luxo de faltarem porque queriam ter férias na Primavera e não no Verão. Tínhamos uma escola que não se responsabilizava pelos alunos e os deixava ao abandono quando os professores faltavam.
Tínhamos muitos professores para poucos alunos, sem que a escola conseguisse garantir a aprendizagem e evitar o abandono. E tínhamos os professores que hoje só podem estar mais satisfeitos, que eram mesmo professores e assistiam à balda em que se ia transformando a escola sem que nada pudessem fazer.
A escola, o ensino e a educação em geral estão ainda muito longe do que deviam ser. Maria de Lurdes Rodrigues pode até ter cometido alguns erros. Mas fez mudanças focadas na resolução de problemas concretos. Não fez, como já tínhamos visto no passado, "reformas na educação" que invariavelmente passavam por refazer os programas das disciplinas.
Os resultados que ontem foram apresentados estão obviamente integrados na pré-campanha eleitoral. Mas não é por isso que deixam de ter valor. E dizer que se trabalhou para as estatísticas não pode ser uma crítica. Se fosse assim tão fácil, já outros governos o teriam feito.
A contestação que o Governo teve - e tem, com o risco de ter perdido eleitores com esta reforma - mostra bem que as mudanças foram muito para além da maquilhagem.
A medida que faltou foi acabar com o peso que é a factura dos livros para as famílias. Qualquer país rico poupa nos livros, ou porque transitam durante vários anos, ou porque a escola os oferece. As editoras têm de ser enfrentadas.
E a escola pode agora iniciar o caminho do sítio onde se vai aprender e não o lugar onde se vai ouvir professores. Há professores descontentes? Claro. As mudanças irritam e têm riscos. Um deles, talvez o mais preocupante, é o modelo de nomeação de director da escola que abre as portas à partidarização. A escolha por cartão partidário matou a função pública, esperemos que não se estrague agora a escola.
A educação está manifestamente diferente e, com elevada probabilidade, melhor que há cinco anos. Os bons professores agradecem, os pais e alunos também. A prosperidade do País está nas mãos da educação.
"Helena Garrido"
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
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