quarta-feira, 6 de abril de 2011

Capital em Fotos


Desde muito jovem sou encantado por fotografias, em especial, àquelas que registram a nossa memória histórica. Bem garoto, mesmo, ficava horas a fio olhando as fotos do “álbum de família”, observando tudo aquilo não sabe com um pouquinho de inveja, de admiração ou de espanto.
            Vejo-me, mais uma vez, com esse sentimento renovado ao escarafunchar o livro “Parahyba – Capital em fotos”, presenteado pelo amigo e autor da obra, Gilberto Stuckert, onde magistralmente põe em foco a memória visual e poética de nossa cidade, através das lentes da família “Stuckert”.
            Antes de ser brindado com seu livro histórico, falamos de nossa adolescência no Conjunto Boa Vista, atual bairro dos IPÊS, de nossa experiência futebolística como “jogador de várzea” – campinho de terreno batido, e das incontáveis travessuras juvenis. Ah, doce nostalgia. Cada vez que o escutava, fabricava dentro de mim um novo nó, bloqueando um pranto capaz de encher caldeirões.
            Nessa viagem extraordinária, fiel ao seu ideário, Gilberto mostra o trabalho fotográfico – com engenho e arte, régua e compasso, coragem e emoção – produzido pelo saudoso Eduardo Stuckert (avô) e Gilberto Lyra Stuckert (pai). Com destaque o Centro Histórico de João Pessoa, através das edificações do Hotel Globo, a Casa da Pólvora, a Catedral Nossa Senhora das Neves e o casario da Cidade Velha, ilustrando com perfeição as fachadas, interiores, monumentos e detalhes arquitetônicos de encher os olhos.
            Li em algum lugar que a gente não faz filhos. Só faz o layout. Eles mesmos fazem a arte-final. É verdade, sim! Não poderia ser diferente no seio dessa família de artista: inventivo, instintivo, inspirador e inovador na arte de fotografar. O livro bem demonstra isso quando retrata uma série de fotos da respeitada professora Anayde Beiriz, determinada e muito avançada para os padrões da época.
             O conjunto de fotos contém uma magia que emociona. Notadamente, os festejos carnavalescos, as praças, as praias, as ruas, os transportes e os tipos populares. E mais: exibe uma plêiade de grandes fotógrafos que fizeram escola na Paraíba durante muito tempo.
            Parece implausível, mas acredito que nós perdemos protagonismo, ousadia. Estamos fragmentados e absolutamente dependentes do Estado em razão de sermos lenientes e tolerantes na luta pela preservação da autencidade, beleza e importância da marca cultural de nossa cidade.
            Sabe-se, de resto, que estamos simplesmente varrendo a sujeira para debaixo do tapete. Motivos, caro Gilberto, olhar para cima e blasfemar: Agora chega!!!


                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                  (lincolnconsultoria@hotmail.com)

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