sexta-feira, 25 de março de 2011

O principio do fim da era da abrilada


Um Estado Social, na sua verdadeira acepção da palavra, é aquele que dedica a sua atividade ao bem estar comum, promovendo equilíbrios na sua manutenção por forma a tornar praticamente infindável a sua sustentabilidade.
Esta é uma das minhas visões de Estado Social, baseada na analise presencial de inúmeras realidades mundo afora.
Portugal nunca foi um Estado Social, ou melhor dizendo; nunca viveu de acordo com um digno Estado Social, porquanto mesmo depois da famigerada revolução da abrilada, que prometia o céu, a terra e até viagens a marte aos cidadãos, nem ai os portugueses puderam degustar de uma sociedade virada para o bem estar comum.
Na minha memoria retenho o que me parecia ser o mais próximo com Estado Social, e que foi vivenciado no antes de Abril de 74, de acordo com uma distribuição equilibrada da riqueza e da miséria. Obviamente que os mais avantajados nas ideias sonhavam poder abocanhar muito mais do que o estomago poderia comportar, e dessa forma criaram aquilo que apelido de badernice gestionaria, estado situacional avançado em que nos encontramos hoje, e sempre com tendência para aumentar os desiquilíbrios sociais.
Nunca como agora existiu tanto cidadão a viver de acordo com aquilo que temos por miséria, e nunca como agora tivemos em Portugal a autentica fome a circular de casa em casa, como se isso fosse a normalidade da vida nacional.
Mas não se iludam, pois o pior ainda esta por chegar, uma vez que economicamente Portugal esta falido, e a casta politica criada na abrilada não se atemoriza com a situação e quer continuar a sugar o mais que puder, para sustentar as suas mordomias criadas na base de anos e anos de legislação protecionista, que eles próprios criaram por forma a se alavancarem na sociedade chegando a patamares impróprios da realidade econômica nacional.
Manter um numero de deputados incompatível com a área geográfica e o numero de cidadãos, é uma das medidas mais atentas a fecundação de lugares para distribuir. Seria mais logico que em vez das duas centenas e meia, Portugal pudesse ter um pouco mais de uma centena de tribunos. Olhamos para o mapa regional, e o que encontramos são autarquias semeadas a esmo, como se cogumelos fossem para poder acolher os políticos de segunda linha, e com isso distribuir mais lugares aos compadres. Das freguesias então nem se fala, pois existem mais Juntas de Freguesia que estrelas tem o céu...
Olho para outras tristes realidades exageradamente implantadas no Portugal que embora de tanga, não se quer vergar a sua realidade de misero País periférico, que foi acolhido na CE não para servir de nação igualitária, mas antes para servir de área geográfica de chegada rápida e segura ao Atlântico, e ao mesmo tempo para ser instituído como território de implantação de sectores tradicionalmente desprezados nas chamadas nações ricas, assim do estilo Alemanha, França, Inglaterra, Italia...
Como é possível que Portugal, nas condições de todos conhecidas mantenha Governos Civis, Institutos de cu para baixo e de cu para cima, uma banca que ri na cara dos contribuintes, uma lista infindável de instituições desnecessárias sustentadas pelo erário publico.
È por causa destas tristes realidades que Portugal esta na situação calamitosa em que se encontra, e que vai obrigar a nova intervenção salvadora do FMI.
Seria tão fácil reduzir custos, acabar com mordomias, e rentabilizar a realidade existente, por forma a que os portugueses pudessem viver condignamente na sua justa medida das possibilidades reais e não na base de sonhos impossíveis de se tornarem realidade, e que estão a virar autênticos pesadelos.
Peguem numa maquina calculadora, pois os dígitos são demasiado grandes para se poderem apurar na simples ponta de um lápis, e vejam quanto se pouparia sem Governos Civis, com um parlamento com menos 100 tribunos, com uma distribuição territorial de municípios baseada nas realidades, e não nos interesses particulares de uma cambada de caciques “bostinhas”, que se querem alavancar a autênticos monarcas. Peguem em mais de metade das Juntas de Freguesia e fundam as mesmas por áreas geográficas bem maiores. Acabem com umas dezenas, para não dizer centenas, de institutos e fundações que apenas servem para lavar fundos, e sugar impostos ao erário publico.
Peguem nos serviços de Ministérios e capacitem o seu funcionamento de acordo com a realidade, e não com a atual necessidade de dar lugares de emprego a filhos e enteados.
Porque será que um Ministro não pode deslocar-se num automóvel adequado a sua função e tem que se deslocar numa chamada bomba de ultima geração, só para sustentar o seu ego... porque será que num determinado Ministério para servir o seu patrono em vez de se ter duas viaturas se adquirem umas sete ou oito...
Portugal tem que acordar para a sua realidade, e de uma vez por todas viver de acordo com aquilo que pode, e não de acordo com os sonhos de alguns patetas que esquecendo milhões de cidadãos se tornaram os verdadeiros coveiros da nacionalidade.
Gostaria de terminar este rosário de exemplos sem ter que falar de facadas nas costas do cidadão comum... mas isso é impossível de acontecer num Portugal pejado de insensibilidade...
Escândalos surgem todos os dias, aos nossos olhos, mas algumas tristes realidades chocam mais do que outras a nossa sensibilidade. Um cidadão leva toda uma vida a trabalhar e a ser descontado para poder sonhar ter um dia uma velhice condigna, com uma aposentadoria que lhe permita ter uns dias de tranquila paz e qualidade de vida.
Vai dai, alguns descontam 365 dias sobre 365 dias, na parede da imaginação, esperando pela tão sonhada aposentadoria. Finalmente esse dia chega, e contas feitas, o valor a receber mensalmente é uma misera migalha daquilo que tinham imaginado poder ter como qualificação de uma vida...
Para piorar ainda mais essa imagem, ficam a saber que os governantes, por si próprio eleitos, se preparam para descontar com mais uma carga de impostos, a sua misera aposentadoria, em nome da crise e da necessidade de poupança, e aumento de receitas...
E a vida... seria a vida, se não fosse o facto de esses mesmos governantes se auto - aumentarem, e ao mesmo tempo decidirem aumentar o valor das parcerias publico-privadas, de uma forma escandalosa, atendendo a que poupam singelos 300 milhoes com os aposentados, e ao mesmo tempo coloca nas mãos da Mota – Engil e do BES a modica quantia de 150 milhões...
Na Inglaterra existiu um herói muito famoso, e que fazia parte do meu ideário de menino, que se dedicava a pilhar os ricos para dar algum sustento aos pobres, no caso do Governo português, se passa o contrário, temos um bando de Robin’s a pilhar os pobres para distribuir pelos ricos, para que fiquem ainda mais ricos...  
Foi a abrilada quem criou esta casta de políticos salteadores, e será essa mesma casta de bandoleiros quem vai possibilitar o fim desta era de empobrecimento nacional, e descredito da imagem de um País que já foi um bom exemplo para o mundo e hoje não passa de uma vergonha mundial.
O principio do fim da abrilada teve o seu epilogo na tarde de ontem, com o chumbo de mais uma amalgama de privações econômicas que se iriam implantar na sociedade. Não podemos ser ingênuos ao ponto de acreditar que a não aprovação dessas medidas é a resposta certa para a crise. A resposta mais certa para o estado situacional que se vive em Portugal vai ser dada quando os dignatarios do FMI baterem a porta para entrar na gestão nacional, colocando um ponto final paragrafo na badernice nacional.
Paralelamente é mais do que necessária uma mudança urgente de políticos e ao mesmo tempo de politicas. Os Pedrinhos, Paulinhos, Zezinhos e companhia Lda, devem ser banidos, e em seu lugar deve surgir uma nova geração de cidadãos responsáveis que se dediquem a causa publica sem terem como meta o seu beneficio pessoal...
Portugal ainda tem cidadãos com capacidade de gestão, e que estão fora da casta politica vigente. Terá que ser com esses insignes portugueses que teremos que pensar num futuro diferente, pois fora disso a ruina será o caminho mais próximo para matar aquilo que muitos, ao longo de séculos, lutaram por defender – a nacionalidade!!!

“João Massapina”               

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