quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Artimanhas e contradições de “habilidosos” líderes partidários

Sempre escutei que um “habilidoso” é alguém muito próximo do que na generalidade apelidamos de um grande “aldrabão” ou mais popularmente de mentiroso com incontáveis artimanhas para se fazer acreditar junto da sociedade acerca das suas patranhas mais incríveis.
Vem isto a propósito do que escutamos proferido por alguns políticos da nossa praça, que usam da palavra sem medir as conseqüências dos seus ditos e desditos, para além de não apresentarem as necessárias prioridades explicativas relativas aos temas em debate.
Escutamos o PSD de Pedro passos Coelho falar muito de crise, de soluções, de acordos, de negociações, de tudo um pouco, e muito de nada na globalidade.
Olhando bem para o PSD atual, podemos constatar que se nega a dizer como governaria Portugal, e apesar de falar muito; ninguém percebe onde afinal cortaria na despesa publica, como recuperaria a economia para patamares de confiança aceitáveis, como acabava com a subida das taxas de desemprego e criaria novos postos de trabalho para baixar para níveis aceitáveis essas mesmas taxas, como reduziria a fatura energética nacional, e como aumentaria a produtividade, para além de não se saber como dominaria a autentica selvajaria dos mercados financeiros, e para além de tudo o mais que se poderia questionar, como necessário, e publicitado pelo tal PSD, ninguém ainda percebeu como poderia fazer tanta coisa sem que no entanto os impostos fossem afetados, com a sua necessária subida.
Será que este PSD está mesmo na posse de todos os dados necessários relativos  as contas publicas, para poder falar de cátedra sem que no entanto apresente uma única proposta concreta que seja.
Para o observador mais atento surgem lampejos de idéias, que ninguém, no entanto, conhece na sua totalidade, bem, como o seu impacto real na vida de cada português, que já de si esta a passar por momentos de estrema dificuldade. Viver de gordurosa retórica e quantidades industriais de demagogia para dar e vender não é com toda a certeza a melhor solução para os problemas nacionais.
Não estranho a estupidez desta forma convencional de fazer oposição, estranho é que não surjam novos partidos políticos à direita e no centro para ocupar tanto espaço programático livre.
No preciso momento em que o OE esta sobre a mesa para ser analisado a lupa, discutido até as suas mais ínfimas conseqüências, e em conseqüência; votado, de acordo com a opinião formulada face ao seu conteúdo, o PSD opta pela chantagem emocional, mais sobre os portugueses que sobre o próprio governo do Partido Socialista.
Por exemplo:
Que diferença faz para o português comum que o OE tenha sido entregue numa hora ou noutra, ou na véspera do ultimo dia, ou uns minutos depois do limite, se na verdade a maior falta de rigor não esta nos ponteiros do relógio ou na voragem do tempo que pode demorar a analisar o documento, mas na própria falta de rigor do documento que enferma de vícios repetitivos que de ano para ano vão agravando ainda mais a situação nacional.
Do outro lado, os responsáveis do patético documento, denominado de OE, avançam com uma mais do que enlouquecida manipulação estatística para prometer uma recuperação econômica milagrosa, sem que no entanto se possa ver uma migalha que seja de combate ao desperdício e ao combate a apropriação de recursos públicos por parte da rapaziada que vai saltitando do setor publico para o privado, levando atrás de si os conhecimentos e o trabalho previamente preparado para alcançar faustosos objetivos econômicos.
Objetivamente este é o OE que com o Partido Socialista a cabeça e o Partido Social Democrata a fazer de muleta nos vai sacar mais de 33 mil milhões de euros, entre impostos diretos e indiretos, e outras miudezas despercebidas que saem dos nosso bolsos sem que seja necessário quase abrir o porta moedas.
Quando digo que o PSD faz descaradamente o papel de muleta, estou a referir-me, obviamente, a ajudinha que em Maio passado deu ao (des)governo socialista para aprovar medidas que diziam (ambos) seriam para reduzir o défice mas que acabaram por o aumentar para números irrealistas a poucos meses, sem que se tenham verificado cortes visíveis na despesa publica e ao invés com aumento de impostos que penalizam diretamente os portugueses e o motor da economia nacional que é a capacidade de produção a preços competitivos para que o comercio e a industria possam fazer girar a maquina da economia,
Pouco mais de quatro meses passados, e nem o governo nem a oposição conseguem saber, na realidade, de quanto necessitam para reduzir o tal defice, e pior do que isso, no meio de todo o caos instalado, as instituições financeiras internacionais perderam a pouca confiança que ainda depositavam em Portugal, e dessa forma fecham as portas a possíveis ajudas.
A meu ver só com profundas e determinantes reformas estruturais, que atinjam a área social e econômica se poderia conseguir chegar a algum porto seguro.
Olhando muito rapidamente para alguns números apresentados, verifica-se, por exemplo; que os dados de transferências são precisamente iguais aos de 2010.
Os dados referentes ao; esforço financeiro liquido do Estado para com as empresas publicas é exatamente igual ao que constava do OE de 2010, com dados de 2007 a 2009. Perante estes números; onde esta afinal a poupança...
Segundo o documento; em nada se revela onde e em que é que o Estado gastou as verbas de 2010 com as empresas públicas, nem a verba que prever gastar em 2011.
A chantagem relativa a uma eventual demissão do primeiro-ministro José Sócrates, em caso de chumbo do Orçamento do Estado para 2011, com a nomeação pelo Presidente da República Cavaco Silva, de um Governo de transição até à realização de Eleições Legislativas, antecipadas, em meados do próximo ano, seis meses após as Presidenciais marcadas para o dia 23 de Janeiro, seria um cenário catastrófico para o País e o autentico colapso do poder autárquico.
Dessa situação, resultariam graves repercussões para as Câmaras Municipais, e todo o poder local, nomeadamente ao nível de despedimentos e total incapacidade para fazer alterações orçamentais e assumirem as suas responsabilidades por terem de funcionar em duodécimos.
Portugal esta hoje nos braços dos mercados e por isso eu não acredito noutra situação final que não seja a aprovação do OE.
A viabilização do OE significará, antes, de mais nada; uma clara posição de voto em função das condições externas que existem.
Tenho para mim que dentro de cerca de um ano, coincidindo com metade do mandato deste governo, então, sim, ter-se-á de fazer um balanço claro, que poderá levar à sua queda.
Nesse preciso momento as condições internas da vida política nacional já devem estar alteradas, quem sabe com novos lideres a frente dos partidos da oposição, e que sabe; um novo líder do partido Socialista, e candidato a primeiro ministro, pois que Sócrates estará em fim de ciclo, preparando outros vôos.

João Massapina

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