Uma reportagem publicada nesta segunda-feira no jornal americano The New York Times afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "está dando cotoveladas" no seu colega americano, Barack Obama, ao receber o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em Brasília nesta segunda-feira.
Seguindo a linha de outros artigos publicados na imprensa estrangeira, o jornal vê a visita como uma tentativa brasileira de se afirmar nas grandes questões internacionais mundiais.
Ao mesmo tempo, a matéria levanta preocupações quanto aos efeitos da cartada diplomática nas relações entre o Brasil e os Estados Unidos, que mantêm relações tensas com Teerã.
– As ambições brasileiras de se tornar um ator importante no palco diplomático global batem de cabeça nos esforços dos Estados Unidos e outras potências mundiais de controlar o programa de armas nucleares do Irã –, afirma o NYT.
Analistas e legisladores americanos ouvidos pelo jornal criticaram a visita, que ocorre pouco depois da recepção brasileira ao presidente israelense, Shimon Peres, e ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
Para os críticos do encontro entre Lula e Ahmadinejad, a visita "pode enfraquecer os esforços para pressionar o Irã no seu programa nuclear, e consequentemente esfriar as relações do Brasil com os Estados Unidos e arranhar sua crescente reputação como potência global".
'Diplomacia arriscada'
Da Espanha, o jornal El País escreve que a chegada de Ahmadinejad a Brasília é "uma arriscada operação diplomática" de Lula, que "tenta reforçar seu papel como protagonista internacional (…), mas pode ficar em uma posição difícil se a visita acabar em fiasco".
Em meio a uma "busca desesperada por apoio internacional", diz o jornal, "a América Latina se tornou cenário de um importante esforço de penetração diplomática iraniana".
Além do Brasil, a visita do presidente iraniano inclui a Venezuela e a Bolívia. Além disso, as relações com Caracas abriram para o Irã as portas de outros países, como Nicarágua e Equador.
– Nenhuma destas viagens havia despertado tanta inquietude como o giro que começa hoje –, diz o El País. – O Brasil é um país muito diferente e reivindica um cenário distinto –.
Citando as ambições brasileiras de usar as negociações no Oriente Médio como um trampolim para tentar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o diário espanhol avalia que "a entrada em campo do Brasil, uma enorme potência em todos os sentidos, muda por completo o mapa".
'Teste'
Para o britânico Financial Times, a visita de Ahmadinejad é um "sério teste diplomático" para o "status do Brasil como uma potência mundial emergente".
O jornal acredita que a recepção será um "reconhecimento" do regime iraniano por parte do maior país da região.
– Em privado, membros do governo americano se mostraram preocupados com os contatos entre o Irã e outros governos –, escreve o FT.
Por outro lado, sublinha o diário financeiro britânico, após a visita do presidente israelense ao Brasil, o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, "disse que estava considerando encerrar suas operações no Irã, ainda que enfatizando que a decisão é puramente técnica".
Digo eu:
O Brasil arrisca borrar a pintura de todo o trabalho desenvolvido até agora para desempenhar papel importante no Conselho de Seguranca da ONU, e em outros grandes palcos de decisão mundial.
Um relacionamento tão aberto com um regime como o que esta instituído no Irã, pode isolar o Brasil na cena internacional, perante parceiros importantes a nível econômico, como os EUA e a Franca.
O Presidente Lula da Silva, que está em fim de mandato, procura algum destaque internacional para ficar na historia como um aglutinador de interesses, mas esquece que para tentar ser Churchil lhe falta muito mais do que o charuto, e a barba fica a mais na fotografia...
João Massapina
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