Lula defendeu o polêmico programa nuclear do Irã. Para os críticos, o Brasil foi na contramão.
O Irã desafia a opinião mundial. Foi com segurança e ironia que o presidente Mahmoud Ahmadinejad descartou, ontem à noite, ameaças militares contra seu país. Disse que os Estados Unidos e Israel não têm coragem de invadir o Irã.
Declarações polêmicas de um presidente polêmico. O encontro de Ahmadinejad com o presidente Lula atraiu os olhares do mundo.
O presidente Lula foi chamado de “meu bom amigo” pelo presidente iraniano, voltou a defender o direito de o Irã desenvolver seu programa nuclear para fins pacíficos, mas usando a linguagem diplomática, Lula repetiu algumas das muitas críticas que Mahmoud Ahmadinejad tem ouvido.
Lula disse que a política externa brasileira é balizada pelo compromisso com a democracia e o respeito à diversidade e que o Brasil defende os direitos humanos e a liberdade de escolha com a mesma veemência com que repudia todo ato de intolerância ou de recurso ao terrorismo.
Aberto a perguntas em uma entrevista coletiva. Foi o último compromisso do presidente Mahmoud Ahmadnejad no Brasil. Questionado sobre uma eventual invasão dos Estados Unidos ou de Israel ao Irã, ele respondeu que a era dos ataques militares já chegou ao fim e que hoje é tempo de diálogo e pensamento:
“Armas e ameaças pertencem ao passado. Até para as pessoas atrasadas, aqueles que vocês se referiram não tem coragem para praticar isso”
O presidente iraniano, que defende abertamente a destruição de Israel e nega o Holocausto, o extermínio de milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial, passou menos de 24 horas em Brasília. Houve manifestações a favor e contra a visita.
“Ele é uma figura radical, por que o Brasil vai ficar o tempo todo importando complicações?”, pergunta o líder do DEM, senador Agripino Maia (DEM-RN).
“Parte da oposição que está dizendo que o Brasil não deveria receber o presidente do Irã está sendo intolerante. A intolerância não constrói a paz. O que constrói a paz é o diálogo”, opina o líder PT, deputado Candido Vaccarezza (PT-SP).
Um sobrevivente de campos de concentração protestou. “Vem aqui um indivíduo, presidente do Irã, dizendo que não houve Holocausto, que não houve crime. Estou aqui como testemunha viva”, aponta o presidente da Associação Brasileira dos Sobreviventes do Nazismo do Brasil, Ben Abrahan.
Poucos parlamentares estavam no Congresso para receber Ahmadinejad. Exatamente sete, para uma comitiva de 17 ministros e assessores iranianos.
Com o presidente Lula, um encontro caloroso. Lula disse que o Brasil quer ver a paz no Oriente Médio e defendeu o programa nuclear do Irã, para fins pacíficos: “Reconhecemos o direito do Irã de desenvolver programa nuclear para fins pacíficos, com pleno respeito aos acordos internacionais. Esse é o caminho que o Brasil vem trilhando. O Brasil sonha com o Oriente Médio livre de armas nucleares, como ocorre em nossa querida América Latina”.
O presidente Lula também condenou o terrorismo e defendeu o respeito aos direitos humanos. Do presidente do Irã, recebeu apoio para que o Brasil ocupe uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
“Eu acho que realmente não é uma boa coisa para o Brasil. Ahmadinejad ganha mais do que nós em vir aqui, porque ganha reconhecimento, legitimidade de um país importante, que tem participação nos principais fóruns internacionais”, destaca o ex-ministro das Relações Exteriores Luiz Felipe Lampreia.
“Eu penso que essa comoção é exagerada. É natural que os países busquem a diversificação de parcerias e convidem chefes de outros estados, independentemente da característica política, da ideologia ou mesmo de declarações polêmicas”, diz o professor da UnB Carlos Vidigal.
O presidente iraniano só não cumpriu um compromisso da agenda: uma palestra para estudantes em uma faculdade de Brasília. Eles esperaram duas horas até que veio a notícia do cancelamento.
Sobre os três americanos presos no Irã, acusados de espionagem, o presidente iraniano disse que eles entraram ilegalmente no país e não respondeu se serão libertados nos próximos dias. Afirmou apenas que os três cometeram um erro e que a situação está nas mãos do Judiciário do país. (Retirado da Comunicacão Social Nacional)
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