E vocês perguntam:
E agora?
Agora começou a época oficial da caça ao Socrates, com o PSD a por certo começar a dar tiros para tudo o que se mova, e possa cair em cima do primeiro-ministro, tentando influencia o reeleito presidente para que contrarie aquilo que todos já percebemos, e que não passa muito longe da figura de um corta fitas, sem decisão personalizada perante as grandes questões nacionais, nomeadamente o comportamento do primeiro-ministro e o rumo de Portugal.
Mas com um Presidente da Republica envolto em fumos de suspeita, como podemos esperar que tome medidas que ele mesmo não quer que tomem algum dia contra si próprio.
................//...............
A confirmação da maior abstenção de sempre em oito corridas ao assento do Palácio de Belém vem confirmar aquilo que levei meses a escrever, e que defendo já a alguns anos, ou seja; o apoio declarado a uma abstenção maciça como forma de combater este sistema politico português que esta podre, e ao mesmo tempo retirar apoios de subvenções aos políticos que se batem pelo manjar pós-eleitoral da distribuição do dinheiro dos portugueses.
O estrangular do sistema pela via do corte de subvenções é uma das poucas saídas para colocar fim rápido no sitema caduco que teima em não se deixar substituir.
A vitória de Cavaco Silva é uma autentica vitória de sacrificado vencido, uma vez que tão somente ¼ do eleitorado lhe deu o seu voto de confiança, e desde que em 1976 foi instituído o sufrágio direto e universal nunca alguém tinha sido eleito com uma taxa de abstenção tão grande, e que se cifrou em quase 53,39%.
Só a reeleição de Jorge Sampaio, em 2001, se aproxima de uma taxa de abstenção de grande dimensão, que na época se ficou pelos 50,29%, e olhem que Sampaio veio a provar que estava longe de ser um verbo de encher que nem Cavaco o foi no primeiro mandato.
É bom referir que a mais baixa taxa de abstenção em eleições presidenciais se verificou a quando da reeleição de Ramalho Eanes em 1980, então com 15,61%, e a novidade politica não esclarece tudo, mas os tempos eram outros e existia pragmatismo e outra pratica politica.
Por três vezes, a renúncia ao voto em presidenciais ultrapassou os 30 por cento: 37,84 por cento na reeleição de Mário Soares (1991); 33,71 por cento na primeira eleição de Jorge Sampaio (1996) e 38,47 por cento no primeiro sufrágio ganho por Cavaco Silva, há cinco anos.
Nos restantes atos eleitorais, a abstenção variou entre os 24,53 por cento quando Ramalho Eanes se tornou o primeiro presidente pós-25 de Abril, e os 24,62% e os 22,01 por cento, na primeira e segunda voltas, respetivamente, da votação em 1986.
Por outro lado, os votos brancos ou nulos, que não são tidos em conta neste caso, aumentaram de tal forma que quase duplicaram - dos 58.977 «brancos» e 43.493 «nulos» depositados em urnas em 2006 passou-se para os atuais 132.182 eleitores sem qualquer preferência entre os seis candidatos e 43.050 boletins preenchidos fora das normas previstas.
Números oficiais são números dignos de credibilidade e ninguém os pode mudar, por muito que isso possa doer aos que ainda acreditam neste sistema politico, e nos políticos que temos na activa.
Ninguém agora me venha falar em cidadania, porque a abstenção é igualmente um acto de clara cidadania, ao negar sequer o recebimento de subvenções. Para mim é um acto de btanta cidadania como ir votar e dar uns euros a um energúmeno que não merece sequer um copo de agua numa tarde de mais de 40 graus a sombra...
Aníbal Cavaco Silva foi reeleito Presidente da República à primeira volta, tal como era esperado por todos os que não acreditamos em milagres. O que muitos não esperavam; exceto o signatário, e felizmente mais uns quantos que não usam óculos de cortiça, é que mais de metade dos portugueses felizmente mandassem as malvas os caçadores de subvenções, e lhes negassem o enchimento dos bolsos com a escandalosa e saborosa mais valia pós-eleitoral.
Fiz parte do sistema politico activo, mas me retirei dele de modo efetivo a praticamente uma década, e o fiz de plena consciência sabendo que o mesmo estava efetivamente esgotado, e que só servia para uma minoria tentar subjugar uma maioria, no saque, sem que programaticamente alguma ideia ou projeto possa surgir e ser aproveitado. Portugal vive na base de uma “corja” que vai sugando o erário publico, e o faz rotativamente, para que nenhuma dessas alimárias possa ser penalizada na roubalheira temporizada.
Os portugueses continuam, que nem carneirada, a alimentar esse ciclo infernal que só pode ter um fim no dia em que este sistema seja banido e devidamente substituído. Tentar fazer isso pela via do voto é continuar a alimentar o próprio sistema com subvenções para sustentar a maquina. Se cortarmos a comida ao “burro” ele vai acabar por morrer de fome!!!
A minha estratégia é realmente a de cortar a palha ao “burro” para que o mesmo acabe por sucumbir dando lugar a uma nova proposta de sociedade, com novos políticos e novas politicas, libertas deste continuado sugar dos poucos recursos que ainda restam a Portugal.
Cansei de acreditar em mudanças dentro deste sistema. Para mim ele já deveria ter sido banido a muitos anos, e com ele deveriam ter sido banidos da sociedade os políticos que se alimentam do sistema e vão tratando das suas vidinhas, esquecendo que tem deveres perante os eleitores.
A chegada acurto prazo do FMI não pode ser vista como um mal catastrófico, mas sim como um mal necessário, pois está provado que só com a presença de uma entidade de peso, idônea, e externa ao sistema e com capacidade de decisão se pode colocar travão ao continuado desgaste da economia publica.
Já a solução para o fim do sistema, só pode ser encontrada na agonia seguida de morte dos atuais partidos políticos e da sua chusma de lideres e ajudantes de campo que apenas se servem das siglas para seu beneficio pessoal esquecendo toda uma sociedade.
Tenho a certeza absoluta que muito boa gente, e até amigos meus, vão passar por aqui, e quem sabe comentar que as subvenções são uma gota de agua no meio de tudo o resto, mas tenho que desde já lhes dizer que se não se começar por cortar nas gotas de agua, vamos acabar por continuar a ter um rio de desperdícios, e a ajuda a formar um autentico mar para afundar em definitivo Portugal.
Como exemplos, posso deixar desde já os dados oficiais que comprovam que Cavaco Silva, vencedor das eleições de domingo, com os tais cerca de 25% reais, e não com os quase 60% que fazem questão de apontar, vai receber a modica quantia de 1,92 milhões de euros de subvenção estatal, mais 315 mil euros que o previsto, uma vez que os seus competidores se ficaram por modestos resultados, e dessa forma ele embolsa ainda mais do que o esperado.
Por exemplo; Manuel Alegre com os seus 19,75% de votos vai receber 835 mil euros de subvenção estatal. Um mau negocio para o poeta, direi eu...
Mau negocio porque, segundo me dizem a criatura gastou 1,9 milhões de euros na campanha, o que lhe vai possibilitar um prejuízo de milhares de euros que nem a pesca do robalo vai conseguir recompor.
Vai ter que escrever uma boa remessa de folhas de poesia...
Agora para os mais críticos da minha posição, contraria aos apoios por subvenções, e apoiante incondicional da abstenção como combate frontal ao tal sugador de dinheiros públicos, dizer que dados oficiais apontam para que o Estado português tenha que dispender mais de 3,8 milhões de euros com a brincadeira dos quatro candidatos que obtiveram mais de 5% de votos.
O melhor negociante acabou por ser Fernando Nobre que tinha orçamentado um valor inferior ao que vai arrecadar, e que se vai saldar por 835 mil euros. Segundo os números, ganhou mais de 300 mil euros com a brincadeira eleitoral.
Acabada a brincadeira, recolhidos os euros que andaram a procurar pelas estradas de Portugal, o País volta agora para a realidade de atraso social, da dependência externa, da ruina interna e da clara visão de um futuro muito pouco animador, para não dizer que Portugal está muito próximo da banca rota e do limite das suas capacidades de manutenção como País livre do comando externo nos seus mais variados níveis.
Acabada uma campanha em que ninguém esclareceu nada nem ninguém, as perguntas continuam por responder, e se bem que não fosse o momento de escutar esclarecimentos por parte de Socrates, a verdade é que continuamos a espera de uma explicação mais completa de vários assuntos, nomeadamente do caso Freeport, e outras nebulosas nuvens carregadas de fumos de corrupção.
Por outro lado, acabada a brincadeira eleitoral, recolhida a subvenção, e regressado a Belém, todos continuamos a espera de explicações por parte de Cavaco Silva, nomeadamente no processo BPN, e já agora da sua moradia de férias... entre outras nuvens que pairam no ar e colocam o Presidente debaixo de fundadas suspeitas de mau comportamento enquanto cidadão.
E vocês perguntam:
E agora?
Agora começou a época oficial da caça ao Socrates, com o PSD a por certo começar a dar tiros para tudo o que se mova, e possa cair em cima do primeiro-ministro, tentando influencia o reeleito presidente para que contrarie aquilo que todos já percebemos, e que não passa muito longe da figura de um corta fitas, sem decisão personalizada perante as grandes questões nacionais, nomeadamente o comportamento do primeiro-ministro e o rumo de Portugal.
Mas com um Presidente da Republica envolto em fumos de suspeita, como podemos esperar que tome medidas que ele mesmo não quer que tomem algum dia contra si próprio.
Muito a proposito:
A dias li algo muito interessante, que não posso deixar de compartilhar com todos vocês:
No tempo do Salazar, alguém na clandestinidade escreveu:
"...quando os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito..."
Este comentário hoje mais do que nunca está atualizado e aplica-se na totalidade a situação que vivemos em Portugal.
Entretanto fico a espera que um grupo de ilustres cidadãos, face a grave situação politica, econômica e social, e ao mais do que comprovado fim deste ciclo politico, e a decadência dos políticos que temos no ativo, possam criar o “Partido da Abstenção”, e que me convidem para ser subscritor do mesmo, que com toda a certeza irei assinar a proposta, pagar quota mensal, e fazer campanha...
Viva o Partido da Abstenção que com os seus 53,37% de votos foi o grande vencedor das eleições do passado domingo.
“João Massapina”