Das políticas, portanto, não falarei hoje. Vou antes falar dos comilões moralistas. Há dias, soube-se que a presidente da Assembleia da República atribuiu a Mota Amaral, na qualidade de ex-presidente do Parlamento, um gabinete, uma secretária, um BMW 320 e um motorista.
Denunciei isto, dizendo que não há nada como ser ex, desde que
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Assim é que é. A aristocracia política deste país, seja ela cor-de-rosa ou laranja, cuida dos seus. É bonito, é comovente. Tá bem, a gente paga. Já estamos habituados, não é? Um amigo meu, que se não é da área do PSD, parece, respondeu-me que seria grave se a mordomia tivesse sido recusada a outros ex-presidentes do Parlamento, que não vê na coisa um aumento de despesismo e que não sabe se a medida foi aprovada por todos os partidos. Isto é: um homem que se dispôs, voluntariamente, a ser deputado, e que chega a presidente do Parlamento, quando acaba as suas funções precisa de carro, motorista, gabinete e secretária, para quê? Cumprida a sua missão, volta para a sua vidinha, e já vai bem aviado com a sua bela reforma e outras alcavalas. Ou não? E a coisa é boa, ou má, consoante tenha sido aprovada por um, por alguns ou por todos? Para mim, é sempre má. Mordomia, cheira-me sempre mal. E afirmar que estas mordomias não têm custos? Só se é agora, por via de algum milagre à espera de confirmação pontifícia.
Entretanto, ficámos a saber que há pessoas que são autênticos génios. Pelas suas capacidades e competências, e pela sua aptidão para dilatar o tempo. Repare-se no super-homem António Nogueira Leite, que vai ser vice-presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos e ganhar mais de 20 mil euros por mês.
Este senhor, que foi conselheiro de Pedro Passos Coelho (quem diria?), vai assumir funções executivas, ocupando o lugar de número dois do próximo presidente executivo do banco público, já é:
Administrador ex
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Gente desta é que o país precisa. Capaz de desempenhar tantos cargos, sendo que só um deles lhe ocupará mais de oito horas diárias. Para além disto, este senhor é um dos que vai rotineiramente à televisão explicar aos portugueses a necessidade de sacrifícios e de redução de salários.
Mas há mais: O ex-vice presidente do PSD José Pedro Aguiar-Bran
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Mas para muita gente que eu conheço, denúncias destas só eram excelentes quando era o bando cor-de-rosa o alvejado. Para eles, o que é censurável é o Zé, que ganha o salário mínimo, meter baixa para ir desenrascar umas massas extras num biscate. Ou um reformado de quase setenta anos, ser obrigado, devido à erosão da sua reforma, a procurar trabalho. Isso, é imoral.
Quantos aos Miras, aos Nogueiras Leites e aos Aguiares-Brancos, esses, meus amigos, claro que não precisam de meter baixa.
Haja vergonha, tá?
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