Ainda hà poucos dias estava em Portugal, assim agora jà longe,continuo a lembrar tanto Amor que recebi que procurei multiplicà-lo. A’ parte do muito complicado, sim a situaçao econòmica è dificil, tudo atè pode parecer uma porcaria, que nao podiamos estar em uma situaçao pior – nao resta que subir. E’ o momento de sair da crise. O meu desejo, o desafio è de novo poder voltar, porque para nòs Portugueses, Portugal è a terra prometida, onde corre tanto leite e mel. Aquela è a terra dos nossos antepassados!
Quanta beleza encontrei por aquelas terras. O Algarve è maravilhoso, tem um clima extraordinàrio. Là as cores atè teem mais luz. Reparei que o azul è ainda mais azul. O branco mais branco ainda. Depois as pessoas là parecem mais felizes – serà porque estao de fèrias?. Entrei no Alentejo, vimos as suas cores tipicas. O sol là aquece mais. Fazia tanto calor e apenas vi algumas pessoas. Là sinto sempre tanta sede. Serà que o Alqueva jà funciona?. Devemos ajudar o Alentejo, teem vinhos muito bons. Respirei em Lisboa e nos seus arredores. Nao se pode amar o Porto sem amar Lisboa. Estivèmos no Ribatejo onde me sinto ligado. Vou sempre a Samora Correia ao cemitèrio onde sempre esteve a minha mae. Com natas ou sem, o bacalhau è sempre uma òptima companhia. Magnifico. Saboreei um bacalhau esquisito atè, muito elegante e delicado, um bacalhau “ espiritual” que tanto ajudou a elevar-me nas Azenhas do mar. Havia ainda os doces do convento, mas sentia-me bem; satisfeito. O Leitao de Negrais pois è extraordinàrio, uma excelencia e o da Bairrada è tambèm muito interessante – que genorosidade . Deixei-me tocar tambèm por tantos bons vinhos. Depois as sardinhas sao como um fruto do mar.
Vi bandeiras Portuguesas para a qualificaçao de Portugal, tambèm outras bandeiras Portuguesas de pessoas que querem lutar. Servem todas. Reparei em emigrantes que vinham , outros que partiam. Com os seus objectivos e tempos. Cada um sòzinho procurando de um novo inicio e a sua vitòria. Desejei tanto partir com cada um deles, para que possam ser fortes e vitoriosos. Sao individualistas, teem espirito de luta, nao lhes falta coragem. Tantos deles nao vao voltar. Devem inserir-se bem em outros lugares. Passarao a ser avòs e devem ficar junto dos seus netos, encontrar Paz. A nossa cultura è Universal – è preciso pagar o preço da vitòria. Hà aqueles tambèm que procuram uma Nova Terra e um Novo Mundo. Os que voltarmos nao os podemos esquecer e levantar ainda mais alto a nossa bandeira. Cada um deles vai ter sempre um lugar no nosso coraçao. Mais tarde na viagem de regresso, sempre tudo a subir ( porque o nosso coraçao vive em duas dimensoes ) nos viamos uns aos outros como desejando tanta força para fazer sorte.
Coimbra è culta e elegante, a vejo fina. Serà porque por là passam tantos politicos?. Quando um deseja pode sempre aprender tanto. Estivèmos no Norte, passàmos o Porto e sentimos o seu respiro. Nao se pode amar Lisboa sem amar o Porto.
Sò vivemos uma vez e cada um està a viver a sua Vida, procurando ser feliz à sua maneira, cultivando os seus interesses. Que força vinha fora se todos estivesse-mos preocupados em levantar Portugal. Nao pode ser uma desculpa pretendermos politicos melhores. E se os outros estivessem à nossa espera? Enquanto esperamos por um Portugal melhor, cada um de nòs vai consumindo a sua Vida, e a morte è ali que nos espreita, nos observa, que sabe as pessoas que somos. Como posso esperar por uma linda manha de Primavera, acordando ver um Portugal melhor sem o meu contributo. Que tenho eu a ver com os meus antepassados?
Os maus politicos podem atè ser culpados da pouca participaçao do povo nas eleiçoes. Mas nao de deixarmos de lutar e de participar no progresso e desenvolvimento de Portugal. Os politicos quando dizem qualquer coisa, nao os devemos levar a sèrio. Pode ser um Portugues correcto, ideias bem claras, mas sem aççoes sao palavras mortas, sem vida. Fazem poder atè lembrar os Fariseus no tempo de Jesus, certamente leram tantos livros, um pouco intelectuais, mas lhes falta o Amor. O Amor tem tantas cores, tem Vida. .....Fiquei a saber que Alvarenga ( Arouca ) è a capital do Mundo e do bife. Aquela terra dos meus bisavòs maternos è de facto linda. Depois de tantos anos e de caminhar tanto volto a este lugar. Por entre os eucaliptos, no meio do verde. Quando entro no cemitèrio e ando por là, sabia que ali estavam antepassados que me pertencem, nao posso sentir-me como de um estranho. Provo a solidao e sinto o silencio. Mas estes aqui sao todos meus parentes? Nao os conheço: como posso fazer de sò querer bem a uns e a outros nao? Poderei abraçar todos? Guardo dentro de mim um bom sentimento e comovo-me – é um encontro. Este é um belo lugar. Que preço se paga para ganhar uma certa sensibilidade. Como podem pensar os emigrantes serem patetas quando por exemplo no nosso carro guardamos alguma coisa que nos faz sentir Portugueses – è a nossa identidade. Mas nunca se vai encontrar nas compras de um emigrante um produto Espanhol. Porque os emigrantes sabem que aquilo que è nosso è sempre melhor, mesmo se mais caro. Sao por certo pessoas de bem e se sao vaidosos è da bandeira que teem. Tambèm nòs pagamos os erros da nossa Història, e nos lamentamos menos.
Devemos viajar por Portugal, conhecer outros lugares. Andar pelo interior, ir à regiao de Tràs-os Montes, às Beiras, visitar as Ilhas. Fazer turismo interno,preferir os nossos produtos. Se estivermos todos bem vivi-se melhor.
Como posso invejar o director do Banco de Portugal? A verdade è que penso nao seja o mais feliz. Todo o dinheiro nunca è suficiente, e no equilibrio è preciso tambèm a parte espiritual. Ou nao ? Nem quero pensar quanto o Presidente da Rèpùblica possa ter de reformas ao final do mès, è um problema seu ( pode ser ). Mas posso desejar-lhe que possa ser o melhor de todos os Portugueses! Ou como posso indignar-me com os deputados que là estao, pensando que sao uns vaidosos de pouco valor, quando sao aqueles que foram escolhidos pelo povo – os seus representantes. Posso atè pensar a valores como a honra e a dignidade, que cada um deles è pronto a dar a sua vida para salvar Portugal com o seu exemplo, porque compreendo estes valores.
Ao final de uma tarde estavamos na Citania de Briteiros e enquanto com a Letizia e os nossos quatro filhos assim pequenos subiamos, estavamos sòzinhos , mas comecei a pensar que ao chegarmos là acima poderiamos encontrar Viriato que nos esperava. A visao do alto da Serra è estupenda, e que silencio. Gritei forte dentro de mim, desejei poder acordar todos. Ressureiçao è passar da morte para a Vida. Quase como ter visto Viriato sem ressentimento no seu coraçao, por o termos traido. Como podemos aceitar hoje sermos os mais pobres da Europa? Mas onde estao os Lusitanos de hoje? Emigraram todos? Que futuro estamos a construir para os nossos filhos? Onde està o querermos ser um povo livre, de querer viver em paz e harmonia?
Jà um pouco tarde fomos a Guimaraes, de verdade queria tanto ver Afonso Henriques, Confesso de o nao ter gostado de ver là como uma pedra imòvel, sem vida e com uma espada na mao. Desejava em vez qualquer coisa como dar-lhe Vida, poder ressuscità-lo dos mortos. Que pudesse ir jantar conosco. Entao em vez de perguntar-lhe o que pode pensar de todos nòs hoje, podia perguntar-lhe o que pensava de mim. Seguramente ficaria a sòs com a minha consciencia. Posso atè melhorar tanto e aprender com os erros tambèm. Começo a ver tantos anos da nossa Història, que tantas pessoas estao atràs de cada um de nòs, mas quando me passa na mente um sentimento como se valeu a pena de ter lutado tanto, e agora de acabar tudo assim, me vem o impulso de pegar na sua espada. Para minha surpresa senti imenso Amor, oh gente da minha terra, sim vale sempre a pena de lutar. Sim quero. E atè podemos morrer desejando realizar um ideal. Somos um povo e temos uma identidade!!! Os nossos antepassados continuam a viver em cada um de nòs. Mas se somos um grande povo chegou o momento, è o tempo de fazer ver nao aos outros mas a nòs pròprios. Se nao formos nòs a mudar Portugal quem o vai fazer? Serao os Espanhòis? Serao os nossos filhos? Ou devemos todos aprender o Inglès? Cada um deve prometer a si pròprio de lutar, mais ninguèm se deve render. O nosso futuro è o futuro dos nossos filhos.
E’ necessàrio aumentar as exportaçoes. Exportar, exportar. Podemos vender tanta pedra, limpar as Serras e os bosques e vender tanta madeira. Acabar com os fogos ( a sèrio ). Aumentar o trabalho construir riqueza, diminuir o desemprego, responsabilidades e direitos. Està ali o Mar cheio de riqueza, apostar nas pescas. Como ficou o acidente de Albufeira? Deve existir solidariedade entre nòs, sao sentimentos fortes. E aquele acidente perto de Espinho na passagem de nivel sem guarda? Devemos ser prudentes e encontrar respostas, soluçoes. Portugal està da conquistar uma outra vez! Cada um deve na sua cidade, vila ou aldeia, procurar uma Vida melhor. Nao existe um outro caminho. Um pode ficar à espera que a morte chegue, ou lutar pela Vida. Reparàmos em tantos casais com um filho apenas. Em vez nòs termos quatro filhos è quase um luxo. Estou a lutar tanto porque tambèm quero a vitòria. Entre a Vida e a morte sempre procurei escolher a Vida. Temos um carro maior por necessidade, foi um investimento. Pagàmos tanto nas auto-estradas. E nao pude compreender porque o nosso carro è classe 2. Serà um pacote para nao dar coragem às pessoas de se multiplicarem, enfrentar o futuro com optimismo, mas nunca de um apoio às familias numerosas. Nao basta um pensar ser contra o aborto, pode atè ser uma grande hipocrisia. Mas onde està a Cultura da Vida! Para investir no Futuro sao precisos outros horizontes, medidas concretas. Nunca um colado a uma cadeira terà o meu espirito, porque sou um lutador. E o Amor è o mais importante.
Podia estar satisfeito de tanto que tinha vivido, um resultado positivo, mas tantas outras pessoas desejava ter visto, que hà tantos anos nao vejo, entao lembrei que devia preparar-me para partir e que esta vez nao tinha estado no Guincho onde sempre tinha estado com o meu avò. Fizèmos a viagem de noite, era a ùnica possibilidade, de manha cedo estàvamos na Boca do Inferno a tomar o pequeno almoço,e mais tarde estàvamos là. E’ um lugar onde me vejo tanto. Talvez tivesse com tanta força desejado aqueles momentos de caminhar junto ao mar, de correr com os meus filhos. Me vinha de imaginar que um dia seremos um povo unido capaz de se querer bem. Sem ressentimento. Queria sentir as ondas e de provar ser Livre. A Liberdade se conquista no tempo com responsabilidade. Desejei tocar o meu corpo e de sentir o meu espirito, que sou Vivo. Procurava de ver o vento onde outra vez me està a querer levar.
Encontràmos tanta beleza. Portugal tem imensas cores. Uma vida nao seria suficiente para escolher em Portugal um lugar onde ir viver. Temos o objectivo de em Agosto de 2012 estarmos a viver em Portugal. Està uma Nova Història para escrever. Nunca esqueçam que Portugal è vosso tambèm, que vos pertence, que devemos ganhar o direito. Cada um de nòs deve pensar ser o salvador de Portugal. Que somos nòs que podemos dar vida a um Portugal melhor ( està dentro de nòs ), nao os outros.
Aquele que faz è sempre um dos nossos, sempre um de nòs.
Castrezzato, 26 setembro 2009 (BS) Itàlia
Luis Filipe de Figueiredo Martins.
sábado, 26 de setembro de 2009
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
SAIR DAQUI...
Acabo de chegar de um comicio do...PS!
Lá estavam as camionetas com "trabalhadores" das Minas da Borralha, não faltava o saquinho com umas sandes e uma bebida
e para compôr o ramalhete os "meninos" e "meninas" com bandeirinhas e gritos de "viva" o PS.
Silva Pereira (cabeça de lista pelo distrito) de NADA falou não esquecendo que o PSD foi para um teatro e o PS veio para a rua porque é um partido do POVO!!!
Esperei, esperei, esperei... Queria ouvir as propostas do PS para a Região mas... tiquita de nada!
Entra o "menino de oiro" e espero, espero, espero...
Tiquita de nada, zerito, tiquita de nada, zerito...
Auto estrada, túnel do Marão, auto estrada, túnel do Marão...
Pronto, vim embora! A esposa (votante no BE) queria ver o "Caminho das Indias" e estava farta de palha!
Tive meses de gozo com o caso do INEM com os bombeiros de Favaios. Tive dezenas de centros de saúde, serviços de
urgência e maternidades encerrados. Centenas de escolas do 1º
ciclo e jardins de infância encerrados. Esquadras de Policia e GNR encerradas. Direcções Regionais encerradas. Delegação do Banco de Portugal encerrada. Serviços Públicos como Correios e Finanças encerrados. Desertificação das aldeias, encerramento de cafés, mercearias, pequeno comércio.
Dezenas de aldeias cheias de vida, têm agora apenas os "velhos", algum gado caprino e muito cão sem rebanho!
É preciso ter desplante, virem à minha TERRA pedir o meu voto em troca de uma auto estrada que só terá um sentido:
SAÍR DAQUI!
"Fario"
Lá estavam as camionetas com "trabalhadores" das Minas da Borralha, não faltava o saquinho com umas sandes e uma bebida
e para compôr o ramalhete os "meninos" e "meninas" com bandeirinhas e gritos de "viva" o PS.
Silva Pereira (cabeça de lista pelo distrito) de NADA falou não esquecendo que o PSD foi para um teatro e o PS veio para a rua porque é um partido do POVO!!!
Esperei, esperei, esperei... Queria ouvir as propostas do PS para a Região mas... tiquita de nada!
Entra o "menino de oiro" e espero, espero, espero...
Tiquita de nada, zerito, tiquita de nada, zerito...
Auto estrada, túnel do Marão, auto estrada, túnel do Marão...
Pronto, vim embora! A esposa (votante no BE) queria ver o "Caminho das Indias" e estava farta de palha!
Tive meses de gozo com o caso do INEM com os bombeiros de Favaios. Tive dezenas de centros de saúde, serviços de
urgência e maternidades encerrados. Centenas de escolas do 1º
ciclo e jardins de infância encerrados. Esquadras de Policia e GNR encerradas. Direcções Regionais encerradas. Delegação do Banco de Portugal encerrada. Serviços Públicos como Correios e Finanças encerrados. Desertificação das aldeias, encerramento de cafés, mercearias, pequeno comércio.
Dezenas de aldeias cheias de vida, têm agora apenas os "velhos", algum gado caprino e muito cão sem rebanho!
É preciso ter desplante, virem à minha TERRA pedir o meu voto em troca de uma auto estrada que só terá um sentido:
SAÍR DAQUI!
"Fario"
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
O adeus a José Bernardo Falcão e Cunha
Nascido a 21 de Janeiro de 1932, José Bernardo Falcão e Cunha, formado em Engenharia Civil, foi condecorado em 2007 com a Ordem de Mérito,ocupou em 1993 a pasta do Emprego e da Segurança Social no XII Governo Constitucional, liderado por Cavaco Silva, e foi secretário-geral do PSD, e faleceu ontem.
Não seria para mim mais do que uma noticia na coluna dedicada aos falecimentos, não fora o facto de com ele ter tido o previlegio unico de ter convivido e trabalhado politicamente, e constituir para mim um exemplo de honestidade e dignificação do trabalho pela causa publica com invulgar competência e um modelo de cidadão no desempenho de altas funções públicas para além do excepcional dinamismo que imprimiu em diversos projectos nos domínios da engenharia e gestão empresarial.
Aqui deixo esta minha mais humilde homenagem, a um HOMEM BOM que merecia muito mais respeito e admiração do que recebeu em vida, porque sempre foi humilde no tratamento da imagem.
Adeus Amigo.
Não seria para mim mais do que uma noticia na coluna dedicada aos falecimentos, não fora o facto de com ele ter tido o previlegio unico de ter convivido e trabalhado politicamente, e constituir para mim um exemplo de honestidade e dignificação do trabalho pela causa publica com invulgar competência e um modelo de cidadão no desempenho de altas funções públicas para além do excepcional dinamismo que imprimiu em diversos projectos nos domínios da engenharia e gestão empresarial.
Aqui deixo esta minha mais humilde homenagem, a um HOMEM BOM que merecia muito mais respeito e admiração do que recebeu em vida, porque sempre foi humilde no tratamento da imagem.
Adeus Amigo.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Como se educa a praça pública
Ou a opinião pública, que vem a dar no mesmo.
É Mr. Whitestone de “Uma Família Inglesa” que, a conselho da sua filha Jenny, para poder futuramente casar o seu filho Carlos com Cecília, a jovem pobre, filha de Manuel Quintino, dedicado guarda-livros da casa comercial do inglês, elevando-lhe o estatuto por via das conveniências e dos escrúpulos de superioridade, decide promovê-lo à condição de sócio. Para isso, irá contar na praça portuense, até com o exagero próprio destes factos, os feitos comerciais de Manuel Quintino, para preparar a opinião pública e impedir a sua estranheza quando se efectuasse o evento. E resultou, que inúmeros comerciantes se dirigiram ao guarda-livros, a felicitá-lo pelos casos de sucesso da sua actividade comercial, deixando-o meio encabulado, que era pessoa pouco afeita às mascaradas da adulação.
Já era assim, pois, nos tempos de Júlio Dinis, cujos romances de cabeceira, encantadores, nos embalavam o sono nos tempos da adolescência e continuaram a embalar, até mesmo agora, quando as frustrações e pesadelos da vida nos aconselham a desviar o sono nocturno das leituras mais pesadas, para adormecermos tranquilamente com os enredos e descrições da ternura e graça do homem que “viveu de leve, escreveu de leve, morreu de leve” segundo síntese do requiem queirosiano, ao exprobar-lhe a morte precoce, ironizando-lhe talvez a obra, por ser delicada, sem o traço grotesco da caricatura, mas assaz real e actual na visão do mundo e da psicologia humana.
E assim, descontando os efeitos tentaculares dos actuais media, já naquela altura o diz-que-diz, o levantar suspeitas, o apontar indícios, provocavam imediato zum-zum, embora sem o estardalhaço dos novos tempos.
Porque vivemos disso, na praça pública de agora, vivemos de visibilidade, do alarido, do abocanhamento, da suspeição e da injúria, de destruirmos ou exaltarmos, conforme o clube ou o partido a que pertencemos, os actores da nossa predilecção. E os media são responsáveis, embora não unicamente.
Porque temos, também, as marchas, quer das greves, quer para as promoções, e os discursos dos chefes e dos partidários dos chefes, e, sem grande educação, por vezes, acusamos os opositores de vários desmandos. E de velhice.
Tenho ouvido sobre Manuela Ferreira Leite que está velha, boa para a reforma. Provavelmente dos mesmos que, a darem-lhes a oportunidade, não se eximirão a eleger Mário Soares para um novo mandato presidencial, que, vaidoso como é, não deixará de lhe apetecer, apesar da idade e da monotonia do discurso e dos cargos sucessivos do seu pobre sucesso vivido.
Ninguém quer escutar argumentos de pessoas capazes, que deixam prever boa preparação técnica, boa formação moral e se afirmam amantes da sua nação. E esta nada tem de velha, mas de inteligente e ponderada. Preferem escutar as vozes altissonantes do ministro que se socorre da obra que fez como tal, mesmo que, na maioria das vezes, tenha sido uma obra adiada ou infeliz. Não importa os destroços das vidas sem trabalho, ou o espezinhamento das vidas a quem foi retirada a dignidade de bem servirem, com leis arbitrárias e de injustiça flagrante, não importa o défice contínuo, a hipoteca acelerada, o futuro comprometido, o esbanjamento palavroso, mentiroso e vazio, a ruína económica, cultural e moral a que condenamos as gerações vindouras.
Afinal sempre fomos um país – uma praça - arrumado. Na atrofia. Devemos continuar.
Berta Brás
É Mr. Whitestone de “Uma Família Inglesa” que, a conselho da sua filha Jenny, para poder futuramente casar o seu filho Carlos com Cecília, a jovem pobre, filha de Manuel Quintino, dedicado guarda-livros da casa comercial do inglês, elevando-lhe o estatuto por via das conveniências e dos escrúpulos de superioridade, decide promovê-lo à condição de sócio. Para isso, irá contar na praça portuense, até com o exagero próprio destes factos, os feitos comerciais de Manuel Quintino, para preparar a opinião pública e impedir a sua estranheza quando se efectuasse o evento. E resultou, que inúmeros comerciantes se dirigiram ao guarda-livros, a felicitá-lo pelos casos de sucesso da sua actividade comercial, deixando-o meio encabulado, que era pessoa pouco afeita às mascaradas da adulação.
Já era assim, pois, nos tempos de Júlio Dinis, cujos romances de cabeceira, encantadores, nos embalavam o sono nos tempos da adolescência e continuaram a embalar, até mesmo agora, quando as frustrações e pesadelos da vida nos aconselham a desviar o sono nocturno das leituras mais pesadas, para adormecermos tranquilamente com os enredos e descrições da ternura e graça do homem que “viveu de leve, escreveu de leve, morreu de leve” segundo síntese do requiem queirosiano, ao exprobar-lhe a morte precoce, ironizando-lhe talvez a obra, por ser delicada, sem o traço grotesco da caricatura, mas assaz real e actual na visão do mundo e da psicologia humana.
E assim, descontando os efeitos tentaculares dos actuais media, já naquela altura o diz-que-diz, o levantar suspeitas, o apontar indícios, provocavam imediato zum-zum, embora sem o estardalhaço dos novos tempos.
Porque vivemos disso, na praça pública de agora, vivemos de visibilidade, do alarido, do abocanhamento, da suspeição e da injúria, de destruirmos ou exaltarmos, conforme o clube ou o partido a que pertencemos, os actores da nossa predilecção. E os media são responsáveis, embora não unicamente.
Porque temos, também, as marchas, quer das greves, quer para as promoções, e os discursos dos chefes e dos partidários dos chefes, e, sem grande educação, por vezes, acusamos os opositores de vários desmandos. E de velhice.
Tenho ouvido sobre Manuela Ferreira Leite que está velha, boa para a reforma. Provavelmente dos mesmos que, a darem-lhes a oportunidade, não se eximirão a eleger Mário Soares para um novo mandato presidencial, que, vaidoso como é, não deixará de lhe apetecer, apesar da idade e da monotonia do discurso e dos cargos sucessivos do seu pobre sucesso vivido.
Ninguém quer escutar argumentos de pessoas capazes, que deixam prever boa preparação técnica, boa formação moral e se afirmam amantes da sua nação. E esta nada tem de velha, mas de inteligente e ponderada. Preferem escutar as vozes altissonantes do ministro que se socorre da obra que fez como tal, mesmo que, na maioria das vezes, tenha sido uma obra adiada ou infeliz. Não importa os destroços das vidas sem trabalho, ou o espezinhamento das vidas a quem foi retirada a dignidade de bem servirem, com leis arbitrárias e de injustiça flagrante, não importa o défice contínuo, a hipoteca acelerada, o futuro comprometido, o esbanjamento palavroso, mentiroso e vazio, a ruína económica, cultural e moral a que condenamos as gerações vindouras.
Afinal sempre fomos um país – uma praça - arrumado. Na atrofia. Devemos continuar.
Berta Brás
sábado, 19 de setembro de 2009
Retrocesso
“O papá já é crescido e ele é que sabe o que quer para mim e o que não quer”.
Uma frase com quatro proposições, da minha neta de quatro anos de quem já falei, e que revela uma correcta construção discursiva, acompanhando um pensamento que o próprio Confúcio não desdenharia.
É claro que lhe não pertence – ou a ouviu na escola ou em casa - mas, para além da rapidez com que foi perfeitamente articulada, admirei a sua actualidade em termos políticos, não segundo um ideal democrático, note-se, mas segundo uma visão de mando e de comando que em todos os partidos se tem verificado – o quero, posso e mando que a todos convém, sob a capa de um objectivo pelo bem comum: os papás são crescidos, eles sabem o que convém aos “filhotes”, segundo terminologia hipocorística dos afectos familiares dos nossos tempos.
E o bem comum, por todos destacado com arreganho, leva a que todos se batam entre si, para defenderem as suas propostas como superiores às dos outros em importância e alcance, baralhando os dados, menos preocupados, talvez, com a comunidade, do que com a conquista do seu lugar no poder.
Eu acredito, todavia, na preocupação de alguns pelo próprio país, que me parece escorregar miseravelmente para um beco sem saída, no atropelar de direitos dos cidadãos a que temos sido submetidos neste primeiro mandato socialista, corolário de muitos outros mandatos da mesma igualha ideológica, mas, apesar de tudo, de maior respeito humano do que este, que se tem divertido a vilipendiar uns e a enaltecer outros a quem se permite o acumular de fundos tantas vezes resultantes de falcatruas de vária ordem, institucionalizada a fraude, a corrupção, a trapaça e a desvergonha.
Mas a maioria dos comentadores políticos não ajudam ao enveredar por vias mais honestas, divertindo-se a desmistificar as intenções dos que parecem mais credíveis, mas que são demasiado rígidos para a nossa massa humana, formada por um povo cada vez mais resvalando num caminho de degradação, pelo “facilitismo” cultural e ético a que tem sido submetido, numa impreparação e falha de princípios de que nunca mais recuperaremos.
Esses, os que parecem sérios e bem formados, são rotulados de retrógrados, para gáudio dos espertos e lição dos medíocres, instalados na aparência de um viver suficientemente confortável pelas esmolas que vão recebendo, ignorando os que perderam o seu trabalho e o seu direito a uma vida decente.
As sondagens indiciam essa satisfação, no nosso país de pedintes, a esmola tudo cobre com o seu manto de rosas milagreiras. Indiferentes aos males, indiferentes a uma nação de que fazem parte no degrau ínfimo da sua escala, não pensam em recuperação inteligente, em esforço comum, como outros países mais cultos duma Europa a que não pertencemos, nem com os TGV da nossa hipoteca cada vez mais absurda.
“O papá é que sabe o que quer para nós.”
Berta Brás
Uma frase com quatro proposições, da minha neta de quatro anos de quem já falei, e que revela uma correcta construção discursiva, acompanhando um pensamento que o próprio Confúcio não desdenharia.
É claro que lhe não pertence – ou a ouviu na escola ou em casa - mas, para além da rapidez com que foi perfeitamente articulada, admirei a sua actualidade em termos políticos, não segundo um ideal democrático, note-se, mas segundo uma visão de mando e de comando que em todos os partidos se tem verificado – o quero, posso e mando que a todos convém, sob a capa de um objectivo pelo bem comum: os papás são crescidos, eles sabem o que convém aos “filhotes”, segundo terminologia hipocorística dos afectos familiares dos nossos tempos.
E o bem comum, por todos destacado com arreganho, leva a que todos se batam entre si, para defenderem as suas propostas como superiores às dos outros em importância e alcance, baralhando os dados, menos preocupados, talvez, com a comunidade, do que com a conquista do seu lugar no poder.
Eu acredito, todavia, na preocupação de alguns pelo próprio país, que me parece escorregar miseravelmente para um beco sem saída, no atropelar de direitos dos cidadãos a que temos sido submetidos neste primeiro mandato socialista, corolário de muitos outros mandatos da mesma igualha ideológica, mas, apesar de tudo, de maior respeito humano do que este, que se tem divertido a vilipendiar uns e a enaltecer outros a quem se permite o acumular de fundos tantas vezes resultantes de falcatruas de vária ordem, institucionalizada a fraude, a corrupção, a trapaça e a desvergonha.
Mas a maioria dos comentadores políticos não ajudam ao enveredar por vias mais honestas, divertindo-se a desmistificar as intenções dos que parecem mais credíveis, mas que são demasiado rígidos para a nossa massa humana, formada por um povo cada vez mais resvalando num caminho de degradação, pelo “facilitismo” cultural e ético a que tem sido submetido, numa impreparação e falha de princípios de que nunca mais recuperaremos.
Esses, os que parecem sérios e bem formados, são rotulados de retrógrados, para gáudio dos espertos e lição dos medíocres, instalados na aparência de um viver suficientemente confortável pelas esmolas que vão recebendo, ignorando os que perderam o seu trabalho e o seu direito a uma vida decente.
As sondagens indiciam essa satisfação, no nosso país de pedintes, a esmola tudo cobre com o seu manto de rosas milagreiras. Indiferentes aos males, indiferentes a uma nação de que fazem parte no degrau ínfimo da sua escala, não pensam em recuperação inteligente, em esforço comum, como outros países mais cultos duma Europa a que não pertencemos, nem com os TGV da nossa hipoteca cada vez mais absurda.
“O papá é que sabe o que quer para nós.”
Berta Brás
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Carta Aberta ao Primeiro Ministro
«Senhor Primeiro Ministro,
Engenheiro José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa
Excelência.
Tem Vossa Excelência apenas mais um ano de idade do que eu. Permita-me no entanto que lhe diga que não tem a minha idade, no sentido de que não somos da mesma geração e não é pela diferença de calendário.
Em 1974 aderi ao Partido Socialista, fui secretário da Juventude Socialista do Estoril e nesta qualidade passei as estopinhas para que ideias, políticas sociais, fossem implementadas pelo Partido Socialista.
Quando Francisco Pinto Balsemão desistiu do "Jornal de Cascais" eu fundei um outro jornal, em Cascais, chamado "Boca do Inferno". Aldo Moro tinha sido assassinado. Lembro-me de ter escrito sobre isso, de atribuir a culpa ao PCI. O jornal era um manifesto anti-comunista. Custou-me dezasseis contos o primeiro número de só dois (fiquei teso e o Senhor meu Pai não era o Pai Natal mas quase). Já lá vão 34 anos mas sou o mesmo. Contei com o nobre apoio de António Guterres (UM SENHOR!) - Vossa Excelência já ouviu falar ? - e José Luís Nunes (OUTRO SENHOR!) - Vossa Excelência já ouviu falar ? com quem privei (este último infelizmente partiu).
De António Lopes-Cardoso e Manuel Poppe Lopes-Cardoso (a quem desejo uma rápida recuperação e vê-lo em breve). Teotónio-Pereira e outros, como dizia Pessoa, de quem me não quero esquecer porque não me lembro.
Nestas andanças, Senhor Primeiro-Ministro, nunca o vi.
Afinal, onde estava Vossa Excelência no 25 de Abril ?
Na FAUL (Federação da Área Urbana de Lisboa do PS, rua do Alecrim) nem em nenhum outro lado, vi Vossa Excelência. Vossa Excelência era provavelmente, ainda, um bebé. Nem no comício da fonte luminosa em que estive a fazer segurança a Mário Soares, armado até aos dentes com G3, entregues pelo CIAC (de Cascais), armas geridas pelo Sr. Botelho, piloto da barra, primo do José Manuel Casqueiro da CAP (Confederação dos Agricultores Portugueses), gente boa. Dispostos a dar a vida contra a tomada de poder vinda de leste, via PCP. Vossa Excelência, onde estava ? Com certeza que não no berço que não tem. Depois caíu do céu à frente da JS.
Foi nessa altura que eu me afastei definitivamente.
Anos mais tarde, vim a cruzar-me com Vossa Excelência em Gondomar em 1995/96, vi Vossa Excelência ser amigo e próximo do Major Valentim Loureiro (o restaurante 3M é do melhor que há), quando se discutia quem seriam as empresas que iriam tomar conta da "incineração", com menos preocupações com o ambiente, com mais preocupações pelo negócio, "bindo das Américas".
Permita-me Vossa Excelência duvidar das suas intenções.
A minha dúvida tem raiz no discurso de Vossa Excelência.
Nunca fala a favor do povo português, antes debita argumentos mesquinhos, insultuosos, como se lhe tivéssemos passado um cheque em branco.
Sempre um discurso de defesa, nunca a favor de ninguém. O discurso de Vossa Excelência é o que nos faz desconfiar de Vossa Excelência.
Não são os casos esquisitos do Freeport, as cenas indesculpáveis na Beira e outros sítios, os seus tios que compram Maserattis e o seu primo, pessoa de bem e homem de verticalidade inquestionável, que até se pirou para fazer um curso de "karatê" no Nepal ou na China onde ainda anda. Não é nada disto. Todos temos Vossa Excelência em boa conta, como um homem honesto. Vossa Excelência falha, quando não abona a seu favor.
Quando discursa a promover medidas grosseiras do governo, marketing político para inglês ver (não devia ter dito isto assim, soa a Serious Fraud Office), quando o discurso de Vossa Excelência é um discurso de defesa do seu lugar, da sua posição, do seu poder. Vossa Excelência NUNCA DIRIGIU UMA PALAVRA AO POVO PORTUGUÊS! O seu discurso é reactivo, defende-se afanosamente do que é indefensável.
O caso, mais um, "computador Magalhães", seria para mim um caso de polícia, como sempre disse, e penso que Vossa Excelência estará de acordo, não fosse o alto patrocínio do Primeiro Ministro do meu país em quem tenho de confiar, nesta parceria do nosso dinheiro com a empresa J.P. Sá Couto de Matosinhos que é a fossa das Marianas da excelência em matéria de trampa informática.
Engana-se Vossa Excelência ao tratar o Povo Português como uma horda de idiotas. É só isto que não perdoo a Vossa Excelência e lhe digo de caras. Lá porque o Partido Socialista se transformou numa corja de oportunistas e arrivistas, eu estou em crer que Vossa Excelência é completamente alheio ao facto. Pergunte Vossa Excelência a António Guterres, já que o José Luís Nunes não está entre nós.
Sabe, Senhor Primeiro Ministro, houve Homens neste País que deram a vida, a fortuna, sacrificaram a família, para que a Vossa Excelência seja permitido tratar-nos como bestas. Houve homens que sofreram a perseguição, a tortura e o exílio. Houve homens assim. É verdade.
Não, Vossa Excelência não sabe.
Cá para mim, até não sabe de nada.
Compreendo no entanto, os aspectos críticos em matéria de defesa Nacional, da imagem do País. Falta-me é paciência e já não acredito em nada.
Senhor Primeiro Ministro, se é homem, se é Português, prove-o de uma forma irrefutável. Nessa tão portuguesa expressão que tem raiz na coragem e na seriedade, mostre que tem tomates, pare de nos envergonhar. Nem lhe pedimos que prove que é sério... o ónus da prova ... prove-nos só que é Português. Deve.
Demita-se.
E desapareça para o Nepal ou para a China. Vá ter lições de Karatê com o "sensei" seu primo, que só lhe fazem bem. Não conspurque a escola de Funakoshi Guishim, meu Mestre de Shotokan. É um favor que lhe peço. Se assim for, está perdoado. Desde que não volte. Primo, idem.»
José M. Barbosa
Engenheiro José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa
Excelência.
Tem Vossa Excelência apenas mais um ano de idade do que eu. Permita-me no entanto que lhe diga que não tem a minha idade, no sentido de que não somos da mesma geração e não é pela diferença de calendário.
Em 1974 aderi ao Partido Socialista, fui secretário da Juventude Socialista do Estoril e nesta qualidade passei as estopinhas para que ideias, políticas sociais, fossem implementadas pelo Partido Socialista.
Quando Francisco Pinto Balsemão desistiu do "Jornal de Cascais" eu fundei um outro jornal, em Cascais, chamado "Boca do Inferno". Aldo Moro tinha sido assassinado. Lembro-me de ter escrito sobre isso, de atribuir a culpa ao PCI. O jornal era um manifesto anti-comunista. Custou-me dezasseis contos o primeiro número de só dois (fiquei teso e o Senhor meu Pai não era o Pai Natal mas quase). Já lá vão 34 anos mas sou o mesmo. Contei com o nobre apoio de António Guterres (UM SENHOR!) - Vossa Excelência já ouviu falar ? - e José Luís Nunes (OUTRO SENHOR!) - Vossa Excelência já ouviu falar ? com quem privei (este último infelizmente partiu).
De António Lopes-Cardoso e Manuel Poppe Lopes-Cardoso (a quem desejo uma rápida recuperação e vê-lo em breve). Teotónio-Pereira e outros, como dizia Pessoa, de quem me não quero esquecer porque não me lembro.
Nestas andanças, Senhor Primeiro-Ministro, nunca o vi.
Afinal, onde estava Vossa Excelência no 25 de Abril ?
Na FAUL (Federação da Área Urbana de Lisboa do PS, rua do Alecrim) nem em nenhum outro lado, vi Vossa Excelência. Vossa Excelência era provavelmente, ainda, um bebé. Nem no comício da fonte luminosa em que estive a fazer segurança a Mário Soares, armado até aos dentes com G3, entregues pelo CIAC (de Cascais), armas geridas pelo Sr. Botelho, piloto da barra, primo do José Manuel Casqueiro da CAP (Confederação dos Agricultores Portugueses), gente boa. Dispostos a dar a vida contra a tomada de poder vinda de leste, via PCP. Vossa Excelência, onde estava ? Com certeza que não no berço que não tem. Depois caíu do céu à frente da JS.
Foi nessa altura que eu me afastei definitivamente.
Anos mais tarde, vim a cruzar-me com Vossa Excelência em Gondomar em 1995/96, vi Vossa Excelência ser amigo e próximo do Major Valentim Loureiro (o restaurante 3M é do melhor que há), quando se discutia quem seriam as empresas que iriam tomar conta da "incineração", com menos preocupações com o ambiente, com mais preocupações pelo negócio, "bindo das Américas".
Permita-me Vossa Excelência duvidar das suas intenções.
A minha dúvida tem raiz no discurso de Vossa Excelência.
Nunca fala a favor do povo português, antes debita argumentos mesquinhos, insultuosos, como se lhe tivéssemos passado um cheque em branco.
Sempre um discurso de defesa, nunca a favor de ninguém. O discurso de Vossa Excelência é o que nos faz desconfiar de Vossa Excelência.
Não são os casos esquisitos do Freeport, as cenas indesculpáveis na Beira e outros sítios, os seus tios que compram Maserattis e o seu primo, pessoa de bem e homem de verticalidade inquestionável, que até se pirou para fazer um curso de "karatê" no Nepal ou na China onde ainda anda. Não é nada disto. Todos temos Vossa Excelência em boa conta, como um homem honesto. Vossa Excelência falha, quando não abona a seu favor.
Quando discursa a promover medidas grosseiras do governo, marketing político para inglês ver (não devia ter dito isto assim, soa a Serious Fraud Office), quando o discurso de Vossa Excelência é um discurso de defesa do seu lugar, da sua posição, do seu poder. Vossa Excelência NUNCA DIRIGIU UMA PALAVRA AO POVO PORTUGUÊS! O seu discurso é reactivo, defende-se afanosamente do que é indefensável.
O caso, mais um, "computador Magalhães", seria para mim um caso de polícia, como sempre disse, e penso que Vossa Excelência estará de acordo, não fosse o alto patrocínio do Primeiro Ministro do meu país em quem tenho de confiar, nesta parceria do nosso dinheiro com a empresa J.P. Sá Couto de Matosinhos que é a fossa das Marianas da excelência em matéria de trampa informática.
Engana-se Vossa Excelência ao tratar o Povo Português como uma horda de idiotas. É só isto que não perdoo a Vossa Excelência e lhe digo de caras. Lá porque o Partido Socialista se transformou numa corja de oportunistas e arrivistas, eu estou em crer que Vossa Excelência é completamente alheio ao facto. Pergunte Vossa Excelência a António Guterres, já que o José Luís Nunes não está entre nós.
Sabe, Senhor Primeiro Ministro, houve Homens neste País que deram a vida, a fortuna, sacrificaram a família, para que a Vossa Excelência seja permitido tratar-nos como bestas. Houve homens que sofreram a perseguição, a tortura e o exílio. Houve homens assim. É verdade.
Não, Vossa Excelência não sabe.
Cá para mim, até não sabe de nada.
Compreendo no entanto, os aspectos críticos em matéria de defesa Nacional, da imagem do País. Falta-me é paciência e já não acredito em nada.
Senhor Primeiro Ministro, se é homem, se é Português, prove-o de uma forma irrefutável. Nessa tão portuguesa expressão que tem raiz na coragem e na seriedade, mostre que tem tomates, pare de nos envergonhar. Nem lhe pedimos que prove que é sério... o ónus da prova ... prove-nos só que é Português. Deve.
Demita-se.
E desapareça para o Nepal ou para a China. Vá ter lições de Karatê com o "sensei" seu primo, que só lhe fazem bem. Não conspurque a escola de Funakoshi Guishim, meu Mestre de Shotokan. É um favor que lhe peço. Se assim for, está perdoado. Desde que não volte. Primo, idem.»
José M. Barbosa
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
A bestialidade democratizada
- O Schwarzenegger pediu o estado de calamidade pela segunda vez.
Isto disse a minha amiga em tom profundamente trágico, ao comentar sobre os incêndios na Califórnia. E Schwarzenegger para aqui, Schwarzenegger para ali, eu invejei o à-vontade com que ela se referia ao governador da Califórnia, que parece que já foi actor. Vê-se que a minha amiga tem um trato social que definitivamente nos distancia, ela no seu porte aristocrático, eu na minha timidez bisonha, desde sempre limitada ao trato caseiro, tirando o anterior trato com os alunos e os colegas, marcado este por discrepâncias de maior ou menor solidariedade em bivalência.
- Uma zona rica aquela área, que arde porque rodeada de muito arvoredo. Apesar de serem muito ricos, perdem ali casaronas enormes. Admira como é que cada dono de cada casarona não limpa a mata, para terem defesas. Até é disparate dizer isto! São dimensões enormes! Só conseguem uma coisa extraordinária: não morre ninguém!
- Nós por cá também temos tido sorte com as mortes. Mas está por aí tudo em alerta vermelho, ontem mostraram o mapa do país. Oxalá cheguem as chuvas, cá como lá e em todo o lado para apagarem os fogos.
A virtude, os bons sentimentos, isso temos em comum. A minha amiga retomou o fio condutor:
- Está a acontecer o mesmo na Austrália, não sei se já melhorou. É o mesmo género: vivem dentro das matas.
- Deve ser por causa do ar puro, longe da poluição.
- É muito arriscado. Eu podia ser podre de rica, não fazia casa no meio do mato.
- Sabe lá o que faria se fosse?
- Sim, uma pessoa muito rica também pode ficar meio maluca. Mas todos os anos se diz a mesma coisa: é preciso limpar matos. Não percebo é como ainda há sítio para incendiar, com tanto chão ardido!
- E já viu que com tanto incêndio, poucos são os responsabilizados nisso! Há dias ouvi a um bombeiro que às vezes os próprios incendiários é que alertam os bombeiros!
- É tudo tão diabólico! A polícia americana também nunca chegou ao monstro que matou prostitutas, nos anos noventa. Até já pediu desculpa!. Agora andam à procura de cadáveres de prostitutas. Nunca descobriram quem era o fulano. Mas supõem agora que é o fulano que sequestrou uma miúda de onze anos, na mesma altura, há dezoito anos Descobriram só agora. Ela tem dois filhos dele, viveu em condições inumanas. Que monstruosidades que o ser humano faz! Coisas mais dramáticas! Que pavor!
- Isto agora também tem a ver com a droga. Mas no passado, quanta crueldade hedionda se praticou! Até em nome do amor.
- E do fanatismo, que é um falso amor!
- É. Hoje é mais chique chamar-se de fundamentalismo. O próprio Hitler foi um fundamentalista racial.
- Mas como ele muitos mais houve. E há.
- Sim, dantes os Dráculas eram condes. Agora, a bestialidade democratizou-se.
"Berta Brás"
Isto disse a minha amiga em tom profundamente trágico, ao comentar sobre os incêndios na Califórnia. E Schwarzenegger para aqui, Schwarzenegger para ali, eu invejei o à-vontade com que ela se referia ao governador da Califórnia, que parece que já foi actor. Vê-se que a minha amiga tem um trato social que definitivamente nos distancia, ela no seu porte aristocrático, eu na minha timidez bisonha, desde sempre limitada ao trato caseiro, tirando o anterior trato com os alunos e os colegas, marcado este por discrepâncias de maior ou menor solidariedade em bivalência.
- Uma zona rica aquela área, que arde porque rodeada de muito arvoredo. Apesar de serem muito ricos, perdem ali casaronas enormes. Admira como é que cada dono de cada casarona não limpa a mata, para terem defesas. Até é disparate dizer isto! São dimensões enormes! Só conseguem uma coisa extraordinária: não morre ninguém!
- Nós por cá também temos tido sorte com as mortes. Mas está por aí tudo em alerta vermelho, ontem mostraram o mapa do país. Oxalá cheguem as chuvas, cá como lá e em todo o lado para apagarem os fogos.
A virtude, os bons sentimentos, isso temos em comum. A minha amiga retomou o fio condutor:
- Está a acontecer o mesmo na Austrália, não sei se já melhorou. É o mesmo género: vivem dentro das matas.
- Deve ser por causa do ar puro, longe da poluição.
- É muito arriscado. Eu podia ser podre de rica, não fazia casa no meio do mato.
- Sabe lá o que faria se fosse?
- Sim, uma pessoa muito rica também pode ficar meio maluca. Mas todos os anos se diz a mesma coisa: é preciso limpar matos. Não percebo é como ainda há sítio para incendiar, com tanto chão ardido!
- E já viu que com tanto incêndio, poucos são os responsabilizados nisso! Há dias ouvi a um bombeiro que às vezes os próprios incendiários é que alertam os bombeiros!
- É tudo tão diabólico! A polícia americana também nunca chegou ao monstro que matou prostitutas, nos anos noventa. Até já pediu desculpa!. Agora andam à procura de cadáveres de prostitutas. Nunca descobriram quem era o fulano. Mas supõem agora que é o fulano que sequestrou uma miúda de onze anos, na mesma altura, há dezoito anos Descobriram só agora. Ela tem dois filhos dele, viveu em condições inumanas. Que monstruosidades que o ser humano faz! Coisas mais dramáticas! Que pavor!
- Isto agora também tem a ver com a droga. Mas no passado, quanta crueldade hedionda se praticou! Até em nome do amor.
- E do fanatismo, que é um falso amor!
- É. Hoje é mais chique chamar-se de fundamentalismo. O próprio Hitler foi um fundamentalista racial.
- Mas como ele muitos mais houve. E há.
- Sim, dantes os Dráculas eram condes. Agora, a bestialidade democratizou-se.
"Berta Brás"
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