Estrelas pequenas e com pouco brilho, conhecidas como anãs vermelhas,  são muito mais comuns do que se imaginava. Tão comuns que o total de  estrelas no Universo pode ser o triplo do que os astrônomos estimavam. 
Justamente por ser pequena e de brilho fraco, uma anã vermelha é mais  difícil de identificar em observações do espaço. Tanto que os  cientistas não conseguiram detectá-las em outras galáxias além da Via  Láctea e suas vizinhas. Até agora.
Em artigo publicado nesta quinta-feira (2/12) na revista Nature,  Pieter van Dokkum (Universidade Yale) e Charlie Conroy (Universidade  Princeton) descrevem a identificação de sinais de anãs vermelhas em oito  galáxias elípticas, massivas e relativamente próximas, localizadas  entre 50 milhões e 300 milhões de anos-luz da Terra.
As observações foram feitas com instrumentos instalados no  Observatório Keck, no Havaí, e permitiram concluir que esse tipo de  estrela, que tem massa entre 10% e 20% a do Sol, são bastante  frequentes. É a primeira vez que se consegue estimar essa população  estelar no Universo.
“Ninguém sabia quantas anãs vermelhas poderiam existir. Diferentes  modelos teóricos apontaram uma ampla gama de possibilidades. Agora,  conseguimos responder uma dúvida antiga sobre a abundância dessas  estrelas”, disse van Dokkum.
Os pesquisadores descobriram também que há cerca de 20 vezes mais  anãs vermelhas em galáxias elípticas do que na Via Láctea (espiral). “É  comum pensar que as outras galáxias são como a nossa. Mas nosso estudo  reforça que há outras condições possíveis em outras galáxias. Essa  descoberta poderá ter um grande impacto em nossa compreensão da formação  e evolução das galáxias”, disse Conroy.
Uma possível consequência, segundo Conroy, é que as galáxias podem  conter menos matéria escura – a substância misteriosa que, apesar de ter  massa, não pode ser observada diretamente – do que medições anteriores  indicaram. A diferença é que as anãs vermelhas, abundantes, podem  contribuir com mais massa do que se estimava até então.
Além de ampliar o número de estrelas no Universo, a descoberta também  amplia o número de planetas em órbita dessas estrelas. O que, por sua  vez, segundo van Dokkum, eleva o número de planetas que pode conter  algum tipo de vida. Um exemplo é o Gliese 581, descoberto recentemente e  não por coincidência em órbita de uma anã vermelha.
O artigo A substantial population of low-mass stars in luminous elliptical galaxies (doi: 10.1038/nature09578), de Pieter van Dokkum e Charlie Conroy, pode ser lido na Nature em www.nature.com.